Sócrates não se irritou na RTP: apenas foi igual a si mesmo

No DN lê-se

Sócrates irrita-se: “Não vinha preparado para isto”
No seu habitual espaço de comentário, transformado numa entrevista sobre a sua governação, o ex-primeiro-ministro foi confrontado com afirmações que fez em 2010 e 2011. E a actualidade quase que ficou para segundo plano.

Aproveitei para ver o programa em causa e tenho que concluir que a peça do DN não passa de fogo de artifício. Sócrates foi igual ao que costuma ser, não tenho visto nada que justificasse o título.


Apesar da procura de confrontação que o jornalista fez, ao trazer para a entrevista declarações de Sócrates enquanto primeiro-ministro, falhou em conseguir desmontar a argumentação do entrevistado. A tese deste consistiu em sublinhar que fez investimento, e não só austeridade, assim criando melhores condições para o país. O investimento referido, e cito de cor, foi em tecnologias da informação (leia-se Magalhães), energias renováveis (leia-se Tua e geradores eólicos) e nas escolas (leia-se obras da Parque Escolar). Deve-se ter esquecido das auto-estradas, e do aeroporto de Beja, só pode…

Sem dúvida que o investimento existiu. E onde está o retorno? Sem este, aquilo a que se chama de investimento terá que ser baptizado de despesa. Os Magalhães, como se esperava, foram ultrapassados pelo tempo, ficaram propriedade dos alunos e nada ficou para as escolas. Tenho dúvidas que se tenham alcançado resultados que não se atingissem caso o investimento tivesse sido feito em material para as escolas, em vez de portáteis para os alunos. As renováveis estão aí em força mas, contrariamente ao que justificou o investimento, os preços da energia não baixaram, tendo inclusivamente a EDP usado as renováveis para justificar parte do aumento da tarifa. Quanto às escolas, tal como tem sido noticiado, as obras megalómanas têm custos energéticos incomportáveis e, como qualquer obra que é feita à pressa, têm apresentado problemas diversos. Não houve investimento mas sim despesa. E com encargos para o futuro.

Uma entrevista baseada em confrontação do presente com frases do passado gera alguma animação mas o importante, analisar decisões, teria muito mais valor. Mas sempre dá para títulos jeitosos, como este do DN.

Comments

  1. Nightwish says:

    Quase, quase. É difícil avaliar o impacto da parque escolar porque as obras são para melhorar o nível de ensino, o que se mede a longo prazo. Obviamente, houve obras de qualidade e gastos questionáveis…
    E quanto às energéticas, a culpa é de quem assinou Quioto apesar de ser relativo a um ano em que tivemos um gasto energético extraordinariamente baixo.

    De qualquer forma, a juntar às declarações de António Costa, fiquei plenamente convencido que a diferença entre as ideias do PS e do PSD são tão pequenas que nenhum dos dois está preparado para tirar este país desta crise completamente artificial.

  2. Rosete says:

    A obra e o legado socrático continuam a ser julgados na praça pública. Mas será Socrates o (único) responsável pela realidade político-financeira actual? Chamem todos os ex-ministros e deputados desde 1974 e procedam a um julgamento exaustivo. Faça-se uma inventariação da evolução das suas fortunas. Nunca vi um político na miséria.

    • Bento 2014 says:

      Aqui e neste caso trata-se de colocar Sócrates como responsável por ele próprio.

  3. Katy says:

    Após 3 anos de destruição maciça do país e ainda falam do zombie Sócrates?!
    Acordem…

    • Para muitos, o facto de terem votado no PSD/CDS, convencidos que esta equipa jovem e dinâmica iria fazer qualquer coisa de higiénico (esquecendo-se de ler o programa eleitoral), foi tão mal pensado, mas tão mal pensado, que fazem uma fuga para a frente concentrando-se no passado.

      O Freud deve explicar isto.

    • j. manuel cordeiro says:

      Mas repare, Katy, foi Sócrates que se trouxe a si mesmo, com o seu espaço de opinião, para o panorama político actual.

  4. romendes says:

    Então continuamos a dar ouvidos ao coveiro de Portugal?
    Razão tem a Rosete: Veja-se quem ao longo dos anos tem destruido o país (PS) e quem depois fica com o ónus das políticas para o salvar (PSD).
    Não percam mais tempo com o vendedor da banha da cobra.

