Viva o Rei! Abaixo a Intolerância!

Sou simpatizante da causa monárquica. Não gosto do tom provocador do meu amigo João José Cardoso. Mas gosto mais do João José Cardoso do que estou disponível para me escandalizar com o que pense. Não sou comunista nem posso ser anti-comunista.

Ao JJC é preciso respeitá-lo, amá-lo, compreendê-lo e opor-se-lhe com génio e inteligência, especialmente num âmbito muito dado às lógicas branco/preto, maus/bons, quente/frio por que certa cultura de pensar fez o seu trajecto secular.

É preciso também que tenhamos aquela tolerância editorial e aquela paciência benevolente por que se pautou a Monarquia Constitucional na maior parte do tempo e a República inicial destruiu, forjada em sangue, em jacobinice, caos, balbúrdia, acotovelamento ávido do mando, pensamento único, a baixeza indigna dos assassínios, das purgas, sangue e mais sangue, até ao cansaço-acalmia de uma Ditadura da qual alguns depois se queixaram, quando precisamente abriram caminho a ela pela morte estéril e equivocada de um Chefe de Estado. Digam-me um só exemplo de utilidade e benefício humanitário ou democrático de um tal tipo de assassínio.

Notoriamente o País pagou caro o regicídio, a desgraça desse assassínio covarde e inútil. Não será, porém, a revolução, mas a aclamação que mudará as lógicas pervertidas do actual Regime em Portugal com as suas elites viciosas. Não será talvez uma tarefa para esta geração, mas para cem ou mais anos de persuasão, comportamento exemplar, argumentos racionais e de bom senso.

Comments

  1. A.M. says:

    O neu recado é simples: Tem dó. Entendeu?

  2. Imbecilidade de casta? Não obrigado.
    A todos aqueles que se julgam superiores Rilhafoles.

    mário

  3. J. T. says:

    O regime que o 5 de Outubro derrubou era uma monarquia constitucional e com um parlamento onde havia, eleitos, deputados republicanos…
    A república, entre outras coisas, restringiu o universo eleitoral – isto é, retirou poder de voto a quem o tinha antes… e, por isso, foi menos democrática do que a monarquia.
    Quanto ao Rei D. Carlos, não vale sequer perder muito tempo a defendê-lo. As suas qualdades de político, de artista e de cientista estão cada vez mais valores indiscutíveis.
    Como amigos – e admiradores – tinha o Rei, entre outros, Eça de Queiroz… e considerava-se membro suplemente dos “Vencidos da Vida”.
    O que há a pensar em relação ao Rei D. Carlos I é a nossa reacção contra o melhor e uma certa apetência pela mediocriade e pela cultura do ressentimento.
    Quanto ao pessoal político da monarquia, passou-se em grande parte para a república. Um e outro era mau – como é mau o actual. É ainda outro problema nosso.

  4. Ó Joaquim, provocação maior que esta imagem de um inútil, que toda a vida viveu à conta dos cofres do estado, abriu o nadegueiro à Inglaterra, e permitiu a instauração de ditaduras como a do Franco, não estou a ver bem como poderia ser.
    O facto de o homem ter algum talento para a pintura e vocação oceanográfica pode fazer dele melhor pessoa (o que por outro lado desequilibra, se pensarmos na sua vida sexual, muito pouco católica) mas nunca melhor governante.
    E quanto a democracia (não vou agora discutir o voto censitário e as chapeladas monárquicas) o exemplo está aí: o ser descendente de Carlota Joaquina não faz de quem quer que seja melhor governante e muito menos concede, a quem quer que seja, direito a governar perpétuamente.

    • ocni says:

      Esses defeitos não justificavam um assassinato e muito menos fazer dos seus assassinos heróis. Mais defeitos teve o Afonso Costa e ninguém o matou.

      • Um defeito chega perfeitamente: a ditadura. O outro é da sua natureza: quem se proclama superior aos outros pelo nascimento, tem no regicídio um mero acidente profissional. É a vida.

    • Antonio Neto says:

      Ao que vejo a história continua a ser mal ministrada.
      Quanto a Carlota Joaquina e seus desdendentes, não há dúvida que é nascer para reinar. De tal modo que um seu tetraneto é um dos corifeus do regime actual, Francisco Pinto Balsemão e outro tretraneto, Pais do Amaral, não tem menos importância.

  5. sinaizdefumo says:

    Era el-Rei tido por bom caçador o que mui útil seria à pátria nos tempos que correm, se bem que pessoalmente seja contra coelhecídios.
    Ora, ora JCS, até que gostei do post mas pra trás mija a burra.

