Radicais instigações à agitação social

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A conceituada revista The Economist está a passar das marcas. Depois de considerar o Uruguai do perigoso José “Pepe” Mujica como país do ano, eis que surge um estudo que dá conta da entrada de Portugal (em conjunto com o Chipre e a vizinha Espanha) no grupo dos países com “elevado” risco de agitação social em 2014 – o quarto patamar em cinco possíveis.

É interessante perceber que integramos um grupo que conta também com as presenças de democracias tão distintas como o Haiti, a Etiópia ou o Paquistão. Mais interessante ainda é ver que a Portugal é atribuído um risco superior ao de países como o Ruanda, o Uganda, a Eritreia ou, imaginem, Angola. Toma lá um editorial para o edição de amanhã Jornal de Angola!

Quais os factores apontados como fundamentais para este ranking? Segundo os radicais do The Economist, os principais são a desigual distribuição de rendimentos, maus governos (for real???), quebra nas prestações sociais, tensões étnicas e historial de instabilidade social. A revista vai ainda mais longe e fala mesmo numa crescente crise de democracia nestes países, assente na “erosão da confiança nos governos e instituições”.

Se os três primeiros factores não representam grande novidade para os portugueses que não integram a categoria “ovino”, convido-vos a olhar para os restantes dois. Tensões étnicas? Não me lembro delas em democracia (alguma vez as tivemos?). Mas sinto que haverá uma minoria que terá razões para temer este estudo. Trata-se da minoria “boy”, uma minoria em franca expansão que poderá ser alvo deste elevado risco de agitação social. É pelo menos isso que eu e tantos outros fundamentalistas, descrentes no modelo de desenvolvimento assente no clientelismo, esperamos que aconteça.

Quanto ao historial recente de instabilidade social, que não temos – o 25 de Abril terá sido a revolução mais pacífica de sempre e as nossas manifestações tendem para terminar por volta da hora do jantar – pressinto que poderemos esperar algumas alterações no ano que se avizinha, principalmente se tivermos em conta as recentes declarações desse perigoso fanático da esquerda radical que é Mário Soares, e que há pouco mais de um mês, entre outras coisas, afirmou que “A violência está à porta“. Um fanatismo que vai de encontro à posição de um outro fanático, seguramente mais perigoso que Soares, e que recentemente declarou que “As várias formas de agressão e guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há-de provocar a explosão“. Trata-se de Jorge Mario Bergoglio, outro radical de esquerda que tem vindo a ganhar algum protagonismo na cena internacional. Com instigações à violência como estas, é difícil esperar por um ano sossegado no país dos brandos costumes. E para ajudar à festa ainda temos estes rankings do demónio. Que Deus nos acuda e não traga o Papa Francisco à Aula Magna!

Comments

  1. “O 25 de Abril terá sido a revolução mais pacífica de sempre”. Kaúlza de Arriaga riu-se, assim como o jornalista Manuel Múrias e tantos outros.

    As revoluções não se esgotam no dia em que o ditador cai, mas sim no dia em que o voto é devolvido ao povo.

    • no nosso caso a revolução esgotou-se no dia em que a velha ordem tomou o país de assalto uma vez mais.

      • vitor martins says:

        Mais do que isso João. Somos sistematicamente bombardeados por interesses e mais interesses . Como disse o Marco e bem, é urgente renovar. Mas como? Quem pode não quer e quem quer não lhe é permitido. Até quando? É urgente acabar com o negócio dos pobres, incluo aqui também os desprotegidos de vária ordem. Os interesses instalados são tantos que até assusta. Este é o tempo como refere o livro do Eclesiates: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. e ainda: “Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar”. Mesmo a propósito. Olha para o que se passa à nossa volta. A Crise do grego, κρίσις,εως, significa rutura ou separação e o conceito em si tem muito de positivo. Há que privilegiar e ousar ser politicamente incorreto e dormir bem. Sempre o fiz e assim o farei. Parabéns pelo artigo e bom ano de 2014.

