Apelo: um Programa ‘Prós e Contras’ dedicado aos ‘sem-abrigo’!

Helena Roseta é das mulheres mais generosas e activas da política portuguesa; infatigável nas funções e tarefas a que se dedica. Sem subserviência a aparelhos partidários, teimou em trilhar o caminho da independência. Com os apoios e admiração colhidos no movimento ‘Cidadãos por Lisboa’, foi eleita vereadora da Câmara Municipal da capital.

O cargo não é fácil, pelo âmbito do pelouro – Desenvolvimento Social – e pelas vidas infelizes com que se confronta; por força da crise e das políticas de austeridade, autênticas obsessões do alucinado e errático Gaspar – ter um PM sem preparação facilita a vida de incompetentes atrevidos, e desonestos intelectualmente. Não acerta uma!

No cenário de sofrimento social de rua na capital, diz a arquitecta Roseta, estima-se atingir cerca de 2.000 pessoas ‘sem-abrigo’. O desemprego, a penúria económica onde se inclui a pobreza envergonhada constituem traços transversais da população de indigentes lisboetas. O número não é certo e Roseta lembra que, em 2012, se calculava entre 700 e 800 o número dos ‘sem-abrigo’ a dormir nas ruas da capital. Roseta levanta várias hipóteses para aliviar sofrimentos dos atingidos, a nível da criação de estruturas.

Percorro o País, como muitos e em particular os governantes. Sei que não se trata de um problema apenas lisboeta. Sucede no Porto, em Coimbra, em Setúbal, em Faro e, em algumas vilas e cidades do interior, onde há anos seria inimaginável chegar a este fenómeno de progressão geométrica da pobreza em desfile pela rua, nas 24 h do dia, de forma tão evidente e pungente.

Os números da indigência, já incluem muitas crianças famintas e não cessarão de dilatar, sob as altas temperaturas das políticas neoliberais do actual governo, incentivadas pela Europa do Centro e Norte com o desprezo pela sensibilidade social – lembre-se a divisa de Pedro Passos Coelho: “temos de empobrecer, custe o que custar”. Foi-lhe sugerido por Gaspar e pelo garoto, filho de comunista, Moedas, um ex-Goldman Sachs. O interesse é salvar bancos e o capital.

Sem a mínima ponta de ironia, antes com a noção de ser há muitos anos contribuinte por quem também são repartidos os encargos da TV Pública, formulo um apelo à D. Fátima Campos Ferreira no sentido de realizar um programa ‘Pós e Contras’ a focar o fenómeno e a propagação dos ‘sem-abrigo’ nas cidades portuguesas. E que convide para a mesa gente séria, não vinculando a propaganda assistencialista, e que  estejam presentes, é claro, núcleos dos ‘sem-abrigo’ do País – os depoimentos de alguns talvez surpreendessem muita gente.

O País terá, pois, a percepção de que o empreendimento diário de arranjar o mínimo para aconchegar o estômago, uns quantos metros quadrados de cartão canelado e trapos esfarrapados para enrolar o sono; esse empreendimento, repito, constitui dos actos do mais duro e sofrido empreendedorismo visível e esquecido em muitos locais de Portugal.

Poderia ser que o apelo resultasse, mas estou certo de que há vidas duras, cruéis e miseráveis que a D. Fátima nunca mostrará. E tem um ‘sem-abrigo’ sérvio ou croata, bem perto de casa e do banco onde é cliente. Consequentemente, não precisa de lembrete. Está ali praticamente ao seu lado. Diariamente.

Comments

  1. Hugo says:

    Não era mal pensado, não.

  2. Miguel Cabrita says:

    É um pouco macabro desejar que esta jornalista faça programas sobre assuntos relevantes para a vida dos portugueses sabendo de antemão o resultado.

    A Sra. se fizer um programa sobre isso é para assumir a teoria Jonet da solidariedade social.

    • Carlos Fonseca says:

      Sr. Miguel Cabrita,
      Você tem o condão de não se fazer entender e hoje não é o meu dia destinado a investigações de hermenêutica e semântica.

