Um dia de GREVE é sempre um dia SIMPLES

Porque só há dois lados e o muro é coisa que não existe. Ou se está de um lado ou se está do outro.

Hoje há Educadores que não vão para o jardim de infância, Docentes Universitários que não vão nem dar aulas, nem tão pouco vigiar exames. Haverá certamente milhares, muitos, do 1º ciclo ao ensino secundário que não vão realizar as reuniões de avaliações e serão também muitas as escolas onde os exames de 12º ano não se realizarão.

A GREVE de hoje assume muitas formas e terá muitos rostos. Terá a forma e a dimensão que os Professores lhe quiserem dar.

Aos outros, aos que quiserem dar a mão a Pedro Passos Coelho, a Nuno Crato, a Vítor Gaspar e a Paulo Portas, espero que o arrependimento não chegue em Setembro – será muito tarde. E, claro, podem juntar o carimbo da traição ao vosso passaporte!

A quem, de fora das Escolas, olha para esta luta sugiro a leitura do texto de Pacheco Pereira  e uma ideia que um amigo partilhava há dias: se vocês conseguirem vencer e continuar com 35h, nós, no privado ainda temos alguma esperança de lá voltar. Se perderem, não faltará muito para nos colocarem nas 45.

Comments

  1. Com o devido respeito ao autor deste texto não posso concordar. Na verdade em democracia da mesma forma que se deve respeitar quem pensa dever fazer greve e não os apelidar de inconscientes ou pior exactamente da mesma maneira e exactamente pelas mesmas razão não devem apelidar de traidores quem não concorda com a greve. Pode-se não concordar com esta forma de luta por milhares de razões. E que eu saiba em democracia a cidadania expressa-se nas escolhas que temos de respeitar. Podemos considerar o acto de não participar na greve como entendermos, podemos até classifica-lo de errado não devemos classificar quem faz essa escolha conscientemente. Têm direito a exercer a sua opinião. Não sou professor, não tenho filhos que têm de fazer exames hoje apenas não aceito este tipo de discurso. Nunca. De nenhum dos lados.

    • adelinoferreira says:

      Você, Fernando Vasconcelos, faz parte do universo
      daqueles que julgam a democracia como um acto
      de meter um papel numa caixa.Mas, tem o direito
      de continuar a pensar assim!

    • Carlos Rafael says:

      estranho como o comentário mais civilizado, democrático e razoável é o mais odiado…

    • Totalmente de acordo consigo, caro Fernando Vasconcelos!

    • Se calhar terás razão no excesso do adjectivo, mas também é um dia de emoções… E só espero, retirando a palavra traição, que os fura-greves sejam os primeiros a serem despedidos. JP

  2. “nós, no privado ainda temos alguma esperança de lá voltar”
    Mentira. Não se pode voltar onde nunca se esteve.

  3. Já não há pachorra. Estou como o outro: vão mas é trabalhar!…

    • desculpa João Paulo, oh Luís vai à merda.

      • … anos a fio só reclamam, só reclamam. Todos os ministros da educação são merda (de todos os governos)… Armam-se em defensores do ensino público sem terem a dignidade e franqueza de afirmar que estão a defender postos de trabalho e estatuto, que esse sim seria um “argumento” aceitável. Hipocrisia não! E depois querem ser respeitados? Ainda por cima pretendem ser “especiais” face aos portugueses que tem de fazer o CV e palmilhar caminho para ganhar o sustento. Vejam-se ao espelho. Estão a dar um espectáculo deplorável. E o facto de serem muitos e fazerem muito barulho não lhes garante qualquer razão. Só ajudam os que pretendem privatizar o ensino para que os governos eleitos (mal ou bem) não tenham de gramar a vossa cartilha corporativa. Se tivessem algum apreço pelos alunos e pelo ensino bastaria a imaginação dum gafanhoto para encontrar alternativa à greve aos exames nacionais… Tenho a certeza que o “Zé Povinho” que vocês desprezam por ser “popularucho” e nada “fashion” pensaria o mesmo…

        • Ora nem mais!

        • António Fernando Nabais says:

