Negócios da China

Honk Kong

Numa altura em que ocidente democrático se insurge contra barbaridades variadas perpetradas por russos e árabes (só alguns claro, a Arábia Saudita, por exemplo, continua a ser uma excepção e um exemplo de respeito pelos direitos humanos), Portugal continua de portas escancaradas para o investimento dessa nação plural que é a República Popular da China. E se dúvidas restassem quanto ao grau de abertura e respeito pelos valores ocidentais que supostamente defendemos, a vice-ministra chinesa Xu Lin esclareceu-as por completo na sua recente visita a Portugal para integrar um painel da uma conferência organizada pela Associação Europeia de Estudos Chineses na Universidade do Minho. Foi um belo momento de convivência democrática.

Por cá os nossos amigos chineses continuam a rivalizar com a elite de Luanda no que toca a aproveitar os saldos em que o actual governo nos colocou nos 3 últimos anos. Entre EDP, REN e outras participações aqui e acolá, num investimento total que, segundo o jornal Expresso, atingiu os 5 mil milhões de euros no espaço de 3 anos, da saúde aos seguros, passando pelo sector imobiliário e energético, o gigante asiático prepara-se para aumentar o seu raio de influência na economia portuguesa. BESI, sector portuário ou transportes marítimos estão na mira de Pequim e dificilmente se levantará qualquer tipo de obstáculo às suas intenções, que passam sobretudo pela abertura de portas em África e na própria Europa. E por cá, como bem sabemos, há muito bom manuseador de portas.

E desenganem-se aqueles que pensam que os sociais-democratas são os únicos interessados nesta parceria. Entre outros exemplos que poderiam ser enunciados, vou citar apenas o facto de Almeida Santos, histórico do PS e um dos homens fortes por trás da subida de António Costa ao topo de hierarquia socialista, ser o presidente da mesa da Assembleia Geral da Geocapital, a gestora de participações da CEP, uma das 5 empresas nacionais que já é detida a mais de 50% por capital chinês e que entrou recentemente no mercado financeiro moçambicano com a criação do Moza Banco. Será uma parceria para o futuro e, quem sabe, um dia talvez exportemos alguns boys para o sector empresarial do estado chinês que, convenhamos, é bem grande e deve dar para lá meter os jotas todos.

Simultaneamente, em Hong Kong, milhares de manifestantes não parecem tão interessados em negociar com Pequim. Já há vários dias que dezenas de milhares de rebeldes chineses se mantêm nas ruas a pedir mais democracia e liberdade. Mas, à semelhança daquilo que aconteceu em Julho, o regime começou já a encarcerar alguns. Será que o governo português se irá alinhar com estas legítimas reivindicações, à semelhança do que vem fazendo no caso da Ucrânia ou dos rebeldes sírios que lutam contra Bashar al-Assad em part-time (nas horas vagas reforçam o contingente do ISIS), ou irá fazer vista grossa a mais esta “primavera” com a mesma rapidez que baixa as calças à elite de Luanda?

 

Comments

  1. coelhopereira says:

    Deixe cá ver se eu percebi: os seus concidadãos que constituem o Governo do seu país vendem o mesmo a retalho e o senhor desanca em quem, aproveitando o negócio ao preço da uva mijona, lho compra? Ao zurzir as “elites” chinesa e angolana não terá o senhor errado o alvo? Não serão as “elites” do seu país as merecedoras de esquadrão de fuzilamento por crime de alta-traição? Mas é melhor chamar “corruptos” a chineses e angolanos, não vá a gente meter-se em despesas de tribunal se o fizer a quem cá reside e tem portuguesíssima nacionalidade, não é? E essa de os chineses necessitarem do saber acumulado dos portugueses para “abrir portas em África” é a sério ou é para rir?
    Quanto à tão bela e natural manifestação pela democracia do “Occupy Central”, não seja ingénuo e vá à página da internet do National Endowment For Democracy e veja quem, há poucos meses, se reuniu com o vice de Obama. As reivindicações desses “democratas avençados made in USA” são tão legítimas quanto legítima é a reivindicação do hamburguer ser considerado um prato de “haute cuisine” Lá se deixou o caro amigo enrolar em mais uma patranha pseudo democrática cozinhada nos laboratórios da CIA.