      • Miguel Cabrita says:

        Hermeneutica?? Suponho que veja o programa, eu já não vejo. Invariavelmente a jornalista conduz o programa de forma a que o resultado para o teleespectador assuma uma determinada perspetiva, um tanto ou quanto conservadora, um tanto ou quanto popularucha. Do ponto de vista jornalistico suponho que seja um mau trabalho, na medida em que a isenção não é o forte da jornalista.

        Dito isto, interprete o comentário da forma que quiser.

  3. Carlos Fonseca says:

    Sr. Miguel Cabrita,
    Agora sim, compreendi o sentido do seu comentário. Do erro, peço desculpa.
    Afinal, temos o mesmo ponto de vista.

    • Caro Carlos, tivessem os nossos governantes, estes e todos os anteriores, a coragem de assumir publicamente, de forma tão franca, tão aberta e tão directa, como o Carlos o fez aqui agora, e por certo os rumos deste pobre país teriam sido outros.

      Uma das definições de coragem, da verdadeira coragem, é tomar consciência dos próprios erros, assumir a responsabilidade dos mesmos e pedir desculpa por eles, por isso, caro Carlos, parabéns pelo seu carácter!

      P.S. – Peço desculpa pelo comentário tão fora de tópico, mas sendo estas atitudes cada vez mais raras nos seres humanos, há que chamar a atenção quando elas acontecem!

      • Carlos Fonseca says:

        Cara Isabel G,
        Reduzindo ao mínimo o que possa dizer de mim próprio, por princípios de educação e de ética, devo assumir a responsabilidade dos próprios erros. É um dever a que não me furto, nomeadamente através do pedido de desculpas a quem tenha sido alvo de incorrecções da minha parte.
        Interpretei mal o comentário do Miguel Cabrita.
        Obrigado por ter expressado a opinião constante do seu comentário.

  4. Estou perfeitamente de acordo . Vão lá sempre os mesmos
    embora por vezes encapotados de outras figuras , que só
    lá vão botar ” faladura ” e figura , por vezes triste .
    Ninguém se preocupa com os mais necessitados .
    Fazer um programa de onde saíssem logo soluções con-
    cretas , que não são diíiceis , basta alertar as pessoas e
    sensibilizá-las para essa necessidade , que aliás é um
    dever de todos nós –

  5. Hugo says:

    E faz tudo parte de um complot da direita neo-liberal-fascizóide-martimzista contra os trabalhadores e os funcionários públicos. #Suspiro#

  6. xico says:

    Foi deputada e autarca dentro do PSD onde dirigiu o seu jornal.
    Apoiou Mário Soares e deixou o PSD.
    Integrou o PS para ser deputada de novo.
    Por esses cargos ganhou uma subvenção vitalícia.
    No mesmo ano em que aderiu ao PS integrou a equipa dos planos de Lisboa e da Guarda, câmaras PS.
    Rompeu com o PS e concorreu com um movimento independente e ganhou. Para renovar o mandato coligou-se com o PS e prepara-se de novo para o fazer, tendo pelouro atribuído e, suponho, pago.
    Não vou duvidar da generosidade de quem trabalha recebendo o justo salário, nem da capacidade e esforço postos ao serviço dessas tarefas. Mas falar em independência e não subserviência aos aparelhos partidários de quem sempre se encostou a estes escolhendo o que melhor lhe convinha, parece-me um pouco exagerado.
    Sem querer parecer demagógico, quantas sopas renderiam o que se pagou a um “artista” para criar aqueles monstros com oliveiras ao cais do Sodré?

    • Carlos Fonseca says:

      O que penso e conheço de Helena Roseta está explícito no ‘post’. A sua avaliação é diferente. Respeito, mas não a subscrevo.
      (Nota:peço desculpa pelo atraso da minha resposta, devido a falta de tempo).

  7. no facebook atribuem este texto a josé sócrates. https://www.facebook.com/groups/troikada/permalink/424274301003768/

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