O dia em que o mundo mudou

WB

Sem consciência dos que tornaram possível ou viveram, o dia 9 de Novembro de 1989 ficará para sempre na memória como um dos dias mais belos na história da humanidade, pela liberdade que trouxe a milhões de pessoas um pouco por todo o mundo.

O muro da vergonha fora construído 28 anos antes, visando impedir o êxodo de cidadãos da RDA para a RFA, curiosamente poucos atravessavam em sentido inverso, bloqueando assim o contacto das massas educadas pelo partido com o crescente desenvolvimento da economia de mercado e consequente bem-estar na Europa do pós-guerra. De noite para o dia famílias ficaram separadas pela perversidade. E muitos pagaram com a vida a tentativa de fuga ao paraíso socialista…

O desgaste dos regimes começara muito antes, na Hungria em 1956 e Checoslováquia em 1968 a vontade de libertação dos povos seria brutalmente esmagada e reprimida pelo poderio militar soviético que não permitia desvios à sua cartilha. Os anos de Brejnev foram particularmente duros para quem aspirasse a mudanças na órbita do império. A eleição do cardeal Wojtyla no Vaticano em 1978, que o investiu Papa João Paulo II, produziu frutos na Polónia, seu país natal, facilitando o surgimento do primeiro sindicato livre num país comunista, o Solidariedade, liderado por Lech Walesa. Mas foi a nomeação de Mikhail Gorbachev e suas políticas de abertura (glassnost) e remodelação (perestroika), que provocaram o colapso da cortina de ferro.

9 de Novembro é acima de tudo uma data simbólica, uma imensa multidão perdeu o medo à opressão e saiu de casa disposta a lutar pela abertura do regime em busca de liberdade, mas conquistaram o inimaginável, os portões acabaram abertos por uma incrível sucessão de falhas na cadeia de comando, apenas possíveis pela agonia do governo, abalado com a contestação popular que começara em Leipzig. O povo eufórico dos dois lados em celebração, disposto a não permitir que o tempo voltasse para trás, a Hungria abriu fronteiras, o processo tornou-se irreversível, um a um os regimes totalitários caíram como castelos de areia. Indiferentes aos tratados internacionais ou pensamento dos políticos dos dois lados ideológicos em confronto os alemães começaram a falar em reunificação. A ideia levantou reticências em Moscovo, Paris  ou mesmo Washington, em Londres Margaret Thatcher nem queria ouvir falar no assunto. Mas era impossível à época impedir os alemães de decidirem o seu destino, as potências vencedoras da WWII acabaram cedendo em negociações diplomáticas.

Não terá sido o fim da História como se chegou a falar, mas produziu alterações significativas a nível global. A guerra fria levou a que ambos os blocos procurassem uma hegemonia global, apoiando sem grande critério uma série de regimes pouco recomendáveis. Sabiam que o ditador era criminoso, mas imperava a lógica “o tipo é um filho da puta, mas é o nosso filho da puta…” Acima de tudo importava que o inimigo não conquistasse terreno. Após a queda dos regimes comunistas o mundo passou a ter menos tolerância com facínoras, o fenómeno ainda existe, mas não tem comparação possível. Basta olhar para os mapas de África, Ásia ou América Latina, contabilizar quantas democracias existiam na época e comparar com a realidade actual. Apesar do muito que ainda falta…

Comments

  1. Nightwish says:

    “Após a queda dos regimes comunistas o mundo passou a ter menos tolerância com facínoras”
    Estranho, porque foi a partir dessa altura que começaram a ganhar cada vez mais poder na Europa…

  2. Pode dizer com seriedade que o mundo mudou para melhor. O muro servia para os Governos dizerem que lá tudo era mau e de cá era uma maravilha. Agora como perderam esse escape, tornaram-se insaciáveis de poder e dinheiro explorando os que trabalham pois já não precisam de dizer que lá era o Inferno. Conheci Leminski cidade farmacêutica e de ciência, e embora diferente as pessoas viviam muito melhor do que agora na Europa do Euro.

  3. “Após a queda dos regimes comunistas o mundo passou a ter menos tolerância com facínoras, o fenómeno ainda existe, mas não tem comparação possível.”

    Bom, depende do que entende por “facínoras” e do “não tem comparação nenhuma”.

    São os facínoras de novo tipo, de maior abrangência, mais internacionais e globalizantes. Sempre que um espirra ( e o problema é que cada vez menos sabemos onde estão), vão milhões para o desemprego, uns ficam mais pobres e os pobres são efeitos colaterais. Tal como as bombas que os não “facínoras” lançam de vez em quando algures por aí e acolá para exportação da “democracia”, dizem.

    Há ainda os “facínoras” de novo tipo que até são condecorados.

