Falta de sentido de amor

Aceito que haja pessoas sem sentido de humor. Nem todos tiveram a sorte de receber o treino adequado: é necessário interiorizar verdadeiramente a tolerância e, sobretudo, compreender, por estranho que possa parecer, que o humor não é para se levar a sério. Assim, um humorista pode ser processado ou, pior do que isso, ignorado. A partir daí, reacções como o insulto ou o homicídio que tenham por alvo os autores de piadas são casos de polícia e não se fala mais nisso.

O Papa Francisco, preferindo os caminhos de Gustavo aos de Deus, veio declarar que há limites para a liberdade de expressão, considerando que não se pode gozar com a religião dos outros. Cito e subscrevo, a propósito, o comentário publicado pelo Ricardo M. Santos: “Eu tenho amigos que são vegetarianos e detestam que se brinque com isso. Outros são vegan. Outros gostam de camisas às bolinhas, outros gostam de camisas aos quadrados. Outros jogam playstation e outros são sportinguistas. Outros têm hortas. E eu acho piada a isso tudo. Definam lá isso dos limites para eu andar descansado.”

Para o Papa, portanto, o sentido de humor pode ser, afinal, um sentido proibido. O que mais me surpreende, no entanto, nas declarações de Francisco é a afirmação de que é natural bater em quem disser mal da nossa mãe, o que poderá trazer muitas complicações aos catequistas, porque esse é um dos passatempos mais praticados entre as crianças. Para além disso, o pai será menos que a mãe? E se se pode golpear quem disser mal de um familiar, o que se deverá fazer a quem maldisser Deus? Não conheço pessoalmente o Criador, mas desde que ignorou o pedido de Antero para que provasse a Sua existência fulminando-o, devo dizer que me deixou boa impressão, apesar da minha condição de agnóstico muito descontraído.

Não sou como o Papa Francisco: podem dizer mal da minha mãe à vontade, sobretudo se tiverem mais um metro e oitenta (pode ser um metro e setenta e cinco), alguma musculatura e um aspecto agressivo. Como sou um cobarde praticante, qualquer homem possui as características descritas, tal como a maioria das mulheres e muitos adolescentes. Para além disso, a minha mãe tem a enorme vantagem de ser muito superior a todo o mal que se diga sobre ela; se fosse inferior, o problema estaria igualmente resolvido.

O fundamentalista surge quando à incapacidade de rir se alia a falta de sentido de amor, nem que esse amor se limite ao respeito pela vida de qualquer ser humano, mesmo que seja autor de graçolas corrosivas sobre a divindade. Deus e os profetas serão, em princípio, suficientemente fortes para se defenderem de piadas mesmo que sejam de mau gosto. De qualquer modo, se Deus for feito à imagem dos habitantes de Canelas ou se Maomé tiver alguma semelhança com os assassinos de Paris e da Nigéria, são entidades perfeitamente dispensáveis.

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    É óbvio que pode reagir da forma que melhor entender aos insultos dirigidos a si, à sua mãe ou a algum membro da sua família, independentemente da forma como se auto-adjectiva ou das suas limitações.
    Associando-me à sua opinião que não é com homicídios e actos de terrorismo que se resolvem estes assuntos, a verdade é que tenho dúvidas que entregar o caso à Polícia, seja uma boa prática. Mas enfim, cada qual fará como entender, calará, ou reagirá da forma que lhe aprouver, protegendo sempre, sem dúvida, o direito à vida.

    O problema, quanto a mim, é a manifesta sopa de conceitos que se praticam nesta sociedade e que, poderiam ser também uma fonte de humor, embora eu entenda que seria preferível pensar neles, em vez de nos rirmos deles.
    O humor é algo, de facto, com larga tolerância, chegando mesmo ao limite de ser negro. E chamar fundamentalista a quem não acha piada a isso é, de facto, uma “piada Charlie”.
    O problema não se põe na divindade, mas antes nos limites que nos impõem as crenças dos outros. Chama-se a isso respeito por quem pensa de um modo diferente sobre valores, algo que não existe já na nossa Sociedade e bom senso, algo que cada vez mais, é utopia.
    Estou de acordo que estes conceitos são variáveis, tal como são a Urbanidade, a Democracia e a própria Liberdade, mas deveriam ser condicionados pela correcta vida em Sociedade.

    Nada tenho contra o Ateísmo, que respeito, mas fico surpreendido com a vontade de afirmação dos ditos Ateus que usam e abusam dessa sua condição para derreter valores de outros, fazendo um tipo de caricatura a que chamam humor.
    Eu defendo que quando se partilha uma ideia, discute-se, não se corta pela raiz a vontade para o debate.

