Ontem cruzei-me com este aviso num muro, em Matosinhos, e fiquei arrepiada. Há muitos “Palitos” por aí, desses que perseguem e acossam durante anos, até ao dia em que apertam o gatilho. A este, o do muro, não chegam as ameaças em privado, quis mostrar à sua vítima que está próximo dela e que se sente impune.
E entretanto, no país profundo, ou real, ou o raio que o parta, bastou uma fuga rocambolesca, a polícia burlada e humilhada durante uns dias, para que uma multidão acabasse a aplaudir um homem que se levantava de madrugada para perseguir a ex-mulher, que a amedrontava na rua e nos lugares onde ela trabalhava, que chegou a ameaçar de morte quem lhe desse trabalho, que a agrediu repetidamente, que a obrigou, quando ainda moravam na mesma casa, a regressar à cama de casal sob ameaça de arma. E que, fracassadas todas estas tentativas de recuperá-la pela força, decidiu pôr fim à vida dela e à de mais três pessoas, incluindo a própria filha.
A multidão que o aplaudiu foi a mesma que o conhecia bem, que assistira aos seus actos durante anos, e, percebemos agora, não só não levantou um dedo para ajudar a vítima, como até achou bem aquilo que viu:
Espero, e lamento não poder usar outro verbo, um que fosse menos passivo, espero e desejo que a mulher a quem se dirige o aviso, nesse muro de Matosinhos, não esteja só e consiga a protecção de que necessita. Espero que à volta dela não se erga outro muro, de cinismo e desinteresse, de branqueamento dos actos do agressor, quando não de responsabilização da vítima, um desses muros que ocultam o sofrimento durante décadas e só se desmoronam quando é demasiado tarde.
E pergunto-me: o que sentirá uma vítima de violência doméstica quando vê um homem como o “Palito” elevado a herói popular?
Há muita inocentinha que é capaz de martirizar de forma continuada e provocatória. Esgotada a paciência á vezes lá salta a tampa. O agressor não tem que ser um herói mas pode cansar-se de tanto ser vitima e um dia passa a pasta.
Cá está o típico comentário que inocenta o agressor e culpabiliza a vítima. Da próxima vez que for “martirizado”, apresente queixa, não “passe a pasta”.
Peço desculpa mas fará o favor de me indicar onde leu que inocento o agressor e que eu próprio sou martirizado. Já agora acrescento que os aplausos podem ter sido porque o homem se entregou á justiça.
Aquela gente que aplaudio a fuga do Palitos, e’ gemea da mesma gente que aplaudio – por exemplo – o regresso de Fatima Felgueiras e sovou o Assis. O mesmo Assis que agora foi aplaudido em Felgueiras. Para nao falar de outras recambolescas atitudes do meu bom e esclarecido povo.
Os aplausos podem ter sido porque o homem se entregou á justiça.
Associar os aplausos aos crimes é puro oportunismo!
Ter iludido a polícia tanto tempo é seguramente a base da admiração popular.
Quanto à violência, esta também tem sexo, e não basta a treta da igualdade para uniformizar.
Se um chapo não é nada de muito violento para o homem, uma língua-matraca pode sê-lo; com a mulher é o inverso.
Para mais detalhes consulte o seu psicólogo no SNS.
Perfeito.
Tem toda a razão. O que não explica é se este homem se sentia vítima já tinha encontrado a solução: o afastamento da agressora e da sua língua matraca. Agora explique lá porque foi matá-la e ao resto da família?
Aquele homem é uma besta e julgou que a mulher era sua como as cabras o são. Tão simples como isso.
Entre a racionalidade serena e o desespero sem norte vai a distância de um frágil fio. E ninguém diga desta água não beberei, não pondo em causa que todos os crimes devem ser julgados.
O meu comentário foi dirigido ao conteúdo ‘ideológico’ do post, não há avaliação dum personagem sobre o qual nada sei, salvo que deve aplicar-se-lhe a lei.
Perfeito.
Não querem aproveitar para denunciar a vossa situação enquanto vítimas de “línguas-matraca”? Sou toda ouvidos.
Claro que vistas curtas não dão para avaliar e muito menos para compreender o fenómeno dos venenos só com os ouvidos.
Mas então encha-se de paciência para com os curtos de vista e explique lá esse “fenómeno dos venenos só com os ouvidos”.
