Razões para não fazer greve

greve-professores (1)Num país ainda democrático, é natural que haja diferentes opiniões. Sobre a greve dos professores têm surgido algumas críticas à classe docente. Tentarei indicar algumas delas, num tom suficientemente ligeiro para que se possa perceber que hoje é feriado e para que fique claro que as desprezo a todas:

Crítica 1: “Direito à greve, pois com certeza que sim, é claro, mas…” Independentemente do que se segue ao “mas”, a primeira parte torna-se soberana. Vivemos, ainda, num Estado de Direito. Há legislação sobre a greve. Cumpra-se.

Admita-se, no entanto, que uma greve, sendo legal, possa ser injusta ou imoral. Prossigamos.

Crítica 2: “A greve dos professores põe em causa os direitos dos alunos.” Já foi explicado que não é verdade. A greve incomoda muitíssimo os alunos, os pais e, por várias razões, os professores, grevistas ou não. Fazer greve implica deixar de cumprir os deveres profissionais. Um condutor de autocarro, quando trabalha, conduz um autocarro; quando faz greve, não conduz autocarro nenhum. Um professor, por estranho que possa parecer, não pode fazer greve recusando-se a conduzir autocarros, porque não é essa a sua função. Um professor, quando faz greve, deve limitar-se a não cumprir os seus deveres profissionais: dar aulas, vigiar exames ou dar notas. De qualquer modo, não deixaria de ter a sua graça os professores dirigirem-se, no dia 17, à empresa de transportes públicos mais próxima para declarar que não iriam conduzir nenhum autocarro nesse dia.

Crítica 3 – Marcelo Rebelo de Sousa explicava, ontem, que os professores deviam fazer uma greve simbólica, uma greve que servisse para mostrar à opinião pública as razões dos professores. A opinião pública, por várias razões, não quer saber das razões dos professores, até porque a classe docente é invejada e desprezada, muitas vezes ao mesmo tempo. Se é certo que um dos problemas com que os professores se confrontam é a incompreensão, a verdade é que há dois problemas profissionais urgentes: o governo está prestes, desprezando a opinião dos professores, a impor a mobilidade especial e o aumento iminente da carga horária. Os professores, estranhamente conscientes dos seus problemas profissionais, consideram que isso é lesivo. Fazer uma greve simbólica implicaria que a opinião pública continuasse indiferente e que o governo pudesse aplicar, descontraidamente, as suas medidas.

Crítica 4 – “Há muita gente sujeita à mobilidade, à exploração, à perda de direitos, às agressões patronais e aos berbequins dos vizinhos ao domingo de manhã.” A parte dos berbequins é pessoal e serve apenas de desabafo. O resto e o mais que não se diz faz parte de uma regra tácita seguida por muitos cidadãos e que se pode resumir numa frase como “Enquanto houver alguém que esteja pior do que eu, não tenho o direito de me queixar.” Em Portugal, o direito a queixar-se estaria, portanto, reservado a um sem-abrigo que já não comesse há vários dias e que estivesse a dormir ao relento, sem um único papelão, numa noite gélida.

Crítica 5 – “Os professores não trabalham tanto como o resto do mundo/os professores têm mais férias que o resto do mundo.” É já legendária a mandriice docente. Para a opinião pública e para muita publicada, o professor, na realidade, trabalha tão poucas horas que perde o direito de protestar. Aliás, chega a ser quase escandaloso o professor ser pago para trabalhar, quando, na realidade, se limita a vadiar. Este argumento, no fundo, acaba por fazer algum sentido: se o professor, no fundo, não trabalha, não é, afinal, um trabalhador; se não é um trabalhador, não deveria ter direito a fazer greve.

Comments

  1. Faça-se greve. E depois? Acham que isso vai mudar alguma coisa?

    • António Fernando Nabais says:

      Pronto, não se faça greve, então.

    • Dingo says:

      Enão fazê-la muda? Estamos empatados! Eu que sou professor opto por fazê-la!

    • “Acham que isso vai mudar alguma coisa?”

      Sim,claro que sim!
      Mesmo que não mude nada a curto prazo, a História fará justiça aos milhares de profissionais qualificados que, por conhecerem as exigências da sua profissão e os reflexos que o exercício da mesma tem no futuro de muitas gerações, se sentiram obrigados a lutar pelas condições necessárias à existência de uma escola pública digna e com qualidade.
      É também uma questão de consciência cívica que está em causa.

