Ora vamos lá recapitular porque temíamos a bancarrota e foi preciso a troika

Se não tivesse sido como foi, o rendimento das pessoas teria caído drasticamente (Salários caíram 22% no Estado e 11,6% no privado desde 2011), o desemprego teria disparado (Portugal é um dos 3 países que mais empregos perderam) e a fome ter-se-ia generalizado (Hospitais atendem cada vez mais grávidas com fome).

Em consequência deste cenário negro, sem termos sido salvos da bancarrota, a emigração teria disparado  (Só no ano passado [2013] emigraram 110 mil portugueses) e as contas públicas teriam ficado incontroladas (Portugal tem a terceira maior dívida pública da zona euro).

Finalmente, sem a preciosa ajuda da troika, serviços básicos do estado, como a saúde, teriam entrado em colapso (Ambulâncias retidas no hospital de Torres Vedras por falta de macas). A educação seria novamente parente pobre no estado (OE2015: Educação no topo dos ministérios que levam corte). E a corrupção dominaria a economia (Corrupção afecta o dia-a-dia de mais de um terço dos portugueses).

Ainda bem que nada disto aconteceu. Porque mau, mesmo mau, era ter acontecido e irmos para a bancarrota na mesma, levando com dose dupla de miséria. Demos graças ao maravilhoso governo que nos poupou tantos sacrifícios, a tal ponto que até sonha ganhar as próximas eleições. Ámen.

Comments

  1. Os portugueses só têm aquilo que merecem.
    Os portugueses só têm a merda em que votaram, o excremento promovido ao poder, a falta de vergonha, a indignidade e arrogância em que votaram.
    Os portugueses têm a merda que, no fundo, são.
    Nós é que não merecemos os portugueses, precisávamos de um novo povo.

  2. Joaquim Amado Lopes says:

    Quando o Governo de José Sócrates chamou a troika, as taxas de juro já tinham ultrapassado os 10% e o Estado português estava a semanas de deixar de ter dinheiro para pagar prestações sociais e ordenados dos funcionários públicos.
    Como é evidente, se o Governo não tivesse chamado a troika, o rendimento das pessoas teria subido, o desemprego teria baixado, haveria fartura de tudo para todos em Portugal, ninguém quereria deixar o país, o Orçamento de Estado não seria deficitário, os serviços básicos do Estado – tais como a educação e a saúde – teriam melhorado muitíssimo com os vultuosos investimentos apenas possíveis por não ser necessária qualquer austeridade e a corrupção teria sido eliminada (com tanta fartura para todos, não haveria qualquer necessidade de corromper ou ser corrompido).

    Maldita troika que, por não ter recusado o pedido de ajuda que o Governo português lhe fez, nos impediu de viver nesse paraíso.

    • j. manuel cordeiro says:

      A questão não tem que ser binária, nomeadamente se se chamava a troika ou não. Como esta semana novamente vimos, havia alternativas. Até porque é óbvio que não melhorámos.

      • Joaquim Amado Lopes says:

        Pode fazer o favor de dizer que alternativas são essas e onde foram vistas?

        E é óbvio que não melhoramos mas isso não significa que chamar a troika foi errado. Temos que comparar a situação actual com a situação a que teriamos chegado caso não se tivesse chamado a troika, não com a que tinhamos antes de a chamar. Como não podemos saber exactamente o que teria acontecido se tivessem sido tomadas outras opções, temos que recorrer à memória, ao saber adquirido e ao senso comum e especular sobre o que teria acontecido nesse caso.
        O j. manuel cordeiro acredita sinceramente que estariamos agora melhor do que estávamos no início de 2011 ou sequer melhor do que estamos agora se não se tivesse chamado a troika e não tivessem sido impostas medidas de redução da despesa e aumento da receita do Estado?

        • “Temos que comparar a situação actual com a situação a que teriamos chegado caso não se tivesse chamado a troika, não com a que tinhamos antes de a chamar. ”

          Pergunta: como se desenha esse cenário e como se antecipam as variáveis que influenciariam uma situação que não chegou a acontecer?