    Para terminar, o seu último parágrafo demonstra bem a tal sopa de conceitos em que a sociedade insiste em embrulhar-se. Comparar todo este drama com Canelas ou com a Nigéria e associar o que se passou à divindade, é um exemplo de como se confunde a “Estrada da Beira” com a “Beira da Estrada”.
    Digo-lhe, por exemplo, que gostaria de ver os “Charlies” a fazer o que fizeram em Paris, a começar pelos hipócritas daqueles seres que se dizem Chefe de Estado.
    É que os Charlies, existem e a divindade, não sabemos… Portanto crítica por crítica, devemos dirigi-la a quem tem possibilidades de replicar, em vez de ficarmos à espera como o referido Antero de Quental, que um raio venha de cima para o aniquilar. É que já passaram mais de 120 anos e o raio vai caindo, mas noutras direcções.
    Desçamos à Terra, o que deve ser muito mais fácil para um Ateu.

    Uma nota final: O Papa Francisco falou claramente fora de tempo. Não é agora que deveria falar sobre o seu conceito de liberdade de expressão. Teve largas hipóteses de o fazer, dada a continuidade do referido “humor” de que o Charlie Hebdo usou e abusou durante meses a fio. E quem tem as suas responsabilidades, calar-se sistematicamente a isso e vir agora definir conceitos, está a dar um tiro no pé. E é pena, pois parece ser uma pessoa com muita credibilidade, pela humanidade que vem demonstrando. Mas não se pode ser reopresentante de uma religião à 2ª, 4ª e 6ª e assobiar para o lado às 3ª, 5ª e sábados.

    Cumprimentos.

    • José almeida says:

      Caro Ernesto Ribeiro, os meus parabéns. Não sabia que escrevia tão bem. Para além disso, estou de acordo com o que diz. Antes de mais, gostaria de dizer que sou ateu, mesmo, mas…. gostaria de não o ser. Acho que os cristãos, judeus, muçulmanos, e outros, são mais felizes que eu. Tenho ideias, ideais, mas não tenho religião. Ainda por cima, tenho fé. Mas não tenho religião. Não tive a ‘graça’ de nenhum Senhor. Sinto a falta de acreditar que isto é obra de algum Deus. No caso de Deus existir, é só um e é comum a todos os mortais. Mas interessante, é como foram os humanos capazes de criar, dar rosto ao criador, caricatura-lo, acharem que ‘o meu é melhor/maior que o teu’, e no fundo estão a discutir acerca de um ‘buraco negro’ qualquer do universo. Vou ainda vou tentar um esforço mais, mas acho que nunca serei crente. Assim, fico com a minha fé sem nome. Anónima.

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Caro José Almeida.
        Começo por agradecer a sua simpatia. Creia-me um leitor seu – exercício que pratico com muito agrado – mas acima de tudo fico muito feliz pelo nível da conversa e com a seriedade dos argumentos.
        Não temos que estar de acordo. Temos que nos respeitar e isso, é evidente nestas comunicações.

        O meu amigo é muito claro na sua prosa e por isso mesmo, compreendo-o muitíssimo bem; e isto, diz-lhe quem é crente, mas que por vezes também soçobra na fé. As coisas, acredite-me, são também difíceis para quem assume o valor da fé, mas simultâneamente vai vendo o que se passa à sua volta.
        E por vezes … acho que não somos muito diferentes.

        A criação da divindade começa e continua com a insegurança, com o temor e com o desconhecimento. Depois – e esta é, quanto a mim, a parte interessante da abordagem religiosa – somos empurrados pelo exemplo de pessoas extraordinárias, elas como qualquer de nós, susceptíveis de errar no dia a dia, mas que as no cômputo geral das suas vidas, são um exemplo.

        Confesso-lhe que escrevo nas horas vagas, sendo um amante da História e nesta, pratico a tentativa de compreensão, nomeadamente da fé, expressa no número infinito de Templos que por aí vejo e que tento conhecer profundamente. E dentro destes, pesquiso os oragos, os ditos santos e estudo a sua biografia, concentrando-me no exemplo humano. E destaco figuras incontornáveis de exemplo familiar e social, como foram S. Bento, S. Francisco, Santo Agostinho ou, para que se não veja no que escrevo um carácter machista, figuras como Santa Rita e Nossa Senhora.
        Mas vou mais longe e tento conhecer as outras fés, misturando-me com muçulmanos, budistas, ortodoxos, judeus, identificando-me sempre como Cristão e tentando compreender as diferenças. A minha vida profissional leva-me aos mais diversos e afastados países do mundo e aí, tento perceber a cultura social e religiosa.
        Acredite que é a maior riqueza que se pode ter.
        E sabe o que descobri?
        É que somos todos iguais no meio de tanta diferença. Os objectivos de qualquer povo e de qualquer religião, são os meus, os nossos, com meios diferentes e por isso, só variará a amplitude do objectivo. E então na religião, meu caro José Almeida acredite que não vi diferença nenhuma. Esqueça as divindades, pense só e apenas no exemplo de vida que pretende e encontrará a resposta para a Fé. Não é preciso ir à Igreja; é preciso compreender o(s) movimento(s) e sobretudo, no meio dos muitos erros que a religião cometeu e no meio dos muitos erros que em nome da religião se permitiram, fixar-se no enorme legado cultural, assistencial, social que se levantou e que, queira-se ou não, bem ou mal, é o pilar mais forte da nossa Sociedade.

