O dia nacional do copianço

papagaio

Parece que agora se estuda para os exames. Eu pensava que o estudo visava aprender. E que demonstrar o que se sabe se faz hoje, amanhã ou noutro dia qualquer, em qualquer exame.

É verdade que o sistema de ensino-avaliação que foi sendo construído estimula esse vício: o de estudar/memorizar para despejar numa prova e esquecer no dia seguinte. É verdade que para Nuno Crato a memorização é uma tarefa fundamental, mesmo que não sirva para mais nada: é o sistema de ensino mais adequado para a formação de imbecis, incapazes de entenderem o que declamam, mais próximos do papagaio do que do humano. Mas era escusado fazer prova disso no dia em que por terem o seu exame adiado os alunos viraram coitadinhos.

Ficamos conversados sobre o conceito de rigor e exigência de Nuno Crato, onde se permitem exames à porta fechada ou em refeitórios, vigiados por quem não faz a mínima ideia de como se copia nos dias de hoje.  O dia nacional do copianço, um presente deste governo que aumentará a sua popularidade entre os cábulas e batoteiros de costume.

Comments

  1. Jose pessoa de amorim says:

    o meu amigo com o argumento do “copianço” pode ficar identificado como um comentador menor, mesmo que tenha alguns exemplos do que refere e assim sair pela porta de trás…
    mesmo assim vou continuar a ler os comentários futuros!
    quem é amigo, quem é?

    • Não percebi.
      Se hoje houve copianço em muitas salas não tenho a menor dúvida: exames vigiados por professores do 1º ciclo, sem experiência e sem tempo para conhecerem as regras e procedimentos de vigilância só podem dar bacorada.

    • adelinoferreira says:

      O Amorim arrica-se a ficar conhecido como o
      cUmentador heronico!

  2. Hugo says:

    Mais demagogia. Há décadas que se estuda assim para os exames em Portugal e não só. Hoje, precisamente hoje, dia de greve, descobre-se que afinal isso está errado e a culpa é do demónio Crato. Além do mais há também o facto de os alunos – pelo menos os que se interessam – terem provavelmente planeado a sua preparação para os exames (de acordo com o respectivo calendário) e agora toda essa planificação sai furada. Mas esta greve também defende os alunos. Quanto aos pais, pagam os impostos, pensando que os seus filhos iriam ser examinados tranquilamente no período respectivo para depois poderem preparar a sua candidatura à Universidade. Afinal, também não foi isso que se passou, mas isto também beneficia a educação. Já para não falar da ansiedade que esta situação provoca nos alunos, ansiedade essa que há umas semanas era o argumento contra os exames da 4ª classe que o diabo Crato queria realizar. Tudo isto para defesa de interesses meramente corporativos: porque os professores não querem trabalhar tantas horas como no privado, porque não se querem sujeitar a trabalhar longe de sua casa, como acontece no privado, porque não querem ser alvo de medidas de austeridade, como acontece no privado e porque querem ter trabalho garantido para o resto das vidas (quer faça chuva, quer faça sol, quer actualizem os seus conhecimentos, quer não), como NÃO acontece no privado. Engraçado que também há umas semanas, o argumento para rejeitar as medidas do governo era a igualdade. Mas isso deve ter acontecido a uma terça e hoje é segunda.

    • Carlos Rafael says:

      palmas para este exemplo de bom senso!

    • Excelente comentário!

    • Ena, e tem palmas, e tudo e tudo e tudo.
      Hugo, o emprego não é um interesse meramente corporativo. Mas explicar-lhe isso era muito complicado, pelos vistos mais um que nunca estudou, marrou para os seus exames, decora a matéria, planificado para a despejar num determinado dia e esquecer no seguinte. Não admira que tenha ficado assim, incapaz de pensar para lá da vulgata ideológica.

      • Carlos Rafael says:

        tendo em conta a quantidade de professores formados neste país, só com turmas de um par de alunos se daria emprego a todos os professores… até agora não o vi a lançar um único argumento de jeito… faz me pena pelos seus alunos e pelo ensino universitário em geral que o senhor tenha um cargo de tal importância na vida do futuro dePortugal

        • Eu não lanço argumentos, Carlos Rafael. Os argumentos não são uma modalidade de atletismo. Se fossem, os seus, por exemplo, ficariam pelo mergulho sincronizado: em paralelo com o governo que vai destruindo Portugal, a caminho do fundo da piscina.