    • António Duarte says:

      Independentemente do que a greve possa ainda mudar, a verdade é que o seu simples anúncio e a mobilização que a sua organização nas escolas mudou já algumas intenções do governo. Basta comparar as medidas draconianas de que falava para o próximo ano lectivo com o que consta no despacho divulgado pelo governo em vésperas do início da greve.
      Quem luta arrisca-se a perder e raramente consegue tudo o que pretende, já os que desistem de lutar, esses saem sempre derrotados.

    • nightwishpt says:

      Também houve muitos a resistir ao 3º Reich e ao imperialismo das sete irmãs e não se mudou nada. Deviam ter estado quietos?

    • fatimainaciogomes says:

      Muda. Haverá quem continuará a caminhar com a cabeça erguida. Outros nem isso. Pode não dar de comer ao corpo, mas a alma também precisa de alimento.

    • ferpin says:

      Segundo percebo o ddd só faz greve se lhe assegurarem que vence. Interessante. Pouco digno, mas interessante.

      Se todos fossem como você, não havia desportos, pois para cada um que ganha há um que perde.

  2. Carlos says:

    Belo texto e argumentação correcta. Existe um lapso no mesmo: a crítica 4 final deveria ser 5.

    • António Fernando Nabais says:

      Era só para ver se alguém estava com atenção. Eu não estava. Obrigado, Carlos.

  3. Jaquim@sapo.pt says:

    Portanto caros, o melhor é comer e calar, já que protestar não resolve nada. Isso era o delírio dos detentores do capital sejam eles quais forem, tipo chinês e afim, trabalhar muito, muito, receber pouco, e nada de refilar, desde que dê para uma malga de arroz.

    • Anngomes says:

      Mas no meu tempo, eram 30 alunos nas salas e aprendia-se e agora não?QUeixam-se do quê?Vão retirar ao salário porque é preciso.Não sobra nada?Ficam na miséria?Não chega pra comer? Para a casa?Para as despesas?Corta. Há quem viva com 450 euros.Há muito dinheiro muito mal distribuido. Como alguém comentou,”é tempo de apertar o cinto”(citação de Mário Soares de 1984). Nos sindicatos, não devia haver militantes dos partidos porque esta greve parece defender é os direitos dos trabalhadores do sindicato.Têm de defender o direito de continuar a receber o seu ordenado ao fim do mês.Quanto sindicatos de profs existem?Estarão mesmo a defender uma escola pública com mais qualidade? É que não oiço nesta greve falar da redução de alunos por turma, melhor condições no horário,prevendo a correção de testes, reuniões, formações, elaboração de documentos, etc.Só oiço contra as 40 horas e mobilidade.Senhores, eu quero trabalhar 40 horas!Não quero é o resto adicional, e isto ninguém explica,não nenhum sindicato a colocar isto no papel.Nesta guerra com o governo, os sindicatos estão a usar os professores para defender questões políticas.Deviam era rever o número de sindicatos que existem e acabar com muitos deles, porque politicamente não estão agir corretamente nem a defender ningué, a não se ra si próprios.Acho obsceno fazerem esta greve nesta altura, é uma falta de respeito por quem leva a sério o seu trabalho.

      • António Fernando Nabais says:

        O(a) comentador(a) Anngomes vai mudando de nome e mantendo o IP. Aparece a comentar todos os textos em que se defenda a greve dos professores. Eis os nomes que já usou: Amélia, Ana, AA, No meu tempo e Serviço Mínimo. Cheira a um assalariado menor do governo. Pode ser que me apeteça publicar o IP, querido(a).

        • Jessica says:

          Um cobardolas diria eu, António!

        • Carla Cruz says:

          Muito BOA!!!! 🙂

        • abreusintra says:

          Pois o meu IP será diferente concerteza e a minha opinião é muito semelhante. E com professores que consideram cobardolas aqueles qeu têm opiniões diferentes está tudo dito sobre a qualidade do ensino português.

          • António Fernando Nabais says:

            O abreusintra está baralhado. Nunca chamei cobardolas a quem tenha uma opinião diferente da minha. Nem sequer chamei cobardolas a quem usa o mesmo IP e identidades diferentes. Coloquei a hipótese de ser um “assalariado menor do governo”. Uma investigação ao IP poderia revelar dados curiosos.