    • Parece-me claro que a minha crítica tem como alvo o bloco central e não os oligarcas chineses. Mas se me pergunta sem tenho algum respeito pela elite dirigente do regime angolano ou chinês a resposta é óbvia: não tenho. Como não tenho qualquer receio de chamar os bois pelos nomes. sejam eles o Obama ou o Pedro Passos Coelho. Prova disso são muitos dos textos que tenho escrito neste blog e que estão disponíveis para qualquer esclarecimento. Por isso por favor não me confunda e entenda que o facto de considerar as elites dirigentes de Angola e China corruptas e violentas não faz de mim um apoiante deste ou de outro governo que vem desgovernando Portugal durante toda a nossa história. Já agora, eu não disse que os chineses necessitam do saber acumulado dos portugueses para abrir portas na Europa. Eu fiz essa referência no sentido do link que disponibilizei na frase anterior. De qualquer forma, controlar Portugal tem as suas vantagens no seio da UE e dos PALOP’s.

      Finalmente, e conforme já lhe disse no outro post (que nada tem a ver com o tema Hong Kong pelo que o convido a, querendo, continuar a conversa por aqui) o facto de parte dos manifestantes serem instrumentalizados pelos EUA, à semelhança do que aconteceu por exemplo na Ucrânia, não invalida o facto da esmagadora maioria dos manifestantes estarem apenas a lutar por mais liberdade e abertura. ou você acha mesmo que as dezenas de milhares nas ruas foram todos, sem excepção, comprados por Washington? Você queria viver debaixo de um regime controlado por milionários que mantêm parte da sua população a trabalhar por arroz para as fábricas da Nike ou da Tommy? Eu não. E antes que me julgue outra vez, não pense que apoio este tipo de pseudo-democracia em que vivemos mas com certeza que não considero o regime chinês como exemplo a seguir. Nem pense que me deixo enganar pelos esquemas de manipulação dos imperadores. Nem pela família ou pelos generais do Eduardo dos Santos que sugam recursos a um país rico onde a esmagadora maioria da população passa necessidades.

      • coelhopereira says:

        O senhor erra o ponto: quem é formado, apoiado, financiado e incentivado por aqueles senhores que eu já lhe disse em anteriores comentários não é “parte” dos manifestantes: é o núcleo duro desses manifestantes, ou seja, o seu directório. O resto desses manifestantes faz o papel de idiotas úteis ao não compreenderem que são um mero joguete nas mãos de quem os instrumentaliza para atingir outros fins. E mais uma vez lhe digo que a sua análise do problema enferma da mais cândida das ingenuidades.
        Quanto às “elites angolanas”, deixe-me ser bem claro: a generalidade dos portugueses não tem nada a ensinar nem a essas “elites”, nem à generalidade do Povo angolano. O Povo angolano soube bater-se heroicamente pela sua independência. Enquanto esse Povo pagava com o seu sangue e a destruição da sua terra a sua vontade de ter um país e um futuro, aqui, no seu país, havia grupos excursionistas de políticos nacionais que se deslocavam ao paraíso democrático da Jamba de Jonas Savimbi, assistindo a animadíssimos bailaricos africanos no mesmíssimo recinto onde o “democrata pró-ocidental” ovimbundu mandara queimar crianças, mulheres e homens. Houve até um desses alegres excursionistas que, num assomo de mística e comovida gratidão, resolveu homenagear o Pol Pot angolano ao atribuir ao primogénito filho do seu segundo casamento o nome de “Jonas”. Na altura em que o Povo angolano se batia pela sua sobrevivência, a esmagadora maioria da classe política e da população do seu país achava que o futuro radioso de Angola consumar-se-ia na chegada ao poder de um horrendo torcionário psicopata saído das trevas da Idade Média. Só isto chegaria, a quem tivesse um pingo de vergonha na tromba, para se abster perpetuamente de dizer fosse o que fosse sobre os assuntos internos de Angola. Mas convenhamos que vergonha é coisa que por estas bandas não abunda muito…
        Posto isto, e por tudo o que atrás ficou exposto, não seria melhor deixar Angola em paz e sobre o assunto manter um prudente silêncio? Ou o senhor, cidadão de um país que, com os seus 10 milhões de habitantes, mais não é do que o protectorado de uns quantos bancos e agências de “ratting” internacionais, tem a humilde pretensão de dizer o que devem ou não devem fazer o Povo Chinês, o Povo Angolano e os seus respectivos Governos na gestão das imensas realidades geográficas e demográficas que são os seus países?
        Compreenda uma coisa: nos dias que correm nem aqui, no seu próprio país, a sua voz (como a de milhões de outros portugueses) é tida ou achada para o que quer que seja. Por mais que o senhor grite, as “elites” suas concidadâs estão-se borrifando para aquilo que o senhor ache ou deixe de achar acerca da sua própria vida. Quer o senhor, impotente na sua própria terra, exportar a caricatura de democracia que ora aqui experimenta para outras latitudes e outros povos? Ou será a exportação do modelo “democrático” dos EUA ou da UE que tem em mente? É para rir?