    • j. manuel cordeiro says:

      ahahahahahhaha
      Você esteve bem, romendes. Ai, deixe-me ganhar fôlego, depois deste momento humorístico.

    • Fernanda says:

      romendes,

      Está a referir-se a algo salvítico como a sugestão da Teodora Cardoso nas jornadas do PSD?

    • José Peralta says:

      Romendes

      O psd e já agora, o seu cúmplice, cds, estão ficar com o ónus das políticas “salvadoras” do País !

      Estes três anos de hecatombe, não lhe “dizem nada” ?

      Ah ! Você é um stand-up-comedian !

      Desculpe, mas não tinha percebido…

      Então faço minhas as palavras de J.Manuel Cordeiro !

      Ahahahahahahahahahahahahahahaha !

      Boa ! Romendes ! Você vai longe…e quando lá chegar, mande mais dessas !

    • Nightwish says:

      O PSD que deixou um défice de 6,8% nas mãos de Santana Lopes? Esse PSD salva o país?

    • fantunes says:

      são sempre os cobardolas ,que para mascarar a sua incompetência ,deitam as culpas para os outros .cambada de aldrabões e corruptos .

  5. Bento 2014 says:

    Sócrates sempre actuou pelo susto tentando meter medo aos opositores, o que é a prova fatal de insegurança, falta de lastro e pequenez. A sua sabedoria resume-se ao próprio pânico de perceber que quando confrontado com argumentos precisos, acutilantes e enérgicos é um homem derrotado e rastejante. Um verme.

    • José Peralta says:

      Outro, o bentinho 1936, que quer esconder a realidade de um País a morrer todos os dias às mãos destes canalhas !

      Coelho, portas, “o bloco de gelo com pernas”, o relvas, o montenegro, o moedas, o marco antónio, carlos peixoto, o animal que diz que a culpa do estado das finanças “é do que se gasta com a peste grisalha”, essa besta que não teve pais, porque como erva daninha que é, nasceu de geração expontânea !

      O seu comentário, é mais próprio do Blasfémias, que você frequenta !
      Nesse antro ficam sempre bem patacoadas como as suas, sempre aplaudidas pelo vitinho cunha, !

      A minha resposta é que seria liminarmente censurada, pelo “se não gosto, apago”, o coronel vt…

      Reveja-se neste verme, ó bentinho !

      http://zurzir-alp.blogspot.pt/2013/02/peste-grisalha.html

      • Bento 2014 says:

        José Peralta, muito obrigado pela lição mas a minha liberdade permite-me debater ideias em qualquer local que eu queira sem denegrir pessoalmente quem não concorda. A arma da censura assenta-lhe bem. Reveja-se!

        • José Peralta says:

          Bento 1936

          Eu utilizei a MINHA liberdade, que é igual à sua, não para o censurar, (nem para isso tenho autoridade, e muito menos vocação, nem sou um dos titulares do Aventar) para chamar verme ao verme, (que não era você !), tal como você fez com o Sócrates.

          Eu contrapuz a minha opinião, à sua ! A minha ideia de “verme”, à sua ! E dei-lhe exemplos “exemplares”…

          Você não gostou ! Estranho, para quem gosta de “exercer a Liberdade e o debate de ideias”…

          • Bento 2014 says:

            Neste ponto os direitos são iguais. Você é que começou por não gostar de tesoura em riste. Estranho!

          • José Peralta says:

            Bento 2014

            Com “a tesoura em riste” do vítor cunha do blasfémias, os direitos não são todos iguais !

            Blogue “voz do dono”, tudo o que se afaste ou contrarie “o pensamento único” e apologético desta gentalha do desgoverno, o cunha, o censor-mór, “se não gosta, apaga !” como confessa, velhaco e ufano !

            Por isso, o que você escreveu AQUI sobre o Sócrates , foi livremente publicado. E no blasfémias é “música” para os olhos censórios do cunha ! Publica com alegria e fervor “orgásmico”…

            Mas o que eu já escrevi AQUI, sem qualquer problema, sobre um País que todos os dias morre aos poucos às mãos destes canalhas, claro que foi censurado LÁ, pelo cunha.