  6. Antonio Neto says:

    Infelizmente, o Rei D. Carlos I não conseguiu travar o despudor e a loucura – como ainda esta semapna refere VPV – que atingiram a vida política nacional depois de 1891, que se agravaram em 1910 e tiveram como consequência a ditadura de 1926.
    Parece que, desde há 12 ou 13 anos o país está a regressar a esses tempos e estas erupções de jacobinismo igualitário (que diria um inglês ou um dinamarquês destas considerações tão sofisticadas sobre monarquia constitucional, eles que como súbditos detém um poder sobre os destinos do país que um cidadão português nem imagina que pode existir!) não prognosticam nada de bom sobre a nossa evolução.

    • Os ingleses têm um poder extraordinário sobre o seu destino. Começa logo num sistema eleitoral não proporcional, em que quem tem mais votos pode ter menos deputados. Depois prossegue num império esclerótico que insiste em manter possessões coloniais, esse supra sumo da democracia moderna. Como se dizia dantes (deve ser jacobinismo) um povo não pode ser livre enquanto oprimir outros povos. E assim, orgulhosamente jacobino me confesso.

      • António Neto says:

        Quanto ao sistema eleitoral inglês, não terá, claro está, o apuro do nosso. Portugal é um torrãozinho, já o dizia o célebre estadista Alípio Abranhos que, por curiosa coincidência, tem 4 dos seus bisnetos a desempenharem cargos cimeiros em diversos partidos, nos tribunais e na administração (pública e de algumas empresas privadas).
        Não sei se conhece a biografia que sobre o Sr. Abranhos (que depois foi feito conde) escreveu o Sr. Zagallo, mas aconselho. A defesa do progresso contra o reaccionarismo é um bela página da nossa literatura e impressiona pela sua clarividência política.
        Gostaria muito de saber notícias das possessões imperiais inglesas. Não sei se se refere à grave questão da Irlanda do Norte ou àquelas ilhas que, à semelhança dos territoires d’autre-mer, impedem que os franceses sejam um povo livre.

        • Sim, a França também, embora menos.
          E não insulte o Eça, coitado, não se pode defender.

          • António Neto says:

            Continuo à espera das notícias da opressão britânica, cujas fontes não deixará de mencionar. No site da Amnesty International não encontrei nada – por demérito meu certamente.
            Quanto ao Eça, que sempre que vinha a Portugal ia cumprimentar o Rei e a Rainha (testemunho da Filha do Escritor, D. Maria de Castro) não creio em que possa ter sido insultado, mais a mais quando uma das fontes para o desânimo do Rei com os políticos portugueses é uma carta de Eça a sua Mulher, em que refere as conversas entre o Rei e Oliveira Martins.

          • As decisões da ONU sobre descolonização estão ao alcance de um google qualquer.

    • António Neto says:

      Da lista da ONU de países “sem governo próprio ” fazem parte países que escolheram democraticamente a manutenção do seu estatuto sendo que todos, como as ilhas Caymao, ou aJamaica (que pode estar a sair da Commonwealth, por decisão própria) por exemplo, são democracias, com o mesmo ou muito semelhante estatuto da Austrália – a que ninguém se lembraria de chamar colónia e muito menos oprimida.
      Não há qualquer forma de opressão política registada no relatório da Amnistia em relação aos países que compõem a Commonwealth por parte da Grã-Bretanha.
      Talvez se me der casos específicos de opressão (prisões por motivos políticos, etc.).

      • Lá está, insiste na AI. E eu no direito dos povos à auto-determinação. Não vou incluir Austrália e Canadá, porque aí ficou apenas o folclore monárquico. Mas não é preciso sair da Europa: Gibraltar, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales chegam perfeitamente. O resto anda espalhado pelo globo e são só 14 territórios indevidamente ocupados.

        • António Neto says:

          O Reino Unido é formado pela Inglaterra,Escócia e País de Gales. A Escócia tem pensado, ultimamente, em sair da União. Desconhecem-se presos políticos.
          O Ulster tem uma maioria de protestantes que não quer ser dissolvida na Irlanda, consituindo um problema complexo.
          Em Gilbraltar, houve um referendo em que 98% da população decidiu continuar como estava.

          Alguns dos territórios não eram habitados, pelo que, em relação a esses. a Grã-Bretanha tem a mesma legitimidade que Portugal tem em relação às ilhas adjacentes. Mas qualquer povo pode sair, TODOS têm regimes democráticos.
          Não posso deixar de acrescentar que declarar estes casos de colonialismo e opressão é, obejctivamente, um insulto em relação aos efectivos casos de opressão e colonização, passados e presentes.
          Para diatribes contra o colonialismo basta o Jardim.

          • Claro. Toda a gente sabe que os Açores são reivindicados pelos EUA. A Madeira suponho que por Marrocos.
            Quanto ao Reino Unido nunca foi referendado. A Irlanda do Norte tem realmente uma falsa maioria (fugiram do Sul) de ex-colonos ingleses, como se nota pela religião praticada. Sem dúvida que é um problema complexo, a ser resolvido pelos irlandeses.

          • António Neto says:

            Também a constituição que felizmente nos rege nunca foi referendada. Nem, aliás, a república foi referendada.

