Rescrever a História?

-O Estado Novo existiu. É um tempo Histórico que ninguém deseja ver repetido, mas também não deve ser esquecido. Muito menos apagado como se entre 1926 e 1974 ninguém tivesse exercido o cargo de Presidente da República em Portugal. Ou não se realizaria uma exposição e parece-me duvidoso que a presença de 3 personagens o justifique, ou se vamos pelo carácter provavelmente alguns dos políticos da 1ª república talvez merecessem um escrutínio mais apertado. Isto para não ir mais longe, porque se abrirmos a caixa de Pandora acabamos a retirar as estátuas do Marquês de Pombal. Tenham juízo. Apagar imagens e rescrever História é prática de regimes totalitários, não de Democracias.

Comments

  1. Américo Montez says:

    Por muito que me custe, e custa, concordo consigo.
    Agora, se eu fosse deputado e não houvesse câmaras de vigilância, os bustos de 3 dos personagens apareceriam riscados a spray. Que as pichagens também fazem parte da História.

  2. A História distingue os eleitos dos nomeados por um ditador. Como distingue a República da monarquia de jurisprudência divina.
    Mas isso é a História, não quem nem percebe a diferença entre uns e outros.

    • Até porque exerce funções de professor, que diria aos seus alunos? Saltava da 1ª para a 3ª República como um passe de mágica? E já agora permita que lhe pergunte, quantos na 1ª República foram eleitos? Acrescente a esses os nomes de Spínola e Costa Gomes e quantos ficam? Não sei se apostaria numa exposição deste teor se o critério fosse apenas democrático, legitimado pelo voto…

      • Claro que não salto: o Estado Novo é estudado no seu contexto, enquanto ditadura, bem caracterizada nas ascensão dos fascismos na Europa.
        Presidentes da I República que não foram eleitos pelo parlamento? houve, o Sidónio e o Canto e Castro. Também não têm nada que lá estar.
        Os dois não eleitos da II República, foram mais que aclamados pela população (o 1º de Maio de 74 foi o sufrágio possível naquele momento) e fundaram um regime democrático (o Spínola nem por isso, mas justifica a sua presença).
        Agora não perceber a diferença entre democracia, mesmo com as limitações da I República perfeitamente naturais à época, e ditadura, é outro problema. Chama-se revisionismo histórico. Em França e na Alemanha dá cadeia, e já estive mais longe de concordar com isso.

        • A subida dos extremismos também se explica pela falta de informação. Não compreender e estudar um período negro da História facilita a tarefa dos que pretendem mais que revisionismo, aspiram ao revivalismo. Os países que cita durante muito tempo não perceberam isso, mas nos últimos anos têm vindo a reconciliar-se com o passado. O que não significa de todo o seu branqueamento ou exaltação. Mas é necessário que não seja apagado, até para que não se repita.
          No caso do post, tenho é dúvidas que a exposição em si se justifique. Mas se entenderem que a mesma deve ir por diante, então que se faça com todos. No palácio de Belém também estão os retratos de todos os Presidentes da República. E não creio que isso coloque em causa o regime democrático.

          • Não desconversemos: a AR não dá aulas de História, decidiu homenagear quem não o merecia.

          • coelhopereira says:

            “[…] nos últimos anos têm vindo a reconciliar-se com o passado”? Li bem? Não me diga que a moderna Alemanha se “reconciliou” com as boas obras da defuntíssima Alemanha do III Reich? Já os germânicos deputados inauguraram no seu Parlamento uma exposição em que se erga, garboso, um busto de Adolf Hitler? Já a República Francesa fez o mesmo com o Marechal colaboracionista de Vichy? E Mussolini, será ele celebrado no Parlamento italiano por deputados “reconciliados” com as suas benfeitorias na Líbia, na Etiópia e na Grécia? E se o PCP mandasse colocar um busto de Estaline nas localidades onde é poder autárquico maioritário, gabaria o senhor tal “reconciliação” com o passado?
            Pôr a questão em termos de presidentes eleitos/não eleitos é, por si só, uma falácia ( é bom que não nos esqueçamos que Adolf Hitler foi eleito em eleições democráticas). O que aqui interessa é que Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás foram cúmplices num regime de terror cuja polícia política aprendeu as suas habilidades com a Gestapo hitleriana, um regime fascista que teve os seus campos de concentração, o seu cortejo de torturados, de encarcerados, de assassinados, um regime fascista que apoiou o assassino Franco no seu genocídio do povo espanhol, um regime que, na sua fase terminal, enterrou o povo português numa desastrosa Guerra Colonial em que se aliou com a Rodésia racista e com essa aberração que era a África do Sul do “Apartheid”, para juntos reclamarem o sangue de milhares e milhares de Africanos. É isto que interessa. Constarão estas informações das infogravuras que acompanham os bustos desses senhores na exposição em questão? Não me parece. E essas ausências, por si só, significam muito mais do que a metálica presença de tão ilustres bustos: significam um efectivo branqueamento do negro percurso de três verdugos corta-fitas de uma ditadura fascista que fez este povo viver no medo, no subdesenvolvimento, no analfabetismo e na miséria.
            Mas que podemos nós dizer da memória histórica do povo de um país em que a antiga sede da PIDE/DGS foi transformada em condomínio de luxo?