        Se olhar para trás, constata seguramente o aparecimento de filosofias fundamentais para a criação desse pilar que antes abordei como o Humanismo. Filosofias que são outro tipo de religião, mas que foram motivo de divisão por feiras de vaidades e sobretudo por algo que nos é intrínseco: a resistência à mudança.

        E neste contexto, o da melhoria contínua da Raça Humana no seu aspecto espiritual, na luta pela justiça da sociedade, nos conceitos de bem e mal, que digo que os conceitos filosóficos e religiosos são, no fundo, todos iguais.
        Obviamente, não entram neste domínio os radicais e fundamentalistas que, no fundo, existem em todas as religiões. O Homem já cresceu suficientemente, para saber separar o trigo do joio ainda que falemos de espiritualidade.
        Por isso me permito ser tão crítico relativamente àquilo a que se convencionou, ultimamente chamar de “liberdade de expressão”. Tenho sérias dúvidas que se não estejam a confundir conceitos. Mas tal como em tudo, deixemos a poeira assentar e quando os ânimos estiverem menos exaltados, tenho a firme certeza que vamos encontrar muito “Charlie” arrependido.

        Um abraço amigo.

        • José almeida says:

          Uma vez mais tenho que concordar consigo. É precisamente por ter vivido nos 4 quatro (3), cantos do mundo, que me interrogo sempre cada vez mais. O meu ateísmo é de ‘nascença’. Assim como o meu clube. Não escolhi, foi uma forma de estar na vida. Hoje vivo no sodueste asiático, já completou 4 anos e espero alguns mais desejar e estar. A ultima coisa que se conhece é sempre a ultima, a que faltava, mas as surpresas sucedem-se. No que toca a religião, o budismo praticado no Camboja , na Tailândia em Laos e em alguns locais de Myanmar, é de facto diferente na forma como se prática, quando comparado com qualquer outra religião. A minha avó era tão devota como as pessoas que vi nos templos, o gesto, o sentimento e a oração e os ‘desejos’ são os mesmos. A diferença está em adorarem também a Terra, a Natureza, sobretudo a Água. Nós, continuamos a olhar para a diferença entre a Bíblia e o Corão. Vemos sempre muito mais do que os olhos nos querem mostrar. “Nós”, adoramos sobretudo o Céu.A fé pode ser, ou estará a ser manipulada. A fé devera ser acompanhada de meditação. A fé está no desconhecido, no que não tem explicação, no que gostaríamos que fosse diferente. A forma como estão a rachar o mundo ao meio é impressionante e de consequências que ninguém controla. A religião não pode utilizar a fé como rastilho do que está a conhecer no mundo. Este mundo está dividido entre ricos e pobres, fidalgos e plebe. As excepções vão escrevendo, pintando, lutando com arte e sabedoria.

          Isto é muito pano…..

          Um abraço amigo.

          • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

            A feliz expressão que usa : “A religião não pode utilizar a fé como rastilho…” é o retrato do Mundo de hoje.
            E a verdade é que o Mundo a usa mesmo e de um modo incontrolado.
            É essa irracionalidade que precipita os acontecimentos e à irracionalidade do fundamentalismo contrapõe-se, quanto a mim, uma outra potencial irracionalidade que é o actual conceito de liberdade de expressão. E este é o ponto base das discussões dos últimos tempos.

            Percebo e partilho o seu conceito de Fé, sobretudo quando tão bem cita: …”acompanhada da meditação” e ainda a caracterização que dela faz ou seja, o que …”gostaríamos que fosse diferente”.
            Foi exactamente por esse motivo que lhe referi há pouco, alguns nomes de pessoas simples, que executaram uma função sócio-cultural enorme. Eu defendo que eles – ponderados os avanços da sociedade – apontavam um caminho e que não deveria ser errado, pois ainda hoje a sua filosofia é actual.

            A ligação à Natureza e o respeito pelos ciclos, pela Natureza em geral e pela água constitui o primeiro Deus conhecido, pois é visível e ninguém pode passar sem eles. Os Celtas que por cá andaram cerca de 1500 anos viviam numa constante ligação à Natureza e do outro lado do Atlântico, os Índios faziam o mesmo. Depois foi o fundir de credos ( a “virgem Negra da Polónia” ou mesmo da Catalunha corresponde à divindade “Mãe Terra” e por isso é negra). Penso que os Países da regiião que habita, conservaram de algum modo esse primeiro Deus visível.
            E pergunto: Não terão razão?

            Em todo o caso o José Almeida é um privilegiado por conhecer essas culturas tão distantes e tão diferentes mas, para mim, tão naturais. Aproveite bem esse privilégio (estou seguro que sim).
            Abraço.

