As fermentações e destilações de Pulido Valente

Vasco Correia Guedes (Pulido Valente apenas aos 17 anos, pouco antes de idade para assistir a filmes para adultos e à ´Revista Portuguesa’) escreve normalmente a dois tons: ‘fermentação e destilação’, vitalizando abundantes microorganismos à volta da matéria orgânica que, mais do que menos vezes, preenche os textos que publica.

No ‘Público’, e a propósito do agora famoso – e incomodativo para o governo e acólitos – desenho do visado (PP) na ‘Quadratura do Círculo’, SICN, o Correia Guedes fermentou e destilou uma composição, dedicada a Pacheco Pereira, iniciada com o seguinte parágrafo:

O regresso à infância do dr. Pacheco Pereira impeliu esse erudito e estudioso cavalheiro a fazer um desenho, que a televisão mostrou e, ao que parece, foi um “sucesso”.

Ao artigo deu o título ‘ As 200 famílias (nova edição) ‘, inspirada no facto de um político francês, Daladier da Frente Popular, ter denunciado em 1936 que 200 famílias controlavam o Banco de França, então privado.

Dessa constatação sobre o político gaulês, Correia Guedes prossegue a divagar sobre o teclado do computador em semitons (‘dó fermentado’ e ‘ré destilado’). O objectivo do instrumentista é demonstrar que a tese das 200 famílias poderosas foi extensível a Espanha e Portugal de outrora – uma tese sem sentido e equivalente a falácia de diletante.

O controverso articulista, historiador universitário de carreira, esquece-se de que, no Portugal do Estado Novo, o número de famílias abastadas era bastante menor: os ‘Mellos’, Champalimaud, ‘Ulrichs’, ‘Burnays’, ‘Espírito Santos’ e mais umas quantas chegavam a meia-centena e picos, longe dos 200 – duzentos é um número redondo e usado por conveniência de retórica estilística.

Todavia, comete outro erro básico. Pacheco Pereira, e bem, denunciou a distribuição iníqua de rendimentos e da riqueza que o actual governo aprofunda. Há escasso tempo foi noticiado que os 20 mais ricos do Portugal da actualidade, no último ano, aumentaram a fortuna de 17%, o que é verdadeiramente crime social grave. Também esqueceu que activos valiosos do País são propriedade de estrangeiros. Destes podemos destacar os comunistas chineses da ‘Three Gorges’ e a princesa Isabel dos Santos, do reino da cleptocracia angolana.

Correia Guedes finge ignorar que a riqueza e o rendimento são desequilibrados pelas políticas sociais e fiscais do actual governo. Este é o cerne da análise de Pacheco Pereira. Guedes apenas se mostra interessado em divagar, fermentado e destilado, por factos históricos sem relevância na vida dos portugueses nos dias de hoje e na austeridade que os castiga severamente.

Em síntese, em assomo de pseudo-intelectual deleite de historiador, despreza a realidade bem viva do Portugal actual ser dos países de maior desigualdade socioeconómica da UE. É comportamento crónico de que não se liberta e com ele sobrevive nesse círculo de polémicas estéreis e inúteis.

(Observação: não compartilho das ideias partidárias de Pacheco Pereira, nem de outras figuras de direita ou do chamado ‘bloco central’. Contudo, tal não impede que com ele concorde nas críticas que ultimamente tem formulado, nomeadamente esta bem fresquinha, igualmente divulgada no ‘Público’).

Comments

  1. lidia sousa says:

    PARA QUE QUER O GOLDEN SACHS OS CTT? APOIADOS PELOS SEUS LACAIOS BRAGA DE MACEDO, MOEDAS E O FINADO ANTÓNIO BORGES INICIADORES DA TRAFULHICE E TANTOS OUTROS. PORQUE A COISA MAIS VALIOSA QUE OS CTT POSSUEM É O BANCO POSTAL QUE DARÁ MUITO GEITO AOS ESPECULADORES PARA ACTUARAM OS CHAMADOS PAÍSES LUSÓFANOS. PORQUE NÃO APROVEITOU O GOVERNO ESTE BANCO PARA FAZEREM O BANCO DO FOMENTO? VISTO QUE A UE NÃO AUTORIZA A ABERTURA DE NOVOS BANCOS.- E A CANALHA A RECEBER ELEVADAS COMISSÕES MAIS OS SEUS CONSULTORES DO COSTUME. Correia Guedes não conta é um bebado incontinente. Só o Tio Patinhas, queria dizer o Tio Belmiro lhe paga uma avença para ele não escrevr nada mas esgatafunhar

  2. Carlos Fonseca says:

    Lídia,a senhora diz tudo e ainda mais claramente do que eu.