          Durante os últimos anos, concordei consigo, Luís: os professores só reclamam. Finalmente, pararam de reclamar e passaram a fazer uma greve a sério.
          Não é completamente verdade que todos os ministros da educação tenham sido considerados matéria fecal, mas anda perto. Tendo em conta que a classe que mais sabe sobre Educação em Portugal é a dos professores, isso deveria dar que pensar, não lhe parece? Se o ministério da Educação toma decisões, sistematicamente, contra a opinião dos professores é porque há qualquer coisa que não está bem. É por isso que parto sempre do princípio de que um médico tem mais razão do que qualquer ministro da Saúde, por exemplo. Não quero, com isto, dizer que professores, médicos ou outros profissionais tenham o dom da infalibilidade, mas é inaceitável que as opiniões dos professores sejam, sistematicamente, ignoradas, independentemente da área que afecte a Educação: gestão, avaliação, currículo, horários de trabalho.
          Não há a franqueza de afirmar que estamos a defender os postos de trabalho? Independentemente das áreas políticas ou sindicais, é isso que se ouve mais: os professores estão preocupados com a vaga de despedimentos, com a mobilidade especial, com o aumento do horário de trabalho (as promessas de não será aumentado o horário lectivo são feitas por gente que não merece crédito).
          Pretendemos ser especiais porque reivindicamos o que consideramos ser os nossos direitos? Porque há outros cuja situação ainda é pior, tínhamos de ficar calados? Julga que não há, pelo país fora, milhares de professores que fazem ou fizeram quilómetros para ganhar o sustento?
          Bastaria a imaginação de um gafanhoto para descobrir alternativa à greve aos exames? Por isso é que, apesar de greves às aulas e manifestações gigantescas, continuámos a ser prejudicados. Mas o Luís que, pelos vistos, tem mais imaginação do que um gafanhoto, vai, com certeza, apontar uma solução milagrosa.
          Se alguém tem apreço pelos alunos são os professores. Mais, muito mais, do que um ministério que quer amontoá-los em turmas de 30 alunos, que empobreceu o currículo e que quer tornar cada vez mais precoce a entrada no mercado de trabalho, em vez de criar condições para verdadeiramente permitir às escolas ajudar os alunos que, por várias razões, chegam com mais dificuldade às aulas.
          Desprezar o Zé Povinho? Esta sua afirmação bate todas as anteriores em infelicidade, para ser eufemístico. De uma maneira geral, somos uma das profissões que mais lida com gente de todas as classes sociais; somos nós, muitas vezes, que compensamos, na medida do possível, as insuficiências que os alunos trazem de casa ou da rua. É, aliás, extraordinário que este governo se esteja a preparar para tirar o tempo necessário ao exercício do cargo de director de turma, o que, a acrescentar ao aumento do número de alunos por turma, constitui mais um marretada na demolição da escola pública.
          Fazendo um esforço muito grande para ser educado, vá informar-se.

          • António, aprecio as suas opiniões em muitas matérias – com excepção do tema em debate e do “velho” novo AO… 😉 -, mas não me parece que “uma greve a sério” seja a solução para um problema cujos contornos encaixam numa situação estrutural mais vasta e em factos irrefutáveis. A saber:
            A DEMOGRAFIA. Temos menos alunos e teremos ainda menos no futuro.
            O FINANCIAMENTO. O País vive a situação que se conhece, e continuará assim por muito tempo.
            A TECNOLOGIA. As novas tecnologias vem permitir processos de aprendizagem mais ricos, ágeis e eficazes face à “ancestral” passagem de conhecimentos em aula. Esta oportunidade (ou necessidade…) abre portas à mais completa e abrangente “revolução” de que há memória na forma como os alunos podem obter resultados. Esta situação não retira importância ao professor mas, ao invés, pode projectá-lo para um nível superior de produtividade.
            Para um bom entendedor (movido por boa fé, lucidez e abertura de espírito), a conjugação dos factores referidos só pode ter uma consequência lógica: duma maneira ou outra, com este governo ou com outro, o Estado irá prescindir de professores. Pode ser “cruel” do ponto de vista individual, mas não há volta a dar-lhe…
            É aqui que surge a imensa irresponsabilidade e cegueira dos sindicatos. Eles ignoram a realidade que está na sua frente, vem alimentando “guerras” e tensões de carácter ideológico e retórica de confrontação que não levarão a nada, ao mesmo tempo que descuram por completo o interesse real dos seus associados, que no momento actual, infelizmente, se pode resumir quase e só, em ter trabalho…
            Um professor é um profissional qualificado, tem no mínimo uma licenciatura, tem experiência de trabalho, sabe lidar com públicos (alguns até complicados) e detém por esta via todo um conjunto de valências diferenciadoras de elevado valor curricular. Um professor não precisa sê-lo para toda a vida. Pode ser técnico qualificado, gestor, diplomata, etc. O Estado à medida que vai perdendo gente por efeito das aposentações (ou do “despedimento de jardineiros”, à la Passos Coelho…) pode e deve criar oportunidades internas. De igual modo, no privado, surgirão outras oportunidades (estas mais difíceis por força do lastro de “terra queimada” produzido pelo governo actual…).
            E o que é que os sindicatos tem feito pelos professores em matéria de oportunidades, requalificação, programas sérios de outplacement? Pouco, ou nada… Preferem agitar bandeiras ideológicas nos telejornais, incendiar ânimos, investir quixotescamente contra inimigos reais e invisíveis, enquanto do outro lado, esses sim invisíveis na sua queda para a pobreza e esquecimento, os professores mais fracos, vão definhando, vão desistindo, vão saindo. É isso que se pretende? Uma batalha de poder contra a realidade inexorável? Uma campanha heróica com mártires anunciados? Ou não seria muito mais prudente e sensato salvaguardar o interesse real e profissional das pessoas que são professores, mas que pretendem acima de tudo viver as suas vidas…
            Nesta questão também é preciso transparência: uma coisa é a questão real outra o oportunismo político…

