A capitulação do último grande catavento

Catavento2

Miguel Pinto Luz abriu as hostilidades do congresso do PSD com ataques cirúrgicos apontados aos comentadores e críticos internos do PSD onde, até há bem pouco tempo, figurava Marcelo Rebelo de Sousa, ou, nas palavras de Pedro Passos Coelho, o “protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político”. Segundo o líder do PSD/Lisboa, “o PSD não está na SIC às Quartas, nem na TVI às Quintas, nem na SIC aos Sábados”. Porém, depois do congresso deste fim-de-semana, parece que vai voltar a estar na TVI ao Domingo à noite.

“Bom”, por altura destas declarações, há apenas um mês atrás, Marcelo não perdeu tempo a assumiu-se como alvo do disparo do primeiro-ministro. No seu espaço de comentário dominical na TVI, MRS anunciou estar afinal indisponível para uma hipotética corrida às presidenciais – “a questão está resolvida quando o líder do maior partido diz que a candidatura é indesejada” – e chegou mesmo a afirmar que não marcaria presença no congresso onde, afinal, foi a estrela inesperada. O que terá mudado na cabeça do professor?

“Bom”, a julgar pelo discurso que o próprio classificou como “emotivo”, pelas referências à idade avançada – “comecei a ficar comovido, fruto da idade” – ou à fundação do partido no conturbado período pós-25 de Abril, pelas farpas lançadas a António José Seguro, pela exaltação das “vitórias” do Governo e, ironia das ironias, pela inesperada afirmação de que o PSD é afinal “um partido livre onde se pode dizer o que se pensa“, principalmente quando vinda de alguém que ainda há um mês atrás era catalogado como um perigoso opinador, estou em crer que o professor se está mesmo a “fazer ao piso para alguma coisa“. E essa “coisa” parece ser Palácio de Belém, o preço certo em euros de Marcelo Rebelo de Sousa. O último grande catavento rendeu-se ao poderoso aparelho passista. Resta saber se Passos optará pelo professor ou desencantará outro “Relvas” para o lugar. Considerando o actual estado da liderança social-democrata, Dias Loureiro seria uma excelente opção!

Comments

  1. Ferdinand says:

    Marcelo Rebelo de Sousa, Passos Coelho, Relvas, Seguro, Luis Amado, Assis, etc. tirando a encenação mediática eles têm interesses em comum, logo, as mudanças necessárias (e isto envolve mexer nos interesses dos seus patrões aristocratas da banca, o €uro e a própria UE) para, pelo menos, voltarmos a ter alguma decência neste país nunca terão origem nestes decadentes.

    O regime está em estado de podridão acelerado, a “bolha” vai acabar por arrebentar mesmo que “eles” se esforcem muito por eternizar o estado podre…

    • Sinceramente (ingenuidade minha talvez) nunca achei que o Marcelo estivesse nesse lote. Achava que ele até conseguia ser um gajo ideologicamente fiel ao partido mas independente de pensamento. Pelos visto enganei-me e já sei qual é o preço do professor…

      mas espero que a bolha rebente rápido. se possível a causar estragos no meio da escumalha. mas, infelizmente, o fim do bloco central de interesses não parece estar para breve. a alternância PS/PSD (com ou sem muleta irrevogável) parece estar para durar.

  2. Bento 2014 says:

    Se me for permitido deixo a minha capitulação do outro lado do vento:
    Valha-nos ao menos isso de os rosas irem ás ondas da Nazaré para responder ao congresso laranja . Não sendo capazes de dar um pequeno passo com o atado Seguro a pedalar em rolo de feira, vivem de atropelar e vociferar com quem se move e actua . Não plantam nem caçam mas estão sempre prontos para se banquetear com o produto alheio. Para o País é que nunca são capazes de arranjar resposta a não ser preparar-lhe o funeral. Façam-se á vida que com as nódoas negras que PSD/CDS nos infligiram bastava mostrarem para aplicação uma qualquer pomada de engraxar sapatos.

    • O PS, como sabe, não é muito diferente do PSD. A todos os níveis. Todos. Mas este Seguro é realmente uma comédia, está a ser “desgastado” até ao Costa estar pronto para ir ao forno…

      • Sorry. says:

        O Costa é mais do mesmo… Não é com o PS que te safas… ( É a minha mais humide opinião! )
        Aliás, nesse particular o COSTA é bom é para as costas dos outros, s.f.v.!
        ( Tudo o que venha do PS/PSD/CDS ) come tudo na mesma mesa, há decadas. Ora tu, ora eu…

        • Sorry mas eu não disse que o Costa era melhor ou pior: apenas que o Seguro é um líder de transição que está a fazer o seu papel de enfardar com as balas até que chegue a hora da aclamação do Costa salvador. Dai até achar que isso é solução para o que quer que seja vai um longo caminho…