          • Bem lembrado, o Hitler. E toda a legislação alemã que proíbe as suas imagens, todos os bustos e estátuas que foram arrasadas.
            Já agora, na parte leste, ainda há pouco se proibiu que uma estátua de Lenine fosse desenterrada.
            Mas claro, isso não interessa para nada, os nossos ditadores são nacionais, logo bons.

  3. A julgar pelo panorama socioeconómico contemporâneo até se podia defender que não só o Estado Novo existiu como muito do seu legado foi cuidadosamente conservado/restaurado.

  4. Dora says:

    Cá por mim, podem lá estar todos.

    Mas, aproveitando este espírito das “primárias”, poder-se-ia fazer qualquer coisa para dar mais transparência à coisa e aproximar os cidadãos da vida política.

    PS: Creio que retiraram o retrato de Freitas do Amaral da sede do CDS, não foi? Está mal….

    • coelhopereira says:

      Terão sido tiques estalinistas de direita que levaram a tal remoção? Não querem lá ver que, a julgar pelos discursos dos deputados do CDS-PP da Assembleia, o Dr. Freitas do Amaral será um energúmeno maior do que os três estarolas corta-fitas bronzificados foram? Parece-me que o nível de exigência dos jovens turcos portistas é um, para a “gente bem”, no Caldas e outro, para o povinho, no Parlamento. Não é coisa a que já nos nos tenhamos habituado, digo eu.

      • Na altura critiquei o CDS-PP embora o assunto diga apenas respeito aos militantes do partido, coisa que nunca fui. Sem pretender justificar nada, já vi Paulo Portas afirmar que não o faria e que mal ou bem Freitas do Amaral faz parte da história do partido. Ou seja, retratou-se. Desconheço se o quadro está novamente no lugar ou não.
        Já me interessa o que se passa na A.R. porque sou português, ainda que não resida no país.
        Mas obviamente que o exemplo é válido para aferir coerência de políticos. Como vários outros. E nestas matérias não poupo ninguém, pouco me importa a área política.

  5. Escreva ao Bundestag e proponha algo de parecido com o busto do Tio Adolf…!!!!

    Voltou a puxar-lhe o pé para a chinela… inevitavelmente!

  6. Reblogged this on O Retiro do Sossego and commented:
    Se não se quer branquear a história, escrevam em letras bem gordas, junto de cada bosta, desculpem o erro, busto, a palavra: CARRASCO DO POVO

  7. “Bustos

    Já cá faltavam as boas almas a desancarem o PCP, os Verdes e o BE pela oposição que aqueles partidos manifestaram à presença dos bustos dos “presidentes” nomeados por Salazar na exposição da Assembleia da República. Pois eu subscrevo o protesto daqueles deputados. E isso não tem nada a ver com o “apagar da história” com que tanto se preocupam alguns.
    Deixando de lado o facto de a exposição de bustos ter sempre associada a ideia de homenagem – dou de barato que não será esse o caso – a questão é de saber se o tempo que vivemos é a 2ª ou a 3ª República, ou seja, se o período fascista foi uma fase da República Portuguesa. Se esse regime se plasma numa “res-publica”, coisa do povo, coisa pública. Na minha modesta opinião, não. Logo, é totalmente desadequado classificar os três títeres fascistas como “presidentes da república”, já que tal república não existia. Não podemos ficar reféns da dicotomia república-monarquia. Diria mesmo, talvez para escândalo de alguns, que a monarquia constitucional em Portugal teve momentos mais próximos dos valores republicanos que o Salazarismo.”