          • Joaquim Amado Lopes says:

            Repito: “temos que recorrer à memória, ao saber adquirido e ao senso comum”

            O Estado português não tinha dinheiro para mais do que umas semanas, o Estado era (e ainda é) deficitário, os compromissos financeiros estavam a aumentar (agradeçamos as PPP’s a José Sócrates), o Governo insistia em projectos megalómanos e ruinosos (TGV e Novo Aeroporto de Lisboa) e as taxas de juro estavam à volta dos 10% e a subir.
            De que mais precisa para concluir que rapidamente teriam que ser feitos cortes brutais na despesa pública, muitíssimo mais severos do que os que acabaram por ser feitos e com consequências muito mais graves do que as que vemos agora?

            Há algum cenário plausível que o João consiga imaginar que leve a um resultado diferente?

          • Claro que não Joaquim. Eu não sou a Maya nem o professor Bambo. Mas vamos imaginar que, por exemplo, o BCE tinha decidido despejar todo o dinheiro que agora se prepara para despejar na economia europeia antes do resgate. Será que precisariamos na mesma dele? Ou será que precisaríamos da mesma quantidade de dinheiro? E se em vez de resgatarmos bancos franceses e alemães usássemos o dinheiro para efectivamente resgatar a nossa economia? Vê? Eu como não consigo adivinhar o futuro, muito menos o passado que podia ter sido, não sei que medidas poderiam ter sido tomadas para reagir à situação portuguesa ou de outros países do sul da Europa. A realidade, e aí penso que estaremos de acordo, é que a nossa dívida não para de aumentar, o estado social definha, o desemprego só diminui artificialmente devido a um programa de estágios criado pelo governo para aldrabar as estatísticas e o tecido empresarial continua ofegante a tentar não se afundar.

            P.S. Não conheço a sua orientação política mas quero lembrar-lhe que, por mais que odeie Sócrates (estou consigo nessa) o nosso problema não começou com ele. As PPP’s, se não estou em erro, já vêm dos tempos do governo Cavaco Silva com a Lusoponte. A economia já vem sendo arruinada há muitos anos, Sócrates levou com a maior crise de sempre de frente e deu-lhe a machadada final. Não sejamos simplistas por favor.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            João Mendes,
            O João sabe como é que o dinheiro é “despejado na economia”?
            Bem, esse dinheiro é entregue precisamente aos bancos. E os bancos usá-lo-ão em primeiro lugar para se salvarem a si mesmos e emprestá-lo a quem o puder pagar (ou a “amigos”), não a pequenas empresas com dificuldades.
            O dinheiro “despejado na economia” pelo BCE destina-se precisamente a salvar os bancos, não as empresas em dificuldades, até porque não há forma prática de entregar o dinheiro directamente a essas empresas sem envolver os bancos.
            Mas, mesmo que houvesse, não poderia ter um efeito imediato nas finanças públicas, antes demorariam muitos meses a resultar em impostos e aumento do emprego.

            Como, em 2011, as necessidades de financiamento do Estado português eram prementes e o Governo PS insistia no aumento da despesa (os sucessivos PECs não eram para cumprir, daí já ir no IV), a necessidade de resgate seria precisamente a mesma a menos que o dinheiro fosse entregue directamente ao Estado português. Só que, a isso acontecer, não seria dado mas sim emprestado e com condições. Como as da troika.

            Sim, as PPPs começaram com Cavaco Silva. Mas não pretenda colocar as PPPs que Cavaco Silva criou ao lado das criadas por José Sócrates. A menos que pretenda ignorar o número de PPPs criadas por um e pelo outro, as PPPs criadas, a sua necessidade e os contextos económicos e financeiros em que umas e outras foram criadas.
            Equiparar as PPPs criadas por Cavaco Silva com as criadas por José Sócrates é como equiparar pintar a porta da casa quando se está empregado e com folga financeira com renovar completamente a casa e equipá-la com electrodomésticos topo de gama estando desempregado e a viver da ajuda de família e amigos.