          • abreusintra says:

            Quem chamou cobardolas foi a Jessica.
            Em relação ao IP acho interessante o facto de se discutir um direito à greve ao mesmo tempo que se faz ameaças (exposição de um IP) a quem manifesta opiniões diferentes.

          • António Fernando Nabais says:

            O abreusintra continua baralhado. Pelos vistos, o abreusintra tem uma opinião diferente da minha. Já ameacei divulgar o seu IP?

          • abreusintra says:

            Também usa essa técnica (desconversar) com os seus alunos?

          • António Fernando Nabais says:

            Só faço mais esta tentativa:
            1 – temos um(a) comentador(a) que apenas frequenta as caixas de comentários de textos favoráveis à greve dos professores, apresentando-se como professora. Tem sempre o mesmo IP e muda de nome.
            2 – trata-se de uma atitude eticamente reprovável, porque engana os restantes comentadores e transmite a impressão de que há várias pessoas com a mesma opinião.
            3 – depois de ter sido ameaçado(a), nunca mais comentou. Podia, pelo menos, ter tentado explicar, mas não. Fica-se com a impressão de que a publicação do IP poderia não ser benéfica.
            4 – já tentei explicar-lhe que o problema não está em discordar das minhas opiniões. Se assim fosse, já teria divulgado muitos, porque já discordaram de mim muitas vezes e usando, por vezes, termos ofensivos.
            Se ainda não percebeu, um de nós tem uma grande incapacidade.

          • abreusintra says:

            Agradeço-lhe a última tentativa.
            A multiplicidade de nomes de um mesmo comentarista será igualmente reprovável para apoiantes e discordantes. Imagino que faça a mesma verificação de IP para ambos.
            A mesma pessoa pode usar nomes diferentes com IPs diferentes se comentar em locais diferentes ou com dispositivos diferentes. Também fará concerteza essa verificação para apoiantes e discordantes.
            Mas será ético ameaçar (como admite) publicamente um comentarista insinuando a sua posição de ‘assalariado menor do governo’ induzindo os restantes leitores a desvalorizar a opinião do mesmo comentarista?
            Não seria também pouco ético associá-lo a si a um qualquer ‘assalariado sindical’?
            Quanta à minha incapacidade não a poderei atribuir concerteza aos professores que tive.
            Cumprimentos

      • Pedro Magalhães says:

        Cara Ana Gomes
        Acho incrível como no século XXI e perante a recente adversidade económica e política consegue haver pessoas que acham que devem apenas defender o seu emprego e não a sua classe, direitos adquiridos ao longo de décadas de luta e a sua parca remuneração. Claro que existem sempre pessoas em piores situações do que nós, mas nunca isso foi impedimento para nos defendermos dos ataques serrados a que os professores estão sujeitos há já longos anos. Desde há quase uma década que nos vão retirando aos poucos aquilo que os desconhecedores intitulam de privilégios. Agora que já quase não há professores contratados, que temos um horário semanal superior e auferimos menos, temos de manter a boca calada em nome do emprego? O futuro somos nós que o fazemos, quando realmente refletimos naquilo que nos têm retirado e nos vão retirar. Esse futuro está AGORA em causa e pessoas como a colega (julgo que é docente) que preferem estar sentadas à espera que os outros façam algo pelos restantes é que deram origem à enormidade de sindicatos que “tentam representar” a classe docente (que não existe por essa mesma razão, pelo menos enquanto classe). Quanto ao real horário de trabalho, dou-lhe toda a razão. Assim, as atuais 35 horas semanais de trabalho não chegam (e nunca chegaram) para dar aulas, preparar as mesmas, corrigir testes, elaborar “fichas”, receber formação, reuniões de variada ordem, mas nem por isso os portugueses quiseram saber quando os professores foram criticados na praça pública pela anterior malfadada ministra da educação… Por isso mesmo é que nos isentaram de estarmos presencialmente no local de trabalho, mas sempre foi um presente envenenado. Quanto ao “seu tempo de estudante”, não sei quando foi, mas de certeza que a escolaridade obrigatória não era de 12 anos e/ou 18 anos de idade. Os tempos eram outros e quem ficava na escola (depois do normal processo de “filtragem”) queria mesmo aprender, mesmo que fossem 30 alunos por sala/turma. É que também por lá também passei e as vicissitudes foram muitas. Diferentes mas muitas. E nem pensem em comparar o ensino público ao privado, senão ficaríamos aqui até para o ano!!!

