Poupar milhões com professores para despejá-los aos milhões nos colégios privados

Todos os anos, o Orçamento de Estado despeja 300 milhões de euros nos colégios privados por um serviço que a escola pública está perfeitamente apta a prestar, por menos dinheiro, tanto a nível de infra-estruturas como de recursos humanos.
A desculpa é sempre a mesma. Os contratos de associação começaram numa altura em que a rede pública não cobria a totalidade do território nacional. Hoje em dia, é argumento que já não colhe. Há escolas em todo o país e a sobre-lotação é um problema que não se coloca.
Esta situação, que é uma das maiores vergonhas nacionais, ganha contornos de especial gravidade agora que se fala do despedimento de milhares de professores que já estão no sistema. A explicação oficial é a de que não há dinheiro para pagar a esses professores porque não há alunos suficientes. Mas já há dinheiro para pagar 300 milhões por ano (o equivalente ao que se gasta com o RSI) para manter quase 1900 turmas, o equivalente a uns 50 mil alunos.
Isto vai muito mais além da mera discussão ideológica. Continuar a engordar meia dúzia de grupos económicos à custa do Orçamento de Estado (o mesmo que pagará depois os subsídios dos professores a despedir) é mais do que uma política errada. É um verdadeiro crime.

Comments

  1. produto says:

    É estranho que existam escolas em todo o país, mesmo aonde existiam escolas com contrato de associação porque no acordo que o estado tinha assinado com essas escola estava escrito que não seriam construídas escolas publicas aonde essas escolas já existiam. A construção dessas escolas publicas deve então implicar o fecho das escolas privadas com contrato de associação, embora estas já existissem antes, o despedimento dos seus profs e funcionários. Esses profs e funcionários irão então para o desemprego.
    De salientar que, tanto quanto julgo saber o tempo que esses profs deram na escola privada não conta para os concurso na escola publica o que irá condenar profs com dezenas de anos de ensino a ficarem fora do ensino para sempre.
    Há cidadãos de primeira e de segunda?

    • produto says:

      Já agora crime é isto:

      forum . auto hoje .com / off-topic / 25920 – alguem – ja-trabalhou – ou – trabalha – no – staples – office – centre . html

      é ler até ao fim.
      Sim, compreendo que os profs em regra não gostem das escolas privadas, porque algumas também correm o risco de cometer abusos semelhantes. E este tipo de abusos revoltam.

      • nightwishpt says:

        Arranje maneira de ter um link que funcione.
        Dá-me ideia que não conhece o grupo GPS…

        • produto says:

          curiosamente quando tento colocar aqueles link de forma que funcione o aventar não aceita a colocação. É tirar os espaços.

    • Ricardo Ferreira Pinto says:

      Como de costume, julga saber mal. O tempo de serviço no privado conta para os concursos públicos.
      E não era fechar as escolas privadas com contratos de associação. Era acabar com os contratos de associação. As escolas podiam continuar.

      • produto says:

        Na teoria podiam, na prática fechavam quase todas. Acabando os contratos as escolas teriam de ser pagas pelos alunos. Na sua grande maioria os alunos deixariam as escolas e estas deixariam de ser viáveis, o que levaria ao fecho de praticamente todas essas escolas, com o consequente despedimento de todos os seus trabalhadores, professores e funcionários.
        Se o tempo dos profs conta então para concursos publicos, os principais prejudicados seriam os outros funcionários dessas escolas.
        Na sua grande maioria essas escolas já existiam antes de construírem as escolas publicas. Por falar nisso o “estudo” citou está manifestamente aldrabado, não inclui os custos de manutenção das escolas publicas, nem os seus custos de construção. Nem os custos da adse…

        • nightwishpt says:

          Pois claro, invés de andar o estado a pagar serviços de saúde anda a alimentar o bolso de empreendedores de salário mínimo. Viva o feudalismo.

