Cratilinárias

CatilináriasRecentemente, Passos Coelho, licenciado em Economia, descobriu que as pessoas, por ganharem menos, gastam menos. Já Vilaça, personagem de Os Maias, comentava a formatura de Carlos, dizendo a si mesmo: “Grande coisa, ter um curso!” Grande coisa Passos Coelho ser economista, que, mais tarde ou mais cedo, chega quase a perceber o que se passa com os cidadãos.

Nuno Crato, sempre pronto a imitar o chefe, ordenou, decididamente, um inquérito para se saber por que razão tem havido menos candidaturas ao ensino superior. Não me espantaria que o ministro atribuísse esta queda à diminuição da natalidade. Portugal é, aliás, caso único no mundo: o facto de haver menos crianças a nascer num determinado ano é razão suficiente diminuir o número de turmas de ensino secundário no ano seguinte. Ao fim de dois anos, é natural que a universidade se ressinta.

Por outro lado, talvez não fosse má ideia Crato pedir ao economista Coelho que lhe explicasse aquela coisa de ganhar menos dinheiro, porque, parecendo que não, pode afectar a capacidade de algumas famílias manterem filhos a estudar no ensino superior. De qualquer modo, já se sabe que não “podemos ser todos doutores”, frase muito utilizada pela direita católico-condescendente.

Finalmente, ele há coisas do diabo!, o absentismo e o abandono escolar aumentaram, talvez porque as pessoas insistem em não gastar dinheiro em manuais escolares, em transportes ou em alimentação, afastando os filhos da escola. O facto de terem menos ou nenhuns rendimentos não as torna menos contumazes, tal como os surdos teimam em não ouvir.

Deve ser grande coisa, ter um governo!

Comments

  1. Como diria o filósofo “não qu’ele há coisas do clho”.

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