Segundo resgate – Portugal é a Grécia e a desgraça

Cavaco admite maior probabilidade de segundo resgate de Portugal. Expressou esta opinião na reunião dos economistas a decorrer em Belém, segundo a imprensa; aqui, por exemplo.

O PR atribuiu a causa do aumento da probabilidade à crise política dos últimos dias. Certamente também contribuiu. Todavia, opiniões divergentes ponderam outros factores a influenciar o agravamento das perspectivas para Portugal.

Manuela Ferreira Leite, amiga de Cavaco e adversária severa do Governo de Passos e Portas, segundo o ‘Jornal de Negócios’,  declarou ontem na TVI:

Tenho receio que estejamos numa situação muito pior do que aquela que nos é dada a saber.

Interrogando, a concluir,  se a saída de Vítor Gaspar e o pedido de demissão do ministro Paulo Portas estão relacionados com a hipótese de se pedir um segundo resgate financeiro.

Das duas versões, crise dos últimos dias ou situação mais grave das contas públicas, admito sem esforço ser esta última a mais verosímil. E a justificação é fácil de argumentar. Basta recorrer à carta de demissão de Vítor Gaspar e atentar no conteúdo da página 2, nomeadamente: “O incumprimento dos limites originais do programa e para o défice e para a dívida, em 2012 e 2013 […]. A repetição destes desvios minou a minha credibilidade enquanto Ministro das Finanças.”

Tudo leva a crer que Ferreira Leite esteja mais próxima da verdade, até pelos números que o INE e o EUROSTAT publicam regularmente, reforçados pela informação de Gaspar na AR de que o défice no 1.º T de 2013 poderá atingir 10,6% do PIB.

Cavaco, que achei sempre um homem perverso no desempenho político e personalidade enfunada por vácua sabedoria técnica, deve ter pedido ao Nunes Liberato ou a uma das assessoras um extracto de notícias do ‘Financial Times’ e apresentaram-lhe esta, de cujo teor traduzi os seguintes excertos:

Portugal pode vir a exigir um segundo resgate, estilo grego, envolvendo investidores privados, advertiu a agência de ‘rating’ Moody’s, uma vez desqualificado o estatuto do país no sentido de ser classificado como “lixo” mediante os receios da dificuldade de cumprir os seus objectivos actuais e continuar a ser incapaz de regressar os mercados obrigacionistas, por algum tempo.

A Moody’s reduziu Portugal em quatro níveis para Ba2 de Baa1 – equivalente a B duplo de triplo B+ para outras agências – e alertou a “probabilidade crescente” de Portugal não ser capaz de captar dos mercados taxas sustentáveis por algum tempo depois de 2013.

 …

A diminuição da notificação da Moody’s é perigosa para Portugal, porque se outras agências de ‘rating’ seguirem o seu exemplo, os títulos do país podem cair abaixo do limiar mínimo de qualidade para garantia usada na liquidez do BCE para providenciar operações. Os bancos de Portugal estão dependentes da liquidez do BCE.

Cavaco Silva esta manhã foi, sem dúvida, porta-voz do ‘Financial Times’, acrescentando apenas ser consequência  “da crise dos últimos dias.”

Um exército de “papagaios” desfilam na Comunicação Social, asseverando que Portugal não é a Grécia. Onde o FMI cai, coadjuvado ainda por cima pelo ex-Goldman Sachs, Mario Draghi, no BCE, cai a desgraça. A verdade é transparente: Portugal é a Grécia e a desgraça. E o resto? São cantigas de embalar.

Comments

  1. nightwishpt says:

    Tudo tão previsível que mete dó.
    Só pode ser de propósito para criar um novo modelo social para a Europa.

  2. Bufarinheiro says:

    Os abutres afiam as garras.

  3. Após a queda da primeira carta o baralho ruiu sem grande surpresa. A tão aguardada e importante reforma do Estado não está concluída e o consenso inicial aquando da tomada de posse do Governo foi totalmente desperdiçado por adiar constantemente a dita reforma para só agora perceber que será cada vez mais difícil.

    A iminência de um segundo resgate parece ser cada vez mais inegável e não podemos esquecer que…

    Leia na íntegra, aqui:

    http://www.linhadodiscurso.com/2013/07/baralho-de-cartas/

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