JUNTOS contra o vEXAME

As organizações de Professores deram mais um passo no sentido da unidade na acção que a o vEXAME de Nuno Cratovexame nos exige. Este é o tempo de agir, mas não vale a pena trazer para a discussão argumentos sem sentido – eu quero lá saber o que tiveram ou deixaram de ter na, igualmente estúpida, avaliação de desempenho!

Vamos lá então, tentar sistematizar as questões:

a) Decisão política: para Nuno Crato a qualidade é uma consequência da avaliação. É assim no 1ºciclo, com o exame no fim da “antiga 4ª classe”, ou no 2º, com os exames no 6ºano. Para esta gente e, em certa medida para parte da equipa de Maria de Lurdes Rodrigues, avaliar é classificar e qualquer aprendiz na formação inicial de Professores sabe que a avaliação é muito mais que isso. Logo, o exame aos Professores é um elemento de coerência políticas nas práticas de Crato. Já o mesmo não poderemos dizer do PSD que em 2008 se colocou ao lado dos professores contra a prova.

E, em jeito de avaliação da medida política, o chumbo é mais que certo: ninguém vai tratar da poluição do Rio Tinto junto à Marina do Freixo. Se Nuno Crato tem realmente dúvidas sobre a qualidade da formação inicial tem que virar a sua atenção para o Ensino Superior e avaliar os cursos que formam professores. A qualidade chega por via da prevenção e não pela mão da classificação: creio que o povo costuma dizer “Casa roubada, trancas à porta”.

Importa, igualmente dizer que esta prova se destina a Professores que estão no sistema (mais que avaliados!) e a milhares que estão desempregados e que, provavelmente, não irão trabalhar nos próximos dez anos. Não se destina a ser uma prova de acesso à carreira. É apenas e só um teste para um trabalho precário ou para o desemprego.

b) Modelo de exame: não me parece, até pelo que escrevi antes, que a questão possa  estar em saber se o Professor A ou B deve ou não fazer um exame. Mas, a existir só poderia acontecer no fim da Licenciatura em ensino e antes do acesso à Profissionalização, no âmbito dos mestrados agora existentes. Seria simples e deixaria de haver tanta gente licenciada em ensino no desemprego.

O Ministério da Educação trataria, ao nível do Ensino Superior de escolher os melhores para os seus quadros e depois, teria que desenvolver um mecanismo de profissionalização que cruzasse a dimensão académica com o trabalho nas escolas, onde entrariam logo que acabassem o curso. Escrito de outro modo: o MEC em vez de ser uma agência de emprego, só perderia tempo e recursos com os docentes que realmente precisava. Mas, claro, para isto ser possível, o exame seria absolutamente desnecessário;

c) Conteúdo da Prova: penso que se trata de mais um argumento contra a prova e que vem demonstrar a falta de visão de Nuno Crato. A inspiração é clara e mostra uma concepção absolutamente errada do que é ser professor. Qualquer Pai sabe, pelo caminho percorrido, que as questões fundamentais na Educação de um filho estão longe (muito longe!) de se reduzirem aos conteúdos.

Os putos sabem e conhecem todas as regras de educação, todas as linhas que não podem ultrapassar. Não é por ignorância que as ignoram- são outras as questões que levam as crianças e os jovens a furar os esquemas estabelecidos pelos adultos e que, quase sempre, mostram grande sapiência.

Ser Professor é ter a capacidade de gerir emoções, sentimentos e, ao mesmo tempo, procurar mediar a relação dos alunos com o conhecimento. Mas, saber a matéria que se ensina, não dar erros ou fazer umas contas de cabeça é muito menos que a ponta do iceberg. Mas, o desafio é simples e em jeito de brincadeira:

– tem aí à mão um puto? Experimente aprender uma das matérias que ele tem para aprender (a disciplina fica à sua escolha). Depois, junte os amigos do puto e experimente. Dou-lhe cinco minutos para perceber que a questão central não é ter o conhecimento.

Tudo isto para tentar mostrar que a prova não avalia o fundamental, não toca na questão central da nossa profissão: imagino que a FIFA, para a atribuição do prémio de melhor jogador do mundo, ia fazer um teste de conhecimento das regras do futebol ao CR7. É absurda a comparação? Seria um Vexame para o Melhor do Mundo, certamente!

É isso que Nuno Crato nos quer fazer: sujeitar uma classe inteira a um vEXAME!