        • Eu não erro nesse ponto, simplesmente não o mencionei. E não só não duvido daquilo que diz como concordo. Mas esses manifestantes que fazem papel de idiotas também existem e as suas aspirações são legítimas. Ou não acha que não são?

          Eu não acho que os portugueses tenham ou não algo a ensinar aos angolanos. Mas isso não invalida que o regime Eduardo dos Santos seja uma aberração, algo que me parece estar a querer branquear. E não é por Savimbi ter sido o monstro que refere que o actual governo que explora os recursos que são de todos os angolanos para seu benefício se torna mais legítimo. O clã Santos e a sua corte não são exemplo nenhum, são oportunistas iguais aos que temos por cá que vivem no luxo do petróleo que continua a não ser usado em benefício da população. Parece-lhe um bom princípio?

          Acho interessante que coloque em causa a minha legitimidade de discutir este tema. O facto de Portugal ser um protectorado da alta finança, algo que não é feito com o meu apoio, não me impede, de forma alguma, de apontar o dedo a toda a qualquer forma de repressão ou exploração. Mas eu podia pegar no exacto mesmo argumento e questioná-lo sobre a sua legitimidade de julgar o governo norte-americano. Não o faço não só porque concordo consigo mas principalmente porque entendo que tem liberdade de o fazer.

          Eu sei que sou apenas uma formiga insignificante e que as “minhas” elites se estão a borrifar para o que digo. Mas como não acredito que a solução seja cruzar os braços e como ainda alimento as minhas utopias, acredito que quantos mais fizermos barulho, mais pessoas poderão ser “contagiadas” e mais hipóteses temos de um dia conseguir fazer a diferença. E o senhor insiste, apesar de não me conhecer, em colar-me a modelos que não defendo. Não, não me parece que este modelo de democracia ocidental seja o ideal. É um embuste e uma armadilha. Mas acredito que existem aspectos positivos na sociedade europeia que podem ser integrados numa futura e mais avançada forma de organização social. Já o senhor deve ter algum modelo genial na manga, pelo menos a julgar pela forma como etiqueta terceiros e ridiculariza as suas opiniões.

          • coelhopereira says:

            Dado o carácter de peculiar boa-educação da sua última frase, acho por bem deixarmos a prosa por aqui. As inconsistências ideológicas flikflakianas expostas por si no anterior comentário falam por si e não necessitam de contraditório. E, francamente, falta-me a pachorra para discutir com quem tem uma reacção hiper-sensível à exposição da sua triste e vil realidade circundante, reacção num grau e magnitude quase tão grandes quanto o da fobia a espelhos que o consome.
            Passe bem.

          • Ui! Depois de tanta agressividade, tanta etiqueta e tanto ridicularizar/menosprezar da opinião alheia e sai daqui ofendido com algo tão inofensivo como “Já o senhor deve ter algum modelo genial na manga, pelo menos a julgar pela forma como etiqueta terceiros e ridiculariza as suas opiniões.”?? Agora sou eu que estou espantado com a sua hiper-sensibilidade e confesso que também me falta alguma pachorra para quem ataca o Ocidente de forma tão feroz e defende a legitimidade de ditadores como José Eduardo dos Santos. Ou que fala de inconsistências ideológicas que se vê no direito de apontar o dedo ao imperialismo norte-americano mas nega aos outros o direito de apontar o dedo a outros imperialismos que porventura são do seu agrado. Ou que confunde o discordar da sua opinião como uma “reacção hiper-sensível à exposição da sua triste e vil realidade circundante”.

            Passe bem e volte sempre.

