Grécia, Portugal – A Luta É Internacional

Grécia, Atenas, vista da janela do meu quarto, em Agosto de 2011. A Acrópole.

Grécia, Atenas, vista da janela do meu quarto, em Agosto de 2011. A Acrópole.

Guardo desses vários dias na Grécia (Santorini, Creta e Atenas), em Agosto de 2011, a melhor das lembranças. Lembro-me de mal chegada a Atenas ter ido à Praça Sintagma à procura dos indignados (obviamente, a primeira coisa a fazer mal pousadas as malas no hotel) e, nesses dias, não estar lá ninguém. No hotel perguntei. A senhora respondeu-me em espanhol: ‘los indignados se han ido de vacaciones‘. Natural, era Agosto e o calor era insuportável mesmo para os indignados.

Lembro-me da melancia fresquinha e muito doce, oferecida no fim de todas as refeições, gratuitamente, e do bem que (me) sabia. E do café forte. E da vista do meu terracinho em Santorini e do iogurte grego (entre outras iguarias) que a senhora me deixava sempre na mesinha com vista para o azul impossível. E de todos os pores do sol nesse terraço, como noutros. E das amizades inauguradas em Creta, algumas que haviam (hão-de) durar porque feitas do comércio puro dos afetos, entre aqueles que se reconhecem sempre, seja qual for a distância e o lugar, como iguais. 

Lembro-me disto e da generosidade de todos os gregos que conheci e que conheço ainda. Lembro-me, por exemplo, das várias vezes num dia só em que quis comprar água e não tinha moedas, só notas, e as pessoas (os comerciantes, em cafés e supermercados) me ofereceram as garrafas de água e não consegui trocar o dinheiro, a não ser ao jantar, mas a verdade é que nunca tive sede debaixo do sol abrasador de Atenas, em Agosto. E lembro-me de outras coisas que agora não vêm ao caso, como é evidente.

Não sou grega. Nem somos todos gregos. Mas gosto do que conheço da Grécia e de todos os gregos que conheci e conheço. Se calhar tive sorte, mas estou em crer que não é apenas isso.

Amanhã não posso estar na vigília de solidariedade com o povo grego*. Mas domingo espero estar às 15h no Largo Camões em Lisboa**, manifestando isso mesmo, essa solidariedade com uma luta que também é a nossa. Ou deve ser também a nossa.

Não sou grega. Mas a luta do povo grego e do seu governo só pode ser a minha luta. A minha e a de toda a gente para quem a dignidade da vida das pessoas é o que mais importa.


11 de fevereiro, quarta-feira, realiza-se a reunião de emergência dos ministros das finanças da zona euro, que irá definir a posição da zona euro em relação à renegociação da dívida grega. Em Portugal, estão convocadas as seguintes concentrações (links para eventos facebook).
Lisboa – 18h – Largo Jean Monnet

Coimbra – 17h30 – Praça 8 de Maio

 12 de fevereiro, quinta-feira, realiza-se em Bruxelas a cimeira de governos europeus, a primeira em que estará presente Alexis Tsipras. Às 21h30, em Lisboa, está convocada uma sessão pública de informação e solidariedade. Serão oradores: Catarina Martins, António Pedro Vasconcelos, Luísa Teotónio Pereira, José Castro Caldas.
15 de fevereiro, domingo, jornada internacional em resposta ao apelo lançado a partir da Grécia, pela realização de manifestações de solidariedade com o povo grego e de repúdio pela hostilidade das instituições europeias.
Lisboa – 15h Largo de Camões

Mais informações aqui

Comments

  1. Nascimento says:

    Verdade,adoram discutir bebendo o “seu” ( café turco),e muiiito Orgulhosos. Nos anos 80, de mochila ás costas, de comboio ( 3 dias ), barco ( Brindisi- Corfu), visitei aquele país 5 vezes. Omonia era o local de partida e chegada,pois ali era a pensão mais em conta.Não se dormia ( calor),fotografava-se intensamente, fazia-se amizades casuais . Que povo.Olhando sempre para o seu vizinho( Turquia), com desconfiança e alguma raiva contida.Nunca muito á vontade com as hordas de alemães que diáriamente desembarcavam em Atenas ( via Munique) e ilhas. Até porque estes nunca discutiam o preço ( o que era um pecado capital) de malas, sandálias, etc. Pagavam em marcos,e adoravam ser enganadaos no cãmbio com o dracma.O que eu me ri nesses anos… e. não me quero alongar mais.

    ps desejo ardentemente que aquele Povo vença. E se puderem , enfiem as montannas de Kalambaka, pelo traseiro da gutural alemã e seus colaboracionistas. Ζήτω το ελληνικό λαό! !!!

  2. apoiado!

  3. Descrever o apoiar a Grecia com esta narrativa é em pior o que fez o das orelhas grandes na RTP.
    Visitei a Grecia muitas vezes e o que via é um povo que só se distingue do português na língua. Tirando isso o transito era uma selva, as rua seriam tão “limpas” como as nossas e os assuntos até se podem resolver mais rápido com o apropriado “incentivo”.Os governantes lá eram escolhidos com um critério parecido com o que os eleitores portugueses tèm mantido o DDT há quarenta anos a virar frangos; e ou muito me engano ou iremos votar nos primos do ddt para o governo nas próximas eleições.
    Cá como lá a culpa é da Merkhl…todos a manifestação!!

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