Libertem o Willy

ferreira do amaral
“Libertem-nos dos Willies” talvez fosse o título correcto. Continuando.

Pela nossa e, principalmente, pela saúde dele, libertem o Ferreira do Amaral desse contrato com a Lusoponte ou aquilo ainda vai acabar mal. Quando ouço o tipo que está primeiro-ministro falar em “gorduras do Estado” é sempre esta imagem que me vem à cabeça. A sério, estou muito preocupado com o colesterol do homem (ainda por cima vem aí o Natal, as rabanadas, filhoses…). Parem lá de pagar aquela ponte que já foi paga umas três ou quatro vezes.

Aquilo já não é uma ponte, aquilo é o transiberiano, são milhares de quilómetros em pagamento. Olha, faz sentido, às tantas, foi assim que os chineses cá chegaram para comprar a última fatia da EDP. Isto anda tudo ligado (por cabos eléctricos e não só). Afinal o homem é um visionário. Antecipando a crise que aí vinha (ou não fosse ele um dos culpados), mandou construir uma ponte de Lisboa a Pequim, prevendo que seria dali que viria o investimento e salvação da Europa. O homem é um génio.

Outra. Andaram durante anos a caluniar o ministro das Obras Públicas do governo presidido, então, pelo okupa de Belém, dizendo que as auto-estradas não serviam para nada e, mais uma vez, o homem estava adiantado. Prevendo a crise que aí vinha (já disse isto, eu sei, mas é para reforçar), ele sabia que iam ser usadas pelos habitantes do litoral para se instalarem novamente no interior. Sim, porque a agricultura portuguesa está em plena expansão (pelo menos é o que diz a Nossa Senhora, perdão, a Dr.ª Cristas) e, para tal, é necessário uma boa rede rodoviária para fazer o escoamento de milhares de toneladas de produtos hortícolas produzidos pelos nossos novos pioneiros (ou em linguagem governativa, “empreendedores”).

Agora, estava aqui a pensar na exportação destes produtos hortícolas. Será que os submarinos comprados (não sei se este verbo é o correcto, depois vejo isso) pelo irrevogável vice têm uma boa arca frigorífica? É que podíamos usá-los para transporte no apoio e incentivo à exportação. Sempre se evita o trânsito e os bloqueios constantes dos camionistas franceses. Este meu espírito empreendedor um dia ainda vai dar frutos.

Voltando à vaca fria (as expressões portuguesas às vezes…), é assim que imagino a celebração do contrato da Lusoponte entre o ministro Ferreira do Amaral e o engenheiro Ferreira do Amaral. Sozinho no seu gabinete, o ministro está sentado à secretária e do outro lado uma cadeira vazia.

– Sr. Engenheiro, já redigi o contrato, está prontinho a assinar. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Sr. Ministro, muito obrigado pela gentileza, é um prazer fazer negócios com sua excelência. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Sr. engenheiro, o prazer é tudo meu. Mesmo! E não se preocupe, este negócio está blindado. Quem vier ocupar esta cadeira, se quiser denunciar este contrato terá de pagar tantos milhões de indemnização que desiste na mesma hora, ou minuto, vá. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Ó sr. ministro, vossa excelência é um génio. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Eu sei, eu sei…

Qualquer advogado na primeira semana de estágio conseguiria anular este contrato ruinoso com a Lusoponte. Esta negociata é uma das primeiras parcerias público-privadas. Aliás, como este homem é um visionário, antecipando o desenvolvimento da internet, criou uma verdadeira PPP – parceria peer-to-peer. Basta clicar e fazer o download do pagamento. Já está.

Da próxima vez que o tipo que está primeiro-ministro disser que os cortes são necessários, caso contrário, não há dinheiro para salários e pensões, talvez não fosse má ideia lembrar para onde vai o dinheiro dos cortes. Esta é apenas uma delas.

PS. E pronto, foi assim a minha estreia neste espaço. A partir daqui será sempre a descer. Se é que isso é possível. Obrigado aos Aventadores pelo convite.

Comments

  1. Sou um dos muitos que aqui venho beber todos os dias. Pela amostra estamos na presença de uma boa água! Que pena o rótulo ser elegível, mas isso é para mim que sou dos antigos.

    • Obrigado.
      Por falar em água, há uns anitos dizia-se que beber vinho dava de comer a um milhão de portugueses. Agora, com a obsessão das privatizações, beber água dá de comer a meia dúzia. Lá está, temos de empobrecer, diz o outro.

  2. nightwishpt says:

    Se é para isso, que escreva todos os dias!

  3. portela says:

    Libertado? Só se fosse para o aquário Vasco da Gama, Mas cuidado, ele é o orca-alfa da espécie cavaquistã, da família da achegã um do grupo que é uma praga; come tudo à sua volta.
    .

    • Aquário Vasco da Gama? Eu, por acaso,estava a pensar no Japão. Parece que por lá apreciam muito 😉

  4. j. manuel cordeiro says:

    É o que se chama entrar com o pé direito (sem ofensa).
    Bem-vindo!

    • Obrigado.
      Prometo trabalhar todos os dias para ganhar a confiança do mister 🙂

  5. Olha para ele, a aventar em grande. Bem-vindo, pá.

    • Eu não inventei nada. Juro! Ah, era aventar, estava sem óculos.
      Obrigado 😉

  6. ….. e se vendessem este gajo às fatias ??? Daria para pagar um data de pontes !!!

    • Jasus! Calma, ninguém merece tal castigo. Estou a pensar nos que iriam comprar as fatias, claro.

  7. Bem vindo, Marco. Não havia necessidade de começares assim tão bem, mas porreiro pá, os leitores ficam já a saber que os nossos reforços de inverno valem toda a equipa do Verão…

    • Obrigado JJ. Oh caraças, agora é que reparei, JJ?! Aviso já que não vou para defesa-esquerdo. Só jogo na linha atacante 🙂

  8. É o que se chama um bom reforço do Aventar. Pena que o assunto seja tão (gordamente) triste.

    Um abraço, e venham mais posts.

    • Obrigado, Soliplass.
      Pois, eu também gostaria de falar de outros temas, mas a nossa triste realidade é esta.
      Abraço.

  9. Bem vindo a bordo, capitão…!

    • Obrigado.
      afirmo solenemente pela minha honra que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas. Por falar nisso, quais são? Só vim ver a bola 🙂

  10. lidia sousa says:

    Vou tentar falar com o wally para lhe recomendar a minha dieta que forneço em marmitas para ver se ele não rebenta o que pode provocar o efeitop de uma bomba atómica. Este poderiamoa exportar para a Siria ou para o Irão para eles atacarem os yanques. Já estou a ver o Obama ficar branco como a Neve quando eu o ameaçar ou cumpre a promessa de julgar os presos de Guantanamo ou faço explodir o Ferreira do Amaral no Capitolio

    • Olhe que boa ideia. Vou registar a patente. Não se preocupe, depois divido os lucros 😉

  11. libertem o gajo no mar, não o vendam às fatias a ninguém que aquilo deve estar cheio de hormonas de crescimento cancerígenas!!!

    parabéns pela estreia MCS, é um prazer partilhar este espaço contigo! Continua a caçar baleias 😀

  12. Ena, ena. Grande estreante, e com uma estreia a valer 20 pontos em 20.

    • Obrigado.
      20 em 20?! Lá está, é como eu disse, a partir daqui é sempre a descer 🙂

Trackbacks

  1. […] A estreia foi com “Libertem o Willy“. […]

  2. […] Pela estreia, vai valer a pena acompanhar este tal de MCS. […]

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