A Comunicação Política Digital – a entrevista (1)

1450839_10201066651530033_610383186_nNotas Breves: A entrevista feita pelo jornalista Miguel Carvalho (Visão) foi realizada após várias conversas prévias nos meses de agosto e setembro (se a memória me não falha, a entrevista propriamente dita, foram mais de quatro horas, foi em outubro). O jornalista sabia do teor da minha tese (a eleição de Pedro Passos Coelho como presidente do PSD e a influência da blogosfera e redes sociais) e do resultado da mesma em termos académicos. Obviamente, a entrevista só foi realizada depois do Miguel Carvalho ter tido uma cópia da mesma e a ter analisado ao pormenor. Quanto à entrevista, como pode testemunhar o Miguel Carvalho, foi franca e leal. Sem meias palavras, “rodriguinhos” ou artimanhas. Nada tenho a reclamar, independentemente de um ou outro pormenor que, misturado, pode e está a gerar alguma confusão. O que é absolutamente normal: uma entrevista de tantas horas reduzida a três páginas de revista teria, forçosamente, de ser assim. Muito do que foi dito não está lá nem podia estar face aos naturais constrangimentos de espaço e o que está dito, por vezes, fruto do normal corte e cose, pode ser interpretado de forma errada. Porém, isso não invalida, bem pelo contrário, a forma enviesada como alguns a querem ver/ler. O que também não me espanta. E até percebo as razões…

A tese que defendi mais não é do que um estudo académico sobre a influência da blogosfera e das redes sociais na comunicação política digital naquelas eleições internas. Deixando já claro algo que afirmo na minha conclusão: não se vai voltar a repetir. Por variadas razões que não vale a pena estar aqui a discutir. Mas, permitam-me que vá directo a um tema que está a gerar bastante confusão (e que a publicação, em breve, da tese no Aventar, vai permitir esclarecer melhor): o Albergue Espanhol.

O Albergue Espanhol era, assumidamente, um blogue de pessoas que apoiavam Pedro Passos Coelho. Uma coisa é o blogue, os seus autores e aquilo que lá estava (pode ser consultado online) escrito. Outra coisa, diferente, era a “máquina” de campanha. Mais, ao contrário do Corporações, no Albergue Espanhol tudo era assinado pelos seus autores e estes eram perfeitamente conhecidos do público leitor. Nalguns espaços digitais vi críticas duras (e injustas) aos jornalistas que faziam parte do AE. Principalmente por confundirem (uns genuinamente e outros propositadamente) o que era/foi a estratégia de comunicação na blogosfera com a digital e a, vamos chamar-lhe assim, “analógica” nos diferentes fóruns (rádio e televisão). Vamos a exemplos para se perceber melhor, o Pedro Correia, o Luís Naves, o Francisco Almeida leite eram jornalistas que participavam activamente no Albergue (como noutros blogues) da mesma forma que, mais um exemplo, a Fernanda Câncio era jornalista (no mesmo jornal) e participava activamente no blog Jugular, no mesmo tipo de registo dos anteriores. As suas opiniões pessoais eram partilhadas (e no caso da Fernanda Câncio continuam a ser) independentemente da sua condição de jornalistas (a exemplo do que muitos fazem, hoje, nas redes sociais). Uma coisa é (melhor dito, era) a blogosfera e o blogger, outra o jornalista. E volto a sublinhar, tudo no Albergue Espanhol era assinado e assumido pelos seus autores. Se na entrevista alguns podem confundir o Albergue Espanhol com o resto, é um erro que aproveito para esclarecer.

A outra questão polémica é a participação, uma espécie de “sindicato telefónico”, dos partidos através de seus filiados e de forma organizada nos diferentes fóruns. Aqui chegados vou citar o comentário de uma amiga e colega de profissão que me dizia: “Fernando, todos sabemos que é assim mas não se pode dizer, falar nisso é muito grave”. Porquê? Bem sei que é muito português e até temos alguns provérbios para o definir. Vamos então fazer de conta que os diferentes partidos (e aqui não existem inocentes) não fazem nada disto. Vamos fazer de conta que não existe o mesmo noutras actividades. Vamos todos fazer de conta. Cantando e rindo.

Alguns jornalistas atacam a entrevista fingindo que é tudo novidade para eles. Uma das coisas que refiro na minha tese é a falta de preparação de alguns jornalistas para este “novo” mundo da comunicação, para este viver de portas e janelas escancaradas que são as redes sociais. Para a facilidade com que se consegue “manipular” (e por amor de deus deixem lá o registo de virgens ofendidas e olhem para a palavra no seu todo). Nada disto é novo. O interessante de verificar é a diferença entre aqueles que atacam por saberem muito bem do que se está a falar e aqueles que, de forma séria, preferem olhar para a entrevista como algo que retrata uma realidade que deve ser analisada, estudada e aprendida. Aliás, a conclusão da minha tese, quando afirmo que hoje não seria possível repetir, é exactamente por considerar que, mesmo assim, o jornalismo avançou nos últimos três anos nesta matéria. Outros, estranhamente, preferem o ataque pessoal (um director de um digital até partiu para o insulto!!!). Pois. Isso e a preocupação de alguns com a “minha carreira”, que “depois disto quem não o contratava era eu e etc e tal” ou “isto é propaganda e tal”- é preocupação para a qual estão dispensados, trabalho desde os 16 anos e sempre por conta própria, com os impostos e os salários de toda a equipa em dia.