          • António Fernando Nabais says:

            Ó Luís, mas então a sua imaginação superior à de um gafanhoto só lhe serviu para dizer aos professores que têm de se conformar e mudar de vida? E eu aqui esperançado que o Luís nos viesse explicar a nós, ignaros, de que modo poderíamos enfrentar os nossos adversários!
            Ainda não percebeu que a questão demográfica é uma falácia e que ainda não houve redução do número de alunos que justifique, por si só, o despedimento de milhares de professores nos últimos anos?
            Ainda não percebeu que há financiamento para bancos e outras entidades parasitárias, à custa de profissionais como os professores e que, mesmo reconhecendo as dificuldades,o país está a ser roubado por quem nos governa há mais de trinta anos?
            Quanto à tecnologia, como é costume nos pedagogos de sofá, deixa escapar umas ideias vagas. Nada de novo: quando se trata de Educação, todos sabem mais do que os professores.

        • Quem é professor, assina como tal. Portanto enganou-se, não o sou. E o facto de os argumentos da greve, não serem aqueles que você diz que deviam ser, não significa que a greve não fosse um acto a ser usado com urgência, o resto que você disse é disparate atrás de disparate.

      • Qualquer semelhança com um insulto neste comentário do Pedro Marques é pura coincidência!

  4. Eu tinho a pachorra de ler alguns comentários de dois artigos de pessoas que foram convidadas a escrever, e mesmo até artigos de autores residentes daqui do aventar e do cinco dias e que são de uma ignorânia incrível e tal como Pacheco diz e muito bem, é a divisão que eles têm feito e que têm conseguido. E isto para dizer que esse teu amigo viu e muito bem que o mal não está na luta dos professores, está em no privado não lutarem também para poderem ter melhores condições.

  5. Carlos Rafael says:

    Ser professor e querer prejudicar os alunos, qualquer que seja a razão é a verdadeira traição!

    • O Pacheco Pereira escreveu um fantástico artigo sobre os professores, a sua luta, e a importância que tem para com toda a função pública. E olhe que ele é militante do PSD.

      • Esqueci-me de dizer, leia, pode ser que aprenda alguma coisa.

        • Carlos Rafael says:

          por acaso referi a minha orientação política?
          aparentemente se discordar desta greve em particular sou automaticamente contra todas as greves, contra a liberdade e um porco fascista.
          o conceito de greve ou democracia não me incomoda, é o facto de professores, pessoas que deveriam colocar o bem estar e educação das novas gerações deste país à frente de tudo, decidirem prejudicar os mesmo alunos deliberadamente.
          agora o meu partido político não interessa para a história!
          claro que neste país o partido político é como o clube de futebol, se nasci de um serei desse partido até que a morte nos separe…não interessa que os dirigentes mudem, em que a ideias se alterem, o que interessa é o nome.
          se o benfica está no poder e eu sou do sporting tenho de me opor a tudo e de estar do lado de quem quer que tenta mandar abaixo o meu clube…
          mas parece que toda esta ideia é alienígena para as cabeças deste blog…

  6. Se lesses o artigo do Pacheco Pereira não continuavas com essa ladaínha que os professores são os culpados de tudo e não estão a defender os alunos. Estão a defender muito mais a escola que os pais, e restante população, não tenhas a menor dúvida.

    • Carlos Rafael says:

      novamente vejo na obrigação de questionar a sua capacidade de ler…
      onde é que acusei os professores do que quer que fosse a não ser o mais profundo desrespeito pela própria profissão?
      é claro que tendo em conta os sacrifícios a que os professores estão sujeitos devido ao actual governo, estes têm todo o direito de protestar e claro fazer greve.
      a questão é que se o estão a fazer ao custo dos alunos estão imediatamente a perder a razão…
      por outro lado também acho que a facilidade de entrada no ensino não ajuda… qualquer pessoa pode ser professor e é por isso que temos tantos… (ou não a acreditar nas palavras de Pacheco Pereira… eu pessoalmente desconfio…) mas o mais importante é que de tantos professores formados, quantos têm a fibra moral para essa profissão? quantos é que acreditam na importância da sua função?
      Para mim, um professor só deveria ter esse privilégio se for de facto capaz de colocar o seu dever à frente dos seus direitos (claro que isto se aplica igualmente aos políticos… qualquer político que não aceite o salário mínimo pelo privilégio de dar um rumo a este navio não merece o lugar obviamente…)

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