A fumaça do dia, que não tapa um recém-nascido quanto mais funcionários do Citibank, é a descida do desemprego. Isto resultaria numa chatice para a esquerda e numa vitória para a direita. Fui ver, seguindo esta ligação, e deparo-me com dois funcionários de dois bancos, dizendo um, aliás uma:
a população activa registou um declínio mais acentuado
e o outro que
O emprego aumentou, assim como a população ativa,
Cheirou-me a esturro, nada como ir à fonte. O INE é bem claro, nas suas estimativas:
A população empregada diminuiu 3,9% em relação ao trimestre homólogo de 2012 (182,6 mil pessoas) e aumentou 1,6% em relação ao trimestre anterior (72,4 mil). (…)
A população desempregada aumentou 7,1% em relação ao trimestre homólogo de 2012 (59,1 mil pessoas) e diminuiu 7,0% em relação ao trimestre anterior (66,2 mil).
Deixemos de lado o problema da população activa e de quem tecnicamente a forma, da emigração dificilmente contabilizável num espaço europeu, etc. etc. que fazem da taxa de desemprego um número pouco interessante porque dificilmente comparável. Um bom indicador económico, utilizado de forma homóloga como é óbvio, seria um aumento da população empregada; diminuiu e muito. O resto é tão sanzonal como a propaganda de todos os governos todos os anos repetindo a mesma coisa, como se fossemos muito estúpidos ou desconhecêssemos que os turistas chegam a partir do Abril em Portugal. E este ano até são muitos, ainda bem, sem dúvida que darão mais trabalho durante umas semanas a muita gente, óptimo, esperem pelos dados do 3º trimestre, vai ser um autêntico festival propagandistico de Verão em pleno Outono governamental.
É tudo aldrabice .
Além de que há muita gente que deixa de contar para as estatísticas por um variado número de razões que não signifiquem que deixem de estar desempregados.
Que eu saiba isso não é aqui o caso: o INE trabalha a partir de sondagens. O IEFP é que costuma limpar as bases de dados.
https://www.youtube.com/watch?v=a6xW_houRpY
tap, tap
Eu gosto muito das vossas contas: falam da evolução mensal ou trimestral da taxa de desemprego e depois comparam a população ativa em termos homólogos (relação entre o período de um ano e o mesmo período do ano anterior).
O João José Cardoso é mesmo muito bom nas contas…
Vá lá a esta página do INE (aqui: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=151971819&DESTAQUESmodo=2) e veja o que é que lá está escrito: “Os resultados do Inquérito ao Emprego relativos ao 2º
trimestre de 2013 indicam que a população ativa
diminuiu 2,2% em relação ao trimestre homólogo de
2012 (abrangendo 123,6 mil pessoas) e aumentou
ligeiramente em relação ao trimestre anterior (0,1%;
6,2 mil).” Se estamos a falar de uma descida em relação ao trimestre anterior, temos de comparar esta descida com a população ativa do trimestre anterior, que até cresceu marginalmente (0,1%).
Não podemos mentir às pessoas; os números não enganam; os pessoas é que podem esconder ou detorpá-los para mentir.
Se quer falar em termos homólogos, então não necessita de falar na redução da taxa de desemprego, mas antes do aumento da taxa de desemprego. A taxa de desemprego é mais alta no segundo trimestre de 2013 do que no primeiro trimestre de 2012. Não podemos é justificar a descida da taxa de desemprego no segunfo trimestre relativamente ao trimestre anterior e compará-la com a relação da população ativa no segundo trimestre de 2013 e no segundo trimestre de 2012..
Dito de uma forma muito mais simples: a economia está a criar emprego, mas ainda não é suficinete para criar os empregos perdidos durante o último ano.
Três cavadelas, três minhocas.
Por acaso não tive aqui em conta o facto de o tal “emprego” (trata-se com muita probabilidade de sub-emprego) ter crescido sobretudo no sector primário, ainda mais sanzonal que o turismo. O resto é simples: não há mais empregados, há menos, logo não há retoma económica.
Eu sei que o João não quer discutir os números.. mais uma vez, meteu os pés pelas mãos (confundindo variação em cadeia (trimestral) com variação homóloga) e agora vem com a história do subemprego e com a agricultura. Ficaria muito contente se o emprego criado fosse na agricultua (não digo que não haja uma parte), mas aconselho-o a analisar melhor os números reais, os do IEFP. Até pode consultar o meu blogue a partir daqui: http://economiaegestao.wordpress.com/2013/08/09/o-emprego-criado-pela-agricultura/.
Continua a bater no mesmo: se quiser analisar a diminução da taxa de desemprego trimestral (não a homóloga, porque essa subiu), há menos desempregados. Quer que lhe volte a dar a hiperligação dos números do INE? Você também os utilizou, ainda que de forma distorcida, no seu artigo.
Vou-lhe explicar uma coisa: não basta que você diga que eu me engano, é preciso demonstrá-lo. Eu quero que a variação trimestral se foda, toda a gente sabe que no 2º trimestre há mais emprego. O que conta são duas coisas: a comparação com idêntico período do ano anterior, foi o que eu fiz, e o número total de pessoas empregadas. A taxa de desemprego não interessa a ninguém, porque a população activa considerada variou, e muito (emigração, não sei se sabe o que é). O número de pessoas que trabalham sim, porque a menos que tivesse surgido do nada uma súbita automatização da economia portuguesa, se há menos gente a trabalhar há menos actividade económica. Há menos, e há sub-emprego (que não era tratado pelo INE o ano passado), sendo ainda por cima agora moda empregar pessoas a 300€ /7h por dia, conseguindo-se assim com 600€ ter dois trabalhadores, uma invenção à chinesa.
Quanto à agricultura aprenda com quem sendo de direita não foge da realidade:
http://desviocolossal.wordpress.com/2013/08/09/uma-explicacao-pouco-excitante-para-a-descida-do-desemprego/
Eu não vou utilizar a sua linguagem.. Eu sei que muita gente que todos os dia protesta contra tudo e todos, mas que nada fazem para que as coisas mudem (interssa-lhes que nada mude), dá-se muito mal com os números..
No que respeita à sua opção pela variação homóloga, também concordo consigo… gosto muito mais de comparar coisas que possam ser comparáveis (tirando o tal efeito da sazonalidade). Se é isso que lhe intteressa, não devia estar chateado com a descida do desemprego, pois ela refere-se à variação “trimestral em cadeia”. A variação homóloga foi positivca, ou seja, houve mais desemprego no segundo trimestre de 2013 do que no segundo trimestre de 2012…
O João José, ao deixar-me a hiperligação para um artigo de uma pessoa que supostamente é de direita, fez muito bem e está de parabéns. Tal como lhe tenho dito, é preferível vocês apresentarem opiniões de outros e estudos encomendados para defenderem as vossas opiniões. Com números reais não conseguem; são facilmente desmascarados. A hiperligação que lhe deixei respeita a números reais, copiados dos relatórios mensais que o IEFP publica.. Trata-se de números reais, reitero. Mas é preferível, da vossa parte, utilizar opiniões e os tais estudos.
No que concerne à variação homóloga do desemprego, mesmo não sendo bruxo, quer apostar que em agosto (no máximo em setembro) haverá uma variação homóloga mensal negativa? Se tudo correr normalmente, e fazendo uma reta de tendência simples nos gráficos que lhe deixei no meu blogue, é bem provável que a variação homóloga negativa esteja para chegar..
Não desespere…
Artigo atual e que debate uma triste realidade, que uma grande fatia da nossa sociedade é confrontada e pelos vistos fraturante também.