      • Maria says:

        Ninguém devia trabalhar e ter de (sobre)viver com 450 euros, mas já no “meu tempo” a minha melhor amiga do liceu, foi trabalhar e eu fui para a universidade sempre de bolsos vazios, enquanto ela começou logo a andar de carro, na altura não havia telemóvel, mas comprava roupinha nova e tudo. Alguns não tinham opção, outros optavam por começar a ganhar dinheiro mas, para ganhar 450 euros com a minha idade é porque não tinha “queimado as pestanas”. O sentimento mais feio que existe é a inveja, desejo tudo de à Amélia, Anngomes ou quem quer que seja, que passe a ser feliz e desapareça esse rancor.

      • nightwishpt says:

        Se me pagassem tão pouco para vir defender esta coisa, também me sentia mal.

      • Cátia says:

        “Mas no meu tempo eram 30 alunos nas salas e aprendia-se e agora não?” Há quantos anos não põe os pés numa sala de aula? Eu não estou colocada e por isso não tenho problemas de mobilidade ou coisa que o valha e sim, vivo com 450€, por vezes menos porque estou a recibos verdes, mas isso são problemas meus, que interessa andar aqui a “chorar”? Concerteza ninguém me vai oferecer um salário extra! Mas gostava que daqui a 10 ou 15 anos, quando conseguir finalmente uma colocação, que ainda existisse uma réstia de respeito pelos professores, porque nós somos os exemplos dos nossos filhos e se a indisciplina e desvalorização da educação existe tem que haver alguma influência por parte dos nossos “exemplos”. Ainda, se vão comparar a classe docente com todos os outros trabalhadores, então porque não houve tamanho rebuliço cada vez que foi noticiado ao longo dos últimos anos greves de trabalhadores de entidades privadas? Porque se são privadas nada temos haver, responderá a maioria, pois sim então se nos queremos envolver nesta luta, que é dos professores, escolham! Ou não têm nada haver e abstenham-se de comentários ofensivos ou então envolvam-se a sério: apareçam na escola dos vossos filhos, preocupem-se com a educação deles, envolvam-se nas atividades realizadas, ajudem na realização de projetos,… Educar não ir à escola uma vez por período buscar as notas. Teria muito mais a dizer mas vou-me ficar por aqui. Todos criticam mas naquilo que interessa, na hora de trabalhar “vão sem mim que eu vou lá ter…”

      • Sofia says:

        Até tem razão em algumas coisas que diz, nomeadamente na redução de alunos por turma…. devia estar muito mais em cima da mesa… e não está. É triste os sindicatos esquecerem o que está para trás! Contudo este “direito” à greve urge por tudo o que ficou para trás!

      • De nabos anda o mundo cheio, parece que não trabalhas mais de quarenta horas. Defender a classe e nobre, mas pelos vistos só os teus filhos tem direitos e tu não queria e perder a ricas férias ou goza a reforma a que já tens direito, vai trabalhar que nunca fizeste nenhum

  4. Não costumo ler opiniões tenho muito que fazer: sou professora. Faço greve.

  5. Tal como refere os professores podem usar o seu direito à greve em cada uma das funções que desempenham: aulas, cargos, avaliações e exames. A greve às avaliações é, na minha opinião, aquela que maior impacto tem na opinião pública. Considero, por isso, que os professores deveriam encarar o momento com seriedade, deixando transparecer que não é de ânimo leve (acredito que assim é com a maioria) que um professor faz greve a uma reunião de avaliação. Surpreenderam-me algumas das actualizações de estado que foram sendo publicadas no meu feed do facebook – fizeram-me questionar a postura de alguns professores, na medida em que as considerei pouco dignas da classe. Escrevi sobre isso no meu blog – http://agoradigoeu.wordpress.com/2013/06/08/acham-que-algum-medico-iria-colocar-no-seu-facebook-hoje-faltei-as-cirurgias-da-manha-toda-lol-e-amanha-sera-o-meu-colega-lol/

  6. hhhh says:

    O único problema desta greve é o facto de ser aos exames e com isso prejudicar os alunos, que nada têm a ver com as decisões do ministro. Na realidade é um rebuçado para o governo. Depois da greve, vai estar muito mais a vontade para impor seja o que for, dado que vai ter a opinião publica contra os professores. A greve é uma arma, a greve aos exames é uma arma apontada ao pé.

