«Volta, Gaspar!»

E depois do adeus? Depois de Gaspar, depois da crise de Julho, após a intermitência irra vogal de Portas, nada ficou como dantes, especialmente nos juros da dívida pública nas várias maturidades e na esperança de um regresso do Estado Português à normalidade do financiamento em mercado, na data estipulada. Porquê?

Por causa do peso pluma dos actores que sucederam a Gaspar nos dossiês que este detinha: Gaspar era um bloco inamovível sem consideração pelo flato da política e a sua agenda. Portas e Albuquerque, do ponto de vista das marionetas que controlam a volubilidade subjectiva do dinheiro mundial, são o regresso da velha jangada rançosa do Regime movida a gás metano político, com bússula política e leme escaqueirado político. Albuquerque e Portas querem passar por bonzinhos e sensíveis ao lastro que se dependura nos partidos e mostrar a peitaça rebelde na mesa negocial troykaniana.

À calamidade de actualmente a 10 anos, as taxas de juro permanecerem próximas dos 7,508% de 3 de Julho e a cinco anos a taxa andar a acima de 7%, subjaz simplesmente o desaparecimento do peso técnico e da fiabilidade técnica de Gaspar. Ainda hoje interpreto como auto-ironia as asserções da sua carta: «Falhei!» O que falhou foi a sua capacidade de persuasão, por falta de moral e perda de prestígio interno como vidente e previdente macroeconómico, para o que deveria ter sido feito aquando da 7.ª avaliação e está agora previsto para o OE2014. O que falhou foi o devido respaldo dentro do Governo para anunciar e fazer então o que fatalmente se anuncia agora no domínio das Pensões, por exemplo.

A guerra com os mercados ganha-se sem mariquices nem escrúpulos. Ganha-se com a linguagem dos mercados que é selvática, crua, insensível. Não gostamos, mas não há outra: dura debita sed debita.

Comments

  1. João Paz says:

    A guerra com os mercados só se ganha quando o povo português tiver força para impor o “NÂO PAGAMOS” em relação a uma dívida odiosa e impagável que serve de pretexto para a destruição do que resta em termos económicos e miserabilização MESMO DE QUEM TRABALHA.

    • Joaquim Carlos Santos says:

      Olá, João. Bem-vindo, ao comentário livre e plural. Finalmente. Sim, a dívida é odiosa. Talvez impagável. Mas não consta que Argentinos, Gregos ou outros Países intervencionados externamente a tanto [ao Não Pagamos!] se tenham atrevido alguma vez.

      Por alguma razão.

      Abraço e bom regresso!

      • nightwishpt says:

        Mais uma vez a mostrar que não sabe do que fala…

        • Joaquim Carlos Santos says:

          Que comentário petulante, nightwishpt! Uma Islândia não faz a Primavera Libertária dos Povos.

  2. sinaizdefumo says:

    Quanto mais te agachas mais te põem o pé em cima. O regresso do seu ‘d. sebastião’ nada resolveria; sempre esteve de cócoras.

  3. Concordo com a ideia do regresso à “cedência política”, às agendas de telejornal e ao regime-pântano. Não concordo com os méritos do Gaspar. Foi um freak mal comandado. Mal comandado como ele próprio assumiu… O verdadeiro problema está no “chefe”: não presta! Já devias ter notado que a água de colónia que ele usa é da mesma marca que a do teu arquiinimigo… Só te ficava bem denunciá-lo! Tenho a certeza que iríamos ter bons momentos de leitura.

    • Joaquim Carlos Santos says:

      Concordo. E admito que sim. O meu amigo António Balbino Caldeira tem laborado nessa teoria de equivalência Passos-Sócras. Já estive mais longe de a subscrever. O que me tem detido a verve é algum crédito que vou dando ao Passos sem Freeport, sem Cova da Beira, sem Avidez de Poder Absoluto, sem Pseudo-Licenciatura.

      Passa a ideia de ser um bem-intencionado, alguém que faz o melhor que sabe. Sei lá. Sócrates era uma hubris permanente, uma insolência a pedir coça, uma provocação e uma ofensa ambulante, desprezivo dos simples, esmagador dos inermes. Foi, efectivamente, um tempo de Pleno Pecado no Poder em Portugal o período 2005-2011.

      • … dou-te algumas ideias: pensa no perigo que constitui um “bem intencionado” incompetente, cego e prepotente. Pensa em fundamentalismo ideológico à solta, sem visão de contexto e de oportunidade. Pensa na irresponsabilidade estarola, na falta de respeito pelas pessoas, na visão simplista da economia, na ofensa ao povo, no desprezo pelas instituições e equilíbrios da democracia. Pensa no nojo que foram os dois anos de muita conversa, muito insulto e pouca obra. Pensa no Estado e no estado em que ele está: na mesma, ou pior! Pensa na visão curta e disforme da “reforma”. Pensa em juros, pensa em taxa de desemprego. Pensa no antes, pensa no depois. Vais ver que te vais agoniar… Pensa em fraude eleitoral, pensa em mentira, pensa em manha e falta de escrúpulos.
        Sabes, telegenia e voz firme enganam muita gente, mas apenas o tempo suficiente para que a obra surja, ou não… Desafio-te a alimentar a tese, não da equivalência “Passos-Sócras”, mas antes da tragédia que constitui a sequência dos dois. Um teve excessos, o outro desfeitos. Nós pagamos.
        P.S.: ainda assim, estou grato pelo Simplex, pela “modernidade”, pelas “energias alternativas” e auto-estradas, (mesmo as inúteis). Do Passos apenas restará nada, nem obra nem mérito, nem solução. Apenas vazio, insulto, memória de tempo negro e dívida…