    • António Fernando Nabais says:

      Caro Ernesto

      Aqui vão algumas discordâncias:

      Não considero que alguém seja fundamentalista só por não achar piada. Seria, aliás, outro tipo de fundamentalismo querer obrigar as pessoas a rir. O que distingue o fundamentalista é a incapacidade de respeitar a vida do humorista de cujas piadas não gosta.

      Dizer mal de alguma coisa não é incompatível com pensar sobre essa mesma coisa. Veja-se, por exemplo, o caso do Jon Stewart, nos Estados Unidos.De qualquer modo, o humor não é obrigado a ser “razoável”, na minha opinião: se não se gosta, pode-se fazer como com as ervilhas e pôr na beira do prato. Mesmo quando não é “razoável”, o humor pode, ainda assim, obrigar a pensar.

      Quando exprimimos uma opinião sobre aquilo em que não acreditamos ou sobre aquilo com que não concordamos, com ou sem humor, não estamos a “derreter” os valores de ninguém. Haverá ateístas que gostariam de acabar com as religiões e sabe-se que muitos crentes gostariam de acabar com o ateísmo, mas isso é intolerância. Qualquer pessoa que faça uma caricatura terá de lhe chamar humor e voltamos ao mesmo (ao único?) problema: só poderá rir-se quem achar piada; não terá direito a matar quem não achar.

      O humor pode, entre outras coisas, significar que não se tem vontade de debater. É uma opção que pode ser, mais uma vez, ignorada por quem estiver interessado em debater.

      Na minha opinião, é possível comparar a tragédia de Paris com os episódios de Canelas, uma vez que, em ambos os casos, a violência está associada à religião ou ao modo como os agressores encaram a religião. A associação “do que se passou à divindade” surge, no último parágrafo, como uma hipótese (como se pode verificar pelo uso de uma oração condicional), porque, repito, se existir um Deus que ordene assassínios, estaremos na presença de um chefe mafioso omnipotente e, apesar de eu ser um “bicho da Terra tão pequeno”, só tenho a dizer que o Universo passa bem sem Ele.

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Caro António Fernando Nabais.

        Creio não ter apelidado nunca de fundamentalista quem não acha piada ou se não ri. Se o fizesse, estaria a chamar a mim mesmo fundamentalista, porque não achei nunca piada a muitas coisas que o Charlie fez e faz. E tenho de mim justamente o conceito de pessoa divertida e bem humorada.
        O Humor é coisa muito séria e saudável.
        Mas tem que ser Humor e aqui é que, penso, os nossos conceitos divergem.

        Permita-me reescrever o que atrás “postei” .
        “…O problema, quanto a mim, é a manifesta sopa de conceitos que se praticam nesta sociedade e que, poderiam ser também uma fonte de humor, embora eu entenda que seria preferível pensar neles, em vez de nos rirmos deles.
        O humor é algo, de facto, com larga tolerância, chegando mesmo ao limite de ser negro. E chamar fundamentalista a quem não acha piada a isso é, de facto, uma “piada Charlie”…”

        Estou completamente de acordo consigo que o humor ajuda a pensar. É exactamente isso que Stewart faz nos Estados Unidos, mobilizando uma sociedade muito centrada e fechada nela mesmo, como sabe com certeza. Esse humor não maltrata: é cáustico e tem o dom de poder acordar o que é muito diferente do que CH faz, penso eu.

        O humor de Charlie Hebdo derrete valores. Se quiser faço-lhe chegar a imagem da capa “O Corão é merda… O Corão não pára balas” ou a capa com a figura de Deus a ser sodomizado por Cristo e este pelo Espírito Santo. Há limites para valores que admito que Charlie Hebdo não tenha, mas que há que entender que há quem os tem. A isto chama-se saber viver em Sociedade e esta postura não passa por achincalhar valores que são caros a muita gente. Foi neste sentido que apliquei a palavra “derreter”.

        Há algo que lhe quero deixar claro: Pedia-lhe o favor de não associar a minha discórdia a esta situação com o achar bem o morticínio que se seguiu. Não vou por aí, nem vejo com bons olhos esse tipo de abordagem. Se quiser discutir as causas de raiz para o problema do fundamentalismo Islâmico, tenho todo o gosto em fazê-lo, mas não me parece bem associar aquilo a que eu chamo de “desmando CH” com a vingança patente no tirar vidas.

        Quando troco argumentos sobre este terrível e indesculpável acto de Paris com muita gente, apresso-me a esclarecer que discordo que a caricatura das religiões, tal como foi apresentado, seja humor. O que eu digo é que o limite da Liberdade se chama Libertinagem e esta é regulada por algo que se chama respeito pela convicção dos outros, pois não vivemos sózinhos. Caso contrário é provocação e esta para ter humor, tem que ser inteligente, senão corta o debate. Ou seja, estou de acordo consigo quando diz que …”O humor pode, entre outras coisas, significar que não se tem vontade de debater…”.
        Esta foi claramente a opção do Charlie Hebdo.