        • nightwishpt says:

          “Como disse o Marco e bem, é urgente renovar. Mas como?”
          Guilhotina, pelotão de fuzilamento, enforcamento, defenestração… Há muitas maneiras.
          E mais a sério, qualquer dia vai mesmo ter que ser assim.

          • Não é que tenha que ser mas acabará por ser tornar “inevitável”. Quando a revolta atinge o limite, a máxima maquiavélica emerge e todos os meios justificam os fins…

        • Só haverá renovação no dia em que o actual directório partidário for derrotado e os sistemas eleitoral e de Justiça forem profundamente reformulados. Até lá vamos viver nas mãos das universidades de Verão do PS e do PSD que irão renovar indefinidamente o sistema dirigente, com os mais velhos a recrutar os mais “aptos” para garantirem a ordem vigente. Ao mesmo tempo, as mesmas famílias e as mesmas “entidades” vão continuar a orquestrar a mesma raça de políticos para manter o fosso bem aberto.

          Eu lá vou mantendo a esperança de estar cá para ver as massas “elevarem-se”. é possível que já não seja no meu tempo de vida mas vou alimentando a possibilidade 🙂
          Um abraço, obrigado e bom ano!

      • Precisamente no dia 25 de Novembro, mas depois quando os votos pendiam sempre para os partidos da reacção, pspsdcds.

  2. Se tiver que comentar o post, fá-lo – eu mais tarde.

    TRIBUNAL DO PORTOProva de professores suspensa, diz a Fenprof
    30/12/2013 DN
    por Pedro Sousa TavaresHoje56 comentários

    A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) acaba de divulgar uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto que, de acordo com esta estrutura, confirma sem “margem para dúvidas” a suspensão da prova de avaliação de conhecimentos e competências para a docência.

    A decisão, citada pela Fenprof, é a seguinte: ” Nestes termos, e pelas razões vindas de aduzir, julgo a presente providência cautelar procedente e, em consequência, determino a suspensão da eficácia do despacho n.º 14293-A/2013 do Ministro da Educação e Ciência, publicado no Diário da República n.º 214, suplemento, 2.ª série, de 5 de Novembro de 2013 e intimo a entidade requerida a abster-se de praticar qualquer acto conducente à realização da prova de avaliação de conhecimentos”.

    O Ministério da Educação e Ciência já avaliou perto de sete mil professores na primeira chamada deste prova, estando prevista para breve uma segunda prova para os docentes que não foram avaliados devido à contestação realizada no dia dessa avaliação.

    As minhas desculpas ao João Mendes.

  3. lidia sousa says:

    Quando a CORJA comandada pelo Querido Líder de Belém e o Morto António Borges no FMI em Paris, iniciaram a campanha de destruição do Sócrates, tendo como pontas de lança a imprensa estrangeira entre eles o Economist,os economistas, o PCP e o Bloco, para os juros atingirem o seu máximo e Portugal ser considerado lixo pelos especuladores, entre eles o GOLDEN SACHS, onde Borges, Moedas e outros que tais foram instruidos para o liberalismo Selvagem se instalar em Portugal estando a borrifar-se para os riscos sistémicos que iriam atingir a Espanha Itália e possivelmente a França. Agora o Economist vira o bico ao prego e volta a considerar Portugal um perigo sistémico. voltando ao velho combate entre a Inglaterra/USA versus Europa/Euro. Mistério foi a retirada do Estratega Francisco Louçã para dar visibilidade ao Primo Victor Louçã Gaspar, que entretanto sucumbiu porque daqui não levava nada. Secou a fonte foi a fingir para o Banco de Portugal mas já partiu para a Europa para um grande taxo. O Louçã do Bloco deixou uma parelha para o BE sucumbir e verem que ele era o melhor. Agora é comentador da SIC N e lá vai recebendo a sua avença- Enquanto cordenador do BE deu emprego à mamã Louçã no Parlamento como sua assessora. Mistério mistério é onde foram eles arrranjar dinheiro para recuperar o Palacio cor de Rosa da Rua da Palma

    • nightwishpt says:

      Se vir bem, a culpa é do Estaline, estava tudo preparado para lixar o Sócrates!