            E a crise em Portugal começou muito antes da crise financeira. Só que José Sócrates andou sempre a tentar fugir para a frente, gastando cada vez mais para satisfazer clientelas e disfarçar os sinais, fazendo com que ficássemos muito mais vulneráveis e aumentando de forma dramática os problemas que quem veio a seguir teve que “tentar” resolver. (na realidade, andaram também a empurrar os problemas com a barriga e só fizeram o que tinham mesmo que fazer para o dinheiro continuar a vir)

            Quanto ao “ódio a José Sócrates”, já estou farto dessa conversa de treta.
            José Sócrates é a personagem política portuguesa mais execrável das últimas décadas. Isto não tem nada a ver com ódio, é apenas uma constatação de facto.
            Os que o acham “um grande líder”, “honesto” e “competente” sabem que essa opinião só é defensável se se ignorarem as provas indesmentíveis de que é um mentiroso, um corrupto e um incompetente. Assim, inventaram essa do “ódio ao Sócrates”, de forma a pretenderem que o asco que a maioria dos portugueses lhe tem é uma questão de simpatia pessoal (o ónus em cima de quem o “odeia”) e não tem nada a ver com ele.

          • Nightwish says:

            “O Estado português não tinha dinheiro para mais do que umas semanas, o Estado era (e ainda é) deficitário, ”
            E qual não é? E qual é o problema disso? Há algo mágico num superavit que nenhum economista conhece?

            “Mas, mesmo que houvesse, não poderia ter um efeito imediato nas finanças públicas, antes demorariam muitos meses a resultar em impostos e aumento do emprego.”
            Aqui é mais um tropeção da direita. Então agora já é o estado que cria riqueza e emprego? Não sabia, temos progressos…
            O que servia era para estancar o fecho de muitas empresas e do aumento do desemprego: aquelas coisas que não iam acontecer, sabe?

            “Equiparar as PPPs criadas por Cavaco Silva com as criadas por José Sócrates é como equiparar pintar a porta da casa quando se está empregado e com folga financeira com renovar completamente a casa e equipá-la com electrodomésticos topo de gama estando desempregado e a viver da ajuda de família e amigos.”

            E as assinadas pela Ministra das Finanças e pelo secretário de estado dos Transportes, são magicamente boas? Ai, já sei, são inocentes… E a nacionalização trapalhona e à revelia da lei do BES vai custar quanto mesmo?

            “E a crise em Portugal começou muito antes da crise financeira.”
            7 anos depois e não conseguiu aprender nada de economia com o que se passou. É pena.
            A crise nada tem a ver com nada que se tenha feito em Portugal, excepto a adesão a qualquer custo ao Euro. O resto são mentiras mais que gastas e desmentidas. Ter défice é natural e ninguém morrer por isso, muito mais ainda em tempo de crise e com desempregos enormes. Como a Europa começa a aprender, aos poucos, a evitável completa estagnação europeia não vai deixar muitos órfãos de culpa.

          • Joaquim Amado Lopes,

            Não sei caro senhor. Eu sou um plebeu ignorante sem MBA’s. O que eu sei é que, muito provavelmente por se entregar o dinheiro aos bancos, é que estamos na situação em que estamos. Afinal de contas quem mascarou as contas da Grécia à soldo do PASOK foi um banco, quem especula, no geral, são os bancos, e quando um banco se enterra quem paga somos nós sendo que, pelo menos por cá, nunca se confisca um único bem a um banqueiro corrupto. O faroeste bancário é um sorvedouro parasita. E não pense que sou contra a existência delas, apenas acho que deveriam ser regulados de forma apertada.

            O governo PS insistiu na despesa tal como todos os que o antecederam. A bolha rebentou nas mãos do preso 44 mas podia ter rebentado na mão de qualquer outro. Mas, se bem me recordo, em 2008 a UE foi favorável ao aumento do investimento interno por parte dos estados de forma a combater os primeiros efeitos da crise. E, repito, não foi só Sócrates quem levou a cabo PPP’s ruinosas. De qualquer forma, a forma como os processos de resgate foram conduzidos foram um absoluto fracasso, e instituições como o FMI já assumiram que não calcularam bem os efeitos da austeridade. O resultado está à vista: Estado Social decadente, desemprego galopante, emigração em crescendo, pobreza a alastrar… Pode ser que seja da maneira que se limpa o entulho do bloco central mais rápido.