        Mas fundamentalmente o que acho no caso do Charlie Hebdo, é que a caricatura utilizada, não foi inteligente e fundamentalmente, não tem nada de humor. Podemos adjectivá-la de outras formas (o jornal auto intitula-se “Irresponsable” o que provavelmente será uma piada, mas a mim, parece-me mais uma constatação).
        E aqui, caro António Nabais não podemos fazer nada excepto aceitar quem não pensa como nós e debater conceitos e pontos de vista quando a isso se for chamado.

        Sobre a associação que faz de Paris e Canelas e a argumentação que usa, o que lhe digo é que é minha firme convicção que a Religião tem associada a si um percurso de violência. Mas a Religião, no seu íntimo, não é violência. Quem está na base dos desmandos é o Homem, com as suas grandezas e misérias, que usa Religião para fazer desmandos.
        E no contexto da presença do Homem como charneira destes problemas, dou-lhe toda a razão.
        Mas neste contexto, prefiro meter as fragilidades do Homem na discussão e não a vontade da divindade.

        Um abraço.

  2. LindaMenina says:

    Será que o dogma da infalibilidade papal em questões de fé nos vai obrigatoriamente nos por todos à estalada ?
    Era lindo ver prevaricadores a levarem 50 estaladas de cada vez, à saída das missas dominicais, por esse país fora.

  3. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Cara LindaMenina: Chamar apelar à infalibilidade papal num caso destes, é como chamar humor ao que para aí se vê em matéria de crítica a valores. Considero que há falhas normais e falhas graves. O Papa Francisco como pessoa humana, falhou por não ter pelo menos, antecipado o debate.
    Daí, apelar às bofetadas a nível de debate ou mesmo, à saída da Igreja, é algo que ainda que tenha piada, perdoe-me que lhe diga, está completamente fora deste contexto ou, pelo menos, ultrapassa-me o objectivo que pretende atingir.

  4. LindaMenina says:

    Caro Ernerto, não se assaralhope. O que há é uma falha tectónica grave no sentido de humor do papa em questões de fé.
    Vai uma estaladazita ?

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      O curioso no tipo de humor que espelha na sua redacção (creia que me não desagrada) é a interpretação e a reacção que se tem quando do outro lado, se escrevem coisas que se pretendem sérias (quero dizer, não humorísticas).
      É o que chamo humor sem sentido, sem qualquer intuito de depreciar o autor, ressalvo.
      O que deixa no ar uma pergunta: Afinal, quem se assaralhopa ?
      É o caso da associação ao raciocínio da tectónica.
      Mas deixe estar que vou comprar uma daquelas armaduras de arame que têm o condão de nos pôr sempre um sorriso na cara, ainda que não o queiramos.
      E depois de a ter, por favor não me dê uma estalada, porque pode aleijar a sua mão 🙂

      • Nascimento says:

        Assarralhopa o Ernesto,pois, para ele, o sentido de humor deve ter um só sentido. É daquelas pessoas que utiliza na sua mente o ” sim,mas…” É mesmo uma questão de Fé.
        Aliás repare-se na reação sobranceira do senhor á ” LindaMenina”. É só ler.Tudo o resto,da escrita retórica do tipo:-“O Homem já cresceu suficientemente, para saber separar o trigo do joio ainda que falemos de espiritualidade.”-, ( ui,ui…) é conversa da treta, até porque, se o Ernesto acredita nisso, então deve andar muiiito distraido,a sério.

        • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

          Caro Nascimento.
          Respondo-lhe só e apenas porque toca no meu nome.
          Conversa da treta é a sua e já agora acrescento que ando suficientemente atento para perceber que entrar num diálogo destes consigo, é manifestamente “trocar repetidos” ou seja, perder tempo. Fique bem.

          • Nascimento says:

            O Eco explica muito bem, o que é isso do “conceito” que pessoas como o Ernesto têm sobre o Humor, vai uma Rosa?…. e no que diz respeito á “liberdade de expressão”? ui, faz umas cocegazitas, aos Ernestos…..bora lá rever esses “conceitos”!
            Pessoas como o Ernesto, sobranceiras,muito viajadas, são no fundo Censoras,ainda que tentem sempre disfarçar com enorme verborreia escrita. Ou seja, como se diz cá no bairro: Querem dar-nos Musica!
            E nem precisamos de “viajar ” e ser-mos tão” estudiosos”,para a malta perceber,muito bem que Os Ernestos de hoje, são os Paulinistas dos Tempos Modernos. Aprenderam. São o ” bom senso”, passam o tempo todo a “lembrar-nos”…
            No fundo,se os lêr-mos bem, e com atenção, a estas pessoas o Humor revolve – lhes as tripas.
            Gostam,aposto eu, somente daquele “humor” que os faz “sorrir “,mas, com a mãozinha á frente… “malandrecos”, estes beatos. Vão mas é dar banho ao cão.E viva o nonsense.E viva CHARLIE.

          • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

            Sr. Nascimento.

            O Sr. é assim uma espécie de “atirador furtivo” que espera emboscado uma oportunidade e depois de referenciar o alvo, faz ataques vomitando as suas frustrações sob a forma de crítica pessoal, não discutindo contudo, ideia nenhuma.

            O Sr, incarna àquela espécie de espectador de futebol, que, não podendo por incompetência discutir a táctica de jogo, descarrega toda a sua figadeira em quem mais se mexer, seja ele o árbitro, o treinador ou mesmo o colega de bancada.
            Uma perfeita caricatura de um qualquer desenho Charlie mal amanhado.

            Esta é a forma como vejo o seu poder de “diálogo”.
            A sua “democracia” fica patente no tipo de considerações pessoais que tece, onde ressalta a péssima escrita e os constantes erros de português.

            E asim sendo, compreende-se que lhe apraz falar de pessoas mesmo que as não conheça, porque para seres da sua estirpe, o importante é falar e aparecer.
            Deus lhe guarde o seu conceito de humor porque houve aqui algo muito positivo. Representou um papel de facto brilhante pela diversidade, num misto de humor, de non sense e de estupidez.
            Acredite que este record é quase tão difícil de bater como o do Cristiano Ronaldo.
            Mas não desista, porque com a sua “qualidade” supera-se facilmente, com toda a certeza.

            Para terminar, informo-o, caso não se tenha dado conta, que o Sr. Nascimento é uma pessoa muito altruísta, pois com tantas gargalhadas que me fez dar, trabalharam os mais de trezentos músculos do riso, o que constituiu um verdadeiro exercício.
            Bem-haja.

          • Nascimento says:

            Furtivo ó Ernesto? Eu? Já ando por estes lados á muiiito ó Ernesto.
            Quem “apareceu” foi o Ernestinho.! Até sabe “escrever sem erros” , será ” non sense” ou nonsense? Olhe , pouco importa para o caso, né?Mas, para os Ernestos tenho uma á la Maradona( já que aprecia o futebol) adivinhe lá … é essa mesmo, muiiito “ordinária”, né?Pois é….
            Quanto á estupidez,não se aflija, é que eu adoro ser “estupido”,principalmente para gente que, depois de lidos os seus “famosos rabiscos”, cheiram ranço padreco.
            Percebeu ó Ernesto? E por aqui vou andar, divertindo-me com a prosa do ” eloquente” Ernesto. Até á próxima Ernesto.

      • joao lopes says:

        o humor é uma excelente “arma”,quando utilizado de forma inteligente.o herman josé é inteligente,por isso mesmo a sua rábula sobre a “ultima ceia” foi censurada…em portugal.o papa francisco tambem é inteligente,por isso mesmo tem que ser “politicamente correcto” nos tempos que correm(não tenho coragem de criticar o papa neste momento).p.s.-não sou catolico

        • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

          Caro João Lopes.

          Subscrevo na íntegra o que diz sobre sobre o humor e sobre o modo como deve ser utilizado.

          A opinião que me merece o Papa tenho-a transcrita anteriormente. Independentemente da admiração que por ele tenho, entendo que errou por não ter, na posição que ocupa e com a autoridade que lhe permite o cargo, atalhado contra aquilo a que denomino de exageros gráficos e vir só agora manifestar-se. Acho que a sua intervenção, peca por tardia.

          De resto, não tem que ser católico ou não para se exprimir e muito menos da forma correcta como, quanto a mim o faz.

          Cumprimentos.

          • joao lopes says:

            pois a minha “religião” é o sporting.imagine quantas vezes eu fui provocado/gozado pelo facto de o meu clube não ganhar.mas daí a andar aos tiros só por que sou provocado…bem sei que não tem nada a ver,mas bolas,cada vez sou mais…lagarto.e vivam os monty pithon…e o Nani

          • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

            E faz muito bem. É um grande Clube.
            Não sei porque se haveria de andar aos tiros por essas coisas, embora tenha consciência que a clubite é irracional. E se reparar caro João Lopes, a clubite chegou já à política e até à crítica, nomeadamente nestas páginas.
            Monty Python faz realmente uma crítica satírica carregada de humor, com muita qualidade. Por isso caminham já para o 45º ano de vida.

  5. joao lopes says:

    insisto:o filme “a vida de brian” deve ser proibido ou glorificado? sentido de humor nunca faltou ao palin ou ao cleese e no referido filme não há religião que não seja gozada.alias todos nós somos “alvos potenciais” da terrivel arma dos monty pithon:a sátira

  6. O Papa Francisco, mesmo sendo mais moderado que os seus predecessores, cada vez que fala ofende-me profundamente.

    Prometo no entanto que não farei qualquer tentativa para lhe espetar um murro na cara.

