Que me desculpem os Silvas, mas não há nome que, por ser tão vulgar, assente tão bem a um presidente da república que representa o pior do portuguesinho. Cavaco, o silva, é a imagem fiel da pior mediocridade possível: julga-se iluminado e tem poder. Tivesse o engolidor de bolo-rei ficado por Boliqueime e estaria a divertir os amigos, ao tentar pronunciar correctamente a palavra “programa”, numa qualquer tasca algarvia, para animação do estabelecimento e alívio de um país inteiro.
Do alto da sua mediocridade, e na qualidade de empregado de uma das troikas, não tentou sequer disfarçar que está ao serviço de interesses que, sendo classificados como patrióticos, são puramente económicos e financeiros, ao arrepio de qualquer sentimento minimamente humano. Como não tem na cara qualquer vestígio de vergonha e acredita, com razão, que o povo é desmemoriado, é claro que faz de conta que não contribuiu em nada para o estado actual do país, sabendo-se que, ocupando cargos diferentes, está no poder há quase vinte anos. Se nos lembrarmos que o 25 de Abril faz quarenta anos em 2014, é só fazer as contas.
A História nunca é simples, mas não é assim tão complicada: há mais de trinta anos que Portugal é governado por um pequeno grupo de indivíduos que se vão sentando à vez nos assentos do poder, usando a democracia para eleger deputados que não representam quem os elegeu mas quem os escolheu e distribuindo o nosso dinheiro (vou repetir: o nosso dinheiro) por alguns amigos. Quando o dinheiro acaba, à semelhança de qualquer senhor feudal dos filmes históricos e não só, tiram-nos ainda mais do que já tiraram. Antigamente, usavam a religião para que nos acomodássemos; hoje, inventam outras mentiras, com uma falsa Economia a substituir a palavra do Senhor. Onde estava o Inferno para expiar os pecados, puseram a austeridade para castigar os que “viveram acima das possibilidades”.
A democracia faz muita confusão a silva, o cavaco, como aos membros da mesma seita: burocratas de Bruxelas, banqueiros que querem que o povo aguente, grandes empresários que pagam patrioticamente impostos no estrangeiro. Diante de uma crise política cuja origem está unicamente nas ambições de pessoas, e sempre alérgico à democracia, Cavaco mente, como mentiam os padrecas que ameaçavam com hecatombes os pobres que estivessem a pensar revoltar-se: que se houver eleições antecipadas, diz ele, exibindo uma doutorice contentinha, é o caos, é esgotos a rebentar por todos os lados, é maremotos de hora a hora, é um cheiro que não se aguenta.
Entretanto, isto de andar tanta gente a fingir que é presidente e ministro faz lembrar a outra brincadeira dos médicos e das enfermeiras. A imagem é sexista, eu sei, mas já estou farto de ser enfermeira, até porque os que fazem de médico não curam ninguém. Está na hora da injecção letal.
Cavaco está no poder há muito mais que 20 anos. Foi Ministro das Finanças, 1º Ministro de um governo minoritário, duas vezes 1º Ministro com maioria absoluta e já vai no 2º mandato de Presidente da República. Diz ele que não é politico, não obstante as evidências… é claro que não é nada com ele e se crise há a culpa também não é dele porque não é politico…
Brilhante, irónico, divertido. Um prazer ler este texto.
Parabens.
Ja faz quarenta anos e os eleitores não votam como os “democratas” -os verdadeiros querem. Ainda omais estranho é cada vez são menos “os democratas”. Deve ser da surdez?!!
Boliqueime é uma freguesia do concelho de Loulé.
Pois bem.
Em Loulé, só na freguesia de São Clemente é que é suposto haver gente inteligente.