  4. Com a queda do muro foi possível que um “colaborocionista” disse-se

  5. Com a queda do muro foi possível que um “colaborocionista” do Aventar dissesse: “Eu até apoio a existência de partidos nazis”.

    • A sua argumentação desce ao nível da tristeza. É pior que o Avante, o sr. é o protótipo mal acabado da cassete, provavelmente reprovada em qualquer controlo de qualidade, talvez por algum risco pois não passa do mesmo. A questão dos partidos nazis e não sou nazi, já lhe dei mais de uma centena de provas, até aos fundamentalistas islâmicos que cortam cabeças reconheço o direito de existência enquanto programa, o corte da cabeça passa a crime e defendo prisão perpétua.
      Como não costumo gastar latim a partir de hoje coloque os seus likes, escreva o que entender nos meus posts, que passará a ser ignorado. Mas jamais censurado. É que existe uma diferença entre os que gostam de censura como o sr. ou quem entende que qualquer pensamento, por mais absurdo que seja, não deve ser censurado.
      Hasta la vista…

      • A “Liberdade” cega-o! Faça o que me mandou fazer a mim, não leia!
        Gostei do último parágrafo…
        Ah,não se esqueça, ignore-me.

      • Nascimento says:

        Bem,bem….bamos lá bêr uma coisita:aquilo era socialista, ó comunista, ou o raio que o parta?Não. Nunca foi. Ó António,sabes tão bem a “história”, num sabes,carago???Atão bê lá se não te fazes de tolinho, e deixas de ser BÁSICO.

        ps. Qunto ao papa,e cumo gostas de historietas,talvez um dia benhas a saber as mortes que provocou em toda a África ,ao proibir de se usar o preservativo!!! Camisinhas? SIDA? Ora…
        Bês como há bários tipos de FACINORAS?Ai ,o que eu te faço alembrar António….e o Solidárióske….ainda EXISTE???Em “defesa” dos trabalhadores do PINGO DOÇE lá do sitio, né?Ui…tão gordinho e bebado que anda o Lechvalquiriano, e aonde já vai a defesa dos “ditos”…ahahahah, a vidinha é cá uma ganda pu….siga.

      • José Peralta says:

        (…) até aos fundamentalistas islâmicos que cortam cabeças reconheço o direito de existência enquanto programa. (…)

        A isto se pode chamar um “enorme”, “messiânico”, “salomónico” espírito “democrático” …

        Eu também sou “assim”! (Se, é claro, a cabeça não fôr a minha !)

        Porque se fosse, eu era mais “taliânico” : olho por olho…cabeça por cabeça !!!!!

  6. O mundo mudou em 14 de Julho de 1789. E, também perante tais lavagens e dislates, é urgente continuá-la.

  7. Acrescente… por favor…. liberdade sim, mas por pouco tempo e perfeitamente ilusória.
    Não gosto da “liberdade” de me permitirem dizer que tenho fome… que não tenho emprego… que não tenho casa… que não tenho (como tinha) acesso aos cuidados de saúde… e que tenho que pagar a quem vive acima das suas (deles) possibilidades.
    A sua liberdade enoja-me, mas concordo episodicamente com a queda do Muro de Berlim… só que não se atingiu nenhum patamar diferente.
    Como dizia um amigo meu de Leste:” No tempo do comunismo só nos diziam mentiras acerca do comunismo…. mas o que nos diziam acerca do capitalismo era verdade”!
    Passe bem e continue a enojar….
    faz-me bem ao fígado!
    Você é o meu “Cholipin”.
    Obrigado.

  8. Etc – quem tem tanta raiva ?? eigrem e mordam em Merkel e Lagarde e Gaspar e Durão e Cuelho – têm aí tantos bifinhos tenros ?? Mordam mas cuidado com os dentes

  9. Pedro Mendes says:

    Texto cheio de erros e de imprecisões históricas… Uma aberração do ponto de vista histórico. Devia, sinceramente, retirá-lo ou corrigi-lo. Está a induzir em erro os seus leitores.

  10. O Aventar comete um erro em permitir ter um fascista a publicar o seu ódio ao progresso, à democracia, à verdade histórica, à liberdade.

    Mas espero que os teus sonhos molhados ao teres um mundo capitalista/fascista acabem depressa e venha para sempre o socialismo/comunismo. Entretanto por seres um mentiroso e manipulador uns tempinhos no chelindró não te fariam mal nenhum.

  11. joao lopes says:

    o dia em que o mundo NÃO mudou , ou seja se quiser criticar o PCP ,pode sempre falar da siberia ou do estaline,eu posso sempre falar da CONCENTRAÇÃO de riqueza em algumas pessoas,ou do roubo fiscal(DITADURA FISCAL) , e da miseria/fome que isso provoca em digamos,90% da populaçao mundial.antonio,escolha agora entre a siberia ou wall street.

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