          • coelhopereira says:

            Vou explicar-lhe uma coisinha: é desejável que o Senhor pegue nessa entidade a que chama de “Ocidente” ( será que o seu “Ocidente” é o mesmo que o de um alemão ou de um inglês ou as duas anteriores nacionalidades considerá-lo-ão mais um habitante da África que, para eles, começa ali nos Pirinéus?) e tenha a fineza de a meter lá onde o Sol não brilha. O cheiro não é coisa que incomodará por aí além esse seu tão querido “Ocidente”: afinal de contas, na merda já ele está, e liderado por merda já ele é. Só disso se não deu conta o senhor que, do alto do seu serôdio eurocentrismo, ainda pensa ser a Europa o farol cívico da urbe terrestre com muito a ensinar ao resto do bárbaro Mundo. Homem, abra os olhos e enxergue à sua volta: esse seu querido “Ocidente”, mais os seus muito humanistas valores europeus, destruiu o seu país e os seus conterrâneos. Agradeça-lhe, pois, mais uma empreitada de humanismo civilizacional tão bem sucedida. E vá apreciando e gozando o gostinho que é pertencer a esse “Ocidente”, pois a pertença a algo, mesmo quando não passa de ficção barata, ou é obra da caridade que os impérios têm pela sua clientela mais dependente e rafeira, preenche a barriga dos povos, dá substância económica às nações e pavimenta-lhes de ouro a estrada ascendente do seu radioso Futuro. Estou certo que é isso que acontecerá aos seus ocidentalíssimos povo e país nos decénios mais próximos.
            Quanto ao seu último desejo: apreciei-o muitíssimo, mas, definitivamente, terei de o declinar. É uma questão de higiene, sabe? É que, para mim, a falta de qualidades intelectuais (o obtuso parágrafo sobre as culpas da CIA no “Occupy” num seu comentário num outro “post” é um primor de agudo raciocínio, diga-se) é o atalho mais curto para tornar uma discussão política num festival de arremesso de trampa. E eu não sou perito em arremessos de trampa. Nem quero ser, pelo que dispenso a frequência de um espaço onde o senhor escreva.
            Fui.

          • Ricardo Ferreira Pinto says:

            Fui.

            Isto é aquilo a que eu chamo uma excelente notícia.

          • A entidade a que chamo o Ocidente é a entidade comummente designada como tal, não fui eu que cunhei o termo. E estou-me perfeitamente nas tintas para o Ocidente do alemão ou do inglês porque não sou nenhum dos dois. E pouco me interessa o que eles me consideram. Menos ainda me interessa o que o senhor pensa ou considera quando me começa a dizer para enfiar coisas no cu pelo simples facto de não lhe agradar o que digo. Se não quer ler, simplifique e passe-se ao caralho! Nem você perde tempo comigo, nem eu tenho que levar com o seu radicalismo. Até porque não aceito lições de moral de fans de Eduardos dos Santos e escumalha similar.

            O senhor, que não me conhece e não sabe absolutamente nada sobre mim (se soubesse não escreveria tanta idiotice), faz juízos de valor acerca da minha pessoa única e simplesmente porque não concorda com o que eu digo e não acerta meia. Vou ignorar o seu discurso prepotente porque você parece ser um fundamentalista e eu não estou para aturar radicais. Não admira que seja tão brando com regimes de partidos únicos, nepotismos e oligarquias afins. Agora pegue no seu discurso rebuscado e faça o favor de chatear a cabeça a outro.

            P.S. Não era desejo, era mesmo ironia. Tenho mais que fazer que aturar pseudo-intelectuais que se acham a elite dos iluminados. Aproveite e vá acender uma velinha aos seus ditadores favoritos. Eles precisam de Coelhos Pereiras para continuar a legitimar a sua opressão e exploração. Daqui para a frente não lhe respondo mais, Tenho muito mais que fazer para estar aqui a perder tempo a aturar fanatismos. Boa viagem!

      • Por mim, que sou frequentador assíduo deste espaço sinto tristeza que o faça, coelhopereira. Um blog é constituído por administradores e comentadores e você faz-me falta.

  2. Tambem de mencionar as reticencias(propaganda nos media) que os anglosaxoes começam a intensificar. Será que começam a ficar preocupados agora que os chineses estão prestes a tornar-se na 1º potencia do mundo e compram tudo o que tenha valor por esses mundo fora?
    É que enquanto eram eles a comprar na China nunca os vi preocupados; e as liberdades eram as mesmas ou pior.

    • coelhopereira says:

      Nem mais.

    • Eram piores Cristo9. Mas agora é a China quem compra os EUA e a prova disso é que os primeiros são os maiores credores de dívida pública dos segundos. Claro que há interesse do Ocidente nestas convulsões em Hong Kong. Mas isso não invalida que Pequim governo de forma repressiva e injusta.