Em suma, tanto barulho, tanto ruído e tão poucos a discutir o essencial. Como sempre. Preferindo ver na tese e na entrevista um “ataque” ao PPC, ao governo, às estratégias das consultoras de comunicação, aos jornalistas, aos políticos, aos partidos. Apenas se está a falar de comunicação, de comunicação política digital, de coisas práticas e reais. De uma análise concreta e de uma realidade que é a nossa. Se querem ver na tese um ataque ao que quer que seja, paciência. Tenho um lema que vou procurando seguir na vida: “Não expliques, os amigos não precisam e os inimigos não acreditam”. E mesmo assim, por vezes, lá vou procurando explicar.

Comments

  1. Se bem entendi e li, no fundo a sua tese é algo similar a “Memórias de uma prostituta”, mas com bastante menos dignidade.

  2. Pois é sr Fernando Moreira de Sá só que esta socie-
    dade é cheia de truques e de uma grande podridão .

    Há certos jornalistas que são muito mais que duvidosos .

    Tudo funciona na base da manipulação e da corrupção
    como tem acontecido com passos Coelho e Sócrates ,
    dois dos mais vergonhosos políticos , que muitos jorna-
    listas , sem escrúpulos , os defendem , como no caso
    da lavagem de imagem.do falso engenheiro e filósofo ,
    apesar de terem afundado e continuarem a afundar
    cada vez mais o País ..

  3. Agora a culpa é dos leitores… mmmmmmmmm

  4. Onde me prostituí. Conto tudo. Modo e com quem, mas é só para saberem onde.

  5. olinda de freitas says:
  6. olinda de freitas says:
  7. Nota-se aqui uma turma que pelos vistos anda em ponto cruz nestes blog todos ofendidos com a tese. Talvez lerem o que se defende nas escolas de bloguers e jornalismo sobre a transparencia e contraditorio acompanhado por uma chavenas de chá tilia ajude a perspectivar o “drama”.
    Muitos F.Moreira da Silva apareçam a mostrar o V.valor.

  8. lidia sousa says:

    O ressabiado Fernando Moreira de Sá não foi considerado competente para ir para ajudante do ALFORRECA ou do Relvas ao contrario do Moita de Deus e de muitos outros. João Gonçalves do Blog Portugal dos Pequeninos fez a melhor descrição que eu conheço a respeito da falta de carácter do Passos e quem ele chamou de ALFORRECA, mas como é jurista da Direcção Geral das FINANÇAS, sabe muito a respeito das trafulhices dos manos metralhas ALFFORRECA e TORQUEMADA DE TOMAR como ele chamava ao Relvas. Logo era imprescindivel comprá-lo que é a técnica dos corruptos quando os inimigos são poderosos compram-nos . O Moreira de Sá não tem valor comercial dai não ser contratado para o Governo,. O João Gonçalves foi despedido pois o Relvas saiu. trespassou-o para o ALVARO, o Alvaro foi despedido e o João Gonçalve seguiu o mesmo caminha. Está escrevendo no seu blogie carpindo as mágoas e começando, como o Moreira de Sá, a DESBOBINAR. Mas os comentadores do Blog todos da laia do Moreira de Sá, fazem comentários asquerosos para o intimidar. Aguardermos as cenas das próximas noticias do João Gonçalves sobre as multas e coimas do ALFORRECA que pairam na Direcção Geral de Finanças superentidades por capangas do Relvas que está inda por detrás de tudo mas a receber milhões das negociatas feitas com Angolanas e Brasileiros. Quando tiver tempo conto como a mulher do Relvas lhe sacou os milhões que estavaqm na Suissa e no Luxemburgo e que ele para entrar no Governo não podia ter em nome dele,por causa da declaração ao Tribun al Constitucional Mesmo assim, ainda ministro foi a Angola com o capanga Alberto da Ponte, fez uma negociata e ganhou milhões que investiu na casa que ofereceu à noiva, em nome dela, num condominio fechado de Belem que depois de decorado por um grande decorador da nosa praça custou a módica quanto de 1 milháo de Euros. Mandou-a sair do gabinete do ALFORRECA E ARRANJOU-LHE UM TAXO , na Associação Industrial Portuguesa, como técnica de informática, coisa de que ela, coitada nada percebe

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  1. […] a família tenha uma empresa ou para quem quer fazer vida da política como tão bem ilustrou o Fernando Moreira de Sá em entrevista à revista […]

  2. […] Moreira de Sá foi sincero. E corajoso. Contou a história e deu nome às personagens. Com os dados de quem esteve por dentro. De muitas outras personagens e […]

  3. […] de apoiar – enquanto cidadãos. E foi isso que ficou subentendido na entrevista quando Fernando Moreira de Sá referiu três nomes em concreto: Pedro Correia, Luís Naves e Francisco Almeida Leite, todos do […]

  4. […] o direito de apoiar – enquanto cidadãos. E foi isso que ficou subentendido na entrevista quandoFernando Moreira de Sá referiu três nomes em concreto: Pedro Correia, Luís Naves e Francisco Almeida Leite, todos […]

  5. […] também tem a sua beleza americana e, no meio político-jornalístico-comunicacional,Fernando Moreira de Sá acabou de cometer um pecado mortal. Falou do que os partidos fazem, mas sem o admitirem. Nos […]

  6. […] Depois da lata de Passos, a canonização por José António Saraiva. A coisa é tão absurda que até as mentiras eleitorais tentou branquear. Estaremos a entrar numa nova fase de manipulação à la Relvas? […]

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