            A uma pergunta que fiz a Helena Matos, se teria sido ela a censurar um meu comentário inócuo a ela dirigido, respondeu o cunha, sempre o cunha que: – “no blasfémias quem chega primeiro aos comentários, é quem decide se os censura ou não”, portanto, mesmo sem o conhecimento prévio do titular a quem a pergunta ou comentário é dirigido ! Uma espécie de “corrida dos 100 metros”, que quase sempre o cunha “ganha”, transformando os seus colegas de blogue, em meros verbos de encher, sem voto na matéria, e com completo desconhecimento de assuntos que lhes dizem respeito.

            Veja o que isto tem de iniquidade e arbitrariedade por parte do “coronel vc”, o cunha, um mero títere, que se orgulha da sua “vocação” censória .

            “Estranho, não é ?”

            Venha agora você, falar-me de “direitos Iguais “….

          • Bento 2014 says:

            Afinal o José Peralta embora meio envergonhado ou comprometido frequenta o Blasfémias. Estranho não é?

          • José Peralta says:

            Bentinho !

            O que faz a falta de argumentos, Bentinho !!!!!

            Nem meio envergonhado nem comprometido, Bentinho !

            Vilmente, canalhamente censurado por um verme, Bentinho !

            Não leu bem o que eu escrevi sobre o cunha, Bentinho ?

            Ora torne lá a ler, Bentinho !!!!!!

            Ele gosta é de gente como você, Bentinho !!!!!!

    • Nightwish says:

      Só se for o pânico de encontrar um jornalista que sabe fazer perguntas, mas, de qualquer forma, respondeu-as mais um menos bem. Tem algo a contrariar?
      E eu não nutro nenhuma simpatia pelo homem.

    • Bento 2014 says:

      Peraltinha queixinhas.

  6. Maria Ferreira says:

    investimento nas tecnologias, leia-se Magalhães???? Já é branqueamento a mais. Os polos tecnológicos criados (com captação do MIT ie Carnegie Mellon), o investimento em investigação e desenvolvimento, as novas tecnologias de produção de energia, entre outras (o Icep era de facto um dinamizador de exportações) que criaram uma dinâmica em que a balança comercial das tecnologias foi favorável a Portugal pela primeira vez na História não contam nada para o imparcial autor?
    E quanto ao j. manuel cordeiro: 1º quem o trouxe foi a rtp, que ele não tem poder de impor coisa nenhuma à dita; 2º, o acordo era o espaço de opinião, de comentário da actualidade, não o modelo de entrevista sem aviso dos assuntos, como se faz em todos os programas de entrevista que não envolvam…Sócrates.

    • j. manuel cordeiro says:

      “captação do MIT ie Carnegie Mellon”
      Desculpe, isto deu exactamente em quê? Além disso, Sócrates estava a falar de investimento. Quer dizer que gastou-se dinheiro nestas parcerias?

      “novas tecnologias de produção de energia”
      Estará a falar dos painéis fotovoltaicos e dos aerogeradores? Pois serviram para aumentar a factura eléctrica, não o contrário.

      “criaram uma dinâmica em que a balança comercial das tecnologias foi favorável a Portugal pela primeira vez na História”
      Será mesmo como diz?
      Peso da alta tecnologia nas exportações está a cair desde 2008

      Exportação de produtos de alta tecnologia (% das exportações totais):

      Ano / Percentagem das exportações totais
      1995 4.5
      1996 3.7
      1997 3.6
      1998 3.6
      1999 4.4
      2000 5.6
      2001 6.9
      2002 6.4
      2003 7.5
      2004 7.7
      2005 7.4
      2006 7.2
      2007 6.8
      2008 6.4
      2009 3.7
      2010 3.0
      2011 3.1
      2012 3.2

      Fonte: INE

      Quer fazer leituras enviesadas? Muito bem. A exportação de tecnologia entrou em queda com Sócrates. Vê como é fácil?

      Não sei em que termos ele foi para a RTP. Mas se aceitou, e não me parecendo Sócrates um masoquista, é porque lhe interessou.

      • José Peralta says:

        j.manuel cordeiro

        Pronuncio-me sobre o seu último parágrafo, porque me confesso não habilitado a falar sobre os outros temas :

        Segundo foi noticiado na altura, Sócrates foi convidado por um director, creio que o da Informação da RTP, e sem cachet (baseio-me no que li na Comunicação Social ).