    – 01/10/2014 por José Gabriel

    http://aventar.eu/2014/10/01/bustos/

  8. Luís says:

    Só dá para rir mesmo João José Cardoso!
    “Os dois não eleitos da II República, foram mais que aclamados pela população (o 1º de Maio de 74 foi o sufrágio possível naquele momento)” – esquece-se que dias antes do 25 de Abril, Marcello Caetano foi aclamado por uma multidão imensa, e não é por isso que foi legitimado democraticamente;
    “Agora não perceber a diferença entre democracia, mesmo com as limitações da I República perfeitamente naturais à época, e ditadura, é outro problema. Chama-se revisionismo histórico. Em França e na Alemanha dá cadeia, e já estive mais longe de concordar com isso” – Considera chocante não perceber as limitações da I República perfeitamente naturais à época, mas a do Estado Novo, que começou imediatamente a seguir, já não pode ser avaliado, e comparado, com os estalines, hitlers, francos, etc da época, sendo que o Estado Novo, comparado com esses, era o paraíso das liberdades!
    Isto sim, chama-se revisionismo histórico!

  9. Josand says:

    Que se retirem todos os bustos e nomes de todos os que não foram eleitos. Que não sobre 1 que seja. De todo o Mundo.
    Para quê parar pelos bustos. Vamos a tudo o que seja programa escolar, quadros, pinturas, esculturas, jardins, edifícios(teríamos de demolir a Assemb da Rep.) e todos os descendentes de ditadores, porque é sangue ruim e que a sua persistência corrompe a humanidade. Sobrará alguém?
    Alguma vestal?

  10. Josand says:

    Os seus argumentos são bastante maleáveis para não dizer anedóticos. Não estamos no mesmo plano de honestidade.

    Já agora elucide-nos sobre a promessa de voto universal da 1ª República e que depois… Kaput?
    Já que estamos nisto. A Constituição de 1933 foi referendada… e a de 1976?

    “Um malandro, o Afonso Costa. Já agora, em quantos países do mundo votavam as mulheres em 1911?”

    Mas que lhes andou a prometer andou. Eu sei que o conceito de democracia é só quando lhe dá jeito, mas até o regime do Estado Novo era mais livre do que o da 1ª República, tanto que aplaudiram o novo regime.

    Não sei que raio de ódio podem ter ao Homem se ele até foi bem mais benevolente que os maltrapilhos da 1ª República, antro de maçónicos, anti-liberdade( a religiosa então…) e que lançaram Portugal no Esterco. Mas como formalmente era uma Democracia???? LOLOLOL.

    • Foi referendada, foi. Em ditadura e com as abstenções a valerem como votos a favor.
      Isto de ler o Rui Rocha e pensar que se sabe História acaba sempre mal.

  11. Josand says:

    Claro que em 1976 estávamos em democracia e paz florescentes e não houve uns quantos partidos ilegalizados e impedidos de concorrer previamente nas eleições. Tanto é que o CDS, que é um partido de Centro, ficou para sempre como a Direita Portuguesa. Do lado oposto, o PCP também tratou de não deixar que os partidos infantis do comunismo entrassem no jogo.
    Mas nem disfarçaram aqui, já não precisavam de referendo… os deputados sabiam o que era melhor não? NO entanto em 1933 ou 1911, as mulheres não podiam votar e qual foi mesmo o seu argumento?

    O resto? Um regime que nunca se aguentou sem ajuda externa e entrou em bancarrota duas vezes até entrar para a CEE em 1986 e agora uma terceira vez…

    Pare de ler pelas Pimentéis ou Rosas. Eu nunca li nada de Rui Ramos(Rui Rocha não sei quem é) que mais não sejam as crónicas no Observador. Mas podia ler sei lá, os Contos Proibidos do Rui Mateus, o Depoimento e as Minhas Memórias de Salazar do Caetano, a História de Portugal de José Mattoso, etc etc etc…

    Também podia querer ler os arquivos da PIDE/DGS mas parece que o PCP, como patriota, dizem por aí que os enviou para Moscovo… ainda se podia ler que a PIDE/DGS teve de salvar alguns militantes comunistas do aparelho do PCP ou perceber que eles bufavam mas pediam à PIDE para dizer que tinham sido torturados para não serem linchados pelos “camaradas”… Mas nunca saberemos porque os patriota cederam-nos a um país estrangeiro. E com sorte ainda ficam com estátuas e avenidas com o nome deles.

    Como devo fazer ? Simplesmente inspirar, emprenhar pelos ouvidos e dizer o que me vem à cabeça… é o seu método?

    Ou reflectir, apurar dados e ler todas as versões?

