Em nome de quê?

É o Benfica no seu melhor. Em nome da transparência, do respeito – pelo público, por todos aqueles que gostam de hóquei em patins. Maxime, pelos atletas que ontem fizeram tudo para estarem na final com merecimento.

Eu até posso compreender que quem, como eu, viu na televisão – onde os pormenores são mais evidentes – os atletas do Benfica, tenha ficado com a certeza de que a equipa lisboeta acabou presa por arames um jogo morno, ainda que emotivo pelo resultado.

Quem, como eu, viu a velocidade da meia-final entre os italianos e a equipa do FC Porto, ficou igualmente com a certeza de que quem defrontasse os portistas na final se sujeitava a um resultado catastrófico. A diferença foi abissal entre um e outro jogo das meias-finais.

Mas disso não se podem queixar os benfiquistas, talvez – e mais uma vez – a contarem com o ovo no dito da galinha: apostaram as fichas no número errado. Se esperavam uma final entre portugueses e italianos, bateram à porta errada. E, na perspectiva de serem mais uma vez cilindrados, como recentemente para o campeonato nacional, encontraram a razão superlativa para não entrarem em campo: os adeptos do FC Porto, a falta de bilhetes e a PSP. Razões supinas para uma decisão peregrina, estapafúrdia.

Parafraseando o grande líder da revolução portista, a nós tanto nos faz ganhar aos 2 ou aos 92 minutos, conforme nos der mais gozo. Mas, confesso, vencer desta forma não dá gozo, era no campo que eu queria vê-los vergados à superioridade azul e branca, com árbitros estrangeiros, por causa das coisas!

É óbvio que vai uma grande diferença entre um jogo na casa do Benfica, em que ao capitão portista arrancaram não sei quantos dentes e abriram a cabeça, e um jogo no Dragão Caixa onde sucedem, como em muitos outros pavilhões, sururus entre adeptos, que já se tornaram comezinhos.

Para mim que sou do tempo em que em Valongo se jogava para o campeonato nacional num rinque sem vedação no meio de um jardim, e onde os atletas eram pressionados até com as ponteiras dos guarda-chuvas, o que se passou ontem no Dragão Caixa foi um simulacro de incidente, quiçá encomendado para que se chegasse a esta situação ridícula de meia dúzia de dirigentes, que deveriam ser banidos do desporto, se terem reunido de madrugada, sabe-se lá com que combustível, para decidirem mandar à merda o esforço dos seus próprios atletas, que, desses tenho a certeza, queriam muito jogar esta final. É que, como eu digo sempre, sem grande criatividade, é certo, porque a frase não é minha, que o melhor do desporto ainda são os atletas.

Eu dou os parabéns aos atletas do Benfica pela histórica vitória sobre o Barcelona. Mostro um melão pintado de vermelho carregado a essa meia dúzia de estúpidos que decidiram mandar os seus atletas para casa, sem glória.

Não, não me falem mais de transparência e outros lugares comuns. Vocês foram um nojo. Absoluto!