        • Todas? olha que chatice. E quantas são? ah, 18.
          http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1768621

          E construíram escolas públicas onde havia um contrato de associação? mentira. Basta ver o exemplo de Coimbra, a capital da privatização do ensino:

          http://aventar.eu/2012/11/20/desengordurar-o-estado-no-ensino-em-coimbra/

          Nem uma destas escolas foi construída para suprimir falhas na rede pública (o único caso na região é em Cernache). Todas vieram mamar na teta do estado. Há mesmo pelo menos um caso que nem a obra licenciada tinha. O chamado é fartar, vilanagem.

          • produto says:

            pelo que li, nalguns casos existiam escolas com contratos de associação com o compromisso do estado de não se construirem escolas publicas na zona, mas foram construidas na mesma.
            De qualquer forma o resultado final é o mesmo, ao terminarem os contratos com essas escolas, elas deixam de ser viaveis e os seus trabalhadores ficam desempregados. São tão pessoas como os funcionarios publicos. Não me parece que a melhor solução seja pura e simplesmente por rasgar esses contratos.

          • Mentira. É que a propaganda dos donos dos colégios é feita por negociantes. E os negociantes mentem. É o lucro que os move.

          • Pessoas são.Mas foram seleccionados em grande parte dos casos pelo cartão, rosa ou laranja, ou pela religião que professam. Acha justo, que lancem no desemprego quem foi seleccionado pela média de curso e tempo de serviço prestado ao estado?

          • Ricardo Ferreira Pinto says:

            Dou-lhe um exemplo, o Colégio Paulo VI em Gondomar, com inúmeras escolas públicas à volta, tem contrato de associação a partir do 10.º ano. Ora, da pré-primária ao 9.º ano, não tem contrato de associação. Como tal, os alunos até ao 9.º ano pagam e não é pouco. Naturalmente que esse colégio, como muitos nas suas circunstâncias, não teria dificuldades em sobreviver se deixasse de haver contrato de associação.
            Para além disso, querem o quê? Empresas que só conseguem sobreviver com os subsídios do Estado e não pelo seu próprio mérito?

          • produto says:

            Atualmente as médias de curso significam muito pouco (infelizmente). As universidade privadas concorrem entre si principalmente pela atribuição de notas elevadas e o estado demitiu-se da sua responsabilidade de controlar o seu nível de ensino. Uma bandalheira. Daí os sucessivos ministros falarem num exame final de acesso à profissão.
            O que eu acho justo era um bocado demorado explicar aqui, mas o sistema deve ser racionalizado. os problemas sociais daí decorrentes (o desemprego) minimizados, o que implica evitar despedir os funcionários que tenham mais dificuldades em arranjar novos empregos, ou seja os menos qualificados e os mais velhos. Isto tanto vale para públicos como para privados. Todos são iguais em dignidade e direitos.

          • Não desconverse. De médias sei bem, mas de cunhas partidárias e colégios religiosos também. Esses não vão ter grandes dificuldades em arranjar outro emprego, como é óbvio.
            E de resto tudo isto tem uma premissa falsa: nos próximos anos não há excesso mas falta de professores. A menos que voltemos ao ensino de treta, à produção de incultos que sabem martelar uma chapa, que é o objectivo desta reforma.
            O resultado na Alemanha está à vista: pedem engenheiros a outros países. Pudera, técnicos especializados à borla sabem a pato.

        • Desculpe-me a ignorância e o “simplismo” caro Produto, mas não é suposto que as escolas privadas sejam pagas por quem as frequenta??? Porque se assim não é porque não passam a ser simplesmente públicas?

          Sinceramente acho ridículo que os impostos de TODOS suportem as mordomias de “meia-dúzia”… Vivam os cartões rosa e laranja!!!

          • Oh José e não temos já um sem número de incultos? E um ensino da treta?

          • Temos a geração mais culta da nossa história e um ensino com uma qualidade que poucos sonharam. E tudo isto com investimentos na educação abaixo de muitos outros países que obtêm piores resultados.
            Só é cego quem não quer ver.

      • produto says:

        De qualquer forma é muito fácil fazer uma escola privada mais barata que as publicas. Como o custo das escolas deriva quase na sua totalidade dos custos com os salarios dos profs basta ir contratando profs em inicio de carreira e não renovar os contratos.