  3. Este artigo de opinião de hoje (parcial) DN, dá elementos que julgo importantes.

    Em Hong Kong a China cederá só o que quiser

    por LEONÍDIO PAULO FERREIRAHoje15 comentários

    Vamos pôr os pontos nos is: Hong Kong não era uma democracia quando os britânicos devolveram o território em 1997, a China continua a não ser uma democracia; em Hong Kong manteve-se a liberdade de expressão, na China existe mais liberdade de expressão do que há 20 ou 30 anos. Há pois um caminho que está a ser feito e os líderes de Pequim não se desviarão dele nem por causa das atuais manifestações de rua, nem por pressões de fora, mesmo da América.

    Vale a pena olhar para a história de Hong Kong, pois a forma como foi conquistada pesa no imaginário chinês. Os britânicos queriam vender o ópio indiano, o imperador mandou os mandarins recusar, os canhões europeus falaram mais alto e em 1841 a ilha mudou de mãos.

    Foi o primeiro de uma série de episódios de humilhação que chegaram até meados do século XX, quando o Japão tentou a colonização. Pelo meio, até os alemães estiveram envolvidos, a ponto de a China produzir uma cerveja chamada Tsingtao por ser o nome da possessão germânica onde foi criada.

    Macau, onde os portugueses se instalaram em 1557, sempre foi um caso à parte. E isso notou-se na calendarização feita pelos chineses. Primeiro Hong Kong seria devolvida, dois anos depois o outro território na foz do rio das Pérolas regressaria à mãe-pátria. A China concedia a ambos 50 anos de autonomia, tanto para perpetuar o êxito económico, sobretudo de Hong Kong (20% do PIB chinês na época), como para seduzir Taiwan. Refúgio dos derrotados da guerra civil ganha por Mao, a ilha próspera e democrática é a peça que falta para se completar o puzzle de uma China saudosa da era do imperador Qianlong, quando estava unificada e valia um terço da riqueza mundial.

    Para se entender esta obsessão chinesa com a unidade nacional, talvez o maior legado de Mao, diga-se que perder o Tibete ou o Xinjiang é tão impensável para os líderes em Pequim como ficar sem a Sibéria o é para a Rússia ou renunciar ao Alasca o seria para os Estados Unidos.

    Outra obsessão é com a ordem, e terá sido o receio de importar o caos da União Soviética que em 1989 levou o PC Chinês a optar pela repressão dos estudantes em Tiananmen.

    Nas últimas três décadas, a China teve taxas de crescimento médio de 10%. Calcula-se que 500 milhões de pessoas saíram da pobreza e quase outras tantas se tornaram classe média.Por isso percebe-se que Deng seja hoje mais lembrado pela teoria de “um país, dois sistemas” do que como o repressor do movimento pró-democracia. Mas em Pequim a memória não é seletiva: 1990, o ano a seguir a Tiananmen, foi o mais frustrante para a economia chinesa, com o país isolado. O presidente Xi, de quem se vendem biografias críticas no aeroporto de Hong Kong, sabe-o bem.

    Artigo Parcia

  4. Acima de tudo salientar que, efectivamente, a China deu passos largos no sentido de uma sociedade mais aberta. Mas tal não significa que já o seja. E é claro que não querem abrir mão de Hong Kong, da mesma forma que estado algum quer abrir mão de partes do seu território. É legítimo! Mas não é menos legítimo que os habitantes de HK queiram mais liberdade, independentemente de estarem a ser manipulados pelo longo braço do sistema.

  5. coelhopereira says:

    Ao Cuidado do Excelentíssimo Senhor Ricardo Ferreira Pinto, Com Mui Respeitosa Atenção, A Propósito de Um Seu Singelo Comentário a Uma Assaz Chã Decisão Deste Obscuro Comentador Que Ora Redige Estas Parcas Linhas A Vossa Excelência:
    A minha decisão, a tal que se materializou na sua excelente notícia, é coisa de lana caprina, mas folgo saber que com ela o senhor se regojizou muitíssimo. É sempre um prazer para este seu diligente criado, antecipando humildemente, ainda que de forma fugaz, o Reino dos Céus, agradar aos pobres de espírito, dando-lhes a primazia no gozo de mesquinhas e risíveis bem-aventuranças terreno-blogais.
    Fui… de vez (esta é só para o senhor se elevar, só mais um bocadinho, nas asas da sua gostosa e néscia beatitude, ao Reino dos Céus, lugar seu de usufruto perpétuo de pleno e comprovadíssimo direito). Excusa de agradecer.

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