Graduação é o tempo de serviço e a nota da formação. (ponto!)

Os erros do Governo na colocação de Professores são recorrentes e consequência da dificuldade em gerir um processo muito fácil de conduzir. Não fosse o caso de estarem neste momento vários incompetentes à frente do MEC até porque há escolas, há alunos, há professores. Não há é aulas. Certamente, um detalhe, sem importância.

É só meter o Excel a funcionar e está a “andar de moto“. Confesso que já não dou para o peditório Crato – ele, um cadáver político, que entrou como o mais rigoroso de todos os rigorosos, desceu por um plano inclinado e acabou desfeito no chão da 5 de outubro. Sobre ele, the end!

Agora, quanto aos concursos, calma aí, porque os laranjinhas não vão ficar a falar sozinhos.

Vamos lá então, explicar estas coisas, especialmente a si, caro leitor, que de profs percebe pouco, mas que tem alguma curiosidade em entender como é que cerca de 100 mil professores são colocados.

As regras dos concursos, tradicionalmente, juntam dois factores: nota da formação inicial com o tempo de serviço (um valor por cada ano de serviço). Um professor que acabe o curso com 14 e trabalhe 3 anos irá concorrer com 17 e um professor que acabe com 16 e trabalhe um ano concorre com a mesma graduação: 17.

Foi assim durante muitos anos, até que um dia, uma senhora, agora condenada, resolveu inventar a roda e começar a pensar em esquemas alternativos de alocar os seus recursos humanos às unidades de gestão (esta frase saiu mesmo perfeita, não????).

E, essas alternativas passaram por duas dimensões: alterar a forma de “listar” (=graduar) os professores e transferir parte do concurso para as escolas. Isto é, o Governo central deixou de ser o único responsável pela colocação de professores e deu às Escolas TEIP (“mais complicadas”) uma possibilidade de criarem as suas regras, dentro de balizas mais ou menos bem claras. Mas, esta possibilidade dizia apenas respeito a uma parte dos professores. As tais escolas não poderiam escolher todos os seus professores, mas poderiam definir alguns critérios para classificar os candidatos a um contrato.

E é aqui que a coisa começa a correr mal – quando o governo central deixa de fazer a sua parte e imputa às escolas a possibilidade de escolherem uma parte dos seus professores. E, aqui, o Paulo tem toda a razão: não foi o “centralismo” que causou o descalabro, mas exactamente o seu contrário.

Ora, se o problema está na descentralização, a solução está em fazer o seu contrário e manter o processo central e nacional. Sugiro, aliás, que façam um histórico dos erros nos concursos e facilmente irão perceber que os gatos estão na passagem dos concursos do MEC para as escolas. Houve, com Santa Lopes, problemas no concurso nacional, mas nesse período tudo era um erro.

E, o problema, ao nível das escolas acontece porque não é possível graduar com regras claras e transparentes realidades tão diversas. As escolas são todas singulares, mas o currículo é nacional e parte fundamental do processo de ensino não varia de escola para escola. Ser professor na escola A não é, em grande medida, diferente de ser professor na escola B. E, tentar encontrar critérios para alterar a graduação é um erro que não vou cometer e por isso estou na FENPROF e não na FNE que tem, sucessivamente colocado a sua assinatura na legislação de concursos, com os resultados que temos visto.

É por isso que o tempo de serviço e a nota de curso devem ser as únicas dimensões a considerar na graduação e,  não concordo, de todo com o Arlindo quando ele escreve que “E a solução pode ser encontrada apenas ai, numa nova forma de calcular a graduação profissional sem que seja apenas o tempo de serviço a acumular bonificações na graduação profissional, mas mantendo-se sempre um concurso centralizado.

É exactamente aqui que tem estado o gato. As escolas “normalmente” querem continuar com os professores contratados que estão e tentam encontrar critérios para incluir esse desejo no topo das listas de graduação. Diz-me a experiência que a generalidade não o faz por cunha ou por interesses obscuros – não há muitos directores a colocarem uma vizinha no lugar de uma outra docente com quase uma dezena de anos de casa. Esta referência é, manifestamente, uma excepção porque a grande maioria tenta fazer as coisas direitinhas.

