Diretion? Diretion? Oh dear!

diretion

Leitor atento teve a amabilidade de me enviar esta ligação, com uma reportagem sobre os One Direction, transmitida durante a edição de ontem do Jornal das 8 da TVI — por qualquer motivo que me escapa, a ligação da TVI não funciona por estas bandas.

A base IV do AO90, sem qualquer valor científico – escusado seria acrescentar: sem qualquer ligação à realidade; contudo, por via das dúvidas e por descargo de consciência, acrescente-se e saliente-se: sem qualquer ligação à realidade –, constitui, como se vê, um desnecessário factor de perturbação da consciência ortográfica dos falantes/leitores/escreventes. A supressão, em português europeu, de consoantes com importante valor grafémico fará com que se projecte noutras línguas a arbitrariedade do novo código: contudo, felizmente para elas e seus respectivos falantes, essas línguas não foram sujeitas a reformas ortográficas caóticas, garatujadas em cima do joelho.

Casos como o deste *diretion tenderão a aumentar. Aliás, trata-se de problema já anteriormente mencionado. Esperem para ver. Ou não, não esperem. Se quiserem ver o desastre a instalar-se, basta olharem para o lado, assobiarem para o ar e encolherem os ombros: a ordem é aleatória – para não dizer facultativa –  e até haverá quem olhe para o lado, assobie para o ar e encolha os ombros em simultâneo. Se não quiserem assistir ao caos instalado, têm bom remédio: não fiquem quietos.

Post scriptum: Não conheço – nem tenho, lamento imenso, particular interesse em conhecer – os One Direction. Assim, deixo-vos na companhia de uma das minhas bandas favoritas e de uma canção que corre o risco, se as coisas tomarem o rumo que se prevê, de qualquer publicação portuguesa que adopte o AO90 lhe transformar o Having trouble with my direction /Upside-down, psychotic reaction num ínvio (sim, ínvio) Having trouble with my diretion/Upside-down, psychotic reation:

Comments

  1. Claudia says:

    A música + famosa dos “One Direction” nem sequer é deles… se gosta de Cult, com certeza deve conhecer Blondie, os verdadeiros autores da musiquinha da moda

  2. maguedes says:

    O nojo elevado ao limite. Já não bastava terem esfarrapado da forma mais andrajosa a língua portuguesa com o escarro do AO e a aquiescência institucional, pretendem agora o seu contágio.
    Repugnante!

  3. AHAHAHAHAHAHAH
    EHEHEHEHEHEHEH!
    IHIHIHIHIHIHIH!
    OHOHOHOHOHOHOH!
    UHUHUHUHUHUHUH!

    É só o que me ocorre dizer. E com os agás.

  4. Mais que não saber falar inglês preocupa-me não se saber falar português. Se estamos em Portugal deviamos valorizar a nossa lingua e defendê-la. Com tantos anglicismos e tanto desprezo pelo Português às vezes parece que estamos num país da Commonwealth!

  5. Ou talvez estes idiotas queiram levar por diante a ideia, e “obrigar” os falantes da língua inglesa a “comerem” os cês. Já nada me admira…. O que custa é que meio Portugal está, de facto a assobiar para o lado, sem entender o que lhes estão a fazer.

  6. Sarah Adamopoulos says:

    ahahahahahah! c’est trop (ou será que é sem p?) drôle!

  7. Rui Miguel Duarte says:

    O inglês passa a ter mais uma variante ortográfica: o “tugish”, de “tuga”.

  8. Sara Maria Agusta says:

    vocês é que nao percebem, não se vê logo que está com o novo acordo ortografico? xD

  9. Francisco Ferreira says:

    Lingua Portuguesa?, já era, agora só se for no sotaque. quando eu agora tiver dúvidas sobre como escrever alguma palavra pergunto a um Brasileiro

Trackbacks

  1. […] A propósito, graças a João Roque Dias, soube desta notícia *eletrizante (trata-se de fenómeno que, infelizmente, já conhecemos). […]

  2. […] hoje Paul Krugman. Se isto vai parar a uns sítios que eu cá sei, é possível que apareçam umas […]

  3. […] One Diretion, obviamente, o Digital Marketing […]

  4. […] Dos One Diretion? Exactamente: dos One Diretion. […]

  5. […] Ontem (aliás, hoje: eram 3h00 em Bruxelas), antes de Trump deixar a entender que, se chegar à Casa Branca, Hillary Clinton vai para a prisão, a candidata do Partido Democrata atrapalhou-se na pronunciação de ‘fact checking’ (verificação de factos). Provavelmente, depois de ler “agora facto é igual a fato (de roupa)”, Clinton terá tido um momento de insegurança, pois, durante poucos segundos, parecia um dos autores portugueses de One *Diretion: […]

  6. […] A hiperactividade é extremamente selectiva e, quanto ao aspecto da selectividade, convém lembrar a excelente tirada de Feynman: «I have a limited intelligence and I use it in a particular direction» — sim, direction. […]

  7. […] Para banda sonora, se não houver L’idiot, se não houver City of New Orleans ou se não houver os meus dilectos Ao Soldado Desconfiado ou The Phoenix, então pode ser o Comboio  ou o Noutro Lugar. Não escolham o Depois de ti, mais nada, sff: obrigado. Adaptações? Gosto do Start Me Up, mas prefiro o Love Removal Machine. […]

  8. […] em acrescentar letras que não fazem absolutamente nenhuma falta. Não, não tem nada a ver com os One *Diretion. Não, nem pensem nisso: o padrão é […]

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