Tem a mitologia grega tanto por onde escolher que cada um guarda para a vida uma que faz sua: calhou-me a do Orfeu, fixemos este instante, quando tudo se iria resolver a meio contento proibido estava de olhar para trás e ver Eurídice, olhou e assim a deixou ficada em estátua de sal.
Serve perfeitamente para esta ida dos gregos a votos, uma cena que por acaso até foram eles que para nós, europeus, inventaram de forma primitiva e limitada, é certo, numa cidade-estado chamada Atenas. Não olhar para trás, seguir em frente, fugir dos infernos.
Teve a Grécia o azar de ficar no lado errado das contas de dividir entre Estaline e Churchill, e levou com outra invasão, a inglesa. A guerra civil, a primeira onde a guerra fria se joga nas guerras onde morrem os outros, a guerra civil da Grécia fecha o ciclo iniciado em 1936 pela de Espanha. Não é mera coincidência que agora seja na Grécia e na Espanha que a libertação pode começar, e não esqueçamos que as ditaduras onde os três povos sofreram (e os deixaram abertos à corrupção máxima e clientelismo das castas) iniciaram o seu fim em Portugal. Desta vez seremos os últimos, lá chegaremos.
Guardamos dos gregos essa ideia clássica, de juntarem na palavra democracia poder e povo. Menos falamos de 1946. Hitler nunca conseguiu invadir todos os Balcãs, e não foram apenas pequenas aldeias gaulesas que ficaram, por aquele lado libertaram os resistentes mais do que chegaram os exércitos estrangeiros libertadores.
É sobre essa guerra que se vai edificar a ditadura grega, com ou sem coronéis, foi o medo das retaliações que por ali cumpriu o mesmo papel na construção de uma democracia dos poderosos, numa pátria onde os muito ricos não pagam impostos Esparta seguiu vencendo Atenas.
Mas hoje começa na Grécia a reviravolta, o passar do medo para o outro lado. Que, contrariando as pitonisas em pânico da nossa extrema-direita, será imparável, porque imparável é qualquer povo quando se liberta da tirania dos media vozes do dono (incluindo o José Caniche dos Santos), do pânico que instalam, das eleições rotativistas onde as castas se alternam no governo e na facilitação dos negócios. Que continuará na península ibérica, porque os dominós quando tombam se seguem uns aos outros, e com os irmãos aqui ao lado já aprendemos como em poucos os meses se pode dar a volta, juntar a esquerda, virar dogmas antigos de pernas para o ar (não confundir com a fotocópia que se prepara para fundar o primeiro partido esquizofrénico português).
Não olhes para trás, Orfeu, etapa a etapa voltarás a ter Eurídice. Dando passos atrás para correr para a frente. Devagar, iremos longe, hoje é apenas o princípio. O primeiro dia do resto das nossas vidas.
Muito bonito. Só o reparo para a confusão entre Eurídice e a mulher de Lot. Mas no fundo o sentido é o mesmo. Não olhar para trás!
Qual confusão? enganei-me nalgum quadro?
Começou hoje, com a vitória do Syriza, a purga aos partidos tradicionais.
Não sei se me fica bem escrever a seguinte frase: começou a ruir, hoje, o Muro financeiro de Berlim!
“…fixemos este instante, quando tudo se iria resolver a meio contento proibido estava de olhar para trás e ver Eurídice, olhou e assim a deixou ficada em estátua de sal.” ???
Mas o importante é esperar que o Syriza seja o sal que salga!
Qual é o problema? Há outras versoes mas esta é a primeira. Basta seguir o link em Euridice.