    • O volume da História de Portugal referente ao estado novo foi coordenado por Fernando Rosas. E o da monarquia constitucional pelo ilustre doutorado em ciências politicas que também não leu.
      Quando voltar a mentir, coxeie menos. Talvez passe despercebida essa fantástica comparação entre o referendo de 33 e as eleições de 75, e não de 76.

      • Josand says:

        E voce gosta de colocar palavras no que os outros dizem… mais um talento? Leia outra vez, devagar…

        Esqueça. Aí não entra nada e só sai chavão e asneira. Essa fé impede discussões racionais…

        • Claro, foi fé minha. A esperança e a caridade (excepto para tudo o que cheire a esquerda) são suas.

          • coelhopereira says:

            Cuidado, meu caro João José Cardoso, olhe que a avaliar pela conversa da “racionalidade” do senhor que tem trocado (arremessado?) uns piropos consigo, se fosse ele a mandar, já o senhor estaria a “curar-se” de uma inventada maleita psiquiátrica em internamento compulsivo. E pela maneira como os “compagnons de route” deste senhor têm medrado na Europa… não sei não…

          • Quem, o troll dos números? Pois esse já tinha reinaugurado o Forte de Peniche enquanto não acabava um campo de concentração largo e espaçoso no Baixo Alentejo.

          • Josand says:

            Olá João José.

            Pode chamar-me como Troll dos factos. Eu sei, tem um problema grave com isso. Não faz mal, enquanto houver honestidade no Mundo vai haver sempre alguém a desmentir as barbaridades que para aqui são ditas.

            Eu disse: “Claro que em 1976 estávamos em democracia e paz florescentes e não houve uns quantos partidos ilegalizados e impedidos de concorrer PREVIAMENTE nas eleições.”
            1ºEspero que o significado desta palavra(previamente) não seja desconhecido para si.

            2º Quantas versões conhece da História de Portugal de José Mattoso?

            Não se precipite…
            Capítulo 17
            313 O Estado Novo. Facismo, Salazarismo e Europa
            Luís Reis Torgal

            “Contrariamente à perspectiva tradicional sobre este período e que ainda encontra aderentes, o Estado Novo, longe de ter sido um tempo de estagnação, foi uma das épocas mais dinâmicas, em termos econômicos, da história portuguesa.”
            Em: Capítulo 13
            Causas históricas do atraso econômico português Jaime Reis

            História de Portugal / José Mattoso… [et
            al]; José Tengarrinha, organizador. —
            Bauru, SP : EDUSC ; São Paulo, SP : UNESP;
            Portugal, PO : Instituto Camões, 2000.
            371p.; 23cm. — (Coleção História)

            Quer o ISBN?

          • Vamos lá ver essas dos partidos impedidos de concorrer. Falamos do PDC, que eventualmente teria eleito em Viseu, talvez Lisboa. Não tinha estrutura para mais e sobretudo não tinha o financiamento do CDS que ficou com esses deputados.
            Depois houve um PCP ML, se bem me recordo a sigla era essa, que no seu auge deve ter reunido 100 pessoas numa sala (deixo agora de lado umas piadas sobre o Vilar e a Faria que foi fazer carreira para o pimba infantil).
            E, é claro o PCTP, acho que em 75 já o tínhamos fundado. Digo tínhamos porque nesse militava eu, e conheço bem as hipóteses que tinha: eleger um deputado.
            Isto por um lado, eram as possibilidades de profunda alteração da composição da constituinte, em que o grosso da direita votou PS.
            Por outro, nunca em Portugal houve tanta isenção da comunicação social, com espaços igualmente distribuídos por todos os concorrentes, cobertura isenta da campanha, despertando real interesse e procura de informação por parte dos votantes, exactamente ao contrário do que sucedeu a partir daí até chegarmos à vigarice actual, com uma comunicação social empenhada nas causas dos seus proprietários.

            Quanto à História de Portugal dirigida por José Mattoso, há uma e não é concisa (concisas uso pouco, lembram-me a revisionista Saraiva). Não conta com a participação do ilustre especialista de História e Teoria das Ideias do Antigo Regime (o dos sécs XVII e XVIII), Reis Torgal, no seu sétimo volume. Penso que se refere a esta:

            https://pt.scribd.com/doc/230840974/Historia-de-Portugal-Organizador-Jose-Tengarrinhaal

            onde o medievalista Mattoso colabora, convidado por José Tengarrinha que coordena. Faz uma certa diferença.