  3. Sorry. says:

    E é aí mesmo que se entende o jogo…
    Seguro não é Lider ao acaso do PS, foi escolhido exactamente como um “contra-poder” fraco, tão fraco que vai disfarçar as proprias responsabilidades do PS.
    O PS não quer sêr Governo ( Desconfio que foi mais um acordo Tacito no Bildeberg… ) (Ainda bem!)
    O PSD está confortavel na posição que ele mesmo iniciou, no momento adequado com todas as forças ( Esquerda/Direita ) a servir de bloqueio a qualquer outra escolha…
    A Esquerda prodiga a “dividir-se” na altura certa, um BE a dissolver-se, na altura certa!
    Tudo isto é um andamento sincronizado, só quem é muito desatento é que ainda vai às URNAS… (Há pois é!)
    O PCP pouco ou nada pode fazêr nesta conjuntura, reparem bem nesse pormenor ( A Pseudo-Esquerda é mais Direita que a extrema direita! )

    O caracter da maioria está atestado há muito tempo( Arco governativo?), e dos votantes em farsas também… Disse!

  4. O sr Costa é de facto mais do mesmo embora menos mauzote que seguro que até pode ser mais “ético” mas também não chega
    A putrefação da política tem de ter origem nos polícos e politiqueiros e oque babe à UE que já não sei o que é não é pia de despejo da incapacidade (ou intenção dos S/PDD que são irmãos bastardos – o mesmo pai e mãe deconhecidas

  5. Bento 2014 says:

    Abstenção Violenta
    23.02.2014/18:25

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    Esta democracia é uma fraude, um logro, uma farsa, um embuste. Por muitas patifarias que um qualquer governo faça, na legislatura seguinte alguns dos “patifes” encontram refúgio no Parlamento. Isso deve-se a um sistema eleitoral antidemocrático que garante os chamados “lugares elegíveis”. Vota-se em logotipos partidários em que o voto é como um cheque ao portador a favor de partidos que nomeiam quem querem, segundo critérios que nada devem ao mérito. Estamos entregues a esses medíocres e imberbes políticos de carreira. E é este “inconseguimento” democrático que nos gera um sentimento “frustracional”, ao permitir partidos e governos “softpower”, isto é, fracos perante as clientelas instaladas. Enquanto nada mudar, terão a minha abstenção.,

    Comentar

    Utilizador Não Registado
    Conhece o “seu” Deputado?
    23.02.2014/18:21

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    Esta pergunta até daria para rir se o assunto não fosse tão sério. Sabe como se desvirtua uma democracia? Criando um aberrante sistema eleitoral que impede a responsabilização e o escrutínio pessoal sobre o desempenho dos “eleitos”. Acha bem os lugares ditos elegíveis? Ou que em certos partidos haja “rodízio” de deputados que saem a meio do mandato para permitir a entrada de outros? Isto não é defraudar os eleitores? Já ouviu falar em deputados “para-quedistas”? Lembra-se daquela deputada eleita por Lisboa que exigiu o pagamento das suas viagens semanais a Paris só porque reside lá? E da outra menos conhecida que foi apanhada a conduzir bêbada? Ciente disto, você as elegeria? Ou aqueles “Jotinhas” imberbes e medíocres? “Bela” Democracia!!

  6. Afonso Correia says:

    Qualquer jurista sabe que a prescrição não extingue a dívida, antes e apenas confere ao devedor a faculdade de recusar o cumprimento ou de se opor ao exercício do direito prescrito – n.º 1 do art. 304.º do CC.
    Tanto assim que não pode ser repetida – pedida de volta – a quantia paga espontaneamente em cumprimento de uma obrigação prescrita – n.º 2 do art. 304.ºCC.
    Onde a dificuldade de pagamento de uma dívida prescrita?

    AC

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  1. […] disse o so called independente que chegou a ser um incómodo catavento mas que acabou por capitular no último congresso do PSD. É o que dá andar a encher o Parlamento de jotas, tão incompetentes […]

  2. […] toda a sua generosidade e pagou a sua dívida, apesar de, e aqui partilho das dúvidas do perigoso cata-vento Rebelo de Sousa, ser difícil de perceber como se paga voluntariamente uma dívida já prescrita que, por ter […]

  3. […] Não contente com o resultado das sondagens, que chegam mesmo a afirmar que Marcelo vai buscar votos ao PCP e ao Bloco, o catavento tem feito das tripas coração para conquistar a esquerda. Num dia visita a Festa do Avante, no outro faz comícios na Voz do Operário, não perde uma oportunidade para piscar o olho ao governo de António Costa e chega mesmo a afirmar que é “a esquerda da direita”. Poético. Quase tão poético e emotivo como quando capitulou perante Pedro Passos Coelho no congresso do PSD em Fevereiro de 2014. […]

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