    • Carla Cruz says:

      Os alunos são os primeiros a sofrer com as decisões do Ministro. Sou mãe. Sou professora. Raios me partam se vou deixar este ministro transformar o ensino público na mediocridade que se está a tornar. Vou fazer GREVE!

  7. Em 1989, os exames de acesso ao ensino superior realizaram-se tardiamente. Os alunos ingressaram na faculdade em janeiro de 1990. Os exames eram da responsabilidade dos professores universitários. Não demorou muito a que se mudasse a coisa e passaram a ser os professores do ensino secundário. Somos mais maleáveis decerto! E porquê? Porque nos enchemos de falsos pudores. Eu conversei com os meus alunos antes de fazer a minha greve. Expliquei-lhes que eles só tinham que continuar a trabalhar para o exame como até aqui. O suposto prejuízo é mera demagogia e essa demagogia é-lhes muito mais prejudicial. Eles sentiram bem este ano o que foi terem um programa que foi construído para ser leccionado em 315 minutos semanais e de repente e sem qualquer informação, passou a ter 150 minutos semanais. Eles sentiram bem este ano o acréscimo de trabalho que me levou a atrasos na entrega de testes e trabalhos e nas olheiras constantes. Eles têm vindo a sentir bem já que tiveram comigo durante os últimos 6 anos. Deixem-se de tretas e partidarices. Quem conocrda com a greve que a faça, quem não concorda com ela que não a faça mas deixem-se de opinar e de pressionar. Cada um tem o direito à sua consciência que raio!

  8. João Paz says:

    Considero o seu artigo muito bom António Fernando Nabais. Não sendo professor apoio sem reservas a vossa luta porque considero que também me estão a defender a mim e SOBRETUDO por ESTAREM A DEFENDER O MEU PAÍS, as suas poucas hipóteses de futuro enquanto persistir a colonização e as poucas coisas boas que ainda possui (refiro-me à educação e ensino públicos). O meu sincero MUITO OBRIGADO!

    • António Fernando Nabais says:

      Caro João, espero que todos nós, professores, saibamos estar à altura da situação. Muito obrigado pelo apoio, até porque os problemas da Educação vão muito para lá das questões laborais e, por isso, é necessário que os cidadãos se movimentem.

  9. Se nada se faz, algo muda de certeza, para pior!!!
    É mais cómodo modo não fazer e depois paga-se mais tarde, porque nada se fez!

    • Se nada se faz muda de certeza, para pior!!!
      É mais cómodo não fazer e depois paga-se mais tarde, porque nada se fez!

  10. Heloísa says:

    Vocês, professores, vivem numa realidade paralela… Eram bons para escrever guiões para Hollywood, se para tal tivessem talento.
    Não têm noção do que é trabalhar exceto dentro de uma escola – aqueles que sempre foram professores, pelo menos.
    Poucos são os docentes que se preocupam efetivamente com os alunos e mais importante: que saibam ensinar! Já diz o ditado universal: ” Those who can, do, those who can’t, teach”.
    Tenham vergonha, senhores. Greve numa altura dessas??

    • Liliana says:

      Heloísa queria apenas esclarecer que os Professores trabalham também fora da escola. Ao contrário de si, ocupam grande parte dos seus fins-de-semana (a dita folga semanal que todos têm direito) a preparar aulas, a corrigir testes/trabalhos, etc. que nem vou mencionar pois a senhora com certeza não iria perceber porque sai do seu trabalho e nem pensa mais nisso. Pelo contrário o Professor sai da sua escola a pensar o que vai fazer em casa deixando muitas vezes a sua vida privada e familiar em segundo plano em prol dos seus alunos. Posso-lhe garantir que qualquer Professor (incluindo os que você acusa de não se preocuparem com os alunos) trabalha muito mais do que a senhora imagina apenas numa semana. Experimente ser PROFESSORA por uma semana (se aguentar) só depois pode criticar a classe docente.

