Se já durante o ano de vez em quando vamos recebendo mensagens que nos recordam quão bom é ser em vez de ter, na época natalícia estas mensagens multiplicam-se ad nauseam. Toda a gente lá vem com o discurso de que o importante é ser e não ter. Já não há pachorra para os aturar! Eu vou pôr-me a Aventar.
Em primeiro lugar, gostava muito, mas muito mesmo, de ver essas pessoas que tanto apregoam a moderação de consumo e exacerbam as qualidades de se ser parco usar essa regras consigo próprias. Normalmente, limitam-se a falar, mas agir, isso é que era bom!
Pois eu, como sou do contra, discordo.
E discordo porque para mim TER é tão essencial como SER, ou talvez mais ainda. Começando pelos bens materiais: É essencial ter um tecto sobre as nossas cabeças, camas minimamente confortáveis, casas confortavelmente quentes ou frescas. É essencial ter comida suficiente na mesa e água potável em casa. É essencial ter roupas e calçado que nos aqueçam ou ajudem a refrescar. É essencial ter trabalho. E, sim, é essencial ter dinheiro para poder comprar, consumir. E isto é essencial para todas as pessoas que habitam este planeta.
É essencial ter bons amigos. É essencial ter família que nos ama e nos recebe de braços abertos, que nos apoia sempre ou que nos ama independentemente de nos apoiar ou não.
É essencial termos mentes abertas, espíritos solidários. É essencial termos capacidade de introspecção e análise, para percebermos o que fizemos mal ou em que é que devemos mudar a nossa opinião ou postura. É essencial termos educação e respeito por todos os que nos rodeiam, concordemos ou não com as suas atitudes e ideias. É essencial termos a capacidade e vontade de nos revoltarmos quando algo está errado na sociedade.
Sim, queridos leitores, em tempo de Natal, e todo o ano também, desejo que tenham muito do que acabo de referir e sobretudo que tenham a felicidade sempre do vosso lado ou que tenham a capacidade de transformar momentos banais em felicidade. É que só se vive uma vez (pelo menos só se vive uma vez de cada vez) e TER é realmente importante.
Boas posses para todos!
Concordo consigo. Ninguém É (Ser) se não tiver (Ter) posse de bens de conforto essenciais à dignidade Humana, como caracterizou.
Creio que todos nós sabemos onde está o problema sobre o ser e o ter. A propaganda mercantilista retira capacidade de pensar às pessoas induzindo-lhe ideias falsas do Ser.
Só és alguém se tiveres roupas e calçado de marca, por exemplo, mesmo que não tenhas nenhuma cultura. Aliás, a cultura é aquela que nos impingem também pela via da propaganda quando deveria ser a escola e a família, as organizações sociais a fazer essa formação.
Como o Homem é um Ser insatisfeito, não para no essencial, quer sempre mais, mesmo à custa da sua própria alienação.
Bem, depois a inveja faz o lastro para um caminho de bobinidade.
Sem nada de Seu, como é que alguém poder Ser!?
Pois eu felizmente, não recebo mensagens nenhumas sobre ter ou ser, nem durante o ano, nem em dezembro. Devo certamente andar por espaços binários da internet diferentes dos vossos. Quanto ao ser e ao ter, discordo absolutamente de vocês.
Eu estou-me a cagar para a merda do espírito de Natal, mais a anexação diabólica que a igreja católica fez de uma festa pagã.
E estou-me também a cagar para a moda da caridadezinha, que essa sim, que se multiplica mais rapidamente em dezembro que a junça num campo agrícola.
Mas voltando ao ter e ao ser. Eu vejo tanta gente que tem tanto, dinheiro claro, mas tanto, mas continua tão infeliz, quase sempre por não conseguir ter ainda mais.
E lembro-me sempre das palavras de uma ex-namorada, que me dizia há muitos anos: “Sabes, era tão feliz quando era criança, vivia num barraco, e tinha de tomar banho numa bacia pois nem casa de banho tinha. Hoje temos uma grande vivenda nossa, toda bonita, o meu pai ganha muito dinheiro, e não me sinto feliz. Não tenho afeto e agora ele só pensa em ter mais dinheiro”.
Pois é.
E lembro-me também do retrato que o meu colega de trabalho me fez, ainda há semanas, da estada recente que teve em África. Ver quem nada tem e como estranhamente parecem felizes. Mas como é que isso pode então ser? Aqui temos eletricidade, água canalizada, telemóvel, internet, televisão, etc etc etc, e andam todos tristes e deprimidos, basta olhar para os rostos fechados das pessoas na rua. Se calhar a depressão generalizada advém da falta do ter.
Pois é.
Conversa complicada, esta…
Pois eu acho que “ter” e “ser” são duas faces da mesma moeda.
Preciso de ter tudo o que o post diz, sobretudo bons amigos e familiares e bons livros e discos que me dão imenso prazer.
Mas também preciso de ser. Preciso de ser alguém que se orgulhe de quem é e nisso encontre coragem para sair da cama todas as malditas manhãs.
Cago no Natal, suprema hipocrisia desta sociedade imbecilizada a mentalmente indigente.
Cago na caridadezinha das tias de Cascais que só se preocupam com os pobrezinhos na ceia do natal (os pobrezinhos, se calhar, comem merda o resto do ano, não, tias?). Cago nisso tudo.
Mas preciso de ser alguém que pensa e de ter conforto material.
Tanto quanto sei um bébé que tem um brinquedo agarra-o com a mão – se tiver um irmão não reparte com ele o seu brinquedo – é dele – é a posso – é aprender que é dele – só mais velho poderá repartir – ter tudo o que se tem é o suporte material do SER e não se “é” sem ter – eta conversa escrita em que enfio parcialmente a carapuça não se dirige a gente idiota que em geral não parece no Aventar – e continuo a a dizer que a sociedade onde vivo até há mais anos do que os aventares é sociedade do TER tanto que nem chega para todos, mesmo pouco porque se apropriam do deles e dos outros e não é em vão que 5% detêm 95% da riqueza nacional e 95% ficam com os “restos” Assim desejo para este NATAL que tosos os aventares se afoguem no TER o que lhes apetecer e se mesmo assim não percebem o que escrevi aqui está a minha tentativa, quem nem vou repetir porque Não TENHO paciência para tanto doutor o que hoje todos são menos eu Eu só sou eu, assim, e quem não gota tanto me faz Já sou o que sou antes de nascerem Mas bom natal deseja-se até aos cães que são tão maltratados por tantos e eu adoro cães e animais em geral que os do TER adoram maltratar para os CIRCOS para fazer companhia ao circo sociocultural e humano Tenham o que quiseram pois nada tenho com isso
Tenham o que quiserem desde que não seja a parte que me devia caber a mim que isto de professores tem muito que se lhe diga
Reblogged this on O Retiro do Sossego and commented:
É essencial ter pessoas que traduzem para palavras os nossos sentimentos. É essencial ter amigos que não conhecemos, irmãos, que nos fazem despertar e gritar, BASTA!!!!
É essencial ter que republicar isto para os meus amigos também possam ter o prazer de ler estas belas e sábias palavras.