Pela suspensão imediata do Acordo Ortográfico

Há dois anos, João Roque Dias, António Emiliano, eu próprio e Maria do Carmo Vieira escrevemos uma carta aberta – que pode ser lida quer na Biblioteca do Desacordo Ortográfico, quer na página da ILC contra o Acordo Ortográfico – que instava o primeiro-ministro, o ministro dos Negócios Estrangeiros e o ministro da Educação a corrigirem um erro monstruoso e propunha uma solução simples e eficaz: suspender a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990.

Há três anos – celebremos, por fim e com a devida pompa e a respectiva circunstância – o Expresso começou a adoptar o AO90… A adoptar. Pois… Na carta aberta, indicávamos que o AO90 “não foi objecto de discussão pública”. Se tivesse havido uma discussão pública, serena e esclarecedora, o AO90 teria, provavelmente, regressado definitivamente à gaveta de onde nunca deveria ter saído ou, no pior dos casos, suspendendo-se a aplicação, ter-se-ia evitado esta balbúrdia, da qual *contatos é uma das figuras emblemáticas, quer no Diário da República, quer no Expresso, quer alhures. Na carta aberta, referíamos que «[a] Nota Explicativa do AO (…) “explica” de forma confusa os aspectos mais controversos da reforma, p. ex. a consagração, como expediente de “unificação ortográfica”, de divergências luso-brasileiras inultrapassáveis com o estatuto de grafias facultativas”. Essa explicação “de forma confusa” será porventura a causa de, passados três anos, o Expresso se manter incontactável.

Sim, porque, para se contactar o Expresso, só através dos *contatos — e razão tinha o António Fernando Nabais, quando me dizia: “o Expresso emigrou para o Brasil”.

Depois, os *contatos conduzem-nos através de “contactos” que são “directos”, com o endereço electrónico do “director” e a referência a uma “Direcção Comercial”. O problema do Expresso – e não só – é que, como “poupa letras” onde não deve, depois gasta-as onde não pode. Mas até se percebe que, de vez em quando, as mantém. Enfim, é muito confuso.

Comments

  1. Reblogged this on TheSlashDash.

  2. João Paz says:

    A aberrante confusão do Expresso. Nada de novo na frente leste.

    • A confusão é geral, e não é com este governo e com governos idênticos que iremos conseguir tirar este acordo ortográfico. Quanto ao Brasil se pressionarmos bastante a Dilma, pode ser que a coisa caia lá de vez. Aqui é impossível.

  3. Começo a ficar cansado de tanto remar, sem que a corrente torrentosa e tsunâmica dê mostras de abrandamento. Com os responsáveis políticos que temos tido, de há meia dúzia de anos a esta parte, que ufanamente ostentam vergonhosamente a sua absoluta ignorância e desconhecimento do que é e, linguisticamente, como funciona uma Língua, vou passar a espectador, porque me recuso a ser espetador! Maria de Lurdes Rodrigues e Isabel Alçada (“mestre”…em curso de férias de Verão!!) , José Sócrates ( davam-lhe jeito exames domingueiros) ; depois os matemático e ex-crítico televisivo (Nuno Crato) e o implacável gestor Passos Coelho ( sempre geriu bem, na Privada, à custa de dinheiros públicos- estrategicamente escolhidos pelo super-poderoso Miguel Relvas), que poderia Portugal esperar de tal negócio ultra-rentável para tanta bolsa? O Brasil que utilize o instrumento de comunicação da forma que lhe prouver, mas não nos obriguem a ser maus falantes e péssimos escribas!!

  4. celesteramos.36@gmail.com, says:

    O Brasil que utilize o instrumento de comunicação da forma que lhe prouver, mas não nos obriguem a ser maus falantes e péssimos escribas!! a srª presidenta que vá mandar na terra dela e não venha mais comprar de saldo o que ainda não levou daqui e agradece-se que recuse os médicos portugueses que se humilham a trabalhar PARA a selva daquele país do SAMBA que felizmente está a ACORDAR e talvez perceba um dia que Portugal não é nem nunca foi o brasil mas se existe o brasil de hoje talvez deva civilização ao país que tanto odiaram durante séculos mas que pelo menos 40 mil vieram em 2000 para aqui impor CASAS de ALTERNE – tvi24H 26 junho – programa insuportável com uma jornalista ODIOSA – de facto odeio mulheres – conversa sobre cancro e células dendríticas – a jornalista não sabe o lugar dela – desculpe Maria do Céu mas na minha idade posso odiar o que me apetecer mas galinhas só de fricassé – estas mulheres que não são senhoras não dignificam o trabalho que fazer e eu tenho de ouvir porque é o que há e muito menos se dignificam a elas – galinhas ordinárias – não são elas que afinal são melhores que Cratos e Gaspares

  5. Fernando says:

    Recusar-me-ei seja em que situação for a escrever como o Brasil quer. Nasci em Lisboa e não em S. Paulo ou Rio de Janeiro.

  6. Hélder says:

    Eu nem enveredaria pela cartada da capitulação de Portugal ao Brasil e nacionalismos para aqui e acoli. Simplesmente, este desacordo não serve a ninguém, propõem-se a resolver um problema que não existe, criando vários problemas novos que não existiam, e é de aplicação impossível na práctica. Onde anda o vocabulário ortográfico comum? Do outro lado do Atlântico, tanto quanto sei a “Presidenta” até adiou a sua entrada em vigor, pelo que muita água irá ainda correr debaixo da ponte.

    • Quanto mais tempo se demora, pior é. E é preciso e obrigatório que o Brasil não apoie este acorde, e segundo a última visita não foi isso que aconteceu, ela voltou atrás e vai seguir em frente com o acordo. E com a luta ao governo português e pressão ao governo brasileiro, talvez fosse mais fácil deitar este acordo ao lixo.

  7. Sarah Adamopoulos says:

    Até mesmo a obra completa do Padre António Vieira foi acordizada…

Trackbacks

  1. […] grafias (com os cumprimentos do Expresso). Já estamos habituados. Pois, por lá continuam os contatos. Muito […]

  2. […] Sim, o Expresso ‘adotou’ o AO90 há exactamente três anos e oito dias. […]

  3. […] o Expresso não adopta o Acordo Ortográfico de 1990 e o anúncio feito no editorial de 26 de Junho de 2010 foi areia atirada aos olhos dos leitores. Sim, em 2010. […]

  4. […] que chegou a “poupar letras” onde não devia, gasta letras onde não […]

  5. […] 2010 (ou seja, há muito tempo), o Expresso fez um anúncio. Nesse anúncio, o Expresso prometia isto, aquilo e aqueloutro. Já tinhamos percebido que as coisas não eram assim tão simples. Para que não haja dúvidas […]

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