Que farei quando tudo arde?

Tanja Ostojic, After Courbet

Lá diz o povo que até para ser cão é preciso ter sorte. A nós calhou-nos esta matilha. E neste grupo arraçado de gente todos querem phoder na Europa. Até a elite política chinesa já procura o prazer dos paraísos nas Ilhas Virgens. Isto anda tudo ligado, não anda?

As notícias dizem-nos que a Europa já só atrai 20 % do investimento feito em todo o mundo (em 2001 era 45%). Para ajudar à festa, parece que os bancos europeus precisam de mais dinheiro (fala-se em setecentos mil milh… bem, uma porrada de massa. Já se sabe quem vai pagar, não?). Os deputados europeus descobriram a pólv… descobriram que as troikas têm falta de transparência e de controlo democrático e põem em causa a legitimidade das políticas de consolidação orçamental e reformas estruturais impostas por esta aos Estados ajudados.

Barroso, Merkel, Hollande. Há uns anos, Kasparov disputou várias partidas de xadrez contra um supercomputador. Deep Blue era o nome desta “inteligência artificial”. Aposto que se lhe pedíssemos três nomes capazes de derrotar a Europa de uma penada, nem os algorítmos mais poderosos conseguiriam determinar tal tríade de líderes políticos em simultâneo. Só os Deuses (ou o Zandinga, vá) seriam capazes de tal feito.

E agora o nosso cantinho. O pais desceu tão fundo que qualquer migalha se transforma em broa de Avintes. Se despojarem um homem de todo o seu dinheiro e mais tarde lhe entregarem, por caridade, 5 euros, poderão dizer que economicamente ele está a recuperar? Podem. Na folha de Excel há um aumento. Mas na realidade ele continua miserável.

A moção do Coelho ao congresso do PSD será “Portugal über alles” (“Portugal acima de tudo”). Ring a bell? Sem querer fazer qualquer tipo de comparações, sempre que leio o entusiasmo desta “gente” com os resultados económico-financeiros lembro-me sempre deste vídeo promocional.

Qual é a probabilidade de coincidir tamanha matilha à frente dos destinos do país e da Europa? Bem, olhando para os resultados na Grécia e Espanha, por exemplo, as probabilidades de se repetirem são grandes. Tantas manifestações tantos milhares na rua e no momento de escolherem votam nos mesmos? Bah. Ou melhor, mééé.

Que farei quando tudo arde? perguntava o Sá de Miranda. Olha, pá, vai aquecendo as mãos que ao preço que a electricidade está, desde que foi privatizada, já não dá para mais.

[imagem: Tanja Ostojic, After Courbet, L´origin du Monde, 2004]

Comments

  1. Fernanda says:

    Já vai sendo tempo de mudar a cuequinha mais não seja que seja por uma questão de higiene público-íntima ou intimista, sei lá.

    Mas mude-se.

  2. portela says:

    MCS, aquilo é mealheiro dos chineses?

    • Offshore, ou melhor, of course 😉

      • portela says:

        MCS tenho outra versão. É uma antiga deusa da velha China, que escapou ao Mao. Mas foi combatida e derrotada pelos modernos chineses, que lá, como cá, colocaram no trono que fora o dela, um capitalista. Na imagem a Deusa mostra a bandeira da rendição, está moribunda, mas que rica bunda.

        • Era uma deusa benditabund… meditabunda.

          • portela says:

            OK, mas se no trono onde os homens colocaram Deus, está la agora o dinheiro, onde está Deus? Está morto!

          • Isso agora dava pano para mangas. Enquanto os homens não tiverem resposta para muitas perguntas Deus não está morto. Mas que Ele é muito distraído, lá isso é.

  3. Observador says:

    Cá por mim defendo: penetração total nesta Europa.

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