E, para concluir, dizer que a colocação de professores é um processo fácil de concretizar desde que se sigam estas ideias:

– concurso único e nacional;

– graduação em que apenas interfira o tempo de serviço e a classificação inicial.

 

 

Comments

  1. Professor, a tua nota de de curso é baixa? Não tenhas problemas. Senta-te, não faças ondas, por cada ano que passar sem seres notado terás mais um ponto…

    • FC, nada disso. Primeiro, essa é uma realidade, hoje, completamente longe. Nem com nota baixa, nem com alta. De cerca de 48 mil professores contratados passamos para menos de 10 mil e por isso, quem sai dos cursos nem sonha em ser professor. Mas, eu apresentei uma ideia. Não concorda. Eu mostrei que o erro está sempre na “invenção”. Mas, se quiser sugerir uma metodologia, somos todos “ouvidos” 🙂
      JP

    • Jcarlos says:

      FC és um ressabiado, que só de veres os outros mal ficas contente.gente como tu devia acabar no esgoto. Uma pessoa de bem depois de ver o que está a acontecer a alguns professores devia ter outro comportamento. Muita falta de civismo e conhecimento

  2. Mónica says:

    Ó FC o senhor não quer perceber? Quando um professor começa a trabalhar pode ser excelente, mas só se for burro é que não melhora com o tempo de serviço que vai tendo e é isso mesmo vai tendo um ponto na graduação por experiência que vai ganhando e pelo que vai trabalhando, parado é que não está de certeza. Se assim não fosse seria continuamente ultrapassado por quem saisse da universidade com nota melhor que ele e sem quase nenhuma experiência de dar aulas ou assumir cargos numa escola. Já agora gostava de saber quantas profissões há onde a nota de curso é tão importante e para toda a carreira?! Quase nenhuma.
    João Paulo, o seu post está muito bom, mas gostava de relembrar que os primeiros problemas a sério começaram precisamente há 10 anos quando no concurso de afectação dos QZP e destacamento dos QE se colocou os QZP à frente sem respeitar a lista de graduação e o sistema não aguentou. Também houve professores a darem aulas numa escola uma semana ou duas que depois tiveram destacamento para outra escola e escolas que nem sequer abriram enquanto o imbróglio dessas colocações não ficou resolvido… Os ministros responsáveis: Maria do Carmo Seabra e David Justino.

    • Eu não fiz o post exaustivo. Repare, se os problemas estiveram aí, isso foi há dez anos. Nos 20 que levo disto não houve sempre problemas. Mas, o exemplo que refere, reforça o que eu digo: não se respeitou a graduação, deu buraco.
      JP

  3. Nightwish says:

    É pôr no Excel, o raio! Os computadores não fazem todas as contas que passam na cabeça desta gente. Ou há um modelo simples ou se começa a calcular um tal número de combinações que as coisas se tornam impossíveis… se as regras forem mesmo para cumprir, pelo menos.

  4. Miguel Carvalho says:

    E eu voto em ti nas próximas eleições João Paulo. No entanto, eu penso que deveria haver uma forma de promover o mérito pois existe gente boa e gente má em todo lado e a nossa profissão não é exceção…
    Como tal, na minha opinião, isto passaria por um processo de avaliação rigoroso e suficientemente flexível que permitisse aos docentes trabalham bem, verem o seu “bom trabalho” reconhecido. Claro que avaliar um professor não é tarefa fácil devido à enorme diversidade de contextos onde cada um desses milhares de professores trabalham, no entanto, penso que uma avaliação com base nas evoluções conseguidas, e não apenas nos resultados das provas, seria uma boa solução. Senão vejamos, como podemos avaliar um professor das artes, das ciências ou de outra área que não a matemática e o português? Será que a aula de estudo do meio (1º ciclo) onde aprendemos a conhecer-nos ou a conhecer o meio envolvente não é importante? Será que a prova de matemática é assim tão importante para avaliar um professor de educação física ou de geografia??? E por aí fora…
    Claro que não concordo com o atual modelo de avaliação, pois penso que neste processo se mudou tudo para ficar tudo na mesma, apenas com a diferença que se queremos subir de escalão temos de ter um colega nosso a assistir a uma ou duas aulas nossas e a nossa avaliação vai depender se esse colega gosta ou não de nós!!! Em que é que isto melhora as práticas letivas?
    Assim, porque não, fazer uma supervisão pedagógica (no sentido de orientação e não de inspeção como normalmente se interpreta este termo) colaborativa em que os professores mais graduados aconselham os menos experientes e onde os mais novos “atualizam” os mais velhos? (Alarcão, I. – 2010, Supervisão da Prática Pedagógica – Uma Perspectiva de Desenvolvimento da Aprendizagem) Porque não valorizar os professores que mais evoluem na sua prática? Porque não valorizar os professores que melhores resultados conseguem, não nas provas nacionais, mas com base nos objetivos de intervenção (bem definidos e claros) de cada realidade onde exercem?
    Ou seja, PORQUE NÃO, REFLETIR NA GRADUAÇÃO PROFISSIONAL ESTAS BOAS PRÁTICAS? Esta é a pergunta que deixo no ar, pois é extremamente desmotivador trabalhar “que nem doido” em prol dos alunos e ver um colega que “nada faz” progredir da mesma forma.
    Enfim, apenas questões existenciais que, na minha humilde opinião, fariam toda a diferença na motivação dos professores, tornariam mais justa a colocação de professores e seriam o motor para uma efetiva evolução do processo ensino/aprendizagem nas nossas escolas.
    Parabéns pelo artigo e grande abraço.

    • Meu caro, grato pelo voto ehehe Entendo a tua argumentação e até me sinto tentado, no plano teórico, a subscrever tudo. Acontece que a prática dos últimos dez anos leva-me a concluir que não é possível. Não há sistema que permita uma seleção justa dos melhores e até te refiro um elemento que comprova esta minha ideia: fora das grandes cidades (sim, em Gaia também houve, mas em menor escala) os partidos tomaram conta das direções das escolas e, nas ofertas de escola, os amigos do partido são os primeiros, sempre, a obter colocação. São n os exemplos. Poderia, claro, dar outro exemplo – com Nuno Crato, a escola virou um espaço de matemática e de português, onde outros profissionais estão encostados a um canto menor. Como validar a qualidade do trabalho de alguém que tem 11 turmas… Percebes o que quero dizer? No plano conceptual, talvez. Na prática? No. Nem pensar. Graduação. (ponto!)

      • Miguel Carvalho says:

        João Paulo, eu não falei em descentralização!!! Ainda há pouco tempo ouvi uma pessoa que tenho em grande consideração (Rui Moreira, presidente da Câmara do Centro Cultural do Mundo e arredores – PORTO) dizer que se os concursos fossem da responsabilidade das câmaras, estas faziam muito melhor do que o governo! Isto até é verdade porque este governo só fez borrada, no entanto, se as coisas fossem bem feitas, muito dificilmente, a centralização seria contestada. Aliás, a descentralização é que leva ao caso que tu falaste dos compadrios (políticos e por amizades particulares).

        Quanto à Matemática e Português, as disciplinas de primeira categoria, tens razão, embora isto não seja de agora, o cRato apenas acentuou a tendência! No entanto, nós, professores, temos culpas no cartório porque continuamos a dar as nossas aulinhas “de porta fechada” sem nos preocuparmos em mostrar a validade nas nossas diferentes áreas de especialização, não só na obtenção de bons resultados nas áreas onde existem exames nacionais, como também na abertura de horizontes e na formação integral dos nossos alunos. Entenda-se que sou a favor da realização da prova de Português, afinal é a nossa língua materna. Agora a Matemática (?), por muito importante que seja (e é), não é mais do que muitas outras, pois o cálculo mental (argumento muito utilizado) pode e deve ser trabalhado em muitas outras áreas (quase todas, até em português).

        Meu amigo, quanto às 11 turmas, na generalidade, quando isso acontece o professor não tem de certeza 11 níveis diferentes para trabalhar!!! E se tem muitos níveis diferentes (4 ou 5) no mesmo ano, isso, mais uma vez, é CULPA NOSSA, pois somos nós (professores) que fazemos os horários nas escolas e, não me acredito que sem compadrios e critérios de escolha e preferências (que existem nas escolas) isso seja uma inevitabilidade. Quanto às preferências, tudo bem! Que existam pois a idade é e deve continuar a ser um posto, no entanto é minha opinião que os professores deviam ser escolhidos pelo seu perfil, experiência e competências pessoais que são diferentes para cada um de nós, quer queiramos quer não (dentro da escola, pois quanto às colocações o processo deve ser transparente, centralizado e tendo em conta a competência de cada um), em vez de estarmos a escolher tudo e mais alguma coisa e as turmas mais complicadas ficarem sempre para quem???? Para o contratado, o desgraçado que chega à escola, não conhece ninguém, tem de aceitar o horário que sobrou (com as tais 11 turmas) e vai andar completamente “às aranhas” porque dentro dessas 11 turmas, tem uma série de níveis e ainda uma ou mais turmas daquelas que ninguém quer!!! Claro que isto também acontece com aqueles professores que são da “oposição” aos poderes instalados, mas cá vamos nós bater aos compadrios!!! Mas SEJAMOS SÉRIOS, E COLOQUEMOS OS INTERESSES DOS ALUNOS EM PRIMEIRO LUGAR e aí sim, vamos ver se estas situações acontecem!!!

        Quanto à avaliação, penso que, isto sim, é uma inevitabilidade por uma questão de justiça profissional pois como eu costumo dizer – se não fizermos nada, não erramos de certeza e quanto mais fizermos, maior é a probabilidade de errarmos. Temos de valorizar o mérito e penalizar a malandrice e, quer queiras quer não, todos os casos estão identificados nas escolas. Como avaliar? Nunca tendo por base as notas ou resultados imediatos dos alunos (até poderia ser se fossemos todos sérios… mesmo), mas sempre tendo em conta a turma que temos à frente (que inclui, não só o contexto cognitivo, mas também o socio-económico) e na sua evolução em aspetos considerados importantes, afinal para que servem a enorme panóplia de burocracias que somos obrigados a preencher e que depois ninguém lê (PCT’s, Pat’s, Pit’s, Put’s, etc…)? Estes documentos não servem para nada porque são apenas um “copy/paste” de anos anteriores (às vezes lá aparece a data do ano anterior que ficou esquecida!) e não têm em conta as verdadeiras especificidades das turmas, pois se fossem utilizados com os verdadeiros fundamentos para os quais foram criados, até teriam a sua utilidade!!! Não seriam apenas: mais trabalho! Mais uma vez, a culpa é nossa e, neste caso, de quem dirige escolas e agrupamentos que não organiza e fiscaliza isto como deve ser.

        O problema, também, é que temos de alterar as notas por causa das cotas e quem é que fica com as notas melhores? Os que não são da “oposição”. Compadrios novamente! Ainda hoje, aqui em conversa com o meu colega de trabalho (que é uma pessoa competentíssima e por causa destas tretas todas, foi prejudicado na sua avaliação, é contratado e apenas foi colocado na semana passada!), falamos numa questão: Se temos de ter cotas para subir de escalão, porque é que não se define o número de professores que cada escalão deve ter e depois à medida que vão abrindo vagas se vai subindo de escalão? Crie-se uma lista de graduação profissional (tendo em conta a nota de formatura, anos de serviço e avaliação) e quando abrir vaga no escalão seguinte, basta seguir essa lista e entram os que estão à frente? Porque não? Repara que para trabalhares em qualquer empresa minimamente organizada e que quer verdadeiramente ter sucesso, tens de entregar um currículo com a nota da tua formatura, a experiência profissional nessa área (tempo de serviço) e a tua avaliação (para que servem as cartas de recomendações?). VALORIZE-SE QUEM TRABALHA BEM, e deixemo-nos de compadrios e invejas profissionais, VAMOS TRABALHAR VERDADEIRAMENTE EM PROL DOS NOSSOS ALUNOS ao invés de estarmos preocupados com questões acessórias.

        GRANDE ABRAÇOOOOOO

        • Está visto que estás com “mão quente”… Xi… Nem sei por onde lhe pegar, mas para responder a isto, terei que elevar os teus comentários à categoria de post, mas o tempo, por hoje escasseia. Mas em 3 linhas:
          a) Discordo COMPLETAMENTE do destaque dado a disciplinas de matemática e de português. O Ensino e, fundamentalmente, a Educação devem ser integradas e abrangentes. Reduzir currículos é sinónimo de menos escola. Nesse aspecto estamos pior.
          b) Avaliação? Venha ela. Mas, será que me podes dizer como?
          c) Escolha de professores em função dos alunos? Claro – é essa a marca das melhores escolas. Subscrevo. Mas, respeitando a lista.
          JP

    • E, parabéns a si, Miguel Carvalho, pela sua excelente argumentação! 🙂
      É isso mesmo! E porque não, valorizar os professores que mais evoluem na sua prática?…E porque não, valorizar aqueles que mais resultados conseguem, mediante os objectivos de intervenção preconizados à realidade onde exercem?
      É sem dúvida pertinente, não descurar a motivação e a satisfação profissionais, em prol da QUALIDADE do ensino/aprendizagem nas nossas escolas.
      Pois vamos lá a ver(!): MAIOR SATISFAÇÃO E REALIZAÇÃO PROFISSIONAIS implica forçosamente MELHORIA DA QUALIDADE, seja em que profissão for!…e puxando a “brasa à minha sardinha”, o mesmo se reporta na área da Saúde…
      Todavia, felizmente que não temos essa “cefaleia” das colocações anuais, senão a a questão da QUALIDADE dos Cuidados e SEGURANÇA dos doentes, seria…quiçá, uma tragédia(?)!

  5. Marquês Barão says:

    A amplitude e consequências futuras do tema soluções de educação, reclama e merece um debate competente, sério e transparente para além da contabilidade caseira da sebenta dos partidos. Medidas atabalhoadamente avulsas e apressadamente conjunturais não encaixam num sistema de ensino que se pretende produtivamente escorreito. Enquanto enviesadamente se entender que em cada legislatura, um governo, qualquer governo, pode tudo baralhar e dar de novo não se ataca a raiz do problema, e principalmente os mais jovens são indecorosamente sujeitos ao papel de cobaias nas mãos de experimentadores de ocasião com reles propaganda. O sistema educativo terá que ser visto como uma questão de regime, bem afinada para durar décadas sem sobressaltos. Assim, nem tempo temos para aferir resultados. Acontece que, a exemplo de muitas outras e diversificadas instituições, as escolas privadas podem prestar um serviço público. A realidade ensina, que perante a recorrente incapacidade e prepotência do Estado, em muitas áreas sociais como em muitos outros quadrantes, o contributo particular pode diversificar e contribuir sem benefícios chocantemente indevidos. Por desgraça tem mesmo que se substituir aos inorgânicos órgãos do poder, como por exemplo quando a fome aperta. Até pode acontecer que o omnipresente e prepotente estado tema a demonstração comparada da eficiência e dos resultados. No que respeita á justiça da comparticipação do orçamento do País que todos somos, uma regra simples e bem calibrada basta. Abertura nos privados para acesso universal a todas as camadas sociais sem encargos adicionais para famílias abaixo de um determinado rendimento, e a partir do qual a classe dos bem instalados teria que abrir os cordões á bolsa. É tudo uma questão de forma e de fórmula. Em doses excessivas o Estado mata.

    • Não concordo. Parece-me que só a presença eficaz do estado permite uma escola para todos. Aliás, os sucessos obtidos nos últimos 40 anos mostram isso mesmo.
      JP

      • Marquês Barão says:

        Deu e dá o que dá em regimes que já faliram e outros que na miséria resistem.

  6. André says:

    A lista de graduação une o valor da nota de licenciatura com o conjunto de anos de ensino de um determinado professor. Ou seja, alguém com uma nota de 12 ou 13 pode ( e muitas vezes está) à frente de alguém que se licencia com 15 ou 16 apenas porque é mais velho. Podemos argumentar que os anos de experiência ajudam a melhorar o desempenho de um professor, mas na verdade nem sempre acontece. Assim temos professores pior preparados, preparação que a experiência por si não colmata, à frente de outros professores apenas porque se licenciaram primeiro.
    Um outro problema são as notas de licenciatura. Durante anos as notas do ensino privado era artificialmente elevadas beneficiando os seus licenciados. O que não deixa de ser irónico, alunos que não tinham média para entrar no Ensino Superior Público, licenciavam-se com notas mais altas no Ensino Privado.

    Por fim existe um outro problema, a continuidade pedagógica. se um determinado professor acompanha um conjunto de turmas com sucesso, o seu trabalho é reconhecido como positivo não percebo porque é que, na eventualidade da vaga se manter, naõ se poderá manter na mesma escola. No fundo é substituir uma certeza por uma incógnita. Sei que o problema seriam as cunhas e amiguismo mas acredito que seriam residuais por duas razões:
    1. O professor é colocado na escola por concurso, manter-se-ia apenas se vaga se mantivesse e o seu trabalho o justificasse
    2. o amiguismo vai até um determinado ponto, qual é o director que gostaria de ver a sua escola avaliada com um suficiente ou medíocre, apenas para manter um conjunto de amigos.

    • Sabemos todos que há muitos casos que comprovam os seus argumentos. Não os vou desmentir. Mas, permita-me o comentário aos dois últimos pontos:
      1. Professor colocado numa escola onde a necessidade continua, deve manter-se? Sim. Claro: por isso defendo que os quadros devem ser alargados. Até 2011 tinhamos 38 mil contratados ao serviço. Hoje temos cerca de 10 mil. Logo, pelo menos estes, deveriam estar nos quadros. Isso, sim, é estabilidade dos alunos e das escolas. E, sem compadrios, poderiam trabalhar de forma livre.
      2. O amiguismo vai até ao ponto que vão todos os amiguismos: se o diretor foi escolhido pelo diretório partidário local, tem que pagar o preço da eleição. Quantos casos partidários quer que lhe apresente?
      JP

  7. Galgo says:

    Miguel Carvalho,

    Coloca o dedo numa série de feridas. Será por acaso que não houve mais diálogo?
    O problema do amiguismo e compadrio está instalado no interior das escolas, com a conivência da maior parte dos professores e não é de hoje!

    • Miguel Carvalho says:

      Amigo Galgo, não houve mais diálogo porque o João ainda não teve tempo para comentar pois ele não é homem de compadrios nem de deixar conversas destas sem o devido troco.
      De qualquer forma, obrigado pelo apoio, mas não é apenas com o conhecimento das coisas que acontecem que vamos mudar a educação. é com acções…

  8. Galgo says:

    Amigo Miguel, o problema são as ações!
    Na escola onde trabalho nada, ou quase nada, se pode dizer sobre esses problemas (que resultam numa escola organizada, essencialmente, para alguns professores). Melhor, eles nem existem! E era por aqui que também devíamos começar.

    • E é por aí que eu começo. Quando acho que o devo fazer, levo a reuniões de grupo e ou de departamento as questões, faço com que sejam votadas e se forem aprovadas vão mesmo a pedagógico. Escrevo ao Conselho Geral, tomo posição e não fico à espera no meu canto. E isso, feito por todos, faz uma escola melhor. Sem dúvida.
      JP

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  1. […] Há muito a melhorar na Educação, mas, para pior, já basta assim. Quando aos patetas, espero que nunca se calem, porque são divertidos, e que deixem de governar o país, porque não são divertidos. Se quisessem aprender, leriam o que escreveu o João Paulo. […]

  2. […] nada mais falso, como já procurei provar ontem. O concurso não falhou por ser central e nacional. Essa foi a parte que correu bem. O erro […]

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