Pinheiros e eucaliptos

Fonte: https://www.flickr.com/photos/fernandocomet/6078852709/sizes/l

Rui Manuel Vitorino

A minha formação acadêmica nada tem a ver com agricultura ou recursos florestais. Quando um leigo olha a floresta existe uma imagem normalmente associada a pinheiros e eucaliptos e essa imagem pode de alguma forma adaptar-se a perfis atribuídos ás empresas e empresários por todo esse mundo fora.
Vejamos uma empresa média com uma produção de bens necessários ao funcionamento da sociedade, trazendo mais valia para todos os envolvidos garantindo bem estar aos que nela trabalham e aos que dela beneficiam. Não sendo uma árvore nobre como um carvalho, uma nogueira, o pinheiro é uma árvore que necessita de tempo para crescer para dar os seus frutos.
Eis que chega o eucalipto, crescimento rápido, seca tudo à volta, sonega recursos e em caso de incêndio queima tudo à volta num fósforo. 
Eucalipto empresarial é a empresa de fachada que esconde fundos de investimento. Esta empresa pode até usar uma parte da sua estrutura na componente produtiva, mas como se diz hoje na linguagem capitalista/empresarial, o core business não é esse. Estas empresas têm testas de ferro pagos a preço de ouro e que justificam os elevados salários através da exploração do trabalho, despedimentos. Sendo sobretudo as cotações da bolsa que são a base de enriquecimento dos agiotas. Basta olhar para o comportamento das bolsas para perceber o quanto os accionistas gostam de despedimentos, levam normalmente o rótulo de redução de custos e isso é música para os ouvidos de especuladores, (investidores é o nome pomposo).
Vamos um pouquinho mais fundo nesta análise florestal. O eucalipto não é uma árvore nativa. O eucalipto é apátrida, tal como os accionistas dos fundos de investimentos, não há nações, não há povos, não há ética, não há pessoas, apenas números, apenas racios de rentabilidade. Os eucaliptos não se compadecem das árvores que precisam mais tempo, mais cuidado. Os donos do eucaliptal têm capatazes que falam aos lenhadores como peças de engrenagem descartável facilmente substituíveis por uma outra fila de lenhadores sedentos e dispostos a mais por menos. Quando estes capatazes aparecem em reuniões, conferências, pseudo análises econômicas, incentivos ao desenrascanso (empreendorismo) tecem longas e elogiosas teorias sobre a importância do capital humano nas estruturas empresariais, devem referir-se ao grau de escravatura que esse capital humano está disposto a aceitar. O trabalhador, (designação moderna: colaborador, como se se tratasse de alguém que participa-se nos lucros e decisões das empresas) é tanto melhor quanto come e cala.

Comments

  1. João Mendes Fagundes says:

    Rui Manuel Vitorino. Perdi, literalmente, uns minutos a ler o seu comentário. Ora, para debitar lugares comuns, não há necessidade de fazer perder tempo à assistência. Dedique-se a contar umas boas anedotas; pelo menos não é tempo completamente perdido.

    • José almeida says:

      Na floresta, o seu comentário é ‘erva daninha’.

  2. sinaizdefumo says:

    Nun ligue ò Fagundes, altere participa-se pra participasse e fica tudo certo.

  3. Reblogged this on O Retiro do Sossego.

  4. Porque é que pinheiro e eucalipto não estao na mesma classe?

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