O verdadeiro artista à solta num museu de Águeda

Lembram-se de Miguel Vieira Duque, o génio que andou a pintar esculturas do séc. XIX e lhe chamou restauro? Voltou a atacar, desta vez descobrindo no depósito do museu onde é conservador 200 cópias oitocentistas de gravuras de Rembrandt (já objecto de um artigo científico publicado em 2007 mas investigar dá trabalho e é preciso saber fazê-lo), que proclamou ser a maior colecção de originais do mundo, coisa pouca.

Estamos entre o charlatão puro e duro a roçar o caso de polícia e o indigente mental (capaz de escrever proezas como “Para mim, creio no Belo, na Cultura, no que criamos, porque no fundo a nossa Pedra Filosofal existe em cada um de nós.”), e por aqui me fico para não me servir do que se sabe aqui na minha aldeia, onde viveu, e é mais do foro privado.

Ter disto acontece nas melhores profissões, mas que diabo, se me explicarem como é que alguém sem habilitações chega a, e permanece, conservador do Museu da Fundação Dionísio Pinheiro, em Águeda, agradeço. Depois dizem que os privados é que sabem, fazem melhor do que o estado, etc. etc.

Comments

  1. Rosa says:

    Deve ser aquele anelão que dá tesão a quem o contrata 🙂

  2. Mas olhe que o “personagem” até se categoriza:”…do nosso tempo, enquanto museólogos”…e, mais à frente:”enquanto conservador e museólogo”….
    Bem…quiçá estejamos perante uma questão de grandes “compadrios” com grandes elites!…Não?…
    “Tráfico de influências”?…Não!…Nem quero acreditar!… 🙂

  3. João, sendo eu natural de Águeda, conhecendo eu a fundação em causa, confesso que achei um bocado estranho o subito aparecimento destas peças no dito depósito da casa do fundador da dita, até porque a casa já teve imensos curadores (se alguma peça extraordinária tivesse aparecido no dito depósito, já teria sido usada em prol de uma maior visibilidade do museu da fundação porque a mesma não tem muita visibilidade), mas, confesso que não conheço bem a personagem em causa. Toda a cidade acha o homem elegante. Até a minha própria avó acha o homem elegante!

  4. “(…)e por aqui me fico para não me servir do que se sabe aqui na minha aldeia, onde viveu, e é mais do foro privado.”
    Não ameaces, conta. Mas conta. Conta!

    http://www.portaldaliteratura.com/proverbios.php?tema=548

  5. Seria prudente mandar guardar as pratas…estou só a avisar!

  6. Pedro Sales says:

    Este tipo não tem o mínimo de competência nem de coerência para se designar um conservador. É só tão pouco uma espécie de Santeiro, aqueles tipos que antigamente andavam de capela em capela a repintar as imagens por encomenda e atacado.
    Se neste país se cumprisse a legislação, este charlatão era irradiado de qualquer profissão ligada ao património cultural e, num país que respeitasse os cidadãos e a cidadania até lhe ficava bem ir parar com os lombos na cadeia.
    É só um troca tintas medianamente falante que, aproveitado pela comunicação social bacoca e ignorante que temos, faz um brilharete no noticiário da parvónia.

  7. Maria Palma says:

    Estamos entregues aos bichos a todos os níveis…! Continuem estas denúncias. E as entidades responsáveis onde andam nisto tudo.?

  8. Maribel says:

    E que tal visitarem a Fundação, esquecerem as gravuras ou fazerem uma observação critica delas e apreciarem o que já antes havia de bom e que agora é posto em causa pelo “aparecimento” deste novo Conservador? É isto que eu vou fazer.

  9. Curiosamente, se não tivesse sabido da notícia das 200 gravuras e da agitação que provocou, visualizar esta entrevista não me faria crer estar perante a pessoa que descreve. Creio que a notícia das 200 gravuras pode tratar-se de uma tentativa de dar visibilidade ao museu abusiva e leviana.
    No entanto, ainda não se provou a sua falsidade, a SEC apressou-se a decretar a avaliação, que ainda, naturalmente, está por concluir, houve declarações da parte de responsáveis do MNAA que também não são conclusivas e o próprio artigo científico a que alude não é exibido ou referenciado de forma a poder ser consultado.
    O “restauro” das imagens sacras chocou-me. Mas, na generalidade, também me choca que se ataque a pessoa sem que a tal investigação que dá muito trabalho seja feita e apresentada de modo objectivo publicamente. Assim ficavamos todos capazes de avaliar se tem ou não habilitações, como chegou ao posto que ocupa, etc., e se é caso de polícia ou manicómio…
    Não conheço este senhor de parte alguma, não me cumpre defendê-lo, nem sequer me sinto impelida a tal, mas rejeito esta forma que se está a tornar useira de arrasar com base em insinuações e afirmações que não se fundamentam de modo irrefutável . Ao contrário dos julgamentos legais, as pessoas são julgadas em praça pública como culpadas ou inocentes à partida, e a sua condenação ou absolvição faz-se sem provas.

  10. Cecilia says:

    Ao minuto 7:53 começa uma frase que menciona o “Cosmopolitan de Nova Iorque”!!!!!!

Trackbacks

  1. […] só para avisar a malta (inclusive o João José Cardoso) que vou à Fundação Dionísio Pinheiro analisar os Rembrandts do Vieira […]

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