        • Joaquim Carlos Santos says:

          Em verdade, em verdade te digo, Luís: belíssimo comentário. De zero a dez, dou dez! O que me encalacra é como é que em face dos constrangimentos impostos ao Estado Português poderia ser em alternativa ao baço vulto vagamente PM Passos. Na verdade, o cinzentismo pesado de Passos é tão álacre como o optimismo repimpão do charlatão Sócras. Este brilhou quando Merkel desintoxicava os activos tóxicos da Indústria Alemã, comprando dívida pública aos países do Sul. Agora outros que paguem.

          De repente, temos Pires de Lima, o novo ciclo, e vemos que a máquina patina. Em suma, ficar quieto é uma virtude.

  4. nightwishpt says:

    Pode ser que um dia lhe tirem o luxo de ter uma televisão e um frigorífico e lhe imponham a lei da rolha . Já pululava de contente.
    Quanto à austeridade abusiva, nunca resultou em lado nenhum e não iria ser aqui. O resto são tonterias.

  5. P.S.: ainda assim, estou grato pelo Simplex, pela “modernidade”, pelas “energias —-copiado -alternativas” e auto-estradas, (mesmo as inúteis). Do Passos apenas restará nada, nem obra nem mérito, nem solução. Apenas vazio, insulto, memória de tempo negro e dívida…– acrescento que poderia e deveria ser, por quem sabe, o que aconteceu no último mandato do PSD com Ferreira Leite – não me parece que o estado a que se chegou seja consequência apenas do PS (em quem nem sequer voto mas é como consigo ver o que vejo) mas se for a 1986 – aí tiro ilacções mais próximas do que apenas bater em sócrates – para não falar em tudo o que Alemanha e frança “investiram ao longo de 20 anos aqui” e desde 2008 deslocalizaram e só mantiveram tiverem enquanto lhes foi conveniente e os enriqueceu com boa mão de obra e baratinha Mas a china que não é parva e é sobretudo “paciente” fez-se “ouvir” na altura certa para fazer deslumbrar pelo menos a senhora lá de cima do país da Floresta Negra mesmo que siba do trabalho escravo pois que se eu sei melhor saberá ela o que me leva a pensar que a moral dela é muit semelhante – Aliás há um artigo que creio que vos enviei de Natália Correia de título de “premonitório” que assinaria a 100% – e ouvi-a em confª que fez sobre a entrada na CEE – ela e amigo economista Correia Guedes que nem vejo há anos + etc – bater em sócrates é mais fácil – está à mão e ainda mexe – se reconheço asneiras fatais em termos de qualidade de paisagem e destruição ambiental – sei bem o que fez sócrates até num célebre e criminoso aterro sanitário em duas aldeias perto do lugar onde nasceu – disso ninguém fala nem falam no Freeport senão no desmando dos dinheiros roubados – só falam de dinheiro mas não falam nem na destruição do estuário UNESCO nem das ostras desaparecidas e poluídas com metais pesados e energia nuclear das centrais de Almeria que já ultrapassaram a idade útil (20 anos) e conspurcam o Tejo internacional unesco – eu prefiro falar de paisagens e ecologia e ordenamento global rural e urbano (e já agora florestal) e em beleza – Não me contento e com betão e betuminoso e estradas IP inúteis e em excesso (Inglaterra até tem apenas uma) nem falar apenas em ordenados e subsídios (de que sou vítima desde Sócrates e agora a golpada de cuelho) porque se não houver mais nada, recuso comprar a agricultura (e peixe de aviário) de espanha nem a pescada transgénica de Vigo – O lixo não me interessa mesmo que tenha salário ministerial – E também gostava que me dissessem porque é que a Holanda essa moralista das women on waves e da eutanásia, porque é que também estão mais à rasca do que Portugal – ou o Luxemburgo que moral tem e qual o seu papel na UE + etc – afinal os que escrevem não estão na europa mas apenas no país de Sócrates – pena não ter ido fazer companhia a todos os culpados que se piraram para bruxelas e agora até falam MAIS alto – o poderoso Sócrates fez tudo sozinho e ninguém o “aliciou” nem sequer os autarcas – os que se garram ao que lhe deram como sanguessugas inúteis e delapidadores – aliás não esquecendo a Madeira – esse complexo de túneis como não vi no mundo em espaço físico tão curto – também deviam fazer contas de m3 de túnel per capita

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