History DIY

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Numa das incubadoras de boys, secção azul, vivem-se tempos agitados, com direito a um momento História-DIY, mas sem terem previamente lido o livro de instruções. A linha retórica consistiu em enumerar umas quantas desgraças, numa perspectiva maniqueísta de socialismo mau e capitalismo, depreende-se, bom. Não valendo a pena defender nenhum dos lados e apenas para recolocar as coisas em perspectiva, de repente lembro-me do Vietname, do Iraque e de mais uma catrefada de sítios com petróleo. Tanto trabalho para chegar à punch line de chamar paleomarxista ao João José Cardoso, parecendo-me parvo, até é uma forma de elogio. Bolas João, configuras no manual de História de algumas pessoas!

Tirando este romance histórico gralhado, isto começou com uma interpretação enviesada do comunicado do Infarmed, onde uma “violação da obrigação de notificação da ruptura de stock” é lida pelo autor como sendo um infame acto socialista. Surpresa das surpresas, parece que ainda estamos num estado de direito. Entretanto, o JJC explicou ao autor o significado de empatia e este sentiu-se empático, bastante mesmo.

Na base da indignação pelo comunicado do Infarmed está a tese do mal causado pela interferência do estado na economia. Independentemente desse mal existir ou não, o facto é que a enorme intervenção que o futuro banco de fomento trará na economia não merece uma palavra por parte destes supostos liberais*. Nada. Só gráficos ai-jesus-o-cheque-de-ensino e tretas por causa do Infarmed regular o mercado.

*Por acaso, até encontrei algumas notas, mas a criticarem o PS por ter proposto em Abril um banco de fomento. Iguais notas depois do actual governo anunciar esse banco? Népias. Pois. Mas devo ter procurado pouco.

[imagem: Are we dragging history to the recycle bin in this technologically obsessed new world?]

Comments

  1. Esta história cheira a mofo, por causa desses nazis do Insurgente. Mas são nazis de trazer por casa, se lhes cheirasse a morte, vomitavam-se todos, e acabava-se a mania de serem lacaios, e palermas nazis. Enfim, a ignorância, a estupidez, e a obediência são tramadas.

  2. Já agora, a parte do livro de instruções é fabulosa. JJC nega que o que emergiu da Revolução Francesa, incluindo os jacobinos, não fossem as bases do socialismo. Só no revisionismo histórico de uma marxista tal seria possível [1]. Depois, entra numa dissertação interessante, mas totalmente off-topic, sobre Manuel Fernandes Tomás, sobre se os liberais seriam Miguelistas ou Pedristas. Uma vez mais, só enquadrado numa lógica de reducionismo marxista é que isso configura um manual de instruções.

    [1] – http://www.historyguide.org/intellect/lecture19a.html

    • A sua fonte para a História da França é um americano? essa Atenas da ciência histórica? fascinante. Suponho que tratando-se de Física procura um académico do Burkina Faso, e na Medicina os sábios conselhos de um curandeiro tibetano.
      Experimente um simples manual de História ou do 11º ano, sempre aprende alguma coisa (se tal fosse possível, as seitas cegam).
      E não se diz Pedristas, diz-se liberais, que no caso português obviamente têm em Manual Fernandes Tomás e Pedro IV os seus heróis. Off-topic em resposta a uma listagem de genocídios “comunistas” que começa na Revolução Francesa (e que pretendia responder a um comentário óbvio contra uma defesa de homicídio público, é ver o que diz o código penal sobre sonegação de auxílio a doentes)? realmente deve ser, o tema correcto era delírio paranóide, obsessão compulsiva ou algo do género. As minhas desculpas.

      • O João começa a tornar-se previsível. Fazer uma avaliação histórica com base na nacionalidade do historiador. Que virá a seguir? Chamar-lhe “escurinho”, caso ele seja negro?

        Um simples manual de História, usado em Portugal, retrata o Che Guevara como um idealista, ainda admirado por milhares de pessoas em todo o mundo. Posto isto, torna-se claro que um simples manual de história, especialmente se tiver o dedo do Manuel Loff, não é suficiente.

        Por fim, essa de não se usar o termo Pedristas também é curiosa. Quem é o João para ditar o que se diz, ou não? Existem imensas referências ao termo Pedristas para identificar os que, muitos até nada “liberais”, se identificavam com a causa de D. Pedro, ou com a simples possibilidade de sacar um título aristocrático.

    • Maquiavel says:

      Pessoa que diga “Pedristas” perde imediatamente a razäo, e o respeito de seja quem for (até dos Miguelistas)!

  3. Por fim, se a fonte for um francês e o site o marxists.org, já é fidedigno?

    http://www.marxists.org/archive/jaures/1901/history/introduction.htm

    “We consider the French Revolution an immense and admirably fertile fact. But in our eyes it is not a definitive fact about which history has nothing to left to do but endlessly lay out its consequences. The French Revolution indirectly prepared the advent of the proletariat. It realized the two essential conditions for socialism: democracy and capitalism.”

    Jean Jaurès

    A sua presunção e pedantismo roça o infinito.

    • Maquiavel says:

      Já a *sua* presunção e pedantismo está para além do infinito.
      Terá de nascer um milhäo de vezes (pelo menos) antes de merecer citar Jean Jaurès.

      • Maquiavel, eu, contrariamente a si, não me escondo por trás do anonimato. Em segundo lugar, agradeço-lhe a preocupação comigo. Acredite que basta nascer uma vez para não querer citar um socialista como Jean Jaurès. Mas, enfim, os fins justificam os meios, não é assim?

  4. Mais uma referência. http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_socialism

    Passo a citar. “The history of socialism has its origins in the French Revolution of 1789”.

    Espero sinceramente que o João José Cardoso faça as provas dos professores.

    • j. manuel cordeiro says:

      Mário Amorim Lopes, não me diga que é dos que acha que esta prova de acesso à docência serve para avaliar o conhecimento dos professores. lol

      • Eu não. Como deve imaginar, eu acho que as escolas públicas deveriam ter autonomia pedagógica e financeira para contratar e despedir a sua classe docente, juntamente com a devida avaliação. Assim sendo, neste modelo centralizado, só sobra mesmo a avaliação. É um mal menor.

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