    é que sou democrata, percebe Senhor Padre ?

  7. Espero que este texto sirva de “ajuda” para que quem queira não possa…

    1. Voltaram, há dias, a interrogar-me, em tom de exame e desafio: se existe um só Deus – segundo o credo monoteísta – porque não se unem numa mesma religião judeus, cristãos e muçulmanos? Presume-se que Deus não possa estar em concorrência consigo mesmo.  

    Como qualquer cristão, tenho de estar pronto a dar razão da minha esperança, com mansidão e sem arrogância, como recomendou S. Pedro (1Pr 3,15), mas não estou obrigado a ser ingénuo. A pergunta não abriga apenas pouca informação acerca da longa história dos chamados monoteísmos. Recomendo, no entanto, La bibliotheque de Dieu: Coran Evangile, Torah [1]. É uma biblioteca escrita e comentada por humanos durante muitos séculos. Nem sempre tem ajudado a pensar e a viver a aventura humana com esperança. A sua leitura fundamentalista foi e continua a ser usada, com demasiada frequência, para matar em nome de Deus. Ateologia do diabo exige o recurso permanente ao poder económico, político e religioso (Lc.4,1-13). Os seres humanos sabem que sem poder bélico e o seu comércio, as guerras perderiam o encanto das conquistas. 

    Dito isto, parece-me um abuso responsabilizar a divindade pelas configurações sociais das religiões, mesmo quando algumas gostem de exibir essa pretensão. Deus não é hindu, judeu, budista, cristão, maometano, baha’i, etc.. Se fosse Ele a ditar os escritos fundadores dessas religiões estaria, de facto, em concorrência consigo mesmo.

    As explicações sobre a origem da religião estão confrontadas com um facto evidente: tanto o sentimento religioso como as suas múltiplas expressões têm um passado e um presente nos diversos povos e culturas. Podemos estudar as suas metamorfoses, recomposições e migrações, com ritmos diferentes de continente para continente, de país para país e mesmo dentro da mesma área cultural. Apesar de todos os fluxos de ateísmo, agnosticismo e indiferença religiosa, as previsões do seu apagamento definitivo estão cansadas.

    Aquelas religiões que pretendem fundar-se em revelações divinas – e procuram justificá-las a partir dos seus textos fundadores – não têm a vida mais facilitada do que aquelas que as reduzem a fenómenos humanos de relação com o Transcendente. Os dois caminhos não se excluem.

    2. Os seres humanos vivem no labirinto dos desejos, conscientes ou inconscientes, confrontados com enigmas e mistérios quer da natureza quer da sociedade. Como não se resignam à simplicidade de animais domesticados, têm de procurar o sentido e as formas culturais de viver como humanos, isto é, com dignidade e em instituições justas. A atitude religiosa desenvolve-se numa atmosfera de atenção “à importância misteriosa de existir” (F. Pessoa) e à necessidade de ter um eixo no qual tudo se religa.

           O pluralismo religioso é irredutível, mas se uma religião tiver a pretensão de ser a única verdadeira, divinamente garantida e que fora dela não há salvação, ficam todas sob ameaça ideológica de perseguição religiosa. Consentir na liberdade religiosa seria dar espaço ao erro e à sua nefasta difusão. O raciocínio é simples: apenas a verdade tem direitos; a nossa religião é a única verdadeira; as outras vivem e fazem viver no erro, logo não têm direito a existir.

    Na Igreja Católica também se alimentou essa posição assassina ao ignorar que só as pessoas são sujeito de direitos. A Declaração “Dignitatis Humanae” sobre a liberdade religiosa só foi assinada, depois de várias formulações, no dia 7 de Dezembro de 1965, isto é, na conclusão do Concílio Vaticano II! Hoje, é a nossa glória e uma responsabilidade: fora do diálogo inter-religioso não há salvação.

     

    Diálogo não pode ser um faz de conta. É um processo no qual os parceiros vão mudando, passando da hostilidade e da indiferença à mútua hospitalidade. Para derrubar as muralhas construídas ao longo dos séculos e construir pontes entre as religiões é preciso destruir os muros edificados nas mentalidades e nos afectos dos crentes. 

    3. Paulo VI, na mensagem de Paz para 1971, não podia ser mais incisivo – repete, com uma voz nova que sai da nossa consciência civil, a declaração dos direitos humanos: “todos os homens nascem livres e iguais na dignidade e nos direitos, são todos dotados de razão e de consciência e devem comportar-se, uns com os outros, como irmãos”. A doutrina da civilização chegou até aqui. Não voltemos para trás.  

    Esta declaração generosa dos Estados, depois de duas guerras estúpidas e monstruosas, ainda não era a voz de todos os povos, mas era o eco do Evangelho: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8) e com o método de aplicação da regra de oiro: “faz aos outros o que gostarias que os outros te fizessem” (Mt 7, 12). 

    Se a doutrina da civilização chegou até aqui, como afirma Paulo VI, voltar atrás não seria regressar à barbárie?

