Números do emprego e fraude intelectual

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Por qualquer razão tinha Pedro Romano em conta de alguém com alguma honestidade intelectual. Tinha. Escrever um relambório, para não lhe chamar vomitório, sobre uma anunciada descida do desemprego está ao nível do milagre económico de S. Pires de Lima.

No 3º trimestre de 2012 tínhamos, segundo as estimativas do INE, 4 656 300 empregados. Em 2013 e para o mesmo período são 4 505 600, menos 2,2%. Claro que entretanto a taxa de desemprego baixou porque a emigração cresceu, num país onde a economia tem sido meticulosamente destruída por devotos do deus mercado, uma religião que tem por prática a crucificação dos outros. Pior ainda: subiu o emprego em 9,4 % numa categoria que diz tudo: trabalhadores familiares não remunerados e noutra, subemprego de trabalhadores a tempo parcial cresceu 5,5%. Estamos no bom caminho, temos mais escravos e donas de casa.

Faltará pouco para alguém apresentar uma fantástica subida do PIB per capita tal como a dos anos 60 (embora nessa altura até tenha havido algum crescimento económico, relativo a quem vinha do fundo dos fundos das estatísticas europeias) ou esquecer as remessas dos emigrantes numa provável subida do consumo, as famílias por enquanto vão ficando por cá.

Há realmente quem torture os números e retire  resultados económicos completamente falsos do chapéu de ilusionista, num colossal desvio à inteligência. Pura magia, completa falta de vergonha. Quem escreveu este título do Público – Taxa de desemprego cai pela primeira vez em cinco anos -, também, que eu saiba uma notícia falaciosa não é a notícia, pese que aí a realidade até surge no final do artigo.

Comments

  1. Fernando says:

    FMI, Governo, UE e a restante Troika (PS incluído) não conseguem fabricar crescimento económico real, então fabricam a ilusão.

    Não há recuperação da economia real, há mais dívida , apenas mais dívida. Se a economia real estivesse mesmo a recuperar o poder compra dos portugueses aumentava, o mercado interno desenvolvia-se, os portugueses não fugiam do país, as elites não se socorriam de retórica milagrosa, não haveria mais austeridade, a disparidade entre entre os mais ricos e os mais pobres atenuava

    “Aumentou o número de ultramilionários em Portugal”
    http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=26&did=128474

    a tia Jonet já teria vindo dizer que podemos voltar a comer bifes, o Joshua Joaquim finalmente teria arranjado uma ocupação remunerada, teria menos tempo para defender corruptos e para fazer apologia de uma sociedade medieval, os estágios seria remunerados, aqueles que publicam ofertas de escravidão nos sites de procura de emprego não teriam coragem de o fazer, etc, etc, etc…

    Minhas senhoras, e meus senhores a riqueza não se evaporou, a vossa riqueza foi e continua a ser transferida para um punhado mafiosos oligarcas. Mas imagino que nada disto seja sequer minimamente interessante comparado com a grande problemática Blatter/ Ronaldo…

  2. Para Blatter não ficar sozinho faça-o acompanhar-se do senhor do crak de Toronto porque é uma xatice drogar-se sozinho

  3. Muito se tem falado, nomeadamente, a extrema-esquerda através do PCP e do BE, dos milhares de portugueses que emigram. Seria interessante – atendendo ao tipo de sociedade e sistema económico que defendem – ver alguém perguntar-lhes porque será que Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte, não estão entre os destinos de eleição de quem emigra…

    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/09/licoes-do-comunismo-sobre-liberdade.html

    • O BE defende o sistema económico de Cuba? e da Coreia do Norte (já agora, parece que a moça depois de executada já apareceu em público)? brilhante.

    • e a existência da Coreia do Norte para si resolve a questão de termos voltado a níveis de emigração de quando éramos uma ditadura e um país miserável, Murphy? Deve ser triste viver com esse tipo de pontos de comparação.

Trackbacks

  1. […] também não é por aqui. É mesmo mais por […]

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