O Dia Internacional da Mulher foi estabelecido a partir da data de uma greve de operárias nova iorquinas, em 8 de Março de 1857. Ou talvez não. Rezam algumas crónicas que patrões e polícias trancaram as mulheres dentro da fábrica, lançaram-lhe fogo, e 129 morreram carbonizadas.
Embora factos como este tenham sucedido mais de uma vez num século XIX liberal, quando os patrões faziam mesmo o que queriam, existe um misto de lenda e história na escolha da data.
Prefiro outra lenda, a do Pão e das Rosas, por vezes misturada com as do 8 de Março, que tem origem num poema com o mesmo nome da autoria de James Oppenheim, publicado em Dezembro de 1911, e oferecido às “mulheres do Oeste”. Está geralmente associado a uma greve do sector têxtil em Lawrence, Massachusetts, em Janeiro-Março de 1912, e que ficou conhecida pela Greve das Rosas e do Pão. A greve de Lawrence, que uniu dezenas de comunidades imigrantes foi, em grande parte, conduzida por mulheres. Muitos afirmam que, durante a greve, algumas das mulheres transportavam um cartaz que dizia Queremos pão mas também queremos rosas! Não existem provas fiáveis que o confirmem, e esta afirmação foi rejeitada por alguns veteranos da greve de Lawrence, provavelmente homens, está-se mesmo a ver.
E gosto particularmente deste provável mito por via do poema, fabulosamente cantado por Judy Collins, num album de 1976 com o mesmo nome. Existem outras versões, claramente inferiores.
Misturei 20 minutos de algumas vozes femininas, porque além de pão e de rosas, hoje é uma bom dia para lhes dar, a elas, música e versos. É mesmo o único dia do ano em que podemos oferecer seja o que for a todas as mulheres e nenhuma fica ciumenta.
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Pão e Rosas
Enquanto marchamos, marchamos, na beleza do dia,
Um milhão de cozinhas negras, um milhar de moinhos cinzentos,
São tocados por toda a luz revelada por um sol repentino
Porque as pessoas nos ouvem cantar: Pão e Rosas! Pão e Rosas!Enquanto marchamos, marchamos, lutamos também pelos homens,
Porque eles são as mulheres e são as crianças e são os nossos filhos outra vez
As nossas vidas não devem ser suadas desde o nascimento até ao fim
Os corações morrem de fome como os corpos; dai-nos pão, mas dai-nos rosasEnquanto marchamos, marchamos, inúmeras mulheres morrem
Gritam através das nossas canções, o seu antigo chamamento pelo pão
É a pequena arte e amor e beleza que os seus espíritos macerados conhecem
Sim, é pelo pão que lutamos, mas lutamos igualmente pelas rosasEnquanto marchamos, marchamos, trazemos os grandes dias,
O erguer das mulheres significa o erguer da raça.
Não mais o moinho e o tensor, os dez que labutam por um que repousa
Mas uma partilha das glórias da vida: pão e rosas, pão e rosas.As nossas vidas não devem ser suadas desde o nascimento até ao fim
Os corações morrem de fome como os corpos; dai-nos pão, mas dai-nos rosasJames Oppenheim, versão da Elisabete Figueiredo.
- Janis Joplin
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🙂