    • António Fernando Nabais says:

      Magnífico comentário da Heloísa,

      – os guionistas são pessoas com talento, apesar de viverem numa realidade paralela;
      – os professores vivem no mesmo mundo dos guionistas, mas não têm talento;
      – os professores têm a noção do que é trabalhar numa escola, embora se fique com a impressão de que isso é uma coisa má. Talvez os professores devessem trabalhar numa escola e desconhecer as realidades ligadas à sua profissão.
      – é claro que Heloísa, apesar de não ser professora, conhece perfeitamente o que se passa nas escolas: até sabe que a maior parte dos professores não se preocupa com os alunos e não sabe ensinar.
      – para ser completamente original, Heloísa não resiste a citar a frase que prova a inutilidade dos professores, o que, aliás, já estava demonstrado no ponto anterior.
      – se a Heloísa mandasse, os professores só fariam greve de madrugada ou em Agosto ou, então, fariam greve à condução de transportes públicos ou no processamento dos impostos.
      Obrigado, Heloísa, por nos ter inundado com a sua sabedoria.

    • Claro que sim, a sua falta de conhecimento e ignorância (burrice), é tal que até me vem lágrimas aos olhos. Provavelmente será no seu trabalho tal asno que só consegue fazer o que o mais pobre dos seres é capaz, não julgue ninguém por aquilo que é .

  11. João Paz says:

    Não seria mau que, por uma vez que fosse, olhasse para além do seu umbigo e tirasse a cabeça, um poucachinho que fosse, fora da areia onde a tem enterrada Cara Heloísa.
    Ah e insultar quem a ajuda a si e ajudou a mim a educar os nossos filhos (se os tiver naturalmente) é o cúmulo da depravação. Não sou professor,como já disse antes, trato os males de quem padece mas não deixo de lhe dizer que procure a sua vergonha antes de insultar quem DEFENDE os nossos filhos e o futuro do nosso país.

  12. ADias says:

    É curioso como se atacam aqui os professores por exercerem um direito de quem trabalha … o direito à greve. Parece que todos concordam com o direita à greve desde que esse direito não os prejudique.
    Depois argumentos como o prejuízo dos alunos ……….. será que professores com sobrecarga de trabalho, com turmas de 30 alunos, com problemas de instabilidade de emprego, a fazer diariamente longas deslocações não acabam por ser razões para nos preocuparmos mais com os alunos do que um exame adiado?
    Há também quem diga que os professores nunca trabalharam exceto dentro de uma escola …. que descoberta! É que o local habitual de trabalho dos professores é mesmo a escola. E também diz que são poucos os que sabem ensinar … teve sorte … apanhou alguns desses e, apesar das limitações que revela, aprendeu a escrever.
    E há os que dizem que a greve é política …… pois é! É claro que esta greve é política, é contra um governo que tem feito tudo para destruir a escola pública e favorecer o ensino privado. É contra um governo que hipoteca a educação em Portugal projectando o despedimento de milhares de professores com pequenos truques como aumentar as horas de trabalho docente, aumentar o número de alunos por turma e diminuir a carga horária semanal dos alunos (… mas isto não prejudica as crianças?). E que bom que vai ser …. porque à partida, no ensino privado vai haver condições para se realizarem os exames …… que sorte!

    • Sofia says:

      Gostei do seu ponto de vista… Ou seja… no fim no fim, de uma forma ou de outra vamos sempre “ajudar” os nossos políticos a alcançar o seu objectivo. Infelizmente… “the world is a vampire”

    • Rainha_Maga says:

      Ao comentário de ADias, com o qual concordo, eu acrescentaria: na actual conjuntura sócioeconómica, que não deve melhorar nos próximos anos, quantas famílias trerão possibilidades de colocar os seus filhos em escolas privadas??? Caminha-se a passos largos para a destruição da escola pública. As privadas ficam para as elites que podem não ter mais capacidades que os outros, mas terão dinheiro. E voltamos ao tempo do Estado Novo: quanto mais ignorante e iletrado for o povo mais explorado será. Que futuro terão os actuais alunos com as medidas que o governo tem implementado e está a implementar??? Muita gente, como a D. Heloisa e muitos nossos conterrâneos, gosta de comentar sobre o que desconhece. É um “passatempo” tipicamente português.