    • Confesso que me perdi quando colocou o PCP e o BE na lista do exército neoliberal. De qualquer forma, o Sócrates não foi propriamente uma vítima não acha?

  4. A palavra sempre foi mas mais do que nunca é uma ARMA e como o graus de escolaridade atingiu mais “gente” – sabe-se lá quem aprendeu a lar e escrever e formatar mentes e perceber tantas vezes por detrás das palavras de “o dizer” les mots de de dire” ?? Que 2014 esteja mais ao alcance da consciência colectiva e participação de mais e mais cidadãos nos actos de cidadania e não desistam pois que só beneficia os trepadores e foram votados para a função que ignoram – acabe-se com os gastos das empresas públicas e venda ao desbarato das estruturas que fazem o país entre elas os Correios e TAP e Estaleiros – sem isso o país nem existe e é apenas pasto dos abutres de entro e de fora País desprotegido cada vez mais vulnerável

    • É palavra é uma arma mas o €, a £ e o $ também são e estão a fazer um “excelente” trabalho… mas eles que venham! La résistance continue 🙂

      Feliz 2014!

  5. Democracia, anda cá, anda cá ao pai, anda. Ops, acho que lhe perdemos o rasto.

  6. Quando fala das manifestações acabarem à hora de jantar, ou antes, seja lá como for. Já dizia o José Mário Branco no seu FMI fazer-se manifestações à hora certa, com o cravo na mão…

    • infelizmente é uma realidade. as manifestações que mobilizam mais pessoas costumam evacuar por volta da hora do jantar. falta fibra e vontade…

      • Fibra e vontade não. Tem-se é uma ideia errada das coisas. Uma ideia que só pacificamente é que se lá vai. Ou com manifestações assim. Mas está visto que não é, e que o que viria a mudar, não veio, pois sofrem todos (quem faz manifestações grandes) do mesmo mal, cagufa, e receio de pisar o risco. Pedidos de autorização para o fazer…

        • Faz parte daquilo que somos Pedro Marques: um país de brandos costumes. Mas tenho para mim que o uso da violência apenas aprofunda o problema e dá argumentos ao Estado para se tornar mais policial e repressivo. A batalha só será ganha quando jogada no tabuleiro do sistema.

  7. Quando mário soares for um fanático da esquerda radical a galinha terá pernas, e dentes.

  8. Pois... says:

    Qual parece sêr a duvida acerca da acertividade deste assunto?! É preciso vêr sangue para perceber as consequências das “sanguessugas” que curiosamente alimentam-se de sangue?! Bem então só há uma solução, e essa é SANGUE… Diga-se de passagem que o FADUS já se antecipou… Mas não vai fugir… Até 2014… Sem bildeberg—:)
    E que morra o “farao” ou então que alguém o apague! 🙂

  9. Pois... says:

    Viva Putin, e o resto é merda!

  10. Temos que nos pôr no lugar do “Economist”. Como bons britânicos, dividem a Europa entre insulares (eles) e continentais (todos os outros). Os continentais, por sua vez, dividem-se entre os alemães e todos os outros, sendo que todos os outros são, em maior ou menor grau, franceses. Temos então que os portugueses são uma espécie de franceses: emocionais, gesticulantes, indisciplinados, comedores de coisas esquisitas, intelectuais (abrenúncio!) e prontos a seguir cegamente todos os modismos.

    Ora acontece (e nisto tem o Economist razão) que, se o governo francês se estivesse a comportar como o português, a esta hora já haveria guilhotinas erguidas nas praças públicas. Que ainda não as haja em Portugal deve ser, para qualquer britânico, um mistério.

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