  2. produto says:

    já agora, crime é isto:

    forum .autohoje. com/ off-topic /25920-alguem-ja-trabalhou-ou-trabalha-no-staples-office-centre.html

    é ler até ao fim.
    Enfim, são os riscos do setor privadado, prestam-se a abusos deste tipo.

  3. murphy says:

    Como encarregado da educação, entendo perfeitamente as razões de queixa dos professores. Exijo ao governo deste País que a reforma do Estado – que é inevitável e essencial – não se faça de forma cega, mas que os cortes recaiam na imensa ESTRUTURA dos ministérios, direcções gerais e regionais, “atafulhados” de burocratas.

    Pelo que ouvi, só na sede do ministério da educação na capital, existem mais de 2.000 entregues a tarefas administrativas – e é precisamente para alimentar esta máquina que os professores que ensinam, os que estão nas ESCOLAS, são sobrecarregados com tanto papel e burocracia!

    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/06/comunicacao-social-vs-o-portugal.html

    • nightwishpt says:

      Reformar e empobrecer são coisas muito distintas.

    • Feche o ministério, feche. Não planifique o ensino, não resolva problemas como equivalências, não proceda à gestão do maior corpo de trabalhadores do país. é. 2000 para gerirem quantas escolas, quantos alunos e quantos professores?

  4. Ele há coisas que não entendo, mesmo. O problema é que também não vejo os media especialmente interessados neste assunto.

  5. Nada tenho contra o ensino privado ou particular ,
    como se costuma dizer , a não ser quando exis-
    tem golpadas com colégios ou Universidades par-
    ticulares , como já tem acontecido e , certamente ,
    continua acontecer .
    Estou contra despedimentos de professores , al-
    guns com muitos anos de ensino e acho escan-
    daloso que os queiram despedir ou pôr na prate-
    teleira .
    Hoje ninguém tem garantia de nada . Defendo os
    professores , que devem lutar para defenderem
    os seus empregos e para um melhor ensino neste
    País , sem rumo .
    Sem um bom ensino nunca iremos a lado algum .

  6. Estes esquerdistas afirmam cada coisa!
    E se lessem todos a Constituição antes de falar?
    Artigos: 67, 68, 73, 74 e 75.
    Parecem conhecer só o artigo 75 e, depois, interpretam-no como querem.
    Ora, o art. 75, interpretado como quer o governo, entra em contradição com os outros artigo citado.
    O art. 67 diz “incumbe ao Estado… c) cooperar com os pais na educação dos filhos;
    o Art. 73, 2: “O Estado promove a democratização da educação…”
    Como é que depois disto querem promover o monopólio do Estado na educação? Democratização é o mesmo que monopólio de Estado?
    O ensino particular tem o mesmo direito de existir que o de Estado. Não confundam “público” com “estatal”! Há muitas coisas públicas que não são estatais, nem tem que ser.
    Promover a democratização é apoiar as forças vivas da sociedade.
    Não confundam também o Estado com a Sociedade!
    O Estado é o administrador da sociedade, não é o dono, e tem que cumprir as leis e sobretudo a Constituição.
    Estes ditadorezinhos, quando apanham qualquer poder, abusam logo!

    • Ricardo Santos Pinto says:

      Vá chamar ditadorzinho a quem lhe pertence ou ao seu amiguinho Passos Coelho, para quem havia sempre dinheiro para a sua gente.
      Claro que o ensino privado tem o direito de existir, não tem é de ser sustentado pela teta do Estado. Há colégios mesmo muito bons, sabia, mas esses não precisam do Estado para nada. Não recebem um tostão do Estado, não querem receber e não têm nem querem ter contratos de associação. Esses, sim, são os bons colégios.
      De resto, quem prefere o ensino privado está no seu direito. Que vá e que pague por ele. Como na saúde – quem quer vai ao SNS, quem não gosta vai ao privado e paga.
      Já agora, este texto foi escrito exactamente há 3 anos. Faz hoje 3 anos! Não percebeu, pois não? É o que dá andar a chamar ditador a quem tem uma ideia diferente da nossa!

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