        E claro que lhe interessou, porque é uma maneira de fazer um ajuste de contas, e a sua auto defesa, o que, convenhamos, me parece ser um direito legítimo (e incómodo, para “certa” gente…).

        Porque ele arcar com as culpas todas, para que essa “certa” gentalha seja “glorificada” pelos romendes, bentos 1936, e quejandos como salvadora da “pátria”, quando sabemos e sentimos que três anos depois, estamos muito pior (crianças e idosos desprotegidos e com fome, desemprego exponencial, famílias destruídas, empobrecimento geral, um confessado desígnio do coelho. O melhor da nossa juventude, com formação académica paga por todos nós a emigrar aos milhões. No País em crise, maior maior número de milionários, e um fosso cada vez mais abissal entre ricos, pobres e na miséria, quantas vezes envergonhada. Com esta cáfila de mentirosos compulsivos, incompetentes, e corruptos com uma desavergonhada falta de ética, de dignidade. Com um (des)governo em que é difícil distinguir qual o ministro não “o melhor”, mas “o menos mau”. Com a crise do Verão provocada pelo “irr(a)vogável” portas, um tipo, mais um, sem coluna vertebral, (tal como o “herbívoro”), que nos custou (dito pelo insuspeito Ribeiro e Castro do CDS) oitocentos milhões de euros. Com a carta do gaspar, confessando a inutilidade do erro das suas políticas e dos nossos sacrifícios e, qual ratazana, a abandonar o navio. Com uma “petição pública” para o calarem, ao Sócrates, “um grande e exemplar exercício de democracia”, então o homem não tem o direito à palavra ?

        E em termos jornalísticos, também me parece pouco sério e desleal, ser transformado um programa de opinião, numa mera entrevista, sem o “entrevistado” ter prévio conhecimento. A mim, pareceu-me uma crapulosa rasteira, em tempos pré-eleitorais, para manter a “chama” viva !

        Se não é isso que acontece com os outros comentadores, até na RTP, com o Morais Sarmento, muito menos com o Marcelo ou com o Marques Mendes, porque haveria de acontecer com Sócrates ?

      • Nightwish says:

        Posso tar enganado, mas essa queda tem muito a ver com a falência da Quimonda.

        • j. manuel cordeiro says:

          É bem possível. Foi o que também pensei quando olhei para as datas.

  7. Maria Ferreira says:

    ó cordeiro, os números que apresenta não representam diferença entre importações e exportações de tecnologias (balança comercial,sabe o que significa?)- deixe estar que quando tiver tempo para gastar consigo, já lhe acrescento qualquer coisa, para obviar às SUAS leituras enviesadas (sei que estou a perder tempo com um fanático, contudo).
    Quanto à EDP vendida pelo estado português ao estado chinês mediante as condições de perda para a economia nacional, vá pedir contas aos pulhas que fizeram o negócio.E aos chineses.
    Sócrates aceitou uma coisa e de repente apresentaram-lhe outra- em directo. Não sabe em que condições foi? A própria RTP divulgou bastante sobre o assunto.Distraído, suponho. Sabe o que significa deontologia na comunicação social? Também não? Claro. Olhe, pense no Relvas e ética será tudo o que ele não é. Pode ser que assim perceba.

    • j. manuel cordeiro says:

      Ó por quem sois, não perca tempo comigo. Especialmente,sendo EU o fanático lol

  8. Maria Ferreira says:

    E já agora, Cordeiro, veja lá a nota de rodapé (sabe o que é baixa. média e alta tecnologia? também não?)
    “Bens de média baixa e baixa tecnologia têm vindo a aumentar peso nas exportações”-exactamente no mesmo artigo, mas em letras pequenas.

    • j. manuel cordeiro says:

      Olhe, falta-me pachorra para gente que vem basear a argumentação na linha da arrogância, procurando desvalorizar quem não conhece. Pouco me aquece ou arrefece, mas deixo aqui esta nota para que perceba porque é que não me vou dar ao trabalho de lhe responder mais.

  9. Maria Ferreira says:

    O que venho desvalorzar é a falcatrua demagógica e boçal. Se reconhece que não tem outros argumentos, concordo que mais vale calar-se.

    • j. manuel cordeiro says:

      Tem consciência que descreveu um auto-diagnóstico da sua “argumentação”? Enfim, isto não leva a lado algum.

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