            Quando referi as PPP de Cavaco, fi-lo com a intenção de recordar que as PPP,s, como a direita gosta de afirmar, desonestamente, não são um exclusivo de Sócrates ou do PS. Mas a componentes “corrupção” ou “tráfico de influências” são transversais a ambos os partidos e a todos os governos por eles apoiados desde 74. Penso que ai estaremos de acordo. Anyway, Cavaco teve outras formas de arrasar a economia nacional: destruiu as pescas, a agricultura e fez uma péssima gestão dos fundos europeus. E ainda temos o banco dos amigos dele, com o qual Cavaco lucrou bastante e de várias maneiras. No final de contas, o prejuízo para o país deve ter sido bem maior com Cavaco.

            Não partilho da sua constatação. Parcialmente vá lá. Acho que Cavaco ou Soares foram bem mais prejudiciais para a economia nacional do que o Sócrates que levou com a maior crise de sempre desde o crash de 29. Eu não sinto ódio por ele: sinto nojo. Por ele, por Cavaco, Soares, Durão, Dias Loureiro, Jorge Coelho, Pina Moura, Passos Coelho e principalmente Paulo Portas. Eu sonho com o dia em que estarão todos atrás das grades. Eles e toda a clientela do bloco central que nos anda a roubar há 40 anos. Se um dia Portugal for tomado por uma ditadura, de esquerda ou direita, eles serão os principais culpados. Eles e os mercenários financeiros. Tudo na solitária era pouco.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            Nightwish,
            Há três formas de lidar com a dívida: aumentá-la, rolá-la (contraír dívida para pagar a que vence) ou amortizá-la. O Orçamento de Estado pode ser deficitário e, mesmo assim, a dívida baixar.
            Nem todos os países com Orçamento de Estado deficitário aumentam consistentemente a dívida.

            “Aqui é mais um tropeção da direita. Então agora já é o estado que cria riqueza e emprego? Não sabia, temos progressos…”
            Na sua capacidade para entender o que lê, parece que não.
            O Estado não cria riqueza, embora possa criar emprego. O problema é que o emprego criado pelo Estado é pago com o que retira às empresas e às famílias e que poderia ser usado também para criar emprego.

            A conversa com o João Mendes era sobre o dinheiro que o BCE (e não o Estado português) injectaria na economia. A diferença é que esse investimento seria suportado pelos contribuintes de outros países, em vez de o Estado português o tirar à economia (via impostos) para “devolver” uma parte do que tirásse.
            E o efeito nas finanças públicas derivaria precisamente dos impostos a cobrar à actividade económica paga pelo dinheiro que viria do BCE e pela redução dos apoios sociais (subsídio de desemprego, p.e.). Como esse efeito demoraria meses a verificar-se, se tivesse sido essa a opção no início de 2011 (o BCE injectar dinheiro na economia portuguesa em vez de a troika emprestar dinheiro ao Estado), o Estado português entraria em ruptura financeira em poucas semanas.

            “O que servia era para estancar o fecho de muitas empresas e do aumento do desemprego: aquelas coisas que não iam acontecer, sabe?”
            O ideal seria que estancásse mas isso era impossível, uma vez que não é sustentável manter uma economia a funcionar com base no endividamento crescente. Quantas empresas teriam fechado e quanto teria aumentado o desemprego se o Governo de José Sócrates não tivesse chamado a troika?

            PPP’s
            Todas as PPP’s que deixem o lucro para os privados e o risco para o Estado são más. Todas as PPP’s para fazer o que não é necessário e comprometam financeiramente o Estado são más. Independentemente de quem as assina.
            Mas umas PPP’s são piores do que as outras.

            Quando a situação financeira do Estado está a piorar de forma consistente, criar PPP’s que comprometem o Estado de forma irreversível com compromissos financeiros insuportáveis (como fez o Governo de José Sócrates; vá lá, foi possível voltar atrás no TGV e no Novo Aeroporto e Lisboa) é pior do que criá-las quando a situação financeira do Estado está mais ou menos controlada e a economia está a crescer.

