Violência de ultras mata em Madrid

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Riazor Blues

O futebol, sempre tão vergastado, deve assumir o papel do Estado ao banir das suas fileiras os ultras? E serão os ultras, de facto, uma realidade do futebol ou são meros arruaceiros do pior, que estão a servir-se do futebol para clamarem com mais audiência os seus ideais (“el club perseguirá a cualquier otro colectivo, peña o grupúsculo que pudiera surgir en el futuro bajo cualquier otro nombre, que no condene radicalmente la violencia o que utilice el nombre del Atlético de Madrid o sus instalaciones para defender ideas políticas, racistas o xenófobas”, lê-se no comunicado de hoje do Atlético de Madrid)?

A morte de Francisco Javier Romero Taboada, no passado fim-de-semana, em confrontos programados pela Frente Atlético, tida como emanação de extrema-direita, e os Riazor Blues, apoiados pelos Bukaneros – do Rayo Vallecano, clube dos subúrbios da capital espanhola – vindos em seu auxílio, em nome da solidariedade de extrema-esquerda que une – diz-se – ambos os bandos, fez soar o alarme da sociedade civil –que não se revê nesta turba – e das forças de segurança.

Segundo uma testemunha, um amigo de Jimmy, a vítima fatal dos confrontos, “confidenciou, numa entrevista à Radio Voz de Galicia, que Francisco J. Taboada lhe confidenciara que fora contactado, através da rede social whatsapp, pelo ultras do Atlético de Madrid, mas não atribuiu importância ao facto”, segundo refere O Jogo.

imagesOra, não bate a cara com a careta. Se, de facto, a ameaça não tivesse sido levada a sério, os Bukaneros não se teriam arregimentado para rumarem ao local do “encontro” em socorro dos galegos da Corunha. Tudo parece, assim, combinado, situação que é aceite por todos: “A presença dos torcedores de Vallecas faz com que as autoridades desconfiem de que o confronto tenha sido marcado previamente. E que leva a crer que rivalidades políticas tenham, mais uma vez, usado o futebol como pano de fundo. Afinal, a Frente Atlético é declaradamente de extrema direita, tendo, inclusive, símbolos nazistas. Enquanto Los Riazor Blues e Bukaneros defendem ideais de extrema esquerda”, escreve o www.superesportes.com.br, para acrescentar: “Dos distúrbios, dois torcedores foram atirados ao rio Manzanares. Um saiu das águas pelos próprios pés. O outro, golpeado fortemente na cabeça antes de ser jogado à própria sorte, teve que ser socorrido pelos bombeiros de Madri. Francisco Javier Romero Taboada, de 43 anos e pai de dois filhos, deu entrada no hospital Clínico San Carlos com quadro de hipotermia e traumatismo crânioencefálico. Às 14h30 locais (10h30 do Recife), sua morte foi confirmada pelas autoridades médicas espanholas. A décima vítima fatal da violência de torcidas na Espanha desde 1982”.

riazUma e outra facção não são virgens neste tipo de acções violentas: “As duas facções – El Frente e Riazor Blues -, principais intervenientes dos embates desse domingo, têm histórico de violência. Ligada à extrema direita e com líderes simpatizantes ao nazismo e ao regime fascista de Francisco Franco, a Frente Atlético se declara como grupo contrário aos movimentos separatistas das diversas regiões autônomas espanholas. Em 1998, Aitor Zabaleta Cortázar, de 28 anos, torcedor da Real Sociedad, foi morto após ser esfaqueado nas imediações do Vicente Calderón. Seu assassino, Richard Guerra, era membro do grupo Bastión 1903, integrante da Frente. Os Riazor Blues, grupo fundado em 1987, já se envolveram em diversos conflitos ao longo de sua existência, principalmente com os radicais de seu rival galego, Celta de Vigo, e com ultras de direita como Ultra Sur (Real Madrid) e Ultra Boys (Sporting Gijón). Seu episódio mais lamentável data de 8 de outubro de 2003. Na ocasião, Manuel Rios Suárez, então com 31 anos, foi espancado por membros do Riazor Blues. Manuel era torcedor do próprio Deportivo e foi morto ao defender uma criança que vestia a camisa do Compostela após um jogo pela Copa do Rei” (idem).

Com rapidez, o Atlético de Madrid já tomou providências. Espera-se agora que as autoridades tenham mão firme. Até porque não estamos imunes aos fenómenos de imitação que podem chegar cá, essa insofismável lei da atracção, ou da atracção pelo abismo.

Uma coisa é certa: isto não tem (só) que ver com o futebol, e é bom que o futebol se acautele. Até porque já houve retaliação em Sevilha, na “peña” do Atlético daquela cidade, e estes fenómenos são difíceis de parar.

Como se soube, entretanto, a vítima mortal tinha um passado de violência desde 2001, tinha já sido detido por 9 vezes por tráfico de droga e roubo com violência associada, maus tratos e intimidação. E deixa, aos 43 anos, dois órfãos, um menino de 4 anos e uma rapariga de 19.

Comments

  1. Não são necessários experimentalismos, é decretar tolerância 0 à escumalha e banir do futebol quem está a mais, como aconteceu em Inglaterra. Mas obviamente isso requer coragem política e políticos com coragem…

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