Luxo pago com o dinheiro do contribuinte é imoral

Não sei se o conteúdo deste vídeo é novo para quem o está a ouvir. Para mim não é mas mesmo assim senti a necessidade de o partilhar. Ele fala-nos de um juiz do Supremo Tribunal de Justiça da Suécia que todos os dias pedala até à estação de comboios da sua cidade – Uppsala – e dai segue, imagino, para Estocolmo, num comboio que faz o percurso, segundo o Google Maps, em 38 minutos (de carro seriam 53). Um juiz que, imaginem lá o maluco, é contra a corrupção e acredita que luxo pago com dinheiro dos contribuintes é imoral.

De entre os vários exemplos do quão primitiva é a organização da sociedade portuguesa quando comparada com a sueca, chama a atenção o facto de que, neste país insano, juízes, políticos ou quaisquer outros altos funcionários do Estado não beneficiam de imunidade e podem ser processados como qualquer outro cidadão. Qualquer paralelismo que possa ser estabelecido com os resultados que colocam a Suécia do 3º lugar do ranking Corruption Perception Index 2013 enquanto que Portugal figura num modesto 33º mais não será que pura especulação.

O resto deixo para quem quiser ver este esclarecedor vídeo de 1 minuto e 51 segundos. Até lá divirtam-se a pagar carros, casas, ajudas de custo variadas, jantaradas, tachos, campanhas repletas de lixo e propaganda inútil, universidades de verão, submarinos, bancos falidos de criminosos que mantêm fortunas num qualquer offshore e todas aquelas coisas que habitualmente pagamos sem questionar enquanto nos escudamos na velha máxima de que “foi sempre assim e se para lá forem outros não vai mudar“. Eles lá continuarão a viver à grande e a relembrar-nos que estamos em crise porque vivemos acima das nossas possibilidade e que a austeridade é necessária. Exceptuando para eles próprios claro. É o triunfo dos porcos numa quinta com ovelhas a mais…

Comments

  1. Seria de todo desejável que em Portugal também fosse assim!
    “ELES que focalizem bem os olhos” neste conceito de MORALIDADE, porque o DELES, pura e simplesmente…NÃO EXISTE!…”ELES QUEREM É SABER DO UMBIGO DELES”!…
    Desta feita, faço questão de partilhar este pertinente artigo!
    Parabéns João Mendes!

    • Obrigado Paula 🙂

      Mas olhe que sou obrigado a concordar com o Rui Moringa quando refere que não são “eles” mas “nós”. Todos os dias sacudimos a água do capote mas a mudança não se resume ao comportamento das elites mas a uma atitude mais responsável e coerentemente reivindicativa.

      • Pois…agora, como que me “desarmou”, João Mendes!…
        E essa “atitude mais responsável e coerentemente reivindicativa” tem que fluir de uma consciência social mais justa e, em crescendo… 🙂

        • Sem dúvida. Mas por enquanto ainda somos todos, em graus diferentes, responsáveis pela sociedade que temos. Não é à toa que PS e PSD vão destruindo o país alternadamente mas continuam no poder 😉

          • Pois…há que investir na MUDANÇA!…A começar nas mentalidades. E se ELES continuam a deter o PODER, é porque ALGUÉM os elegeu, certo?
            E quem os elegeu?…O POVO, certo?
            Então, se nos conduziram a este caos, a este DESGOVERNO…o POVO, aquando do VOTO, só tem é que contribuir para erradicar a(s) “ESTIRPE(S)” definitivamente, caso contrário, passaremos a “vidinha” nestes “joguinhos” de alternâncias…e cada vez mais DESTRUÍDOS!

          • o povo é tendencialmente masoquista Paula. vai continuar a votar neles enquanto que a maioria daqueles que os criticam vão continuar a ficar em casa em dia de eleições…

          • Pois, João Mendes…todavia, estou em crer que a revolta e a indignação estão em crescendo, mesmo no âmbito dos, até aqui “simpatizantes”!…Agora, relativamente àqueles que os criticam e que, ainda assim, optam por ficar em casa (e, ao que parece, ainda são muitos) há que fazer “ECOAR A NOSSA VOZ”(!), no sentido de contribuírem para a necessária e URGENTE MUDANÇA!…E mais(!)…que se deixem de grafismos reaccionários no voto, pois, VOTOS NULOS, é para eles uma benesse!
            Porque, “valha-nos Deus!”…É IMPRESCINDÍVEL VOTAR, seja de que de forma for!…Mas por favor!…COERENTEMENTE! 🙂

  2. Rui Moringa says:

    Acrescentaria que não há ELES, há NÓS. Ou NÓS mudamos ou continuamos no patamar descrito nos últimos paragrafos do texto. Contudo, parece-me que não há muitas ovelhas mansas! Muitos do conjunto NÓS também surripinam mercadorias ao patrão aldrabam os colegas e vizinhos com o baixo preço de um produto excelente trazido à sucapa de uma qualquer loja – é o mundo do esquema.
    Depois endeusa-se as atitudes dos tipos com boa vida e que não trabalham. é o mundo belo dos finórios.
    Ou seja, enquanto NÓS não começarmos a mudar as atitudes próprias e com o exemlo a dos outros NÓS nunca chegaremso ao nível da Suécio porque é uma questão de educação e civilidade com a COISA-NÓS PÙBLICA.
    De acrescentar que nós vivemos em cidades há mais tempo doque os suecos. Devriamos ter melhor vivência na urbe.
    Ah, o homem ou mulher honesta em termos de verdade e consequente entre as palavras e os comportamentos na minha terra passa muitas vezes por “morcão ou morcona”. É a reificação da chico-espertice…
    Lamento não estarmos um pouco mais próximos das atitudes desse juiíz sueco…
    Pela minha aprte faço os possívesi

    • Pois…Rui Moringa! Acontece que quando me refiro a ELES, reporto-me aos IMORAIS, ou seja, àqueles que NÃO OLHAM A MEIOS PARA ATINGIREM OS FINS!..
      Depreendo que o Rui Moringa considere não incluir-se nessa troupe politicamente maldita…
      Por conseguinte, esqueça lá o NÓS, neste contexto em particular!
      NÓS, os indignados, esses sim!… recriminaremos tais condutais, até que “a voz nos doa”…na esperança de uma necessária e urgente mudança, em prol da justiça social!
      Fiz-me entender agora?

      • Fez sim! mas quem nunca saiu do estabelecimento sem pedir factura contribuindo assim para economias paralelas? que atire a primeira pedra 😉

    • Abel Barreto says:

      Totalmente de acordo.
      A generalidade dos portugueses dá-se bem com a corrupção: são os pequenos favores, o amigo que pode dar um jeito, é o presente que dá ao profesor/a (se agora não se faz, no meu tempo da escola primária era costume), é o dinheiro que se passa por baixo da mesa para o sr. doutor dar um jeito de se conseguir a reforma antes da idade, e por aí fora. São as “cunhas”, que só são más quando são os outros a mete-las.
      À medida que se sobe a escada da importância/estatuto da profissão ou do indivíduo, os valores envolvidos nas “cunhas” aumentam até que acabam por chegar aos milhões.
      Por isso concordo que temos de ser NÓS a mudar.

    • Infelizmente é muito por ai Rui. falta-nos ultrapassar esse chico-espertismo. as nossas elites são o espelho disso mesmo…

  3. Rui Moringa says:

    Paula,
    Agradeço o esclarecimento. De acordo, tendo em consideração o contexto em que se expressa.

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