O conceito “resistência silenciosa” voltou à ordem do dia, com o duran adam.
Como podemos ler no Público (via agências), o protesto mais visível
[F]oi protagonizado na segunda-feira pelo artista Erdem Gunduz, que, durante várias horas, ficou, de pé e em silêncio, frente ao retrato de Kemal Ataturk, fundador da moderna Turquia, na Praça Taksim. Centenas de pessoas juntaram-se ao mudo protesto, antes de serem dispersadas pela polícia, mas nesta terça-feira dezenas de outros turcos seguiram-lhe o exemplo, permanecendo de pé, e em silêncio, na emblemática praça que se tornou símbolo da revolta.
Para a resistência silenciosa ter impacto, precisa de ser perceptível ou, em última análise, visível. Contudo, como sabemos, há quem prefira pôr o Tarnhelm e deturpar o campo semântico de “manifesta apatia”, confundindo-o com o de “silenciosa resistência”.
Como exemplo prático de resistência silenciosa, desaconselha-se, obviamente, o da direcção d’A Bola e recomenda-se, vivamente, o de Erdem Gündüz. Como epígrafe, sugere-se este parágrafo do Marx in Soho:
Post scriptum: Outro potencial contributo para uma teoria geral da resistência silenciosa será o “we are past the point where silence is passive consent — when a crime reaches these proportions, silence is complicity” deste texto, cuja autoria costuma ser atribuída a Noam Chomsky, Edward Herman, Edward Said e Howard Zinn. Contudo, leiamos os esclarecimentos de Chomsky:
As is commonly true, in this case too the people who do the real work and deserve the credit are generally unknown, more’s the pity. I presume I’m speaking for the other signers too in saying that we agreed to sign for the usual ugly reasons: unless there are familiar names, it won’t be picked up (as it has been) by newspapers abroad, occasionally here, and recirculated by lots of others. Profound flaw in the culture and society, but we have to live with that while addressing immediate issues.
Não me parece que a resistência pacífica tenha alguma vez levado a alguma mudança. Só com medo é que os líderes fazem pelos cidadãos.
Nem o Ghandi nem o Mandela teriam tido sucesso sem outros a serem os ‘terroristas’.