            Dizer que roubar uma velhinha e esfaqueá-la é pior do que roubá-la não é dizer que roubá-la não é errado. Mas, para entender que há gradações de errado, é preciso ter algum senso comum. Não parece ser o seu caso.

            A crise financeira mundial teve pouco ou nada a ver com o que se tenha passado em Portugal. E a crise em Portugal tem a ver com a crise financeira mundial apenas em parte.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            João Mendes,
            Eu também não tenho MBA’s. Mas sei que, quando as instituições europeias “injectam dinheiro na economia”, o que fazem é entregá-lo aos bancos.

            “Anyway, Cavaco teve outras formas de arrasar a economia nacional: destruiu as pescas, a agricultura e fez uma péssima gestão dos fundos europeus.”
            Apesar de achar que Cavaco Silva ainda foi o melhor Primeiro-Ministro que tivémos, concordo consigo neste aspecto embora com algumas ressalvas.
            Trocar capacidade produtiva por dinheiro só resulta se o dinheiro fôr muito bem usado e isso não aconteceu. E posso até dizer-lhe que, no caso da formação profissional (a que estive ligado durante dois anos), o que aconteceu foi simplesmente criminoso e não foram apenas os ligados ao PSD que lucraram (talvez tenha idade para se recordar do nome Torres Couto).
            Mas os portugueses queriam fazer-se de ricos sem o serem e deu no que deu.

            Quanto às acusações que faz a Cavaco Silva de aproveitamento… bem, não confunda “suspeitas” que não passam de folclore demagógico com a realidade. Além de que sabe muito bem que pode encontrar muitíssimos exemplos “à esquerda” e “à direita” que fazem de Cavaco Silva um exemplo de honorabilidade.

            Talvez Cavaco Silva não seja completamente impoluto (não sei e até admito que não) mas as acusações mais graves que lhe têm sido feitas apenas demonstram ignorância (não entender ou não querer entender conceitos básicos) e cretinice. Na linha dos que se indignam com os não-sei-quantos milhares de milhões que Portugal pagou à troika mas se “esquecem” de ter em consideração quantos muitos mais milhares de milhões teria que pagar se tivesse pedido o dinheiro ao mercado.

          • Joaquim Amado Lopes

            Claro que entregam. São pescadinhas de rabo na boca. Fica sempre tudo entre amigos.

            No caso de Cavaco, como ambos sabemos, o dinheiro não foi bem usado. E abdicar das pescas e da agricultura, tendo em conta a nossa realidade, foi o verdadeiro tiro no pé. E se existem políticos, à esquerda e à direita, que fazem de Cavaco melhor rapaz, tal não invalida que nem tudo seja folclore. BPN, CCB, fundos europeus pessimamente geridos são apenas alguns exemplos da farra cavaquista. E não vamos entrar nos distintos membro dos seus governos, com o caso de Dias Loureiro, protegido ao limite do aceitável no Conselho de Estado quando o lodo do BPN já era um facto e não especulação.

        • j. manuel cordeiro says:

          Houve cortes na despesa e no entanto a dívida pública ainda não parou de aumentar. Um paradoxo. Ou não, se considerarmos que se passou a gastar menos numas coisas (p.ex. salários e serviços públicos como saúde e educação) e mais noutras (p.ex. juros). O que demonstra que a solução escolhida não serve.

          Puxemos então pela memória. Como foram resolvidas as duas anteriores crises em que tivemos cá a troika? Desvalorização da moeda, onde empobreceram todos por igual. Claro, agora estamos no euro e temos as pernas amarradas. No entanto, o que é que fez o BCE na passada semana? Anunciou, por outras palavras, que vai desvalorizar a moeda.

          Essa devia ter sido a solução em 2011 – e até antes, para a Grécia. Aliás foi o que o FED fez logo nos states. Mas havia um estado a quem isso não interessava. Um estado que tinha imenso dinheiro dos seus bancos investido em Portugal e a quem era preciso dar a oportunidade de o retirar. Foi isso que o empréstimo da troika permitiu: que os bancos alemães se pusessem a salvo (e os franceses, também).

