A última esperança

A luta que os Professores têm vindo a desenvolver no último mês tem sido exemplar em muitos aspectos, nomeadamente ao nível da mobilização da classe que atingiu, em GREVE, dimensões nunca antes atingidas.

Mas, se os professores estão a lutar de forma singular, os boys de serviço continuam a não entender o que está em cima da mesa e que Pacheco Pereira tão bem descreveu esta semana:

O que está em causa para o governo na greve dos professores   é mostrar ao conjunto dos funcionários públicos, e por extensão a todos os portugueses que ainda têm trabalho, que não vale a pena resistir às medidas de corte de salários, aumentos de horários e despedimentos colectivos sem direitos nem justificações, a aplicar ao sector. É um conflito de poder, que nada tem a ver com a preocupação pelos alunos ou as suas famílias.

No DN, Pedro Tadeu, coloca a questão no ponto certo

O direito à greve foi assim transformado numa inalienável hipocrisia constitucional: um grevista é sempre, a priori, acusado por esta gente de estar a fazer mal ao País. E em qualquer empresa privada quase ninguém faz greve pois arrisca, logo, o desemprego.

Este jogo que parece ter de um lado os Professores e do outro Nuno Crato é bem mais complexo do que a espuma dos dias parece mostrar e todos começam a ter essa percepção. Obviamente, todos (ou quase!) defendem o direito à GREVE, mas nunca aquela em concreto: ou porque é cedo e não é tarde, porque é nos comboios e deveria ser nos aviões, porque é com alunos e deveria ser com os doentes, ou o diabo a quatro

Ficam estes especialistas por explicar como é que os trabalhadores podem, então, no seu enquadramento social e laboral, defender os seus direitos ou até exigir novas e melhores condições de trabalho.Ou, será que, na sociedade que defendem é apenas ao capital que compete definir as condições sociais em que o trabalho se desenvolve?

Mais ou menos dias de férias? Mais ou menos horas de trabalho? Melhores ou piores salários?

Quem, quando e como foram discutidas estas questões tendo como ponto de partida uma iniciativa do poder? Não foram sempre as lutas nas ruas e nos locais de trabalho que levaram a melhores condições de vida?

O momento é delicado e do lado laranja do país só conseguem copiar as práticas do pior de Sócrates na reacção à luta que, no tempo da Maria de Lurdes, os professores desenvolveram. Seria expectável que tivessem aprendido alguma coisa, mas pelos vistos não.

A resistência nas Escolas é o último reduto de Esperança de um povo que continua a ser roubado todos os dias e que vê na classe docente um exemplo. E, se, um governo de maioria absoluta caiu às mãos da luta dos professores, outro se poderá seguir! E olhem que avisei há muito tempo.

Comments

  1. João says:

    Perfeito… será que é assim tão difícil de entender???

  2. André Alves says:

    Em relação ao local ou meio para os trabalhadores defenderem melhores condições de trabalho, esta gente que nos governa acha que tal não deve existir, pela razão que o governo/patrões/banqueiros é que sabem o que podem dar e neste momento os trabalhadores devem acreditar na palavra deles de que não há dinheiro para pagar “regalias”. Daí o discurso do “viver acima das suas possibilidades”. O empregado tem que perceber que o seu pobre patrão já lhe está a dar mais do que pode. Já é uma sorte terem emprego…

  3. Este governo quando era oposição estava do lado das greves e quando era dos professores até faziam Gala em dar espectáculo na Assembleia da República, quem não se lembra do espectáculo feito pelo Sr.º Branquinho? Agora que são governo já dizem que as greves prejudicam os alunos, então antes não prejudicavam? É caso para dizer contra os outros vale tudo, contra mim tudo deve de ser proibido.

  4. luis says:

    Não podemos parar. É imperioso continuar com esta luta, não até que o crato caia, mas sim este governo. Na próxima 5ªFeira os professores devem participar nos plenários distritais e manifestarem as suas opiniões para próximas medidas a adoptar.

  5. Luís says:

    FAQ!
    Desculpem-me a ignorância mas será possível que um burgêsso gordo que se diz escritor, possa insultar uma classe profissional inteira, no Jornal da SIC generalista, pondo em causa os seus princípios éticos e profissionais, só porque esta classe manifestou o direito de fazer uma greve?
    Mesmo estando bêbado como um cacho, como parecia estar, falando com pronúncia á Dufy Duck?
    Que dizem os sindicatos sobre isto?

    Declaração de interesses – não sou professor nem funcionário público nem tenho cadastro criminal!

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