Florinda Ferreira da Silva

Começa um gajo o seu 24 de Abril com a habitual chuva intermitente e leva com isto na paragem do autocarro:

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vulgar publicoisa do mais surpreendente  gamador e vencedor do PREC, Belmiro, o verdadeiro continente do sucesso, entre o golpe  e a comissão de trabalhadores, de um extinto banco aos aglomerados de madeira ou versa-vice, e logo no rodapé dá o mesmo gajo  com o nome da avó.

A minha avó, Florinda Ferreira da Silva, atrás do balcão, nas bombas de gasolina (Shell, tradições anti-nazis cá de casa), foi filha de sapateiro pobre casada e amada com um indigente de origem, trazido das serras do Caramulo por um zeco primário, António de Almeida de seu nome e honra lhe seja feita, deslocado para perto do mar, assim os juntou.

Sei pouco sobre o namoro dos meus avós maternos, e mais soubesse menos agora contava. Juntos criaram um empório comercial, na escala da aldeia que se ia esguinchando pela estrada a caminho de Leiria fora, uma loja tão morta hoje como todas as que pontualmente assassinaste, bairro a bairro, aldeia ou cidade a aldeia, freguesia e extintas pelo deputedo vilas que agora são todas cidades.

Sabes, Belmiro Mendes de Azevedo, ou ficas a saber, tenho tido a consideração por ti que se tem, tipo filme americano com passagem por revolução mexicana, pelo oportunista que se fez em contraponto aos que eternamente e apenas por via das famílias, 3%, cá estavam, e arrecadou a pura acumulação primitiva de capital  pelo engananço a patrões e trabalhadores, grande e simultânea banhada, uma espécie de oceanário onde todos os continentes da arte do sucesso convivem em perfeita harmonia náutica, até um jornal ainda hoje pagas. Uma consideração republicana, não herdaste.

Terás tido os teus avós, Belmiro Mendes de  Azevedo, e sei que não tens nada, mas mesmo nenhuma responsabilidade no nome da minha avó materna me aparecer como fosse de Matosinhos, no rosto de uma simpática senhora escolhida num casting, com a mesma criativa rotina que lhes deu para Florinda ser a velhinha perfeita em nome consensual, logo pela manhã do meu 24 de Abril.

Azar do caralho, se a Florinda minha avó Ferreira da Silva isto ouvisse dizia perdes a razão quando usas essas palavras, lá comecei este dia em que há 40 anos éramos da mesma igualha, Belmiro Mendes de  Azevedo, e consta que até tu honrado, 40 anos, quem ia imaginar que hoje ficava fodido, esta a minha avó se ouvisse durante uma semana não me falava, para começar porque o mundo dos meus avós, também esse pequeno mundo morto antes de chegares ao negócio já falecido, o fuzilaste.

Comments

  1. Esta é a minha avó. Chamava-se Florinda Ferreira da Silva e era de Matosinhos. Infelizmente partiu esta 2f.

Trackbacks

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