Primeiro explique lá e repito a pergunta: Peço desculpa mas fará o favor de me indicar onde leu que inocento o agressor e que eu próprio sou martirizado. Já agora acrescento que os aplausos podem ter sido porque o homem se entregou á justiça.
Quando, com suposta ironia, caracteriza uma vítima como “inocentinha capaz de martirizar de forma continuada e provocatória” que pretende dizer?
“Salta a tampa” é um eufemismo para designar o quê?
Quando diz que um agressor “pode cansar-se de tanto ser vítima” está a fazer o quê se não a inverter papéis e a desculpabilizar uma agressão?
E, já agora, uma correcção: o homem “não se entregou à justiça”. Foi apanhado em casa, a ver televisão.
Que queira defender o seu post, sendo razoável, não lhe dá o direito de se lançar em interpretações ínvias e em insinuações perversas.
Tome os argumentos pelo que são e não pelo que lhe ‘convém’ que sejam.
Dou-lhe um exemplo: quando um bem sucedido foragido vem para casa ver televisão, e não dá sinais de resistência, qual a probabilidade de que tenha desistido de fugir?
Carla, nem vale a pena. É assustador a falta de inteligência destas pessoas. Isto só pode ser gente que vive no mato. Mas mato selvagem em que só vivem com as cabras.
Uma educação faz tanta falta..
O comentário do típico ‘iluminado’ citadino que está convencido que não é neto do australopithecus…
Perfeito
É muito mais profundo. Ouvi na TV a explicação: o homem é um bandido e merece a prisão, mas as palmas foram por ter conseguido fugir à polícia tanto tempo. É assim. O Povo continua a ver o Estado como um elemento agressor. É caso para os sociólogos e os partidos reflectirem.
Estou de acordo que existe essa visão do poder instituído como agressor. Neste caso, o que me chama a atenção é que isso se sobreponha ao conhecimento que têm desta situação em concreto, e que o facto de ter iludido a polícia se sobreponha aos crimes em si. Repito: é gente da terra, que provavelmente conhecia a situação há muito.
Limitei-me a transcrever o que ouvi na TV. É o povo no seu pior. Ou se tenta compreender o que está por detrás daquele apoio, ou temos de nos proteger com uma grossa capa de cinismo. Confesso que a minha inclinação para o cinismo é cada vez maior. Mas também não é impunemente que institucionalmente se glorifica uma criminosa de guerra como a padeira de Aljubarrota.
Há uma certa diferença entre um Robin dos Bosques, um José do Telhado mal contado ou um João Brandão na sua primeira fase, em que foi vítima, e um canalha.
Um povo que tolera um dos mais hediondos crimes, o doméstico, não é bem um povo, é uma turba.
E eu, que defendo com toda a força que violência doméstica não deve ser confundida com violência sobre mulheres, porque a de mulheres contra homens existe e sofre de neste momento ser muito menos denunciada, sou o primeiro a desconfiar que quem aqui vem defender o criminoso faz parte dessa minoria silenciada e por isso ressabiada. Desconfiança que merece como resposta: só se perdem as que no vosso caso caem no chão.
Heróis destes para mim era colocá-los em prisão perpétua… 25 anos é muito pouco.
Esta da “inocentinha que exerce tortura psicológica” já virou chavão. Tortura psicológica há nos dois lados. Quero ver qual vai ser a argumentação quando as inocentinhas também se passarem e começarem a usar armas. É que, por enquanto, são só elas que ficam sem poder viver mais. Que nojo de argumentação a sua Bento 2014.
O nojo também já virou chavão quando os argumentos não passam do ranho.
Já percebemos agora……. por favor cala-te
Lei da rolha.
E o pior é que estes grunhos também votam.
Como se pode pedir a alguém que nem sequer compreende o que se passou num caso destes que perceba o tratado orçamental?
JgMenos, que é como quem diz anónimo:
Os seus comentários, pelo menos até ao momento, tampouco passam de interpretações dos factos, suponho que as que lhe convêm a si. Interpretou as razões dos aplausos, o que constitui a violência para os homens e para as mulheres (a pedagógica explicação do chapo e da língua-matraca) e até interpretou, aliás de modo bastante freudiano, as razões para o foragido ter regressado a casa. As suas interpretações são razoáveis e as minhas ínvias?