  13. Heloísa says:

    Não sou – nem nunca fui – contra os professores. Peço desculpa se vos ofendi e/ou se fui acintosa no meu comentário acima.
    Mas conheço bem a realidade dos professores, por razões que não importa estar aqui a referir.
    Seriamente, acredito que os professores sejam uma classe profissional muito mal tratada neste nosso país, de há muitos anos a esta parte. Não é a única, mas dada a importância dos professores na sociedade, era imperativo que os nossos governantes soubessem dar-lhes melhores condições de trabalho. Não sabem e não lhe dão, conscientes ou não do mal que estão a fazer a uma Nação, não sei. Infelizmente é assim.
    O que gostava de deixar claro é que há colegas vossos que, mesmo estando desmotivados, frustrados, mal pagos e sentindo-se naturalmente incompreendidos, optam por não fazer greve nessa altura e não são tão poucos como isso.
    Na minha classe profissional também sinto muitas vezes que não nos dão o devido valor, apesar da responsabilidade, dos níveis elevados de stress, do aumento da carga horária e da redução dos ordenados. É desmotivante e frustante, claro que sim.
    Mas há sempre quem esteja pior do que nós – poderão não gostar desta frase algo “resignada” mas não é assim; é apenas uma maneira perspetivar as coisas de forma a sofrer-se menos. A vossa classe profissional, tal como a ninha, faz aparentemente menos mossa aos governantes que outras. Acho que as greves não resultam nestes casos e só prejudicam quem delas é vítima, mas é a minha modesta opinião.
    E tal como em todas as classes profissionais, há os bons, os assim-assim e os maus. Estava a referir-me a estes dois últimos exemplos no comentário acima.
    Mais uma vez, peço desculpa a todos vós que não se enquadram nesses dois lotes. Têm todo o direito de fazer greve. Os outros, irrita-me profudamente que o façam pois que o fazem “por fazer”, como tantos colegas meus…

  14. Sniper says:

    Mas que merda de texto é este?

  15. Deve trabalhar ou ser freqüentador assídua de alguma casa de saúde mental, peço assim que não trate mal os doentes………..enfim

  16. Luís says:

    Não sou professor e devo ser dos raros portugueses que nunca recebeu uma comenda no dia 10 de Junho e que não tem familiares chegados professores.
    Posto isto, e respondendo á esfinge apupada que está tão preocupado com as crianças, pergunto se os professores que vão ser despedidos, (e que estão em greve para o evitar), não têm crianças em casa para alimentar – ou com essas crianças a esfinge não se preocupa?
    Quanto às 40 horas de trabalho semanal até não acho má ideia, desde que paguem as horas extras que os professores fazem quando trabalham em tarefas administrativas ou em casa ou, melhor ainda, a aturar os pais que não sabem educar os filhos e que os professores têm de gramar – e falo com autoridade de causa pois passo todos os dias, a pé, por duas escolas secundárias e ainda não deixei de pasmar com o que vejo!
    Quanto à greve não dar em nada eu ponho as minhas dúvidas, porque além de estar muito bem delineada, é muito menos desgastante pessoal e economicamente – estou a referir-me às reuniões adiadas em que falta um professor, com adesões recordes, segundo me apercebo pelos blogs que vou lendo sobre o assunto!
    Outro sintoma de que esta greve tem tudo para ser ganha é o facto de os comentadores de falas mansas do regime estarem todos muito preocupados com os direitos das crianças e adolescentes, quando nunca os vi falar sobre a falta de futuro destes jovens e adolescentes neste país.
    Enfim … os professores deste país são o futuro, pois são eles que o preparam e nos dão a esperança que isto pode mudar.
    Se desistirem lá se vai a esperança pelo cano abaixo!

  17. Meu amigo quanto ao ponto 1) e 2), sim existe o direito à greve, mas a forma como os professores o estão a exercer é absurda, estão a condicionar os direitos dos alunos sim, porque os alunos nesta altura tão importante da sua vida que APENAS DEFINE O ACESSO OU NÃO À FACULDADE precisam de planear com exactidão os seus estudos, e não podem estar pendentes de possiveis greves para ter de reformular esses planos, o direito à greve devia antes decorrer no ano lectivo, um dia de aulas a menos seria menos prejudicial, mas não as sindicais querem causar um grande impacto e estão a borrifar para os danos colaterais (alunos) portanto não me peçam simpatia por pessoas que apenas olham para o seu umbigo.
    Já que fez uma anlogia aos condutores de autocarros, a meu ver o que os professores estão a fazer seria o equivalente a um condutor de autocarro ao fazer greve não se limitar a conduzir o autocarro, mas sim conduzir o autocarro e ameaçar despenhar-se num precipício caso não fossem ouvidas as suas exigências.

