Sobre este discurso de Pablo Iglesias, dirigente do Podemos, no comício internacional promovido pelo GUE/NGL na véspera da IX Convenção do Bloco de Esquerda, tenho a dizer que é a melhor peça de oratória e lucidez que ouvi em toda a minha vida, e já levo mais de 40 anos a ouvir, ou ler, discursos de esquerda. E a fábula do país onde os ratos votavam nos gatos até a tinha publicado em tempos no Aventar, o que me reduziu um bocado o efeito.
Em Portugal faltam-nos duas coisas: quem seja capaz de falar assim, mas antes de mais e sobretudo (quando são precisos os dirigentes sempre apareceram, é uma constatação histórica) quem o ouça.
E mais não digo por enquanto, vejam o vídeo.
Por cá os FODEREMOS nem aquentam nem arrefentam,são uns tristes.
Gostei do discurso enquanto motivador de massas mas fiquei com a sensação que o PODEMOS não tem por ambição ser um partido de governo. Por outro lado gostaria de ouvir propostas concretas para questões mais objectivas do dia a dia. Concordo com as preocupaçõpes sociais mas já abandonei a ingenuidade de pensar que isto não tem custos quer financeiros que de comportamento da propria sociedade.
Com estas questões esclarecidas até estaria disponivel para votar num “PODEMOS.PT”.
Cps
ASantos
Deve ser a primeira vez que o oiço falar, e disse palavras bonitas que a esquerda gosta sempre de ouvir…
Espero que ele não tenha apenas isto para oferecer às pessoas, alguém que tem o objectivo de liderar um governo tem que ser bem mais objectivo, e tal como referiu ASantos, a substituição (que vai acontecer com ou sem “Podemos”) do actual degenerado status quo por um novo status quo vai (está) ser dolorosa.
Um exemplo, parece-me que Pablo Iglesias é, tal como quase toda a esquerda, por “mais Europa”, contudo, não diz como será isso possível, mas mesmo sendo por “mais Europa” defende o orgulho de ser português, espanhol, grego, etc., ou seja, explora o nacionalismo para cativar as massas.
Quase toda a esquerda ainda não conseguiu explicar às pessoas como é que isso de ser patriótico e ao mesmo mesmo tempo ser ainda “mais europeu”.
Depois não se admirem que a extrema direita xenófoba nacionalista tenha as votações que tem, no que diz respeito à eurocracia a extrema direita é bem mais objectiva…
Se o Pablo Iglesias me apresentar propostas de como criar essa “mais Europa”, e eu as achar credíveis, ficaria bem mais satisfeito, agora, apresentado-me a mesma retórica vaga que outros já o fazem há bastante tempo é cansativo…
Essa Agora, meu caro Zé João. Distração a sua.Porquanto o meu amigo não está em todo o lada e há lados que não lhe agradam ouvir.
Claro que não, mas é o melhor que ouvi, e ouvi muitos, e de bastantes partidos de esquerda.
A salvação está para breve? 🙂
O problema, dizia há dias um amigo espanhol, é que não concretiza…..
Do Programa Económico do PODEMOS…
Transcrevo:
“A maioria dos portugueses despertou pela primeira vez para as mudanças da realidade politica em Espanha no passado fim-de-semana, quando o Podemos apareceu pela primeira vez nas intenções de votos à frente de PSOE e do PP. Conheça o que defende o movimento de Pablo Iglésias para as áreas económicas.
Redução da jornada de trabalho para 35 horas, diminuição da idade de reforma ou a criação de uma agência de “rating” europeias são algumas das políticas que o Podemos tem no seu programa, disponível na internet. Os gestores ouvidos pela Renascença dizem que uma coisa são as propostas que estão no papel de um programa e outra as medidas que a realidade obriga a escrever. Ainda assim, aqui fica para memória futura.
1. Programa de investimentos e políticas públicas para a recuperação económica, a criação de emprego. A reconversão do modelo produtivo que crie uma economia baseada na inovação e contribua para o bem comum tendo em conta os critérios de responsabilidade social, ética e ambiental.
2. Promoção do protagonismo das pequenas e médias empresas na criação de emprego, dando importância ao papel das instituições da economia social. Uma política de contratação pública favorável às pequenas e médias empresas que inclua cláusulas sociais na adjudicação dos contractos.
3. Redução da jornada de trabalho para as 35 horas semanais e diminuição da idade de reforma para os 60 anos.
4. Proibição dos despedimentos em empresas com benefícios fiscais
5. Auditoria dos cidadãos à dívida. Perceber quais as partes ilegítimas e interpor processos. Reestruturar o restante montante.
6. Conversão do BCE numa “instituição democrática” para o desenvolvimento económico dos países. Criação de mecanismos de controlo democrático, através dos parlamentos nacionais. Modificação dos estatutos desta instituição com a incorporação de objectivos prioritários que passem pela criação de emprego, prevenção de ataques especulativos e de apoio ao funcionamento públicos dos estados, através da compra de dívida nos mercados primários.
7. Criação de uma agência europeia de “rating” que substitua as três que agora determinam a política económica da UE. O Podemos quer que esta instituição funcione longe dos interesses das empresas privadas.
8. Sistema financeiro deve-se reorientar para consolidação de uma banca ao serviço dos cidadãos, com a democratização das caixas de aforro e dos bancos. Ampliação das competências do Banco de Fomento no apoio às PME. E proibição de instrumentos financeiros propícios à especulação como os fundos abutres.
9. Nacionalização de sectores estratégicos da economia. Recuperação do controlo público de sectores estratégicos como as telecomunicações, a energia, a alimentação, o transporte, a saúde, e a educação para que a população acesso universal a estes serviços. Limitar as privatizações de empresas reconhecendo o poder patrimonial que os contribuintes têm sobre as empresas públicas, portanto todas as privatizações devem estar sujeitas a um referendo.
10. Intercâmbio de informação fiscal entre as administrações tributárias europeias com sanções para quem não cumpra.
11. Obrigatoriedade de todas as multinacionais e as filiais apresentarem contas em termos globais e divididas por países. Estabelecimento de um novo modelo para evitar a dupla tributação e prevenir a fraude fiscal. Tipificar o delito fiscal a partir dos 50 mil euros e aumentar os meios de combate à evasão fiscal. Endurecimento das sanções por este delito, penalizando as entidades financeiras que ofereçam produtos que facilitem a evasão fiscal.
12. Impostos às grandes fortunas e fiscalidade progressiva sobre os rendimentos. Política tributária justa e orientada para a distribuição de riqueza que sirva um novo modelo de desenvolvimento.
13. Direito a um rendimento mínimo para todos com um valor mínimo superior ao limiar da pobreza.”
(fonte: Rádio Renascença – excertos do texto de 07-11-2014 assinado por João Carlos Malta
via Renato Teixeira no Facebook, via APFitas NossaCandeia)
A responsabilização dos eleitores pelas escolhas que fazem é o mais significativo; alguns precisam de acreditar e era bom aparecerem dirigentes “respeitaveis” que lhes dessem uma esperança. Mas a nossa esquerda caviar?