Solidariedade com o Estabelecimento Prisional de Évora

epévora

NUNO VEIGA/LUSA

Sei que José Sócrates é culpado, mas o único castigo para a má governação consiste em não ser reeleito, à excepção do que tem acontecido com Alberto João Jardim. A má governação castiga, também, os governados, mas há quem o mereça, sobretudo se usar o voto da mesma maneira que usa o cachecol de um clube de futebol. Penso, a propósito, que faria sentido que o voto deixasse de ser secreto, para que os eleitores das maiorias pudessem ser os únicos a sofrer com as medidas tomadas pelos governos que elegeram, mesmo que indirectamente.

Durante seis anos, fui um dos muitos prejudicados por um governo dirigido por uma personagem medíocre, arrogante e desonesta, um vendedor de banha da cobra com fatos de marca, um malcriado cuja má-criação foi, muitas vezes, confundida com coragem, num país cujos cidadãos, no fundo, gostam de salazarinhos com ar mandão, como é o caso de Passos Coelho, o irmão mais novo do seu antecessor.

Como se isso não bastasse, Sócrates tem, ainda, o mérito de falar num timbre de tal modo irritante que me fez agradecer mil vezes o milagre da televisão por cabo, milagre que me salvou os tímpanos e a pituitária também depois de o homenzinho ter chegado a comentador televisivo, essa espécie parasitária que mina o habitat comunicacional.

Nem quero imaginar o que será estar, hoje em dia, no interior do Estabelecimento Prisional de Évora, essa esforçada instituição que o destino sobrecarregou com a obrigação de ouvir a voz de Sócrates do nascer ao pôr do Sol. Não me admiraria que as tentativas de evasão aumentassem na prisão alentejana e que os próprios guardas prisionais participassem nelas, fartos de ouvir o tão célebre como insuportável “Porreiro, pá!”.

Os alentejanos são de uma resistência e de uma paciência a toda a prova e conseguem suportar com uma superioridade calma e com uma bonomia inverosímil centenas de anedotas sobre o estereótipo da preguiça e da estupidez. Considero, no entanto, que é de uma enorme crueldade forçá-los a conviver com um homem cuja voz é suficiente para estragar um ensopado de borrego ou uma sopa de cação. Como se isso não bastasse, conta-se que a conversa entre o célebre recluso e Edite Estrela fez com que todos os lacticínios tivessem azedado num raio de cinquenta quilómetros, para além de vários cordeiros terem nascido com duas cabeças e três patas.

Quero, assim, manifestar a minha solidariedade com o Estabelecimento Prisional de Évora. Poderia propor que tão nobre edifício recebesse uma condecoração do Presidente da República, mas não me apetece falar do estado em que se encontra o Palácio de Belém e dos trabalhos por que passam os trabalhadores da Fábrica de Pastéis para que o recheio não fique cheio de grumos.

Comments

  1. Com fascistas não gostaram do texto. Vocês são uns tristes.

    • Nightwish says:

      Não, não gostei. Tenta ser uma sátira, mas é puro insulto gratuito. Também odeio o Pinócrates e festejo que seja apanhado pelos crimes que cometeu, mas isto… não é nada. Muito abaixo do nível do Aventar.

      • António Fernando Nabais says:

        O texto está fracote, mas não se pode pedir mais ao artista. Continuo a não descortinar nenhum insulto: tenho genuinamente pena de quem tem de aturar o homem todos os dias: para bem de toda a gente no Estabelecimento Prisional de Évora, espero que o Sócrates seja declarado inocente, para os livrar desse peso.

  2. joao lopes says:

    sempre fui a favor disso.lembro-me que quando durao barroso fugiu para bruxelas,ninguem em portugal admitia,sequer,ter votado no figurão.tambem sou a favor de de medidas de austeridade,particularmente duras para militantes do PSD/CDS/PS

  3. antonio oliveira says:

    “E se eu fosse mosca” – título de uma redacção proposto pela nossa professora de Português, nos idos de 60. frequentava eu o “velhinho” Alexandre Herculano.

  4. Luis Carrôlo says:

    Tive um vómito a meio mas educadamente o meu estômago amainou A pouca razoabilidade que admite ter não lhe dá a unanimidade o seu governo marcar-me-á positivamente para sempre e por bons motivos. Paciência ‘’os fracos de espirito será deles o reino dos céus’’.

    • António Fernando Nabais says:

      Concordo consigo: o governo de Sócrates marcou o país. Também estou convencido de que o ex-PM é merecedor do reino dos céus.

  5. Luís Coelho says:

    Também não aprecio o estilo de Sócrates, em quem nunca votei.
    Mas este artigo não é nada. É o equivalente do “Aleluia” daquele deputado Duarte qualquer coisa, do PSD.
    A vingança nunca resolveu nada.

    • António Fernando Nabais says:

      Este artigo não é nada? Não insulte o artigo, Luís, que é um texto digno. Isto é, em grande parte, maledicência, descarga de bílis e uma tentativa de humor.

      • joao lopes says:

        eu acho que este artigo não é nada insultuoso em relação ao socrates.é apenas um desabafo.já o criterio editorial do CM em relação ao socrates é particularmente estupido e insultuoso em relação, não ao socrates,mas aos portugueses em geral.

  6. Parabéns pelo artigo.Uma maneirairónica de espelhar um malcriado , prepotente e chico esperto,de caracter tão bem trabalhado que ainda há quem tenha a lata de o defender.

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