Não saber o que é um ano lectivo corresponde, na prática, a uma condição sine qua non para se ser Ministro da Educação em Portugal. Nisso, como em muita outras coisas, Nuno Crato tem-se mostrado à altura do cargo, não destoando dos seus antecessores.
Tentarei, de forma sumária e simples, ajudar os próximos ministros a perceber este conceito tão espantosamente simples.
Em primeiro lugar, é importante perceber que se trata de um período. Foi por isso que o inventor do conceito resolveu usar a palavra “ano”. Concedo, ainda assim, que a dificuldade do ministro não esteja neste termo. Talvez o problema esteja em “lectivo”, que os adjectivos são palavras terríveis.
Uma consulta a qualquer dicionário ajudará Nuno Crato a perceber que o adjectivo é equivalente a escolar. Poderemos, assim, concluir que “ano lectivo” se refere a um período em que há aulas.
Um pormenor que poderá interessar a quem se preocupe com estes assuntos consiste no facto de que o ano, por ser lectivo, não começa em Janeiro, como o civil. Começa em Setembro.
Há milhares de pessoas e centenas de instituições que planeiam as suas vidas com base no ano lectivo. Entre as pessoas, temos pais, alunos, auxiliares, funcionários administrativos, professores e mais alguns. Como exemplo de instituições, temos as escolas.
Por incrível que pareça, para que um ano lectivo decorra com normalidade, a maior parte das decisões têm de ser tomadas com grande antecedência, obrigando a um misto de planeamento, sensibilidade e bom senso.
Num tempo em que é o paradigma empresarial que rege a visão sobre todas as outras instituições, seria de esperar que o Ministério da Educação se comportasse como um conselho de administração dirigido por gestores previdentes.
Em vez disso, a equipa de Nuno Crato reforça o caos nas escolas, criando uma situação que leva a que haja alunos sem turma, professores sem horário e directores sem férias. Ao mesmo tempo, quer impor, em Agosto, uma prova que, mesmo que fizesse sentido, teria de estar preparada com muito mais antecedência.
Nuno Crato já não vai a tempo de perceber o que é um ano lectivo. Por outro lado, no fundo, nunca quis saber. Se soubesse, não podia ser Ministro da Educação.
Para desgraça do país, temos no MEC um ex-radical reciclado mas ainda com vontade de implosões várias.
Pretendia implodir o ministério da educação. Em vez disso, implodiu as escolas, os alunos e professores.
Tornou-se conhecido por um livro do tipo chinês, onde são debitadas ignorâncias e desonestidades sobre algo que nunca compreendeu nem virá a compreender.
A escola entregue a um indigente fixado em resultados, em exames, em provas para professores, em completo desrespeito pelo tempo da escola e pelas escolhas de alunos e suas famílias.
Quanto tempo será preciso para refazer o que está a ser desfeito? E quanto tempo mais terá o país de esperar por alguém que genuinamente acredite na escola e na educação?
QUANDO OS MINISTROS JULGAM QUE SÃO DEUSES
Deu agora mesmo nas notícias que 6 alunos portugueses obtiveram 1 medalha de ouro, 2 medalhas de bronze e menções honrosas nas Olimpíadas Mundiais de Matemática, na Colômbia. O aluno mais premiado estuda no 11º ano na ESCOLA PÚBLICA Rainha D. Amélia.
Fiquei atónito: Estes alunos não são portugueses? Não estudam no sistema de ensino que este ano revelou tão maus resultados em todos os exames nacionais e todas as disciplinas? Algo está mal e NÃO é nas escolas, de certeza. Vejam-se os saltos positivos no ranking de PISA e vejam-se estes resultados repetidos anualmente nos concursos internacionais. O que está mal é quando cada ministro que toma conta da pasta da educação acha que é Deus e quer tudo à sua imagem e semelhança. Mexe no que está bem e destrói o orgulho de aprender e ensinar em Portugal. Gente inteligente que quando se senta no gabinete da 5 de Outubro embrutece e se verga à condição do economicismo. O pior é que quando o fazem mexem com o futuro de toda uma geração. E ainda pior é que há gente que, pensando nos mercados e na poupança, apoia as suas políticas. Tristezas…
Totalmente de acordo.
De acentuar, pela negativa, esta mania de deixar marca na estadia no ME.
Esta mania das reformas, das mudanças de paradigmas! Sempre para pior, porque o que norteia não é a melhoria do ensino no país, mas sim atrelar a escola e ensino a uma agenda qualquer- neste caso, os cortes. Pior do que os cortes, é encobrir-se a questão, fazendo-a passar por uma sensata e genuina procura de melhoria a nível de rigor, de mérito, de excelência.
O que tem acontecido nas escolas, desde a rede escolar- fechar e abrir e fechar constantes de turmas e cursos para os alunos, até à subalternização ridícula dos professores e escolas-, teria a resposta cívica adequada, caso estivéssemos a viver numa democracia na qual os cidadãos, mesmo com visões diferentes, não deixariam de dar 1 resposta adequada.
Leio e oiço que os sindicatos continuam em negociações e agendam novas negociações para o final de Agosto.
E pergunto: As associações de pais e EE não têm o dever cívico de alertar e contribuir para esta situação?
Ou é só quando 1 greve geral é coincidente com um exame nacional? Só aí é que os alunos são prejudicados e se lê e ouve nos OCS a posição destas associações?
SIC 23-24H- 6 agosto – reportagem a partir do Hotel de Seteais com Jordan da Quinta do Lago + Theodoro + José Rebelo de Almeida – retrato do turismo – problemas e soluções e perspectivas – Muito interessante mas na minha opinião ainda muito incompleto – mas 1 hora não chegaria para tudo – apologia do turismo de luxo mas sem descartar a dimensão do de massas – mas com “ordenamento e a eterna falta de publicidade junta das agências de turismo e outras formas de publicidade – falta de estrutura de concertação entre vários agentes (claro) – a desordem e improviso à portuguesa e cada um trata de si, os que podem, mas é muito mais o que fica de lado