Comments

  1. AACM says:

    Pareces uma barata tonta….vai verificar os resultados do vosso triste trabalho (resultados nacionais dos exames dos alunos), e diz-me o motivo de tal catástrofe ? Estamos fartos de incompetentes, caros e mal agradecidos. Mais competência e menos treta seria .

    • nightwishpt says:

      Prefere pagar mais por privados a favorecer piores resultados, não é?
      Quanto a mau serviço, o PISA fala por si.

      • AACM says:

        Eu quero la saber de publicos,privados,PISA e todas essas tretas inventadas para esconder INCOMPETENCIAS…..os factos mostram que os alunos sao fracos, aprendem pouco e mal, logo, os responsaveis primeiros sao quem os ensina. Avaliar quem ensina e escolher os melhores nesta profissao ,tem que ser uma prioridade de quem governa dado que os resultados sao CATASTROFICOS . Quem nao for competente que mude de profissao .

        • Fernanda says:

          Uma das classes profissionais mais respeitadas em Portugal são os professores. Porque ensinam, educam, ajudam, escutam e se preocupam. Muitas vezes, demais, na minha modesta opinião, ocupando espaços que têm de ser ocupados por outros especialistas, nomeadamente a nível de alunos com necessidades educativas especiais e em turmas com 30 e mais alunos, em sequências lectivas de 90 minutos.

          Junte-se a constante instabilidade profissional, as mudanças abruptas de regras do jogo e o constante cortes de salários e congelamento de carreiras.

          Apesar de tudo isto, na sala de aula e na escola, os professores não esquecem o seu objectivo – a melhoria das aprendizagens dos alunos e uma formação humanista.

          Ser uma das classes profissionais mais respeitadas pela sociedade, é um reconhecimento merecido.

          Quem deve mudar é o AACM. Pelo que escreve e como o escreve, ou grita.

          • AACM says:

            Escreveu muito e bajulou a classe……e eu pergunto ? quais os resultados apresentados pela nobre classe ?….pelo que se tem visto e comprovado sao CATASTROFICOS…..contra factos nao ha argumentos, os factos falam por si o resto sao narrativas para esconder o desastre.

        • nightwishpt says:

          Os factos são aquilo que ouviu no café, portanto, de modo a que contra factos não há argumentos.

          • Isabel PBP says:

            AACM
            uma prova que uma criança do 7º ano resolve em 30 minutos, para aplicar a professores, muitos com mais de 10 anos de serviço e doutoramentos, torna cada professor um Einstein.!!!!

  2. sinaizdefumo says:

    Pra mim os links prò Público já erum…

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  3. Fernanda says:
  4. AACM says:

    Fernanda, admiro a forma abnegada com que defende a classe, mas estes rankings de 2009 ( ja estamos quase em 2014) provam que a nossa classificacao esta muitissimo mais proxima dos ultimos que dos primeiros, logo, algo vai mal no ensino…se a Sra. esta satisfeita com tao pouco eu respeito mas eu sou mais exigente. Aconselho que veja as medias nacionais distritais dos ultimos exames e vai reparar que nem um atingiu valores positvos….que vergonha. Inaceitavel.

    • nightwishpt says:

      Olhe que era melhor ir treinando para outro emprego, o Passos qualquer dia cai da cadeira.

  5. José António says:

    Ouça lá oh AACM! Para si pelos vistos a função docente é uma coisa tão simples, tão terra à terra, que pode ser comparável à função de um profissional que faz 500 parafusos à hora ou de um operador de uma linha de montagem que para cumprir os seus objectivos só depende de si.
    O sucesso do professor e dos seus alunos não depende só de si. O professor trabalha com seres humanos, com pessoas com características próprias individuais, por sua vez inseridas em famílias que podem ou não valorizar a escola, famílias com condições socioeconómicas e culturais mais ou menos favoráveis ao desenvolvimento de pré-requisitos potenciadores do sucesso educativo, integradas em turmas cada vez maiores, com mais indisciplina … mas para si e uma cambada de filhos da mãe onde se incluem com notoriedade os últimos ministros da educação, importa colocar toda a carga do sucesso nas costas dos professores e desresponsabilizar as famílias e a tutela no processo ensino-aprendizagem.
    Vá-se catar com a sua desonestidade intelectual!

    • AACM says:

      Eu sempre ouvi dizer que a incompetência tem desculpa para tudo…..esta confirmado. A culpa deve ser também dos eclipses solares e quem sabe do aquecimento global.