            Voltando aos números, e ao essencial, tenho de repetir quantas vezes que ninguém nega esse “crescimento económico” da década de 60, o que qualquer historiador sério faz é colocá-lo no devido sítio, ou seja, cresceu sim, no último quarto de um regime que manteve Portugal na miséria no grosso dos seus 48 anos? e que os indicadores comparáveis a outros países nos deixaram sempre no último lugar da Europa a par da Grécia, onde estávamos em 1974? e que hoje já não ocupamos esse lugar, embora este governo se esforce? que temos um SNS de grande qualidade e uma rede pública de ensino com os melhores crescimentos em ganhos para a população dos últimos 40 anos europeus? e que partiram, em 74, da indigência, da maior taxa de analfabetismo, da pior da mortalidade infantil para aqui chegarem de forma exemplar? E que o dito “crescimento económico” se baseou na exploração desenfreada de mão-de-obra, pese que no final houve melhorias pela simples razão de que não havia mão-de-obra, tinha fugido a salto para França? E na torrencial desigualdade social, sempre com a mesma burguesia rentista a comandar?
            E sobretudo que o seu Salazar foi um déspota responsável pelo assassinato de milhares de pessoas? e que já agora Hitler também obteve uma fantástica dinâmica económica?
            Já vi que não vale a pena repetir. Por sua vontade eu lá iria para um campo de concentração que é onde você quer os comunas, que é onde os surdos gostam de guardar os que lhes repetem evidências, enquanto insistem no argumentário pindérico do Ramos.

  12. Josand says:

    Eu já vi que eu estou eprfeitamente aculturado à liberdade de expressão, posso dizer o mesmo de si?

    Como é que partidos fascistas estão proibidos mas comunistas não? A razão pela qual um está proibido não é extensível à outra parte?

    Gosto sempre desta tolerância pelas ideias alheias… Eu falo dum regime que já terminou há 40 anos. Outros pretendem replicá-lo mas sob uma bandeira diferente. E ai de quem os afronte. É logo de fascista para cima!

  13. Josand says:

    “O traço mais conservador da sociedade portuguesa actual é o primado do intelectual sobre a política nobre. Desdobra-se em dois. O mais grosso é do atestado de esquerda para falar em nome do povo, o mai fino o do apartheid a que dita nova direita vota os os trinetos de Lenine . Comecemos pelo primeiro, noutro número iremos ao segundo.

    1) Os guardiões culturais:

    Qualquer político que queira falar em nome do povo mas não tenha um parente na família da esquerda é arrumado como populista. Pior: se pertencer à família, mas falhar em alguma das categorias sagradas ( aborto, LGBT ou nacionalismo), é excluído. De certo modo é um reflexo especular do pré-25 Abril: pelo menos para efeito de propaganda, todo o oposicionista à esquerda era considerado vermelho.
    Este direito de nomear, como seria esperável, não é exercido pelo povo, mas pelos guardiões culturais. Como sem uma burguesia forte não há proletariado forte, no pós-74 e agora ainda mais, a condição cultural de esquerda é couto privado dos guardiões. Desde os episódios ridículos ( vg Vasco Graça Moura) aos mais tensos -Marinho Pinto -, passando pelo aconchego sistemático que os guardiões da cultura oferecem ao vate escolhido( António Costa).

    2) A inscrição:

    Exceptuando o PCP e a CGTP, que representam o neo-proletariado fraco, os detentores do certificado cultural não se interessam pelas fabriquetas arruinadas e empresas insolventes no meio de nenhures. Sobra-lhes o referido no ponto anterior e mais uns pós.
    O poder de nomear assenta, claro, nas academias e nas escolas secundárias : uma vez mais o reflexo especular do pré-74. A Historia que é ensinada, desde tenra idade, é a História marxista ( o contraditório, cá em casa, foi feito por mim) e nas academias e nos media, Focault é Deus.
    O problema é de inscrição. Os cidadãos não são todos iguais na esfera política. Como o discurso de Robespierre ( Abril de 1791) pontuava, a distinção ente cidadão activo , passivo e meio passivo reside nas diferentes capacidades de se poderem eleger ( Zizeck, Virtue and Terror, 2007). O corpo político regulava a identidade política do cidadão.
    À esquerda é permitido tudo – do ataque à democracia ( dita burguesa) até à mais pornográfica ostentação na lapela do cravinho vermelho quando se passou num ápice de advogado de vão de escada para oligarca milionário de serviços prestado ao Estado. À direita, ou mesmo ao centro impuro ( ver ponto 1), usa-se a ignominiosa e conveniente cruz da ignorância e da incultura.”
    http://nadaodispoeaac.blogspot.pt/2014/10/os-intelectuais-e-o-povo.html

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