          É preciso olhar para a realidade! Portugal é um país praticamente destruído. Saúde num caos, emprego precário, andámos décadas a formar quadros, com o dinheiro público, para agora emigrarem – belo negócio para UK, FR, DE,… Existe um aparente equilíbrio graças ao baixo custo do dinheiro, que pouco tem a ver com as políticas cá seguidas, pois a tendência deste crédito barato é europeia. Haja um suspiro nas finanças internacionais e este castelo de cartas que é a nossa economia desmorona-se de vez.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            j. manuel cordeiro,
            “Houve cortes na despesa e no entanto a dívida pública ainda não parou de aumentar. Um paradoxo.”
            Portando, se gastar 100 euros a mais do que ganha e passar a gastar apenas 90 euros a mais do ganha, é um paradoxo a sua dívida continuar a aumentar?

            A sua matemática (a citada acima e a defesa de que estamos tão endividados e tão precisados de dinheiro que o que temos que fazer é gastar mais) é demasiado avançada para mim pelo que nem vou tentar responder.

          • j. manuel cordeiro says:

            Que lógica tão gira para quem vem mandar bocas sobre matemática. Ouviu falar do brutal aumento de impostos? E juros da dívida?

            Mas aprenda a ler o que está escrito, em vez de imputar coisas que lá não estão, como por exemplo esse “gastar mais”.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            j. manuel cordeiro,
            Sim, ouvi falar do brutal aumento de impostos que, aliado à redução da despesa, mesmo assim não conseguiu anular o deficit, que é o que faz aumentar a dívida.
            E também ouvi falar dos juros da dívida, que estão agora ao nível mais baixo de sempre, em oposição aos juros no início de 2011, que estavam muitíssimo mais altos e a subir. Veja lá que as taxas de juros actuais são ainda mais baixas do que as que foram negociadas com a troika em 2011 pelo Governo de José Sócrates (e renegociadas para baixo pelo Governo de Pedro Passos Coelho), taxas essas que já eram muitíssimo mais baixas do que as que Portugal conseguia no mercado.

            Faça lá as contas a quanto seria agora a dívida se estivessemos a pagar juros como estávamos em 2011. Nem sequer precisa de ter em consideração o facto de as taxas de juro estarem a subir exponencialmente quando se chamou a troika.
            Ou será que acredita que o Estado português não precisava do dinheiro que a troika lhe emprestou?

            Quanto ao “gastar mais”, tudo o que o j. manuel cordeiro escreve é no sentido de aumentar a despesa pública (na saúde, na educação, investimento público, subsídios, …) e reduzir a receita (baixar impostos).
            Mas será que, afinal, o j. manuel cordeiro acha que a despesa pública deve baixar? Será que também defende que os impostos devem subir ou basta reduzir a despesa?

            Nem uma nem outra. O j. manuel cordeiro não defende nem a redução da despesa nem o aumento de impostos mas precisamente o oposto, como escrevi no comentário anterior.
            A sua “matemática” é outra: fazer default à dívida. Dizer áqueles a quem Portugal deve dinheiro (incluíndo bancos portugueses e Segurança Social?) que não se vai pagar parte da dívida, ao mesmo tempo que se lhes pede que emprestem mais.
            Era esse o que o Syriza dizia que ia fazer. Não foram necessárias 24 horas para mudarem de discurso.

          • j. manuel cordeiro says:

            Continua a ler o que não está no texto. Opções. Aumentar investimento público e subsídios? Fazer default à dívida? Homem, arranje uns óculos para ver se consegue ver para além do rótulo que resolveu me colar.

            Querem ver que me vai dizer que os juros que estamos a pagar resultaram da política deste governo. É melhor ler a imprensa internacional – parece que a descida foi generalizada.