    • António Fernando Nabais says:

      Absurdo é, há vários anos, os sucessivos governos continuarem a tomar medidas que prejudicam a Educação e os professores, ignorando completamente todas as críticas e sugestões vindas, exactamente, da classe profissional mais habilitada para se pronunciar sobre os problemas da área. O recurso a uma greve que perturba de uma maneira muito mais intensa a vida dos alunos é um recurso extraordinário e não habitual e, para isso, a razão já foi explicada: os avisos e as reivindicações dos professores são simplesmente ignorados. Se falamos, não nos ouvem, e se gritamos, não nos ouvem, é preciso abanar. As greves de um dia às aulas tiveram um efeito quase nulo.
      O acesso dos alunos à Universidade não fica comprometido, ao contrário do que diz, porque os alunos irão sempre fazer exame.
      Até para se usar uma imagem ou uma metáfora é preciso bom senso: os alunos estão a ser incomodados, mas a sua vida não corre risco.
      De resto, enquanto estiver convencido de que a minha luta é justa, não quero saber se isso me traz simpatias ou antipatias. Esta minha luta não está relacionada apenas com a minha vida profissional e vai muito para além disso.

  18. Orlando Santos Silva says:

    Eu fui, como aluno do 12º ano na altura, um dos muitos prejudicados com a greve dos professores aos exames para acesso à faculdade em 1989. Posso dar o meu testemunho do que me aconteceu como aluno: estudar sem saber se o exame se ia realizar ou não, instabilidade, tentar aplicar-me na mesma, ir para a sala de aula, sentar-me (como os outros colegas), esperar, uns diziam que se ia fazer, outros diziam que não ia ser feito, esperar, e acabar por ir embora sem o exame ter sido feito; depois muito maior instabilidade, férias com família estragadas, estudar sem saber o dia, rumores e rumores, colegas falavam, todo o dia podia ser o dia do exame, tinha que ir todos os dias à escola consultar, até que soube através de um colega que já estava marcado; estudar sem saber se iam aparecer, pois a greve continuava marcada, e afinal apareceram os professores, o exame foi feito mas eu estava muito melhor preparado no 1º dia em que não houve exame, os dias seguintes arrasaram-me de nervos e stress, tinha 18 anos, aquilo decidia se eu ia entrar na faculdade ou não, e em que curso (pois havia 6 opções), fiquei ainda mais em baixo por perceber que o exame não me correu bem. E depois os professores continuaram a greve, bloquearam a saída das notas, tive de ir trabalhar (como muitos outros na altura), pois já estávamos em Agosto/Setembro e eu não sabia se tinha entrado ou não na faculdade, o que fazia da minha vida? Boatos, rumores, stress, instabilidade, todos os dias, os professores continuaram a não emitir as avaliações, e só em dezembro de 1989 saíram as listas na Reitoria, só nessa altura soubemos. Entrei na faculdade e começaram as aulas em janeiro de 1990. E os professores na minha faculdade disseram que tinham que dar a matéria na mesma, e o que senti foi que despejaram a matéria, criaram aulas ao Sábado, e mantiveram a exigência, com descalabro nos testes, exames. E estou a fazer um resumo. O que tudo isto me causou na altura? Sofrimento, revolta, prejuízo, autoestima muito afectada por ver as notas a descerem substancialmente (só consegui recuperar no 2º ano), consequências na nota final na faculdade (média dos 5 anos, porque o 1º ano foi o pior), senti falta de compreensão

    • Não seja piegas.
      Da forma como escreve fico é seriamente preocupado por ter tirado um curso superior.

      • ADias says:

        O que mais me incomoda é que são muitas vezes os mais velhos, que apesar de tudo têm menos instabilidade, a lutar pelos que neste momento não fazem greve e correm o risco de em Setembro já estarem na rua. Alguns até merecem, porque estes professores sem coluna vertebral, não serão nunca bons profissionais mas lacaios do poderzinho.

  19. Kayene Ferreira Scherer says:

    ” E querem tanto cidadania mais deixam as escolas entrarem de greve para aumenta o salario deles isso e uma pouco vergonha para a presidenta e os governadores. Voces fazem isso porque nao sao seus filhos que precisao das escolas publicas deveriam tomar vergonha enquanto quando e pra aumenta o salarios dos deputados dos governadores e o restante e so estrala os dedos deveriam pensa msm que o filhos de voces nao precisao das escolas publicas poderiam pelo menos pensa nos outros (Reflitao)

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