          • A Constituição de 1976 foi aprovada por mais de 2/3 dos votos de uma Assembleia Constituinte, chega perfeitamente em qualquer parte do mundo democrático. Tal como de resto sucedera com a de 1911 (mas aí, é verdade, o voto não era universal, foi-o pela primeira vez, e livre, em 1975).
            Já a monarquia nunca foi referendada, nem a sua Constituição (aliás, Carta Constitucional) aprovada num parlamento eleito com um mínimo de decência. Ainda se justificava por jurisprudência divina, esse requintado método teocrático. Convém igualmente não esquecer que até até 1910 estivemos sob o jugo de uma religião oficial do estado.

  7. Buíça says:

    Um tipo que se referia ao seu país como a “ignóbil porcaria” não merecia melhor sorte. Mas há sempre uns lacaios prontos a incensar idiotas…

    • António Neto says:

      Não sei se seria com essas palavras, nem quem cabia no desabafo, mas de qualquer modo, olha o malandro! Tem razão, quem não se sente não é filho de boa gente! Andar a emporcalhar o bom nome do país! Ao Sr. Aquilino Ribeiro, da Carbonária, e que escrevia, também lhe perguntaram se ele não tinha vergonha do que dizia do país. Por acaso o sr. que o acusou viu o seu acrisolado patriotismo recompensado e reformou-se nos anos 90, juiz conselheiro do Supremo, parece que muito estimado pela sua vasta experiência em questões de liberdade de imprensa e, claro está do seu abuso.

  8. josé loureiro says:

    não foi este que, no dizer do Guerra Junqueiro, foi à caça quando o pai estava a agonizar?
    grande montador de costureiras mas pouco apreciador aqui da piolheira

  9. António Neto says:

    Foi em relação ao Rei D. Carlos I que o Junqueiro sugeriu o regicídio. Não foi incomodado. Seria interessante se alguém fizesse o mesmo actualmente – e sem licença de quem manda.
    Mas enfim, hoje, sabe-se quem foi o Rei D. Carlos e ao Junqueiro, ninguém o lê. Injustiças do tempo.

  10. Li com atenção todos os comentários e suas réplicas, confesso-me desagradado. Nenhuma ideia, nenhum sentido de estado, de modelo político em ambos os campos. Não são as qualidades pessoais do rei, do presidente, deste ou outro que estão em causa: modelos adequados à sociedade portuguesas precisam-se e, no que me toca, uma monarquia constitucional moderna e desempoeirada parece-me o que melhor de adapta. E quanto ao Eça de Queiroz, mesmo levando em conta todo o seu imenso génio literário, aja Deus: um decadentista a cuspir todos os dias no prato em que comia: o orçamento. Venha quem faça, que muitos temos que nos dizem o que fazer.

    • António Neto says:

      Eça não era um decadentista, mas será necessário esclarecer o quer significar “cuspir todos os dias no prato em que comia”.
      Eça era um diplomata de carreira e era pago (não muito bem) pelos seus serviços como diplomata ao serviço de Portugal e não deste ou daquele governo – que, por sua vez, não são propriedade privada dos primeiros-ministro.
      No deve e haver entre Eça e Portugal, Eça detém um enorme crédito.
      É interessante como persiste e se renova o culto do respeitinho ao estado.

    • josé loureiro says:

      este julga que é avaliador dos comentários dos outros, coitadito…
      deve ser o rei das farturas!

  11. Não posso condescender com o assassinato de D. Carlos. Não apoio crimes nem defendo criminosos como Costa e Buiça. A monarquia estava infestada de gente sem escrúpulos, mas que dizer de Afonso Costa? No entanto jamais poderei ser partidário de sistemas políticos onde as pessoas nascem diferentes. Não assinalo o 5 de Outubro, porque não me revejo em toda a corja de canalhas que desgovernou o país durante mais de década e meia, abrindo caminho a uma ditadura desejada e aclamada por grande parte da população, que viria a condenar Portugal a um atraso cujas consequências em parte ainda hoje sente. Sabendo que a liberdade trouxe o PREC e depois a integração europeia, que serviu a muitos dos actuais governantes, também não há muito a celebrar com a III república.
    Não se podem apagar da História de Portugal os séculos XIX e XX? Mas deixem a monarquia nos contos de fadas e princesas, além dos livros de de História e mantenham a Liberdade, tudo o resto…

  12. nightwishpt says:

    Sobre esse período pouco sei, mas Portugal ainda sofre muito de excesso de sobrevivência no 25 de Abril.

  13. Miguel Mota says:

    Este artigo aqui basta para se perceber a loucura que foi a primeira república:

    http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/10/o-branqueamento-da-historia-da-primeira.html

  14. Nem nascidos para reinar, nem nascidos para servir. Desde que me desenganei dos contos de fadas, não consigo focar monarquias sem despistar todos os seus horrores concentrados na história da humanidade.

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