            Cortar despesa? Deve estar a brincar. É preciso ir buscar links sobre esses cortes nas “gorduras” que não existiram? Houve, sim, dinheiro para salvar a banca, apoios ao ensino privado, às misericórdias e a outros encostados ao estado (ainda hoje foi notícia o apoio a empresas de RH que façam colocação de desempregados). Se antes tivemos a duplicação do estado através das fundações, agora está a acontecer o mesmo com a entrega de serviços públicos aos privados, via “apoios”.

            Cortar na prestação de serviços à sociedade, serviços esses pagos com impostos, não é corte na despesa, tenha paciência. É deixar de gastar em algo que continuamos a pagar e, simultaneamente, sermos empurrados para irmos buscar esse serviço ao privado devido à perda de capacidade de prestação desse serviço.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            j. manuel cordeiro,
            É refrescante ver no Aventar alguém defender, de forma peremptória e inequívoca, a redução da despesa pública. E, verificando o meu erro, tenho que lhe pedir desculpa.

            No entanto, gostaria de saber que despesa pública o j. manuel cordeiro gostaria que fosse reduzida e em quanto.
            Naturalmente, espero que liste reduções líquidas da despesa, não transferência de despesa de um lado para o outro (p.e. acabar com os contratos com escolas privadas para se construírem mais escolas públicas).

            Também seria útil que indicásse que despesa deveria ser aumentada (que será inevitavelmente menor que a que deveria ser reduzida para que a redução da despesa total seja real, como o j. manuel cordeiro tão peremptória e inequivocamente defende).

          • j. manuel cordeiro says:

            Joaquim Amado Lopes, não tenho tempo para mais do que apenas para uma breve resposta. De qualquer das formas, cada qual tem as suas convicções e não será o latim aqui gasto que as mudarão.

            Apenas pretendo sublinhar que não teremos, certamente, o mesmo conceito de corte na despesa. Porque, para mim, um governo que reduz o orçamento da verba para a parte pública da educação e, simultaneamente, a aumenta para os colégios privados não está a corta na despesa mas sim a transferir verbas de um lado para o outro. Idem para o que se passa com a saúde/hospitais das misericórdias/outros hospitais privados. Aliás, estes vivem grande parte sabe de quê? ADSE. Ah pois é. E conseguem clientes porquê? Porque o estado decidiu aumentar imensamente as taxas moderadoras, como se que estivesse doente fosse fazer férias para um hospital, tendo em consequência tornado atractivos os preços das consultas para quem tem seguro – seguro este que também recebeu legislação para ter benefícios fiscais se incluído no pacote salarial. Lamento, não temos cortes mas sim sucessiva privatização de serviços públicos base, apesar de continuarmos a pagar com impostos os serviços públicos.

            Ainda sobre as escolas privadas, procure aí no google sobre o António Calvete do Louriçal e os seus institutos do GPS e diga-me porque é que o estado gasta dinheiro nesta duplicação de serviços. Ou explique-me a razão de ser da trama que se tem vindo a desenvolver com o encapsulado processo de aumento de verbas para as escolas (privadas) artísticas, com o ministério a enviar ao TC em cima da hora (e tarde) documento incompleto e a fazer pressão para o TC o aprovar assim.

            Não chega? Explique então porque é que a ANA foi privatizada com uma cláusula de aumento de taxas aeroportuárias proporcionalmente ao aumento de passageiros. Quando a lógica seria o contrário.

            Cortar na despesa seria não ter enfiado dinheiro no buraco BPN. Passos Coelho podia não ter continuado a estratégia de Sócrates, como até o prometeu na campanha eleitoral (sim, mais uma promessa falhada). Mas não o fez. Cortar na despesa seria não meter a CGD a financiar o buraco BES. Seria ter os mesmos escrúpulos na negociação das PPP, SWAP e rendas energéticas que teve em manter o acordo que o estado tinha com o cidadãos ao nível de reformas e salários. Cortar na despesa era não ter feito aquela lei à medida do BES para legalizar os lucros da ESCOM – afinal de contas, o fisco penhora um salário por uma dívida de 5 cêntimos, não o pode fazer perante milhões?

            Cortar na despesa era de facto cortar nas despesas dos gabinetes, em vez de as aumentar, como Passos Coelho fez. Tostões num orçamento de milhões? Certamente que sim, mas como Passos Coelho disse em campanha eleitoral (ah pois é, isso não interessa), o exemplo tem que partir de cima.

