Queda de Assunção

Assunção Esteves é o que é. A senhora até me merecia respeito, é transmontana e eu tenho uma paixão por Trás-os-Montes, provavelmente por a minha mãe ser transmontana. Há mais coisas que Assunção Esteves tem em comum com a minha mãe. Transmontanas, reformadas e continuam a trabalhar. Ficamos por aqui.Ontem, tal como eu, a minha mãe percebeu que é um carrasco – ou uma carrasca? -, mesmo que Assunção não faça a puta da mínima ideia do contexto da citação que fez, nem de quem a fez realmente. Nem isso importa para o caso. Claro que já há indignados com os malvados manifestantes, que são todos, todos do PCP. São sempre. E ainda bem. Nem me dou ao trabalho de explicar a gravidade da situação ao Henrique Monteiro. Ele percebe-a, mas a poltrona em que está instalado obriga a certos sacrifícios que, no mundo jornalístico, se chamam broches.

Voltemos à Assembleia e às galerias do Povo, enquanto a Assunção e o que aidna resta do Governo não tentam fechá-las. Tentam, pois claro, porque pode o Henrique Monteiro ter a certeza que, assim que essa hipótese seja sequer sugerida, o PCP lá estará para garantir que o Povo continuará a ter lugar nas galerias. O episódio de ontem simboliza o desnorte deste governo morto, de um Presidente da República falecido e paz à sua alma, num drama da vida real que parece transportado da Crónica de uma Morte Anunciada. E de um país entregue a um bando de gente que não faz a mais pálida ideia de como é mundo fora dos carros com vidros escuros, dos melhores gabinetes, dos seguranças, das agendas planeadas ao milímetro para não terem de encontrar-se com aqueles que deveriam representar.

Assunção é uma pobre reformada a quem os carrascos e carrascas pagam a reforma de 7.000 euros por 10 anos de trabalho e continua a trabalhar, recebendo mais de 2.000 euros de despesas de representação, embora eu não perceba bem quem ela representa. A minha mãe trabalha também, arranja umas roupas, que lhe ficou o jeito do ofício que teve nos têxteis. E fá-lo depois de partir o focinho a três cancros, um deles que lhe levou um olho.

Assunção não sabe o risco que corre ao insultar a minha mãe, transmontana com uma vida em Leça da Palmeira. Sangue na guelra, pois claro, para o que for preciso. Os carrascos do país estão na bancada do governo e na maioria que o suporta, não naqueles que lutam todos os dias para sobreviver. Assunção precisa de ir embora com o resto do defunto governo, gozar o merecido descanso ao fim de 10 anos de trabalho.

Nós somos carrascos, sim, desta política miserável que nos condena à fome e a à pobreza. Seremos carrascos deste governo e de outros que lhes sigam as pisadas, até à vitória do Povo. Somos carrascos, temos de ser carrascos, c’à rasca estamos todos nós.

Comments

  1. Rosario says:

    aproveito para dizer que : “o Sr.Silva e a D. Maria também já iam para o Algarve …”

  2. Duas transmontanas, muitas diferenças e grandes.
    A Srª D. Elisa é, sem dúvida, uma Senhora MAGNÍFICA. Trabalhadora, (pelo que conta) muito Corajosa, (pelo que li) com uma história de vida dura, cheia de dignidade. uma Mulher com M grande, uma LUTADORA.
    Já a outra pindérica transmontana degenerada (segundo vem na Visão); todos que trabalham com ela são inferiores, maltrata e despede com grande facilidade os seus secretários, logo que chegou à AR fez obras de melhoramento no parlamento e alterou com novas louças a casa de balho, pois já tinha sido usada por outros, só ela é que usa a casa de banho dela (proibindo qualquer um(a) de a usar, leva lençóis para os hotéis , não utilizando outros, pensa que é de uma raça superior, ou de uma inteligência superior. Não passa de uma mulher histérica e malcriada.
    São duas transmontanas, porém, a Srª D. Elísia honra a Mulher e o bom nome das Transmontanas e da MULHER portuguesa a outra…bem, a outra é para esquecer.
    Parabéns pela mãe que tem!
    GR

  3. Rosario says:

    mas, há sempre um mas, aqueles “dois” sindicalistas, também iam para a terra deles cavar batatas …

  4. adelinoferreira says:

    Para quem me lêr: Não conheço o Ricardo, mas sei
    pelos posts que escreve de que este é exemplo
    bem acabado,que é um HOMEM!

  5. Andas a falhar camarada, a Burguesia é toda a mesma seja um torcionário da CIA ou uma mulher transmontana. O mal é deixarmo-nos levar pelas balelas burguesas, pelas suas promessas, pelas suas operações de cosmética.

    A burguesia pode ter o paleio do Ghandi, a cor da pele do Martin Luther King, as mamas da Beyoncé, a homossexualidade da moda do José Castelo Branco, a graça do Gato Fedorento, a juventude do Justin Bieber e tudo mais que possa vestir de cordeiro o burguês que há de sempre ser um lobo.

    À uns poucos anos atrás, nunca hei de esquecer, havia um partido fascista e racista liderado por um gay e um negro, atiçavam o ódio contra os emigrantes e declaravam guerra em especial aos muçulmanos. O monstro fascista pode ter as caras que quiser, literalmente, e não deixa por isso de ser fascista e assassino.

    • Ricardo M Santos says:

      ó camarada, burguesia é burguesia, independentemente do género.

  6. Albino Oliveira says:

    Tanta azelhice no meio de algumas deixas inteligentes e pertinentes. Esse malfadado vício de serem os puros, os imaculados, estraga tudo e tem deitado sempre tudo a perder. Deixem-se de parvoíces pseudo-revolucionárias e afrontem o mundo como ele é, não como se imagina ser. Quando num artigo que se assume neste modo frontal, e reconheço e valorizo essa frontalidade, se mistura a mãe de um com a mãe de outros saem as duas senhoras enxovalhadas. Deixem a qualidade de mãe de lado e atirem-se à senhora que tem muito por onde apontar. Mas não desistam, insistam: o povo, o que mais ordena, aquele das praças e mercados do país, lembra-se sempre dos “puros e imaculados” quando vota. Fique o autor com uma certeza: não sou um inimigo, sou um dos que está convicto que o caminho para chegar ao que ambicionamos ser exige outros métodos. Um abraço, sincero.

Trackbacks

  1. […] Continua… […]

  2. […] (o aumento das taxas moderadoras nas consultas e urgências hopsitalares, por exemplo), e também a reforma dourada de Assunção Esteves. Comunistas ou não, as suas vidas (sejam eles trabalhadores, desempregados, aposentados ou […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading