Comemorando os 35 anos do Serviço Nacional de Saúde, a RTP2 não encontrou melhor destaque que fazer uma extensa entrevista ao seu maior inimigo, Artur Osório Araújo, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada. A banha da cobra foi vendida sem vergonha nem a mais pequena sombra de rigor ou decência. Ficamos a saber o que vem aí para abocanhar os restos do BES Saúde e ferrar o dente na jugular do SNS. Mais tarde, a RTP tentou disfarçar o golpe e, assim, José Manuel Silva teve direito a duas ou três perguntas “a despachar”a que, felizmente e como era de esperar, respondeu rigorosa e certeiramente. Preparem-se, que isto agora é a sério. (Nem falo aqui nas discretas e envergonhadas comemorações governamentais; só faltou pedirem desculpa aos donos por ainda não terem feito o serviço de destruição completo).
É sabido que a melhor maneira de garantir uma auspiciosa festa de aniversário de arromba é convidar para os
lugares de mordomos do evento os coveiros, actuais ou a haver, do aniversariante… Dá-se à coisa um ar de festa temática gótico-decadente “bué da louco”.
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Voltando à coisa: é claro que não convém às nossas queridas televisões, mai-lo seu jornalismo de eleição, alargarem-se em audições ao verdadeiro pai do SNS, o intrinsecamente socialista António Arnaut, não vá o senhor descair-se com alguma inconveniência, como aquela que lhe ouvi numas breves frases tiradas, fugazmente, do baú das memórias: aquela inconvenientíssima lembrança de que a Direita se mostrou muitíssimo reticente à criação do SNS.
Sinais dos tempos: o pai do SNS viu-se relegado para o mecânico papel de “pai biológico” do pimpolho ( o SNS), enquanto os crapulazitos que desposaram, em segundas, terceiras, quartas, quintas, e por aí adiante…, núpcias, a santa mãe do rebento ( a nossa democrática República) se vêem incensados como “pais afectivos” do marmanjão que já faz 35 aninhos. É caso para dizer que, com “afectividades” destas, mais vale o “afecto” de grandes arraiais de porrada. E sempre se poupava no insuportável carnaval de hipocrisia com que nos têm brindado.