            Enfim, vê quem quer. Se tivesse tempo ainda me dava ao trabalho de documentar com uns links. Mas para quê? Eu tenho o meu bolso a defender; outros defenderão o que bem entenderem.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            Ou seja, não tem tempo para mais do que uma curta resposta e escreve uma longa resposta em que não responde ao que lhe foi perguntado, apenas refere algumas más decisões de governos diferentes (fazendo muitas confusões pelo caminho sobre o que é “reduzir despesa”) e declara que é contra o Estado contractualizar com privados serviços na área da educação ou da saúde. E termina com “o exemplo tem que vir de cima”, algo com que até concordo (uma das razões por que Passos Coelho me decepcionou é precisamente não ter começado por aí) mas que seria apenas simbólico e sem qualquer impacto visível na despesa.
            Apenas confirma que não tem a mínima ideia sobre onde reduzir a despesa, apenas (onde?) não quer que seja reduzida.

            Pelo que me diz respeito fiquei esclarecido.

          • j. manuel cordeiro says:

            Faço-lhe um desenho. Escrever aquilo demorou 5 minutos. Elaborar com exemplos e documentar demora tempo qb. Não faço ideia? Resolveu simplesmente cortar as partes que não lhe interessam, como fez em anteriores comentários. Más decisões? E os “cortes” do governo são boas decisões? Ainda bem que ficou esclarecido, porque tenho mais que fazer.

  3. Afinal era este o consenso que falavam alguns, já percebi

  4. Reblogged this on O Retiro do Sossego.

  5. j. manuel cordeiro says:

    Poupanças, ou preferirem, cortes, que este governo podia ter feito e não fez:

    http://derterrorist.blogs.sapo.pt/2501433.html

    http://derterrorist.blogs.sapo.pt/o-principio-e-exactamente-o-mesmo-2893394

    É só seguir os links e não agrava o défice.

  6. j. manuel cordeiro says:

    Ora vamos lá ver mais umas coisitas sobre as “poupanças” da actualidade.

    Estado paga mais para cantinas sociais do que para RSI
    Casal com dois filhos recebe no máximo 374 euros de RSI. Uma IPSS pode receber até 600 pela mesma família.
    http://www.publico.pt/sociedade/noticia/estado-paga-quase-50-mil-refeicoes-a-familias-carenciadas-por-dia-1686076

    Claro que sendo gasto por privados, é bem gasto.

  7. j. manuel cordeiro says:

    Isenção de taxas ao Benfica “é politicamente incorrecta” mas “sensata”
    http://www.publico.pt/local/noticia/isencao-de-taxas-ao-benfica-e-politicamente-incorrecta-mas-sensata-1686068

    Uau. Adoro políticos sensatos. Poderão fazer a sensatez de me dispensarem de pagar IRS?

  8. j. manuel cordeiro says:

    Oh que giro, mais uma poupança deste governo.

    Estado assume dívida de patrões: crédito bancário de 33 milhões de euros do centro de congressos do Europarque, em Santa Maria da Feira, passa para a esfera pública.

     http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/gorduras-do-estado-106-7134945

    Que giro, parece que há mais poupanças.

    http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/tag/gorduras

  9. j. manuel cordeiro says:

    Eis um excelente exemplo das “poupanças” que o governo tem feito. Excelência na política da saúde, claro.

    “A VISÃO falou com médicos, enfermeiros, administradores e sindicatos. Todos garantem que esta forma de contratação não se traduz em poupança e que os utentes ficariam melhor servidos com equipas dos quadros dos hospitais.”

    http://visao.sapo.pt/o-negocio-escondido-das-urgencias=f810817

  10. j. manuel cordeiro says:

    300 milhões para o lixo

Trackbacks

  1. […] ainda falar do discurso binário sobre se ter chamado a troika em 2011, uma variante da política “não há alternativa”. E no entanto, esta semana o BCE […]

  2. […] j. manuel cordeiro, no Aventar: […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading