Guerra à guerra na Ucrânia

ucrania trincheirasPara comemorar o centenário da I Guerra Mundial, no essencial um conflito entre impérios pelo domínio de outros povos, resolveram os herdeiros russos e alemães (agora aliados a ingleses e franceses) brincar às recriações históricas na Ucrânia.

O objectivo germânico, que patrocinou a oposição ao governo que por ali oligarcava, é claro: retirar um país ficcional de proximidades com a Rússia, esquecendo que a zona leste, mais rica, é russófila e os impérios detestam concorrência à porta. Obviamente Putin não se ficou, e temos de convir que perante uma horda anti-russa tinha obrigação de proteger os seus.

Temos instalada uma guerra, onde para o revivalismo ser perfeito nem faltam nacional-canalhas de um lado e outro.

O assunto entre nós tem sido tratado aproveitando para brincar também à guerra fria: uns batem na Rússia como se esta fosse a URSS, outros defendem-na como se ainda o fosse.

Enrodilhados na propaganda de ambos os lados, a acefalia é sempre irritante mas não há pior do que aquela que engole sem mastigar o marketing dos cangalheiros enquanto os cadáveres se acumulam.

Tal como há 100 anos só conheço uma atitude decente e civilizada perante esta barbárie: a dos pacifistas, esquecendo agora as suas variantes que iam do pacifismo propriamente dito à denúncia dos impérios envolvidos, sendo que isto  nos envolve a nós próprios, que provas do domínio alemão sobre a Europa são por demais evidentes, e o carneirinho Durão Barroso (esquecido que anda de ter gritado nas ruas Guerra do Povo à Guerra Colonial, slogan inspirado precisamente numa centenária consigna blochevique) ainda se despediu do seu triste mandato fazendo uma demonstração pública e impúdica de cunilingus nada erótico.

Já não me espanta que Rui Tavares, em vésperas de ir cometer um acto similar à Universidade de Verão da JSD, tenha claramente tomado partido por um dos impérios no Público. Consta que, ao contrário do ministro Maduro, Rui Tavares acha que ainda temos esquerda e direita. Pois temos, mas a ambição, a sede do poder pelo poder, e uma certa inclinação do mundo fazem pender muitos para o outro lado. Ainda acaba a escrever no Blasfémias I ou II.

Comments

  1. Gostei!

  2. Américo Montez says:

    Já agora, na 2ª guerra mundial, uma atitude pacifista como a que defendes daria o quê ? Mais uns milhões para as câmaras de gás ?

    • Pimba says:

      100 anos o pacifismo era a única coisa decente a fazer contra uma guerra excusada. ALiás, a 1.a Guerra Mundial foi a “Guerra entre primos”, uma espécie de jogo do Risco com pessoas reais.

      Há 75 anos, como haviam nazis ao barulho (nazis esses que surgiram por culpa dessoutra guerra excusada) já näo havia lugar a pacifismos. As 1.a e a 2.a guerras mundiais foram muito diferentes.

  3. J.V. says:

    “uns batem na Rússia como se esta fosse a URSS, outros defendem-na como se ainda o fosse.” Sublime.

  4. joao lopes says:

    petição ao putin:salva-nos da loucura do estado islãmico e da incuria dos dirigentes de bruxelas.

    • h5n1968 says:

      Pedir a um louco que governe o manicómio é sempre sinal de ousadia…

      • coelhopereira says:

        Onde nunca houve louco louco algum a governar o manicómio foi, deixe-me cá adivinhar, nos casos de sucesso do Iraque, do Afeganistão, da Líbia e da Síria. E o Frankenstein que é o ISIS é o produto de políticas desses espelhos de sanidade mental que são os “neocons” de além e de aquém Atlântico, pois é claro.
        Também não deixa de ser ousado que um cidadão de um pais que é uma nesga de terra governada por autênticos atrasados mentais tenha a petulância de chamar louco ao governante que é, tão só, o responsável pelo maior país do Mundo. Não estará a confundir Vladimir Putin com o Presidente da Junta aí mais próxima de si?

  5. A.Silva says:

    O rui tavares está mesmo feito um miserável, parece a bosta do vital moreira.

  6. coelhopereira says:

    Isto de declarar “guerra à guerra” é sempre um gesto simpático e que agrada, certamente, a muitíssimas famílias. O pior é que aos Nazis “no les gusta las palomas blancas” e não sei quanto tempo é que as equilibristas avezinhas poderão salomonicamente aguentar-se em precário equilíbrio no muro divisório. É que as balas começaram a voar e os tempos vão maus ( e irão cada vez pior, desconsoladamente desconfio) para quem confunde o ser-se pacífico com o ser pacifista.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading