Mário Almeida traça o rumo dos escalões jovens

sub213A Field Hockey Zone é uma comunidade espanhola das gentes do hóquei em campo e tem como director uma referência da modalidae no país vizinho, Marc Salinas. Na apresentação do site e da sua página no Facebook, Marc escreve que o projecto “se baseia na união de perfis heterogéneos, unidos por um amor incondicional ao nosso desporto” e “se esperas estar informado, ler opiniões de quem realmente sabe de hóquei e sobretudo disfrutar, partilhando experiências, asseguro que vais ficar connosco por muito tempo”. E acrescenta: “Sejas quem fores, venhas de onde vieres, e acredites naquilo em que acreditas, sente que esta página também é tua, porque é. E lembra-te: não te limites a observar, faz parte do projecto”.

Alguns agentes desportivos portugueses fazem já parte desta comunidade e, recentemente, Mário Almeida, o coordenador técnico da Federação e seleccionador nacional, escreveu um artigo na página, salientando as virtudes da participação dos escalões de formação nacionais nos Campeonatos Autonómicos de Espanha, e revelando pormenores do lançamento da ideia, que teve a sua génese em Luis Ciancia, um dos maiores treinadores argentinos e distinto técnico de renome da Federação Internacional, recentemente falecido, e que passou pelo hóquei português em boa hora, apesar de incompreendido pelo executivo da época, ao ponto de ter sido dispensado prematuramente sem concluir a obra que abraçara e lançara. E assim se mandou embora aquele que poderia ter mudado a modalidade no nosso país. Idiotices, quiçá cretinices, que, de vez em quando, acontecem um pouco em todas as áreas, ou não fosse o prestígio e a competência de Luis uma mais-valia que deveríamos ter explorado até à saciedade em prol do hóquei português. Até porque ele se tinha apaixonado pelo hóquei português.

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Luis Ciancia e Mário Almeida

Não obstante, Ciancia deixou frutos nos técnicos nacionais, entre os jogadores, e ajudou a que outro argentino, também pouco aproveitado pela estrutura federativa, Ezequiel Paulón, passasse por cá, posteriormente, ele que também deixou obra feita, mantendo-se ainda como referência para largos sectores, da formação à competição.

Incondicional de Luis Ciancia, e seu braço direito, Mário Almeida, volvidos todos estes anos, dá agora à estampa, no artigo, o que se passou em 2006, na Catalunha, e que permitiu que os escalões de formação participassem regularmente, a partir só de 2010, nos já mencionados Campeonatos Autonómicos do país vizinho, que passaram a ter uma face manifestamente ibérica.

Sendo uma ideia de 2006, partilhada por Luis Ciancia, Leandro Negre (na altura, presidente da Europeia; hoje, presidente da Federação Internacional), Martin Colomer (que era presidente da Federação espanhola), Narcis Carrió e Mário Almeida, baseava-se num conceito simples de Luis: Portugal não deveria gastar dinheiro com deslocações caríssimas à Croácia, Hungria ou Lituânia, para disputar europeus B e C de baixo nível, se podia crescer e preparar-se à sombra do hóquei espanhol com custos muito, mas muito, menores.

A unanimidade foi imediata, por parte dos espanhóis, e, em 3 minutos, estavam lançadas as bases para que, hoje, estejamos na divisão maior europeia, no escalão de sub 21, desiderato que conquistámos brilhantemente em Lousada, no último verão.

PortugalEsta ligação ao hóquei espanhol foi aliás, nas palavras de Mário Almeida, e quem melhor do que ele, que é o seleccionador nacional, para o dizer, uma das grandes responsáveis por essa conquista do hóquei português, uma vez que foi possível, durante o estágio, jogar diversas vezes contra os sub 21 de “nuestros hermanos”, e que é mais importante para os jovens linces defrontar jogadores do seu escalão como Pol Parrilla ou Quique González de Castejón, do que andar perdidos entre jogadores sem nível e com quem não têm nada que aprender, em campeonatos europeus de benefícios questionáveis, mas assustadoramente mais dispendiosos. Portugal só tem que beneficiar com estes confrontos, dado que o nível do hóquei espanhol é muito alto, e os nossos mais jovens jogadores apenas podem aprender a crescer em termos técnicos e tácticos. Ou, como refere, “Ao nível desportivo, comparado com Europeus de divisões inferiores, o nível dos torneios autonómicos é muito alto. O hóquei espanhol tem um conjunto muito forte de clubes, com escolas de formação muito importantes, que podem dar-nos aquilo de que precisamos: jogos com oponentes muito bons, por um preço muito barato para nós”.

Perguntar-se-á então por que raios, concluída a aceitação espanhola, ao mais alto nível, em 2006, só a partir de 2010 a participação portuguesa se tornou regular. Simples: porque um qualquer Secretário de Estado do Desporto, com uma mente pequenina, pequenina, se lembrou de, provincianamente, clamar pelo patriotismo, recusando-se a jogar como província espanhola, preferindo provas europeias. Só que se esqueceu de pagar esse gosto caro… antes, de ano para ano, foi garroteando as verbas para o desporto amador. Coisas de gente menor!

Mário Almeida termina o artigo, assim: “Para mim, como responsável dos seleccionados de Portugal, é uma grande honra e um enorme prazer participar nesta competição. Uma honra, porque podemos estar ao lado de vocês (as autonomias espanholas) e um prazer por termos a oportunidade de estar com tantos e tantos amigos”, onde salienta Santi Deo e Jose Antonio Gil que “nos tratam com todo o carinho do mundo e nos ajudam no que podem”.

Mas foi pena ter-se perdido um quadriénio, tendo agora o corpo técnico da Federação de queimar etapas para que consigamos uma selecção competitiva na Divisão A de sub 21 anos.

E, sem preconceitos ou falsos pudores, vamos lá participar nos Campeonatos Autonómicos. Ninguém nos tira a nossa identidade como portugueses.

Comments

  1. Date: Tue, 28 Oct 2014 15:30:12 +0000 To: jeronimo_dias@msn.com

  2. apoiado.

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