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      É, de facto, um excelente texto e que vem realçar, nesta interessante conversa, o papel do Homem na quebra de barreiras ideológicas e o seu papel de charneira na ligação Terreno-Divino.

      Retiro as suas palavras …”Diálogo não pode ser um faz de conta. É um processo no qual os parceiros vão mudando, passando da hostilidade e da indiferença à mútua hospitalidade. Para derrubar as muralhas construídas ao longo dos séculos e construir pontes entre as religiões é preciso destruir os muros edificados nas mentalidades e nos afectos dos crentes…”.

      E estou convicto que este é o passo mais complicado que a Humanidade tem que transpor. É um processo lento, com avanços e recuos (hoje vivemos um), mas do qual, não podemos desistir.
      Tem sido, de facto, um longo caminho, rumo ao infinito. Obrigado.

      Cumprimentos.

  8. Li com muito interesse o texto principal e os seus comentários.
    Também eu entendo que a liberdade de expressão tem um limite: o do respeito que todas as pessoas merecem, seja qual for o seu credo religioso ou político, a sua raça ou o seu estatuto social. Essa é uma das razões porque não aprecio o Charlie Hebdo.
    Além disso, gostaria também de deixar aqui expressa a minha convicção de que se o papa se tivesse manifestado antes contra a linha editorial do Charlie Hebdo teria sido apodado de censor, de obscurantista e de outros epítetos tão simpáticos como estes, quiçá pelos mesmos que agora o criticam por não ter falado antes.

  9. Miguel says:

    Talvez pelo teu nome ser parecido com Nabo, assim o sejas mentalmente.

    Um bom humorista tem o seu humor aguçado, sabe brincar e ninguém leva a mal. Sabe o limite. É que a partir de um certo ponto deixa de ser humor e passa a ser insulto. Somos humanos, e todos temos limites na tolerância que damos, e sempre me ensinaram que a liberdade de um, acaba onde a de outro começa.

    É tudo muito giro, e é moda seguir a moda. Mas quando nos toca a nós ficamos fodidos. Se um patrão tem a liberdade de despedir milhares, e lucrar legalmente e não eticamente milhoes com isso, É livre de o fazer, mas tu seu Nabinho, de certeza que não vais gostar e lutar para foder o teu ex patrão.

    • António Fernando Nabais says:

      Mas que espectacular trocadilho que o Miguelito conseguiu fazer com meu apelido! E a sintaxe! E a pontuação, senhores, a pontuação! E o à-vontade com que o Miguelito tuteia uma pessoa que não conhece? Chega a ser enternecedor!
      Agradeço-lhe, ainda, o facto de me ter inserido no grupo dos humoristas, ainda que maus. Vamos imaginar, ó Miguelito, que aquilo que para mim é uma piada para si é um insulto. Que vai fazer? Bater no humorista? Entrar no local de trabalho dele e desfazê-lo a tiros de metralhadora? Não lhe parece um bocado primitivo, apesar das metralhadoras?

      • Miguel says:

        Infelizmente, o mundo é uma merda. Eu não vou matar ninguém que me insulta, nem bater. Afinal sou gordo e fraco, provavelmente ainda levo por cima. Aliás, como já levei antes. Mas mesmo eu tenho limites, como tu deves ter, afinal somos humanos, e algures dentro de nós, temos lá os instintos.

        O problema, é que, sendo o mundo uma merda, onde provavelmente está alguém a ser roubado, assassinado, violado ou alvo de uma merda triste neste momento, ou simplesmente a morrer de fome enquanto nós discutimos atrás de um PC ou um tablet com uma maça que não se come, mas é cara como o caralho e apenas alimenta o ego.

        E ambos sabemos disto, mas somos todos uns bons charlies. Mas mesmo sendo charlie, se eu for para o meio de um grupo de hienas, eu sou devorado. E temos de ter noção quando andamos por aí o mundo é uma merda, e não há só hienas na selva.

      • Miguel says:

        Já agora, não leves a mal o meu fraco trocaldilho. Tal como Ricardo Araujo aquando do humor dirigido à alteza do estudo Odete Santos, eu sou um palhaço.

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  1. […] Ao mesmo tempo, em Espanha, Daniel Serrano foi condenado a pagar uma multa de 480 euros à Irmandade da Amargura de Jaen, por ter feito uma fotomontagem com a sua cara num Cristo crucificado. Foi condenado por delito contra os sentimentos religiosos, o que fez com que a divulgação da história e da fotografia aumentasse, gerando outras montagens solidárias (a realidade, virtual ou não, é sempre cruel com quem quer apagar histórias). Num mundo ideal, a Igreja, a propósito de brincadeiras com Jesus ou mesmo com Deus, deixaria escapar um sorriso sereno, segura de que o Pai e o Filho estão acima dos divertimentos dos homens, mas falta-lhe sentido de amor. […]

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