    • lidia sousa says:

      Mas como escrevo à la gardere, cometo imensas gaffes e falta de acentos que odeio. Obrigada e um grande abraço com desejos de que o ano de 2014 não eja tão mau como o que acaba. Além disso como odeio a nova escravatura que é a tecnologia, não percebo nada disto, faço só o que posso, pois a minha profissão é outra

  3. O INE diz a mesma coisa. Os ricos estão mais ricos, os pobres, mais pobres.

    Bem disse o Pacheco Pereira que o desenho era para totós. O mal é que o Pulido Valente, quando acometido de Odium Persolanis Infactatus, nem a totó chega.

    • Carlos Fonseca says:

      Se fosse um sósia do Totó, ainda teria algum humor.

  4. O Dr. Vasco Correia Guedes, também conhecido por VPV ou ainda Vasco … Pulido Valente da parte da fmãe, az semanalmente a sua prova de vida de uma forma diletante e arrogante escrevendo em jeito de “sou um génio, não sou” umas prosas que a populaça ou os indígenas, como nos trata, não merecem porque, evidentemente, são ignorantes e pobres. Só não percebo é porque insiste e não se cala. Não há saco.

    • Carlos Fonseca says:

      Tem de haver sempre alguém que faça a baixa comédia, convencido de que o espectáculo é uma manifestação elitista.

    • lidia sousa says:

      Infelizmente conheço pessoalmente a criatura e posso garantir-lhe que ele não pensa porque o cérebro dele está completamente submerso em alcool. Houve tempo em que tinha uma mulher para escrever por ele, Agora não sei porque já não mora perto de mim, foi morar lá para os lados da Avenida João XXI

  5. nightwishpt says:

    Há algo que me escapa completamente na condição humana para perceber como é que há gente que não entende nem acredita na auto-estrada e acredita antes na lenga-lenga da culpa dos funcionários públicos e dos reformados.
    Tanto cá como lá fora.

  6. Fernanda says:

    Ainda bem que colocou aqui o link para o texto de JPP.

    É um texto excelente na medida em que chama a atenção para a comunicação social e redes sociais, pilares de uma campanha de propaganda terrível e alienante que não é nova.

    Gosto especialmente da referência ao “economês” e aos jornais de economia.

    E lembro-me sempre da inenarrável Helena Garrido, entre outros e outras, directora de um desses jornais económicos, sem qualquer outra análise que não seja a economia pela economia, desligando-se de qualquer outro caminho que não seja o insustentável “economês”.

    Observação: Também nem sempre concordei com JPP. Mas em tempo de guerra, como este em que vivemos, as suas análises e leituras são bem vindas.

    • Carlos Fonseca says:

      Fernanda, além de tudo, o JPP, nesta hora de crise aguda, é das poucas vozes lúcidas, de quem, como muitos, nunca esperei testemunhar o que acertadamente escreve e afirma. A Helena Garrido é uma coitadinha, de muito fraca qualidade. Agora, enfunada pela nomeação para directora do Jornal de Negócios ainda ampliou as incapacidades que lhe reconhecíamos.
      Não tenho qualquer filiação partidária, mas JPP hoje é, de facto, a voz mais lúcida de oposição ao governo. Como o Tozé de Penamacor está a léguas, meu Deus! Esse nem economês nem politiquês, É de um vazio intelectual impressionante,

    • lidia sousa says:

      A juntar à Garrido temos agora a nova Directora do Negócios que debaixo do geito manso, move-se como uma hiena, sempre a engraxar o poder. Tanto engraxou que conseguiu que o Pedro Guerreiro se cansa-se e lhe deixasse o lugar. A comunicação social está minada pelo sistema financeiro que segue a velha máxima do Leninismo: se não consegues convencer os inimigos junta-te a eles.Assim o Grupo Controlinveste foi para ás mão do Angolano Mosquito e do Genro Montez que vai abarbatar mais uma estação de Rádio onde está o seu cumplice Paulo Baldaia. Falta apenas abocanhar as antenas 1, 2, 3 e 4 que cairão quando cair a RTP ou talvez antes depende da pressão do Sogro

  7. Comunistas uma figa.

  8. Joam Roiz says:

    Não são duzentas famílias Claro que o número é usado retoricamente. Pelas minhas contas, no Portugal de hoje, não serão mais de quarenta. Movem-se em tudo quanto é sítio e cheire a dinheiro – dos bancos e das empresas, aos políticos e à classe dirigente superior e até intermédia da função pública. Basta consultar o Diário da República e verificar os apelidos dos nomeados. Mesmo quando sujeitos a concurso, competem entre si. Os concursos são sempre feitos “à medida” e é raro ver alguém vir de fora.

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