          • Carlos Rafael says:

            argumentar é uma forma mais legítima de participar numa discussão… especialmente quando comparada com a sua tendência para acusar qualquer pessoa com que discorde de ser fascista (que me parece ter menos validade ainda do que natação sincronizada ou o simples mergulho, qualquer que seja a modalidade a que se referia)

          • Jorge Martins says:

            Que não lança argumentos é algo com que todos podemos concordar!

          • Não tenho por hábito acusar de serem fascistas os fascistas escondidos com quem por aqui me cruzo. Não gosto de lhes dar esse prazer.

          • Carlos Rafael says:

            limita se a todos os outros suponho…
            as suas intervenções têm a mesma validade que isto:
            http://25.media.tumblr.com/tumblr_lqe54gKPIB1qzma4ho1_400.png
            a minha questão é simples, porquê dar se ao trabalho de responder se o faz como um miúdo de 12 anos? especialmente sendo “aparentemente” educado

    • E ia eu mesmo contra-argumentar com que escreve esta bojarda: “porque não se querem sujeitar a trabalhar longe de sua casa, como acontece no privado”, sendo que o que sucede é precisamente o contrário, muitos para não conhecerem o país sujeitam-se a trabalhar acima de todos os limites de qualidade nos colégios.
      Não há discussão possível com a ignorância.

    • ferpin says:

      A greve não defendeu os alunos do 12º que a sofreram, pelo menos os 25.000, embora acredite que mesmo os outros tiveram transtorno. Agora, por cada 100 alunos a fazer exame de 12º há mais de 1000 que não têm a sorte que estar quase a safar-se do garrote que cada vez mais aperta o ensino básico e secundário.

      Quanto ao que está a (querer) ser aplicado aos professores, nem comento as mentiras/manipulações das suas afirmações. Se você quisesse ser sério não as fazia, logo… desejo-lhe que seja “requalificado”.

  3. Artur says:

    E o João José Cardoso nunca copiou? E nunca viu copiar e não fez nada (para não deixar de ser um prof cool?

    • Só faltava o Calapoto a defender o copianço em exames nacionais. Malta que aprecia as práticas dos colégios onde vergonhosamente se fazem exames, sendo o aluno seu cliente.

      • Artur says:

        Ponham os militares (os capitães de Abril se estiverem disponiveis) a vigiar os exames. Viva a velha esquerda moralista!!

        • Antes a esquerda moralista que a direita sem moral nenhuma.

          • Artur says:

            A esquerda deveria era apoiar o copianço, pois para muitos (os pouco abençoados pela natureza) é a unica via de puderem trepar na vida. É algo moralmente errado mas que acaba por proporcionar uma coisa boa; caso contrário só os nerds inatos, os herdeiros de papás bem-na-vida e os gurus da esquerda teriam acesso aos bons tachos.

  4. Rui Bastos says:

    Apesar da autêntica batalha que já vai por aqui lançado, ainda ninguém tocou num pormenor fundamental: o problema não é os alunos estudarem para os exames, limitando-se a decorar conceitos, embora isso seja uma má prática; um grande problema reside na própria estrutura dos exames e nos seus critérios irreais.

    Quando um dos critérios para Português é que se se escreverem coisas a mais num texto, esse texto passa a valer zero… Algo está muito errado. Mas afinal dá-se mérito ao saber, ou ao “saber responder como nós queremos”?

    Isto é tudo muito bonito de apontar, especialmente tendo em conta a facilidade, já que uma porção ainda jeitosa dos alunos actualmente são de facto uns caloteiros despreocupados com tudo, mas outra porção valente preocupa-se em saber, em conhecer, em ler. E depois chega ao exame, pedem-lhes um texto, escrevem tudo o que é preciso e ainda acrescentam uma qualquer informação adicional que acharam fazer sentido.

    O que é que acontece? Zero. Não interessa se valia 1, 2 ou 3 valores, dão-lhe automaticamente zero. E porquê? Porque sabia demasiado? E isto é apenas um dos muitos exemplos de critérios ridículos…

    Isto tudo para dizer que é fácil culpar os alunos, assim como é fácil culpar os professores, mas que há algo de fundamentalmente errado com a Educação no nosso país, há. Não é um problema de agora, como é óbvio, mas o actual Ministro, e o actual Governo, apenas ajudam à festa. Esta greve mostrou isso e muito mais, só é pena que tenha prejudicado mais quem não tem culpa nenhuma, os alunos. Eu imagino o nervosismo de quem está no 12º e quer entrar na faculdade daqui a 3 meses, e vê aparecerem-lhe problemas com os exames…

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