  6. Só para perguntar – se há maus alunos (sabendo-se que há várias razões) e imaginando que muitos conseguem ser professore e sei lá como, COMO é que um prof que foi mau aluno faz cm que os seus alunos sabem melhor ?? Os alunos são todos anormais e não sabem só por culpa deles =»?? – E se forem filhos de quem não sabe ler ?? Faz deles maus ou bons alunos de herança genética quanto a iliteracia ?? e como os alunos podem não saber muito pois nem escolaridade têm, tê, no entanto, capacidade para perceber se o professor é ou não bom, sabe ou não – os meninos não nascem anormais só porque são filhos disto e daquilo Ou o ensino só degradou para estas ultimas gerações e só para os alunos ?? O professou atingiu o grau de professor ?? Como ??- Passei pelo ensino alguns anos e do mesmo ano pois que dava o mesmo ano tinha alunos fant
    ásticos e outros muito fracos – eram oriundos de escolas diferentes (20 anos – 2º grau universitário) ++ Quando tinha de esperar uma hora para dar aulas que o director não queria dar pedia-me que desse nas horas dele e como podia dava mas para não estar a olhar para o AR metia-me em AULA de colega de História de Arte por vezes – Por acaso fiz história de Arte e de Arte dos Jardins mas não é isso que interessa, mas interessa sim que os alunos falavam falavam falavam e a senhora não conseguia silêncio e não ouviam nada de nada – Porquê ?? E eram os meus alunos que na minha aula nem piavam senão quando eu lhes dava oportunidade de pensar alto sobre o que eu queria que pensassem – e pensavam e sabiam porque atestados de incompetência é que não nem entrar depois do tempo de tolerância de 10 minutos pelo que fechava a porta à chave e era a 1ª a chegar e última a sair – não sou exemplo para ninguém e procedi de forma a ter bons alunos como sabia que podiam ser – e não havia telemóveis ligados nem carteiras pessoais em dias de texte (ficavam no chão do estrado da minha mesa pois só não copia quem é muito sério e os alunos não são tosos iguais) para copiarem e se copiavam dava a nota que entendia e quando o director do curso aceitava queixas dos alunos sobre mim nem lhe falava nem respondia – Um dia passou-me uma coisa pela cabeça e depositei uma pilha de testes (por vezes 8 pág escritas com caligrafia de anormal que mandava para trás dactilografar pois não estudei hieroglifos) e trabalhos Práticos colectivos (4alunos para saber como aprendiam uns com os outros os temas por eles escolhidos e terem mais prazer na escola e eu não era obrigada a fazer isto) para ele LER – nunca mais me xatiou nem disse das queixinhas dos alunos – se fiz bem ou não, fiz como sabia porque para relacionar-me com bons e maus e pretos e brancos e ciganos, não é TROPA de elite,.mas eram todos pessoas diferentes que tinham na minha ideia de atingir a mesma “meta” – e foram 20 anos não 20 meses – e como havia vários cursos na mesma escola alguns mudavam para o meu curso — na perª celeste é que se trabalha – pois é, estes alunos percebiam a DIFERENÇA entre o vários prof que tinham e todos PROF mas não TODOS iguais – quem não admite que só porque é prof é sempre bom desculpem lá – mas há os péssimos e continuo a dizer que os meninos nas nascem anormais e se chumbam é melhor pensar em que cadeira e porquê os chumbos deste ano lectivo que passou e que foram arrazadores – Qualquer profissional não quer dizer que ao obter o DIPLOMA é logo o melhor do mundo e eu até acho que é quando começa a ensinar que se vê o que é e de que é capaz – De facto até concordo com a profissão de professar ser (ter sido) das mais prestigiadas) – mas agora é igual ?? nunca foram maus alunos nem copiaram só porque são senhores doutores ?’ ai que não concordo com os comentadores dos aventares Mas quem pode ensinar e fazer aprender se não aprendeu apesar de ter um diploma ?? até os ministros seriam bons e não davam as calinadas técnicas que dão e muitas que eu (que não sou ministra) percebo Atestado de incompetência não será ?? S
    ao corporativistas ?? E os professores ?? e os “outros” Quem sabe nota-se

    • A senhora foi professora? Tenho dificuldade em acreditar mas se foi ainda bem que reconsiderou. Choca-me muito a sua escolha de palavras tais como anormais, etc.

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  2. […] aqui escrevi quase tudo sobre a […]

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