Mudar o mundo todo, uma pessoa de cada vez

A utopia é um elemento essencial da nossa identidade porque no dia em que  o sonho deixar de estar presente, o caminho para o amanhã desaparece também. No entanto, a utopia tem que ser um sonho que se materializa nas práticas diárias, nas opções que vamos fazendo a cada momento.

Malala é uma menina que faz a sua parte e que procurava, na sua comunidade, fazer a diferença.

“Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação primeiro”

Esta VERDADE apresentada por Malala na ONU leva-me para um terreno absolutamente oposto ao de Nuno Crato e dos seus seguidores. A aposta na Educação é um valor entendido até nos territórios mais deprimidos do nosso planeta, enquanto por cá um grupo de boys parece comprometido com o fim da escola pública. A jovem Paquistanesa além da defesa da Educação enquanto valor global, apresenta como urgente a formação das mulheres.

Parece-me que não se conhecem naquelas terras alguns dos estudos mais recentes na área da educação, onde, por exemplo, se aponta a formação escolar das mães como um dos factores mais decisivos para o sucesso escolar dos alunos e jovens. Aliás, esse é um dos méritos que as Novas Oportunidades traziam ao sistema educativo. Permitiam o contacto dos Pais (Mães) com a escola, promoviam e potenciavam o sucesso dos alunos em idade escolar regular. Ou seja, levar os Pais e, em especial as Mães, para a Escola é gerador de sucesso académico.

Na lógica da Agenda 21, do Pensar Global, Agir local, faz todo o sentido que em cada uma das nossas comunidades se faça uma aposta muito forte na formação de adultos, nomeadamente da geração com menos de 30 anos que deixou a escola muito cedo. Jovens mães que são (serão) a curto prazo as mães dos nossos alunos.  Esta oportunidade, para além de ter consequências na aprendizagem dos filhos poderá ter um papel decisivo na economia porque poderemos aumentar a qualificação de gente que está fora do mundo do trabalho, está afastada, como dizem os boys, do mercado de emprego.

Em Vila Nova de Gaia, o concelho do país com mais desempregados, temos uma oportunidade de começar a mudar o mundo, uma mulher de cada vez. Voltar a levar as mães sub-30 para o sistema de ensino pode ser uma aposta brutal porque poderá, a curto prazo, permitir duas coisas fundamentais para desenvolver a nossa comunidade: aumentar a qualificação dos desempregados e melhorar as taxas de sucesso dos alunos em idade escolar.

Meu caro Presidente, a Malala poderá ser uma excelente inspiração.

Comments

  1. É necessário um bom sistema de apoio social escolar para se poder cumprir com as metas da Agenda Europa 2020. Reparem nos últimos dados do Banco Mundial sobre a discriminação socioeconómica e de género, face ao qual se pode concluir que em países e regiões com populações que envelhecem rapidamente, como a China, Europa e Ásia Central, encorajar as mulheres a entrar e permanecer na força de trabalho pode ajudar a atenuar o impacto negativo do encolhimento das populações em idade produtiva. Portanto, num mundo globalizado, os países que reduzem as desigualdades de género, especialmente no ensino médio e no ensino superior, bem como na participação económica, terão uma clara vantagem sobre aqueles que adiam essa medida (capítulo 6 do Relatório do Banco Mundial 2012).

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